segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

10 apontamentos rápidos do fim-de-semana de futebol internacional pré-natalício

1. Derby della Madonnina. Jogo sempre emocionante e este não fugiu à regra. Surpreendeu o Milan, entrando a mandar no jogo, perante Inter mais defensivo. Kaká a muito bom nível, assim como o trinco que arruma a casa, Nigel de Jong. Na 2ª parte, logo se notaram as diferenças do ponto de vista físico, sobretudo quando Mazzarri foi mexendo (e bem) na equipa e Allegri não o fez. O Inter cresceu, foi mais equipa e, no final, mereceu o soberbo golo de Palacio (que exibição colossal, oferecendo-se ao jogo, movimentando-se bem no espaço e decidindo de calcanhar um equilibrado dérbi).
2. Juventus segura e tranquila. Não há muitas dúvidas de que a Juve tem o plantel mais equilibrado e de maior qualidade da Série A. Para mim, nesta altura, são os favoritos mais óbvios à revalidação do Scudetto. Este fim-de-semana, triunfo robusto em Bergamo, contra uma frágil Atalanta (4-1). Não foi um jogo brilhante, mas a 2ª parte mostrou-nos uma equipa super-segura e capaz de desequilibrar a qualquer momento. Sem fascinar, Llorente e Vidal lá voltaram a picar o ponto e Pogba rendeu de forma segura como médio-interior. Os laterais foram dando amplitude à equipa, com destaque para um regressado Lichtsteiner ( abençoado seja o seu regresso!) e muitas bolas foram caindo na área. Uma vitória justa e bonita de uma Juve eficaz. E atenção que logo a abrir o ano há um espectacular Juve-Roma!
3. A remontada do Barça. Grande resposta do Barcelona à desvantagem de 2-0, logo aos 15 minutos, em Getafe. A equipa começou intranquila, falhando bastante atrás, tanto em lances de bola corrida como de bola parada. Porém, Pedrito foi se soltando, marcou um hat-trick e a equipa desbloqueou o jogo mentalmente. Foi controlando melhor daí para a frente (sempre com um ou outro susto no sector mais recuado) e acabou por resolver na segunda parte, com dois golos de Fabregàs. Vitória importante, porque mostrou que esta equipa sabe reagir às adversidades.
4. O Everton de Roberto Martínez é coisa séria! Enorme Premier League para já. E excelente o Everton de Roberto Martínez, o espanhol que o ano passado havia dado a FA Cup ao modesto Wigan (embora com descida ao Championship, para contrapor). Ontem, triunfo importantíssimo no terreno do Swansea de Michael Laudrup. A 2ª parte dos toffees foi muito conseguida: pegaram em definitivo no jogo, assumiram as rédeas e atacaram com mais unidades. Extraordinário Barkley (que golo e que época!) e bom nível de outras figuras como Coleman, Mirallas ou McCarthy. Estão metidos na luta pela Champions: quem diria no início da época, hein?...
5. Suárez, o "bicho". Impressionante Luis Suárez. Bis e assistência ao Cardiff City, sendo que os seus 2 golos foram autênticas obras-primas (o segundo, num remate cruzado, é mais uma prova de como estamos perante um dos melhores do mundo neste momento). Leva 19 golos em 11 jogos, 10 deles só em Dezembro (nunca um jogador havia feito tantos tentos num só mês na Premiership). Veloz, tecnicamente dotado, com um sentido de baliza incrível, cada vez melhor no contexto colectivo e soberbo na criação/invenção de golos. Candidato claro à Bota de Ouro, se continuar assim.
6. Arsenal-Chelsea. Fraquinho, no geral, embora com alguns detalhes tácticos interessantes. Bom Chelsea no 1º tempo, criando algumas chances claras e defendendo-se muito bem, perante Arsenal a roçar o medíocre. 2º tempo mais quezilento e com o Arsenal a só reagir nos últimos 10 minutos. Lampard bem na 1ª parte, assim como Arteta. Esperava mais de Ozil e Ramsey, embora veja algum cansaço em ambos, sobretudo no galês. Foi um jogo chato, com tempo chuvoso e demasiado agressivo. Resultado: 0-0. Ninguém ficou surpreendido...
7. Bayern Campeão do Mundo. É verdade que o foi, sim senhor, mas a sensação que ficou foi decepcionante. Fez-me ter saudades dos tempos da velhinha Taça Intercontinental (disputada muitas vezes sob intensa neve em Tóquio). O Bayern ganhou o troféu derrotando o Guangzhou Evergrande e o Raja Casablanca, duas equipas muito inferiores (apesar dos méritos que tiveram em chegar a esta fase do Mundial). Na final, vimos como Alaba é cada vez mais um ala e como entra muito por dentro e como Thiago jogou mais adiantado, em linha com Kroos, sendo ambos protegidos por um Lahm cada vez mais adaptado à posição de trinco (até Joachim Low já o testou aí na Mannschaft!). Algumas nuances interessantes face ao passado recente, vistas, ainda assim, em contextos de baixa intensidade.
8. Borussia Dortmund-Hertha. O BvB tem ido completamente abaixo. Para lá das lesões no sector defensivo/meio-campo, que afectam o rendimento da equipa e de que maneira, o ataque também já não rende como dantes. Não sei se por alguma descrença no título ou se será mesmo problema relacionado com as dinâmicas da equipa. A verdade é que não temos visto um Borussia poderoso. Do outro lado, esteve um belíssimo Hertha, uma das surpresas desta 1ª metade da época na Bundesliga. Enormes os atacantes Adrián Ramos (goleador da equipa, interessa ao Borussia Dortmund aliás) e Allagui (excelente o golo marcado e a assistência para Ramos), bom nível do sector defensivo e boas sensações do médio Cigerci.
9. Galatasaray. Bom triunfo sobre o Trabzonspor este fim-de-semana (2-1), num jogo intenso e bem disputado. Burak Yilmaz voltou a ser o herói, se bem que com alguma sorte à mistura, nos 2 golos apontados. O Galatasaray mandou mais, num jogo bem disputado a meio-campo (4x3x1x2 de Mancini, com Sneijder como enganche e uma enorme batalha de Selçuk Inan e Melo contra o poderoso Zokora) e com lances de perigo nas duas áreas. Ainda assim, ficou uma sensação de insegurança, nada rara aliás, no sector mais defensivo, sobretudo entre os centrais Gokhan Zan e Semih Kaya.
10. Heerenveen de Marco van Basten. Grande exibição do Heerenveen em Alkmaar no último sábado e vitória gorda (5-1). Atenção a Hakim Ziyech, esquerdino talentoso, com grande visão de jogo e soberbo no remate. Já leva 6 golos (bisou neste jogo) e 8 assistências em 18 jogos na Eredivisie. O AZ desmoronou-se atrás sem o estabilizador Ortiz e foi um passeio para Finnbogason, Slagveer, Basacikoglu (18 anos e um primeiro golo absolutamente brilhante neste jogo!) e companhia.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

