terça-feira, 25 de março de 2014

5 apontamentos do fim-de-semana de futebol internacional

1. Um "Clássico" do outro mundo. Enorme duelo no Santiago Bernabéu entre Real Madrid e Barcelona, com a vitória a sorrir no final aos catalães (3-4). Messi e Iniesta espalharam um perfume de bom futebol na rua de Concha Espina, um cheiro que irá perdurar no centro da capital madrilena por algum tempo. O pibito argentino, aliás, consagrou-se como o primeiro jogador culé a marcar um hat-trick na casa do maior rival (mais uma assistência para o golo de Iniesta e a assistência soberba para o pénalti sofrido por Neymar, que resultou no 3-3). Don Andrés foi o companheiro de luxo de um jogador que vai a caminho de ser considerado um dos melhores de sempre. De resto, ficaram alguns detalhes interessantes de Neymar, o jogo sólido, nomeadamente ao nível dos passes, de Xavi Hernández e a continuidade dos problemas defensivos do Barça, sobretudo nas bolas que caem na área. Cada bola que aparece no raio de acção de Mascherano parece uma bomba-relógio, a qual o argentino não sabe detonar. Mascherano não é nem nunca será um defesa-central e não percebo duas coisas: a insistência em colocá-lo, sem as qualidades necessárias, embora com rotinas, naquela posição e o facto do Barça ainda não ter investido dinheiro num bom central (ou apostar no promissor Bartra!). Do outro lado, fica uma sensação de vazio quando pensamos no jogo de Cristiano Ronaldo. Muito marcado e sem espaços para arrancar, ganhou um pénalti (inexistente), que tratou de converter. Pouco mais, na verdade. Também Bale apareceu pouquinho, sendo que só se destaca uma arrancada tremenda que quase resultou no hat-trick de Benzema (enorme Valdés!). Mas bom, quem brilhou mesmo no Real Madrid foi Di María, sobretudo no primeiro tempo. Duas assistências para Benzema bisar (outra das figuras dos madridistas) e mais uma, que só não resultou em hat-trick para o francês porque Piqué tirou em cima da linha. Os movimentos verticais e de ruptura de Di María, aliados à qualidade de movimentos, recepções e finalizações do "9" francês trouxeram vida a um Real Madrid muito aéreo em termos defensivos. Sergio Ramos voltou a vacilar, Pepe foi o menos mau e os laterais tiveram uma noite para esquecer (Carvajal fechou mal por dentro e por fora sentiu também dificuldades e Marcelo mostrou alguma lentidão que permitiu colocar várias vezes em jogo os seus adversários, além de ter lidado mal com as constantes investidas de Dani Alves no segundo tempo). Um "Clássico" rico em detalhes e em futebol, jogo aberto, puro, com alegria, polémica, oportunidades e golos. Obrigado a Real e Barcelona, a sério, do fundo do coração!

2. O gozo de Mourinho e a derrota 1001 de Wenger. Ao jogo 1000 da sua longa carreira (quiçá demasiado...) no Arsenal, Wenger parece ter sofrido a derrota 1001 contra José Mourinho. De facto, o técnico alsaciano parece não aprender com os erros. Num jogo potencialmente decisivo para ambas as equipas, no que toca às aspirações de título (mais para os gunners, até...), Arsène Wenger decidiu atrever-se a defrontar o tacticamente imperturbável Chelsea de Mourinho só com Arteta como médio de contenção. Assim que se conheceram os "onzes", as críticas no Twitter e demais redes sociais e nos comentários televisivos por esse Mundo fora apontavam para a ousadia do técnico gunner, ao entrar quase sem meio-campo para um jogo tão importante quanto difícil. Bom, e na verdade, assim como naquela fatídica tarde em Anfield, o Arsenal soube que ia perder por muitos logo aos 6 minutos. De facto, já antes do 2-0, em duas situações isoladas, tinha dado para perceber que aquilo ia dar arraial, por certo...A ideia do Chelsea é simples: pressionar a saída de bola do adversário de forma incisiva, recuperar de forma rápida, sair em velocidade, com verticalidade, poucos toques e rematar à baliza. Tão simples quanto isto. Com toda a defesa arsenalista desorganizada e com Oxlade-Chamberlain completamente fora de sítio, o jogo foi demasiado fácil para a turma de José Mourinho. Schurrle, Oscar, Hazard, Eto´o (até sair lesionado, aos 10 minutos), Torres (substituto do camaronês) ou Salah fizeram questão de aproveitar essas facilidades e deram um recital de futebol. Este 6-0 deve ter sabido bem ao ego de Mou. Sobretudo porque fez tudo de uma forma tão simples e esperada que não houve qualquer tipo de surpresa no desfecho deste jogo. Este jogo deixa-nos ainda uma certeza: podem vir mais 1000 jogos que o pobre Arsène há-de continuar sempre a perder contra o Special (que assim é também sempre o Happy) One. Há coisas no futebol que, de facto, nunca parecem (querer) mudar...

