terça-feira, 3 de junho de 2014

México

Talavera: Guarda-redes de bom nível, vem de um ano muito bom ao serviço do Toluca, tendo-se sagrado vice-campeão da CONCACAF. Possante, ágil, revela qualidades interessantes ao nível dos reflexos, além de não sair mal entre os postes. Depois de ter sido um dos convocados para a Taça das Confederações, no ano passado, tem aqui mais uma oportunidade numa grande competição FIFA.

Guillermo Ochoa: Titularíssimo ao longo de toda a época na equipa mais fraca do campeonato francês (Ajaccio), chega a este Campeonato do Mundo sem ter bem definido o seu estatuto. É um guardião espectacular, na maneira como evita golos feitos com os seus reflexos de Homem-Aranha, mas essa espectacularidade também o prejudica em algumas situações. No México, há quem não concorde com a sua chamada, dado que o consideram um keeper inconsistente e que comete falhas inadmissíveis para um titular de selecção. De facto, nem sempre é seguro mas inspirado consegue ser verdadeiramente decisivo.

Jesús Corona: Provavelmente o melhor guarda-redes mexicano da actualidade. É também o mais veterano mas, ainda assim, deverá ser o titular neste Campeonato do Mundo. Não sendo muito alto, é um guarda-redes que se destaca pela segurança que dá entre os postes e pela capacidade de executar defesas de elevado grau de dificuldade. Na recente final da Champions CONCACAF, o seu Cruz Azul bateu o Toluca do companheiro de selecção Talavera e garantiu presença no Mundial de Clubes. Muito mérito para ele, que ao longo desse percurso se revelou verdadeiramente decisivo.

Diego Reyes: Chegou esta época a Portugal e ao FC Porto rotulado como um dos melhores e mais promissores defesas mexicanos da actualidade. Na verdade, demorou a afirmar-se no Dragão mas acabou a época jogando várias vezes na equipa principal, inclusive nalgumas autênticas provas de fogo (recepções a Benfica e Sevilha, para Taça e Liga Europa, respectivamente).

Diego Reyes é um defesa-central de grande potencial, que ganhou alguma robustez desde que chegou ao continente europeu, dado que era bastante franzino quando chegou. Rápido, com poder de antecipação e alto, o que lhe permite ganhar várias bolas aéreas, falta-lhe contudo alguma determinação em certos lances, além de ter ser mais agressivo em certas marcações que faz. Digamos que essa conjugação perversa ainda o faz hesitar nalguns lances e acaba por ter falhas que, ainda que raras, podem comprometer a sua equipa.

Não sendo, em teoria, um indiscutível pode muito bem vir a ganhar o lugar na equipa de Miguel Herrera (treinador que o formou no América). As condições estão lá, quem sabe se esta não será a primeira prova de grande afirmação do jovem portista...

Miguel Layún: Lateral polivalente, tanto pode actuar à esquerda (onde tem jogado mais, recentemente) como à direita. Jogador no auge da carreira, é um sério candidato a actuar na lateral esquerda, posição onde Miguel Herrera o costuma colocar e com relativo sucesso, diga-se. Certinho a defender, é um jogador perspicaz a atacar os espaços em acção ofensiva, revelando qualidades ao nível do cruzamento. Além do mais, revela uma técnica interessante e um ritmo de jogo intenso. Habitual titular no América, é mais um dos meninos queridos do seleccionador mexicano. Com toda a razão de ser, diga-se.

Rafael Márquez: Um dos mais experientes, senão mesmo o mais experiente jogador da Tri. Aos 35 anos, chega ao seu quarto Mundial motivado pela conquista do Clausura, depois de uma épica e heróica reviravolta do seu León contra o Pachuca. Fisicamente, parece-me ainda estar relativamente bem, tendo em conta o avançar da idade. Defensivamente, é um jogador sereno, elegante e que procura não facilitar nas marcações cerradas aos seus adversários. Conserva ainda a sua saída de bola segura e precisa desde trás, o só está ao alcance de jogadores com grande maturidade.