10 apontamentos do fim-de-semana de futebol internacional

1.  Alguns detalhes sobre o Arsenal-Everton. 90 minutos de beleza rara. Futebol de ataque puro, duas equipas extremamente competitivas e recheadas de jogadores brutais em termos ofensivos. O Everton controlou o 1º tempo, teve mais bola, embora as melhores ocasiões tenham pertencido ao Arsenal. Barkley fez uma exibição notável distribuindo jogo, sempre bem acompanhado por jogadores verticais como Mirallas ou Coleman. Na 2ª parte, porém, o Arsenal foi conseguindo pegar mais no esférico e impedia que o Everton pudesse desequilibrar mais facilmente. Mesmo sem o melhor Ramsey, os "gunners" conseguiram chegar à vantagem (por Ozil), isto depois de Wenger ter operado 3 substituições de uma assentada. Porém, do outro lado, havia mais que Barkley: Roberto Martínez (grande treinador, o seu Everton ainda só perdeu uma vez na Premier League) decidiu lançar Deulofeu e em boa hora o fez. O extremo cedido pelo Barcelona inventou o golo do empate e continua a provar que está destinado a ser uma das próximas estrelas do futebol mundial. O seu crescimento tem surpreendido tudo e todos, incluindo o próprio Bob Martínez (como é carinhosamente conhecido em Inglaterra o técnico dos toffees).