3. Inter-Atalanta e as 1000 formas divertidas de jogar futebol. Suponho que até haja mais formas entretidas de jogar futebol mas isso não interessa para o caso. Uma delas, por certo, há-de ter sido aplicada pelas equipas do Inter e da Atalanta no confronto do último domingo. O jogo no Giuseppe Meazza foi aberto, atractivo, com duas equipas permanentemente viradas para o ataque e imensas alternativas. Tremenda exibição de Bonaventura, autor dos dois golos que deram a vitória à formação bergamasca. Muito bem acompanhado, diga-se, por um Germán Denis em excelente forma. Já o Inter teve bolas nos ferros, falhanços incríveis e acabou por perder o jogo de forma dramática, depois de quase ter feito o 2-1 a seu favor. Jonathan voltou a confirmar a boa forma (muitas e boas subidas, sendo muito efectivo), assim como Palacio (ia marcando um chapéu de cabeça, por exemplo!). Ao lado de Rodrigo, esteve um Icardi que apareceu no melhor e no pior do jogo: marcou o golo, num belo movimento individual, tirando Yepes do caminho e rematando colocado para o fundo das redes de Consigli, mas também falhou golo incrível de baliza aberta, após grande jogada de Jonathan e consequente bola na trave. Uma tarde de azar (ou má sorte, vá...) dos nerazzurri ou puro desperdício? Apostaria mais na segunda hipótese. Às vezes falta calma na hora de finalizar a esta equipa. E, assim, o 4º lugar fica mais distante...

4. A máquina Drmic não consegue parar... É uma autêntica debulhadora do golo. Josip Drmic vai a caminho, definitivamente, do prémio avançado-revelação de Bundesliga 2013/2014. Este fim-de-semana, mais um golo, por sinal soberbo, com uma recepção orientada brutal de pé direito, para logo atirar um remate cruzado com o pé esquerdo. Apesar da derrota gorda do Nuremberga por 2-5 frente ao Eintracht Frankfurt, Drmic nunca decepciona. Rápido, desmarca-se bem no espaço, tem técnica em espaços curtos, remata bem com os dois pés (de preferência o direito) e cabeceia bem. Um ponta-de-lança completo e de muito boa nota, para já. Leva 13 golos e 3 assistências em 25 jogos no campeonato e promete não parar...

5. A estreia de AVB no Zenit. Estreia positiva de André Villas-Boas (AVB) ao serviço do milionário emblema russo, com uma vitória caseira por 2-1 sobre o Krylya Sovetov. Partida sofrida, no entanto, muito por culpa de uma atribulada 2ª parte, na qual os erros defensivos do Zenit vieram ao de cima e não fosse Lodygin ter parado duas grandes penalidades quase de seguida (sim, leu bem, duas!) e o emblema de São Petersburgo teria perdido. Salta à vista, claro está, a disposição inicial em 4x2x3x1, com Fayzulin e Witsel numa primeira linha do meio-campo e na segunda linha, Hulk-Shatov-Danny. Boa primeira parte, com mobilidade constante de Hulk e um Shatov muito acertado ao nível do passe e bastante criativo. Na 2ª parte, depois do tal período de maior sofrimento, ficou à vista o plano B de AVB: 4x3x3, com Shatov a cair na faixa, jogando como extremo, tendo entrado Tymoschuk para o meio-campo. Bons e maus detalhes, velhos defeitos e algumas nuances interessantes. Pelo menos, há alguma margem para trabalhar!