A única questão/problema é que quando o físico já não responde tão bem, pode entrar de forma algo tardia e até agressiva sobre os adversários, colocando-se em risco de ser admoestado. Como jogador possante que é, também se percebe esta tendência para usar o físico em alguns lances. No fundo, Rafael Márquez é daqueles jogadores que parece manter intactas as qualidades, mesmo com o passar dos anos. Voltará a ser o capitão, pelo quarto Mundial consecutivo!

Paul Aguilar: Consolidou-se ao longo dos últimos anos como o lateral-direito titular da Selecção mexicana. Em teoria, irá manter o lugar neste Campeonato do Mundo, até porque vem jogando com regularidade ao serviço do Club América. Aguilar é um lateral de propensão ofensiva, rápido, profundo, que gosta de assumir riscos e que demonstra uma capacidade de remate muito interessante. Tem boa visão de jogo e faz uma transição defensiva em condições decentes. Em alguns momentos defensivos, porém, ainda deixa algumas dúvidas. Apesar de tudo, parece claramente a melhor opção para a posição neste momento.

Héctor Moreno: Central competente e já com larga experiência na Europa, primeiro na Holanda (ao serviço do AZ) e, actualmente, em Espanha, ao serviço do Espanyol. Destaca-se por uma saída de bola segura, pela rapidez na reacção aos lances e no corte e pelo bom jogo aéreo em ambas as áreas (embora nã marque muitos golos). Por vezes, tem algumas descoordenações posicionais que o levam a dar imensos espaços e a, eventualmente, ter de cometer faltas para parar os adversários. É um defesa experiente, campeão na Holanda, com van Gaal a treinador, o mesmo treinador que, diz-se, o quer levar para Manchester...

Francisco Javier Rodríguez: "El Maza", como é conhecido no México, chega a este Mundial para tentar discutir a titularidade, num eventual esquema de 3 centrais de Miguel Herrera. Central durinho e experiente, a sua convocatória foi algo contestada em território mexicano. Compreende-se dado que as últimas exibições estão longe de ser excepcionais: cada vez mais lento, expõe-se demasiado aos erros e já não consegue ser o defesa sóbrio de outrora. Talvez sejam os 32 anos a pesar, mas não só. Foi chamado à convocatória mais por nome e por estatuto/experiência do que por qualidade...

Andrés Guardado: Jogador polivalente, foi emprestado a meio do ano ao Bayer Leverkusen, tendo só realizado 4 partidas na Bundesliga (mais duas completas na Champions). Pode fazer toda a ala esquerda, se bem que Miguel Herrera até o goste de fazer aparecer muitas vezes mais por dentro na selecção. Guardado é um esquerdino interessante, capaz de dar profundidade ao corredor esquerdo e de lançar bons cruzamentos. Defensivamente, porém, deixa algumas dúvidas, dado que não tem rotinas marcadas de defesa-esquerdo. Quando joga nessa posição e "apanha" com jogadores endiabrados pela frente pode sofrer bastante. Talvez venha até a ser titular numa posição mais adiantada...

Carlos Salcido: Mais um jogador polivalente e com bastante experiência nesta selecção. Pode actuar como médio-defensivo, lateral-esquerdo ou defesa-central e, aos 34 anos, vai a caminho do seu terceiro Campeonato do Mundo. Em 2006 e 2010, foi um dos indiscutíveis do México. tendo participado em todos os jogos na competição (quatro em cada, dado que foram sempre eliminados nos "oitavos" pela Argentina). Salcido é um trabalhador-nato, jogador de equipa, voluntarioso nas acções de contenção e agressivo a fechar. Continua a competir bem fisicamente, apesar da idade, o que o poderá tornar, possivelmente, num elemento de grande utilidade. Depois deste Mundial, irá regressar ao Chivas Guadalajara.

Héctor Herrera: Talvez o jogador que os portugueses conheçam melhor, visto que ainda realizou 31 jogos ao serviço do FC Porto (mais oito na equipa B). O mexicano sentiu dificuldades de adaptação ao futebol europeu, mas terminou a temporada como um dos indiscutíveis da formação orientada por Luís Castro, aproveitando o seu crescimento técnico-táctico mas também algumas ausências esporádicas de companheiros mais influentes.