terça-feira, 11 de março de 2014

5 apontamentos do fim-de-semana de futebol internacional

1. Juve-Fiorentina: o primeiro round. No espaço de uma semana e meia, Juventus e Fiorentina defrontam-se por três vezes. A antecipar o duplo confronto nos "oitavos" da Liga Europa, estes dois velhos rivais do futebol italiano discutiram emocionante jogo na Serie A este fim-de-semana. A conclusão mais óbvia deste encontro é que a Juventus vai a caminho do terceiro scudetto consecutivo (ainda para mais com a derrota da Roma em Nápoles...), visto que conseguiu importante vitória (1-0). Esse parece um dado adquirido de facto, porém, houve outros bons apontamentos neste desafio: boa Juventus na 1ª parte, pressionando de forma efectiva, ganhando o meio-campo (mesmo sem Pirlo e com Vidal e Pogba em sub-rendimento) e obrigando a Fiorentina a um jogo mais directo, visando o perfil mais físico de Mario Gómez (marcado de forma soberba por Ogbonna). No entanto, a equipa de Conte esteve longe de brilhar no ataque e, na verdade, tanto Tévez como Llorente não dispuseram de muitas oportunidades. Faltava espaço aos campeões até que Asamoah, numa extraordinária acção individual, atirou à baliza e dali saiu um excelente golo. Após o intervalo, Montella mudou a cara da Fiorentina, colocando a equipa num 4x4x2 onde as movimentações interiores de Cuadrado e Vargas conseguiram causar o pânico numa desgastada defesa juventina. Com as entradas de Wolski e Matías Fernández, a circulação interior melhorou, a equipa tinha amplitude de jogo e só faltava mesmo a eficácia na frente. Ryder Matos, entrado para o lugar de Gómez, ainda enviou bola à trave, após bom cabeceamento, mas aquele não era o dia da Fiore. A Juve acabou a salvar boa vitória, tendo Conte colocado em campo jogadores Cáceres ou Isla para segurar o ímpeto contrário, numa altura em que os de Florença mandavam por completo e toda a estrutura bianconera tremia que nem varas verdes. Um jogo interessantíssimo, onde talvez a Fiorentina tenha feito o suficiente para merecer o empate. Deveriam ter sido mais eficazes...

2. De 0-0 a 4-0 sem fazer muito por isso... Esta é um pouco a história do Chelsea este fim-de-semana. A equipa de José Mourinho teve uma 1ª parte complicada perante um Tottenham organizado, bem estruturado de trás para a frente e capaz, inclusive, de ter mais bola dos que os blues. Hazard não aparecia, Lampard não dá a resposta de outros tempos em termos físicos e só em algumas situações de bola parada o Chelsea deu sensação de poder levar o cântaro à fonte. Na 2ª parte, tudo mudou a partir do momento em que Vertonghen (sim, foi mesmo ele e não Naughton...) decidiu oferecer uma chance de ouro a Eto´o que, naturalmente, não a enjeitou e colocou o Chelsea na frente do marcador, sem ter feito muito por isso. Depois disso, um pénalti duvidoso (expulsão de Kaboul e golo de Hazard) e mais dois erros tremendos a valerem outros tantos golos para o conjunto de Stamford Bridge (Demba Ba a bisar, triplicando o número de golos marcados até aí na Premier League). Digamos que o Chelsea pode ter tido a chamada "sorte do jogo" mas fez por isso. Não concedeu espaços atrás (não me lembro de uma única chance criada pelos spurs...), aproveitou erros alheios e foi eficaz. Assim se fazem os campeões... (PS: Se este Tottenham falha assim contra o Benfica, os comandados de Jorge Jesus vão-lhe chamar um figo...).

3. Será desta senhor Wenger?... Está tudo a jeito para o Arsenal vencer a FA Cup: o adversário nas semi-finais será o Wigan (apesar de vencedor desta competição, milita actualmente no Championship) e, se passar à final, defrontará o Hull City (da Premier League, mas longe de ser um tubarão) ou o Sheffield United (da League One, terceiro escalão do futebol inglês). Para chegar a Wembley, o Arsenal teve de derrotar o Everton de Roberto Martínez e fê-lo com um certo brilhantismo (4-1). Com Oxlade-Chamberlain a assentar arraiais no "onze" (finalmente!), o Arsenal foi uma equipa atrevida e incisiva desde início, estando o jovem inglês bem acompanhado por Ozil (de regresso às grandes exibições e marcando o 1º golo) e Santi Cazorla. Em contra-ataque, porém, o Everton foi causando calafrios, aproveitando espaços e chegou mesmo ao empate, pelo inevitável Lukaku, após tremenda assistência de Barkley e toque determinante de Mirallas. Nos últimos 45 minutos, Oxlade-Chamberlain continuou a arranjar espaços e a dar profundidade à equipa, sendo que o jogo se decide com uma grande penalidade convertida por Arteta e mais dois golos de um Giroud a provar que, perante a ausência de um "9" de referência, consegue ser o único capaz de fazer a diferença na área contrária. Bons apontamentos de um Arsenal técnico, intenso, rápido, vertical e efectivo. Boa amostra da equipa de Wenger rumo ao sonhado troféu que já vai escapando das vitrines do Emirates (estádio que ainda não comemorou nenhum título do Arsenal!) há 9 anos...