Herrera é um médio-centro com grande amplitude de jogo, embora precise de melhorar ainda na definição de alguns passes. Tenta várias vezes o remate, embora também nesta vertente tenha de trabalhar mais. Defensivamente, é um jogador aguerrido e voluntarioso embora ainda algo faltoso. Recentemente, num desafio particular contra a Nigéria, cumpriu (e muito bem, diga-se!) a jogar como trinco. Já no Porto jogou mais recuado, mas isso não costuma ser bom, nem para ele, nem para a equipa. Pode vir a encaixar no "onze" titular.

José Juan Vázquez: Foi uma das referências do meio-campo do León. Jogador rotinado e combativo, é o sustento do meio-campo do bicampeão mexicano. Confere equilíbrio e uma saída de bola decente a qualquer equipa onde jogue. Por vezes, peca por ser demasiado ríspido em certas jogadas. El Gallo, como é conhecido no México, parece, curiosamente, um jogador mais experiente do que é, dado que é um jogador sólido e de carreira estável. Fala-se que poderá dar o salto para Espanha no fim de um Mundial onde deverá partir como suplente.

Javier Aquino: Suplente durante praticamente toda a segunda volta no Villarreal, foi chamado à última hora por Miguel Herrera, na sequência da fractura da tíbia e perónio de Luis Montes. Curiosamente, Aquino até estava numa digressão pela China com o Villarreal, tendo viajado de imediato ao encontro dos seus compatriotas. Aquino é um ala/extremo veloz, vertical, com finta e qualidade no um-para-um. Destro, procura também algumas diagonais, para o remate na área. Defensivamente, progrediu alguma coisa esta época, embora ainda precise de melhorar certos detalhes. Em 5x3x2, não parece plausível que vá ser titular...

Miguel Ponce: Substituiu Juan Carlos Medina, médio do América que estava na primeira lista de 23 e que, entretanto, se lesionou. Miguel Herrera apercebeu-se de que lhe poderia faltar uma alternativa credível na lateral esquerda, então decidiu chamar este jogador, que pode ainda jogar como ala. Esquerdino, é um jogador aguerrido, com pulmão e bastante dinâmico em fase ofensiva. Defensivamente, demonstra a mesma aplicação, embora ainda tenha de melhorar em alguns aspectos. Chega para ser alternativa a Layún e Guardado.

Carlos Peña: Um dos melhores jogadores da Liga MX, chega a este Campeonato do Mundo também depois do título conquistado ao serviço do León do grande Gustavo Matosas. Médio-centro todo-o-terreno, Peña é um jogador raçudo, fisicamente robusto, mas que teve uma evolução técnico-táctica notável ao longo do último ano.

Veloz e com boa visão de jogo, são inúmeros os passes a rasgar que faz durante um jogo. Movimenta-se sobretudo pela zona central, sempre com grande verticalidade. Além da qualidade de passe, revela ainda uma potência de remate notável, tanto de meia-distância, como também na área contrária, onde até de cabeça pode aparecer a finalizar. Não sendo um jogador demasiado técnico, demonstra uma qualidade e um critério nas acções verdadeiramente notáveis. Um jogador para outros voos, claramente. Quem sabe após o Mundial...

Marco Fabián: Estava a começar a perder gás no Chivas Guadalajara quando o Cruz Azul decidiu avançar por ele e dar-lhe uma nova via de voltar a ser um jogador determinante. Na verdade, não tendo sido brilhante, foi pelo menos um jogador importante ao longo dos últimos meses. Criativo robusto e conflituoso, Fabián é um dos jogadores tecnicamente mais dotados do futebol mexicano. Rápido, móvel, tecnicista, com bom passe e remate poderoso, actua preferencialmente na segunda linha do meio-campo, tanto por dentro, como mais descaído numa ala. Miguel Herrera terá de procurar o melhor enquadramento posicional para ele dentro do seu 5x3x2, o que não se avizinha particularmente fácil...