4. O Feyenoord em 3x5x2. Interessante variante táctica apresentada por Ronald Koeman este fim-de-semana, na deslocação a Groningen (vitória do Feyenoord por 2-0). Sem poder contar com o castigado Graziano Pellè, Koeman alterou a equipa para um esquema com três centrais (de Vrij-Mathijsen-Martins Indi) e dois laterais mais adiantados (van Beek-Kongolo). Ao meio, o trio do costume Clasie-Immers-Vilhena e no ataque, o rápido extremo Schaken (mais móvel) e um avançado mais posicional (te Vrede). O segredo esteve no aproveitamento nas oportunidades e na eficácia defensiva. O Feyenoord organizou-se bem atrás, deu a bola ao seu oponente e procurou explorar as transições rápidas. Essenciais as subidas dos laterais, sobretudo Kongolo, decisivo no golo de Schaken (recuperação e assistência) e Clasie, sempre ele, clarividente a pautar e organizar o jogo a meio-campo. Peças-chave de uma boa vitória, num fim-de-semana onde o líder Ajax empatou (1-1, em casa, contra o Cambuur) e o Twente perdeu (no terreno do Go Ahead Eagles, 1-0).

5. Olhando para o México. Tenho uma paixão inexplicável  pelo futebol mexicano. Há bons jogos, bons treinadores, jogadores de qualidade (sobretudo locais e sul-americano) e há uma certa boa vibe nos estádios. No último sábado, aproveitando o facto de ninguém do meu grupo ter acedido a uma saída nocturna, fiquei a ver dois encontros interessantíssimos da Liga MX (como é agora conhecido o campeonato mexicano). Primeiro, vi o Santos Laguna de Pedro Caixinha dar a volta a um 2-0 desfavorável, em pleno Azteca, contra o América. No final, 2-4, justíssimo, face à maior garra demonstrada pela equipa do português nos últimos 45 minutos e ao facto da equipa orientada pelo Turco Mohamed ter voltado a mostrar uma certa fragilidade defensiva, com base na rigidez táctica do técnico argentino. No Santos, destaco o talentoso Quintero e ao jovem Rentería, dois colombianos de muita qualidade, além do ponta-de-lança, titular da selecção mexicana, Oribe Peralta, autor de um golaço, à lo Zidane. De seguida, pude ver mais um show de Enner Valencia, internacional equatoriano de muito bons atributos (possante, rápido, tem destreza, técnica e finaliza muito bem), que bisou e deu o triunfo ao Pachuca sobre o Monterrey (2-0), noutro jogo em destaque na jornada 10 do campeonato. O Pachuca foi sempre melhor, com destaque ainda para o promissor ala direito Jurgen Damm (estica bem jogo na direita, mostrando técnica, velocidade e controlo de bola e apoia a defender), para a solidez da dupla do meio-campo Hernández-Ayoví e para alguns lances interessantes de entendimento entre o lateral-esquerdo Arreola e o ala colombiano Jhon Pajoy. Uma viagem interessante até uma das ligas mais competitivas do continente americano. Aconselho-vos a irem seguindo regularmente este campeonato e também a prestação das equipas mexicanas na Copa Libertadores. Vão gostar!





terça-feira, 4 de março de 2014

5 estreantes a acompanhar na noite de selecções

Em ano de Mundial, os primeiros jogos particulares são sempre momentos importantes para que possamos entender, de certa forma, quais serão as opções que os seleccionadores irão tomar rumo à maior prova futebolística do planeta. Em praticamente todas as selecções, há novidades e, sendo assim, decidi escolher 5 jogadores a acompanhar nesta ronda de amigáveis, todos eles bastante jovens, com grande potencial e prontos a fazer a estreia pelas suas selecções principais:


1. Rafa Silva (Portugal/SC Braga): Uma das revelações da Liga Zon Sagres esta temporada. Aos 20 anos, este médio-ofensivo/extremo tem mostrado toda a sua qualidade ao serviço do Braga e da selecção sub-21. Com um reportório de fintas que não deve muito a alguns dos maiores craques da história do nosso futebol, Rafa tem rubricado exibições de grande qualidade. Destro, é muito hábil com a bola, tem velocidade na condução, técnica interessante e aparece bem em zonas de finalização, vindo de trás (já leva 8 golos em 25 jogos pelos minhotos, mais um na qualificação para o Euro Sub-21 e outro num amigável contra a Polónia sub-21). Além disso, dá assistências, visto que é um jogador com uma visão de jogo notável. Paulo Bento chamou-o à equipa das Quinas, uma prova clara de que conta com ele, tendo em vista o Mundial brasileiro. A continuar assim, merece, indiscutivelmente, uma chamada...


2. Ciro Immobile (Itália/Torino): Há quem diga que ele pode tornar-se o Paolo Rossi da actualidade. Para quem não se lembra, Paolo Rossi foi o goleador da mítica selecção azzurra campeã do Mundo em 1982, apesar de ter estado vários meses sem jogar, mesmo em vésperas do Campeonato do Mundo. Immobile, felizmente, tem jogado, daí estar nas cogitações para ser inclusive o "9" da Squadra Azzurra no Brasil. Para já, prepara-se para a estreia, frente à selecção espanhola, esta noite no Vicente Calderón, num encontro que irá servir de homenagem ao ex-seleccionador da Roja, Luis Aragonés, recentemente falecido. Os 13 golos em 23 jogos na Serie A (mais um golo na Coppa) servem de referência para que Immobile seja tido em conta. Relativamente alto e robusto (1,85 m), Immobile é um avançado que não faz jus ao nome (é bastante móvel), ataca bem os espaços, pode jogar também nas alas e desmarca-se com relativa facilidade. Com boa técnica e eficaz, o craque do Torino é também capaz de marcar excelentes golos, boa parte deles de pé direito. Um capocannoniere à moda antiga, daqueles avançados que dá sempre prazer ver!



3. Luke Shaw (Inglaterra/Southampton): Um dos laterais-esquerdos mais promissores da Europa. Luke Shaw, 18 anos, estreia-se numa convocatória da selecção principal e bem que o merece. O seu rendimento no último ano e meio ao serviço do Southampton tem sido notável. Lateral pujante, sobe bem e apoia o ataque com critério. É bastante efectivo nos cruzamentos (de pé esquerdo), tem um bom passe e continua a ter uma evolução muito interessante do ponto de vista defensivo. Como é rápido, compensa muitas vezes bem as subidas para ajudar no meio-campo contrário. Tem jogado pelos sub-21 (3 jogos na qualificação para o Europeu) e já leva 25 jogos na Premier League (2 assistências). Com o afastamento de Ashley Cole das últimas convocatórias, tornou-se num sério candidato a ser o suplente de Baines no Brasil.


4. Matthias Ginter (Alemanha/Friburgo): Central/trinco com uma margem de progressão incrível, começou, curiosamente, a carreira como ponta-de-lança. Foi recuando e tem-se vindo a assumir como um defesa de muito futuro, que pode também jogar como médio-defensivo/médio-centro. Aos 20 anos, este gigante de 1,90 metros tem alternado bastante entre defesa-central e médio-defensivo nos últimos jogos ao serviço do Friburgo. Destro, com uma saída de bola limpa e segura, mostra-se um jogador eficaz no passe e de uma enorme versatilidade. Para um jogador daquela altura e de posições mais defensivas, mostra uma técnica interessante, além da agilidade e pujança física reveladas muitas vezes. Muitas vezes penso se não poderá evoluir até se tornar num jogador estilo-Matic, defensivamente implacável e com boa saída de bola. Um treinador com critério e capaz de explorar todas as suas qualidades poderá tirar essas conclusões num futuro próximo. Para já, tem a possibilidade de fazer a estreia pela Mannschaft, num bonito jogo particular contra o Chile.