Isaac Brizuela: Jovem médio-ofensivo, que pode actuar mais pelo meio ou pelas alas, sobretudo na direita. Ao serviço do Toluca, tem feito uma campanha muito interessante, revelando todo o seu talento, particularmente em acções rápidas. É um jogador que sabe aproveitar bem a sua velocidade e as suas qualidades técnicas. Além disso, aparece bem em zonas de finalização e tem descaramento na altura do remate, finalizando bem com os dois pés. Tecnicamente, é uma mais-valia clara para este grupo. E atenção que em Fevereiro, o seleccionador Miguel Herrera disse que ele era o "melhor jogador da Liga". É para se ter conta!

Oribe Peralta: Figura de proa do Santos Laguna de Pedro Caixinha até se ter transferido há umas semanas para o gigante América, é igualmente uma das estrelas da Tricolor. Avançado versátil e inteligente a atacar os espaços, pode ser considerado um dos heróis do apuramento para este Campeonato do Mundo. Como avançado-centro, ele é um puro espectáculo: remata com os dois pés, de todas as formas e feitios, mas também é um bom cabeceador. Em termos de recepções de bola e de apoios interiores, é tremendamente útil. Em 2013, foi eleito o 18º melhor goleador do Mundo para a FIFA, o que, convenhamos, não é coisa pouca. Já tinha nível para estar na Europa, mas talvez nunca lá chegue...

Alan Pulido: Outro avançado bastante promissor do futebol mexicano. Avançado de boa técnica e bastante móvel, Pulido procura ir afirmando-se numa selecção onde enfrenta a forte concorrência de avançados como Chicharito, Oribe Peralta, Giovani ou Raúl Jiménez. Digamos que Alan não é bem um "9" puro, é um jogador concretizador, sim, mas que gosta de fugir da zona central e de cair na faixa muitas vezes, sobretudo do lado esquerdo, para depois sim poder partir para espaços mais interiores. Destro, tem sentido de baliza e um remate muito interessante. Ainda está a passar por um processo de crescimento mas a continuar assim pode muito bem vir a dar o salto para o futebol europeu dentro em breve...


Javier Hernández: Depois de uma época negra no Manchester United (a todos os títulos), o Chicharito procura a sua redenção neste Campeonato do Mundo. Avançado veloz, com facilidade em desmarcar-se no espaço e a fugir aos adversários, vai ter, porém, de trabalhar bastante para que o seu estatuto de titular esteja salvaguardado. A concorrência é apertada mas ele sabe que mantém o potencial que o levou a ser considerado um dos avançados mais promissores do futebol mundial.

Bastante oportuno na cara do golo, é um finalizador-nato na área contrária, além de revelar qualidades muito interessantes na recepção de bola pré-remate e a jogar de costas para a baliza. O facto de já não marcar pela selecção há mais de um ano pode-lhe pesar um pouco no sub-consciente, mas ele sabe que se falhar numa competição destas terá todo um país a "crucificá-lo". Prova de muita pressão para ele, portanto.

Giovani: Autor de uma época muito interessante ao serviço do Villarreal, chega a este Mundial pronto para discutir um lugar na equipa titular, embora a atribuição desse estatuto mereça dúvidas da parte do seleccionador Miguel Herrera. Avançado móvel, veloz, com técnica e golo, em dia-sim, pode ser um autêntico quebra-cabeças para qualquer defesa mal posicionada. Avançado com tiques da escola do Barcelona (de onde ele saiu, aliás), o seu jeito gingão em espaços curtos e longos pode dar jeito para desbloquear muitos jogos. Resta saber se chegará a ser preponderante nesta campanha ou não...

Raúl Jiménez: Um dos pontas-de-lança mais promissores de toda a CONCACAF. Associado recentemente ao FC Porto, este alto (1,90 m) e possante avançado promete ser uma opção de área muito válida para o Piojo Herrera. Avançado de área, embora tenha a capacidade de cair na faixa ou de recuar para vir receber bolas, revela condições interessantes para singrar no futebol europeu. É forte fisicamente, remata bem e com potência (preferencialmente com o pé direito) e demonstra qualidades interessantes também no jogo aéreo. Inteligente a ganhar os espaços para rematar e astuto na hora da finalização, pode muito bem ser uma das revelações mexicanas neste Campeonato do Mundo!


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