5. Davy Klaassen (Holanda/Ajax): Poderia ter optado também pelos talentosos e velozes Promes e Boetius ou pelo interessante central do PSV, Karim Rekik, no entanto, escolhi Davy Klaassen, de entre as novidades nos convocados de Louis Van Gaal para o particular desta noite, no Stade de France, frente à selecção gaulesa. Klaassen é mais um projecto refinado da famosa escola de formação do Ajax de Amesterdão, uma das melhores e mais consagradas de todo o Mundo, tendo sido já comparado a outros craques aí formados como Bergkamp ou Sneijder. Aos 21 anos, esta está a ser a sua época de afirmação. Médio-ofensivo dinâmico, entra muito bem na área vindo de trás, remata bem (é destro) e não é nada mau no jogo aéreo (ter 1,85 m ajuda, convenhamos...). Não equilibra muito do ponto de vista defensivo, mas ofensivamente é um jogador super-interessante. Para já leva 10 golos e 2 assistências em 32 jogos oficiais, sendo que tem tido um rendimento um pouco mais intermitente desde o início de 2014. Ainda assim, vem de uma boa prestação no clássico do último fim-de-semana frente ao rival Feyenoord. Logo só podemos esperar um Klaassen motivado (quanto mais não fosse, pela possibilidade de estreia na selecção nacional...).


5 apontamentos do fim-de-semana de futebol internacional

1. Final da Taça da Liga inglesa. Vitória justa mas difícil do Man.City sobre um competitivo Sunderland (3-1). A equipa de Pellegrini continua a revelar manifestas dificuldades defensivas, sendo que o espaço nas costas dos quatro defesas foi muito bem aproveitado, em profundidade, por jogadores como Borini ou Johnson. O italiano marcou por uma vez e esteve perto do "bis", porém, tudo mudaria no 2º tempo. Dois golos geniais (o de Yaya Touré então...) puseram os citizens na frente, bem cedo. Claramente, o factor individual a fazer a diferença, embora colectivamente a resposta da equipa de Manchester tenha sido bem melhor após o intervalo. Jesús Navas acabaria por fechar um marcador justo mas que não mostra totalmente as dificuldades que o City teve para levantar o troféu...

2. Um desastre chamado Arsenal... Um desastre previsível e habitual, diria eu. Nos últimos anos, o Arsenal nunca consegue aguentar o ritmo e, a determinada altura da época, quebra. Este ano, foi dado como candidato ao título, algo que, honestamente, sempre me pareceu pouco plausível. As lesões de Ramsey e Walcott (estavam a ser dois elementos decisivos esta época), o abaixamento de forma de Ozil ou Giroud, a falta de um ponta-de-lança contrastado ou a política de contratações, no mínimo, duvidosa de Arsène Wenger podem ser explicações mas há algo que nunca aparece na hora H: uma equipa capaz de lutar de igual para igual com os outros candidatos. Falta competitividade a este Arsenal quando entra para um jogo teoricamente mais complicado. Lembro-me sempre da expressão medo cénico de Valdano para explicar deslizes como os consentidos no Etihad ou em Anfield. No entanto, não é só frente aos grandes que o Arsenal se despista: este fim-de-semana, somou o quarto encontro consecutivo em Stoke sem vitória. Perdeu e perdeu bem porque a equipa nunca soube encontrar os espaços e foi (quase) sempre amorfa. Só a entrada de Oxlade-Chamberlain mexeu com alguma coisa mas já era tarde demais...para o jogo e para o título!

3. Atlético-Real, uma rivalidade que faz faísca. Um jogo imenso, intenso, voraz, daqueles que nos deixam agarrados ao ecrã do primeiro ao último minuto. Curiosamente, até acho que não foi um duelo brilhante mas a agressividade, no bom e no mau sentido, que Atlético e Real Madrid colocaram dentro do terreno de jogo é digna de nota. 1ª parte soberba dos rojiblancos, que curiosamente até começaram a perder (mais uma finalização desse grande avançado chamado Karim Benzema). Enorme trabalho de Koke e Arda Turan, limitando as saídas por dentro e dando amplitude ofensiva à equipa do Cholo Simeone. Nas alas, os laterais subiam e desciam com uma facilidade descomunal (Bale e Ronaldo apareceram menos do que é costume...). Na frente, Diego Costa era toda uma marca de labor enorme, conflituosidade e profundidade, jogador-dínamo deste Atlético pujante e divertido. Koke e Gabi deram a volta a um jogo que mesmo depois do intervalo conheceu um Atleti mais forte. Porém, também é certo que as entradas de Marcelo e Isco mexeram positivamente com o Real Madrid, que passou a ser mais objectivo na 2ª linha e começou a ter um pêndulo defesa-ataque no lado esquerdo. Os colchoneros não aguentaram a pressão final e lá estava Cristiano pronto para redimir-se, marcando o 23º golo nesta Liga. Duas grandes equipas de futebol, num jogo tremendo na sua dimensão táctico-emocional.

4. Lucas e o "quase-golo" para a História. Em fim-de-semana de clássicos e derbies por essa Europa fora, um dos jogos mais interessantes disputou-se em França, entre Paris Saint-Germain e Marselha. Para lá do resultado (2-0 para o PSG, num jogo entretido e dominado pelos parisienses), fica um lance absolutamente brutal no decorrer do 1º tempo: o brasileiro Lucas Moura arranca desde o seu meio-campo, senta um adversário, passa no meio de outros três, com uma cadência inabalável e só em cima da linha o sonho de um golo divinal foi travado pelo maldito pé de Diawara. A jogada é magnífica: o poder de arranque, a verticalidade, a velocidade supersónica e o controlo de bola. Só pecou a finalização mesmo. Foi pena, de facto. Recordo-me sempre da célebre frase de Georges Braque, conhecido pintor e escultor francês do século XX, quando vejo estes "quase-golos": Não é o fim que é interessante, mas os meios para lá chegar.

5. Outros derbies e clássicos por esse Mundo fora. Este foi um fim-de-semana particularmente dotado de jogos de grande carga sentimental. Além dos já referidos, tivemos, por exemplo, dois duelos "grandes" no futebol italiano: Roma-Inter e Milan-Juventus. Em Roma, o duelo foi fraco e a equipa da capital só melhorou depois da entrada de Pjanic. O Inter foi-se defendendo bem e salvou bom ponto, tendo em vista a luta europeia. Em San Siro, o Milan jogou, nos primeiros 45 minutos, o melhor futebol da era-Seedorf. Taarabt tremendo na construção e criação de desequilíbrios, junto a um bom Kaká e protegidos por uma dupla Montolivo-Poli em bom nível. A Juve, mesmo sem os melhores Pirlo e Pogba, venceu o jogo graças à qualidade imensa dos seus avançados. Quem tem jogadores na frente como Llorente ou Tévez tem tudo. Na Holanda, jogou-se o De Klassieker, entre Feyenoord e Ajax. Mais um passo de gigante para os de De Boer rumo ao tetra na Eredivisie. Vitória por 2-1 na Banheira de Roterdão, com o jovem da cantera Ricardo Kishna em plano de evidência (excelente trabalho a servir Sightórsson no 1º golo). O Feyenoord até tinha começado melhor (muito boa 1ª parte de Clasie, Vilhena e Boetius) e o italiano Pellè fez mais um golo, após assistência brilhante de Martins Indi. No entanto, o tal golo de Sightórsson e outro de Veltman deram o triunfo aos ajacied, que ficam com 8 pontos de vantagem sobre o 2º classificado. Ainda na Europa, mas mais a Leste, jogou-se o interessantíssimo dérbi de Bucareste, entre Steaua e Dinamo. Ambiente escaldante nas bancadas e um empate a uma bola no relvado (Grigore marcou, de pénalti, para o Dinamo; empatou Keseru para o campeão romeno). Interessante rever internacionais romenos já consagrados (Tanase, Latovlevici, Pintilii, Gardos ou Grigore) e outros que estão para se estrear ou que poderão aparecer em convocatórias futuras (Rus, Filip ou Rotariu). Fora do Velho Continente, dois interessantes duelos a que eu assisti também: na Argentina, interessante dérbi portenho entre Vélez Sarsfield e Boca Juniors. Ganhou o Vélez (1-0), mais forte na 1ª parte (período em que Zárate aproveitou para fazer o golo que decidiu o jogo), embora sofrendo nos últimos 45 minutos. Atenção ao crescimento de jogadores como Lucas Romero, Allione ou Tobio (que até nem jogou neste encontro) no Vélez. Por último, clássico no México, entre o Monterrey e o América. Vitória essencial para a equipa de Antonio Turco Mohamed (1-2), com o criativo Sambueza a resolver já no fim, após grande jogada em profundidade do lateral internacional mexicano Pablo Aguilar. O América chegou à vitória, curiosamente, no melhor período dos Rayados de Monterrey. Há dias mais felizes que outros, de facto...