2. Terrível United e a força francófona do Newcastle. Confrangedor o momento do Manchester United, vigente campeão da Premiership. Duas derrotas seguidas em casa, primeiro contra o Everton e agora contra o Newcastle, fizeram disparar os alarmes em Old Trafford. O jogo frente ao Newcastle foi tudo menos bom: equipa teve intensidade de início mas foi uma nulidade em termos criativos. O défice acentua-se no meio-campo, onde a falta de um médio organizador se tem feito notar. Além do mais, há vários jogadores em mau momento de forma e outros, como van Persie, que regressaram de lesão recentemente e que ainda não estão na melhor forma. Do outro lado, impecável trabalho táctico da equipa de Alan Pardew. Com um meio-campo capaz de dominar a bola e com Cabaye em evidência, o Newcastle mereceu plenamente os 3 pontos conquistados em Old Trafford. Uma prenda antecipada de Natal para uma equipa com bastante potencial.

3. City envergonhado fora de casa... Como é possível uma equipa com tanto potencial, com um treinador admirado em todo o mundo e capaz de golear e destruir adversários poderosos (United e Tottenham que o digam...) em casa, ter tantos complexos a jogar fora de portas? É um mistério com o qual nos temos deparado esta época quando vemos jogar o Manchester City. Este fim-de-semana, no difícil terreno do Southampton, o vice-campeão inglês voltou a soçobrar. O encontro era dífícil, sim, mas o City ainda não conseguiu ultrapassar o complexo por completo. Os citizens até entraram bem e marcaram cedo por Aguero mas nunca conseguiram dominar o jogo. Excelente resposta de um aplicado Southampton, que mesmo sem Wanyama ou Schneiderlin, soube competir bem, graças ao trabalho de jogadores como Ward-Prowse, Lallana ou Cork, à profundidade do jovem Shaw na esquerda e ao génio de Pablo Osvaldo. Bom ponto para a equipa de Pocchetino, mais um passo em falso para os rapazes de Pellegrini.

4. Bruno Fernandes, a Udinese e um Nápoles irregular. Soberba exibição de um jovem português de 19 anos, no último sábado, no mítico San Paolo de Nápoles. Bruno Fernandes, formado no Pasteleira e Boavista, saído do Bessa para a Serie B italiana na última época (Novara foi o destino), marcou o primeiro golo no principal campeonato italiano e rubricou uma exibição completa. Jogando como interior-esquerdo na 2ª linha, aparecendo muitas vezes na ala e flectindo depois para dentro, buscando o seu pé direito, Bruno Fernandes desequilibrou, deu linhas de passe, tentou o remate e conseguiu fazer um chapéu notável ao guarda-redes Rafael. Jogador muito ágil e forte a atacar os espaços, destaca-se ainda nalgumas compensações defensivas. Foi ele uma das imagens fortes de uma Udinese jovem mas corajosa, que fez uma 1ª parte interessante, apesar de, de repente, ter ficado a perder por dois. Não baixou os braços e saiu de Nápoles com um ponto. Já os comandados de Rafa Benítez voltaram a decepcionar: dois golos sofridos na sequência de canto, dificuldades em controlar o jogo e, salvo alguns rasgos de Insigne, Callejón ou Higuaín, pouco mais fizeram. Inler e Dzemaili tiveram dificuldades em ganhar o meio-campo e a equipa ressentiu-se. Vários problemas que têm estado à vista de todos nos últimos jogos dos napolitanos...

5. Apaixonante Roma-Fiorentina. Num fim-de-semana de grandes jogos em todos os campeonatos, diria que alguns dos melhores estiveram em Itália. Este ano não falha: há cada vez melhores atacantes, propostas mais ofensivas, no fundo, os treinadores italianos estão mais abertos e há os estrangeiros, como Rudi Garcia, que chegam e logo colocam as suas equipas a jogar futebol de qualidade e de vocação ofensiva. O Roma-Fiorentina foi um jogo, geralmente, apaixonante, de muito ataque, sobretudo na primeira parte. Grande início dos giallorossi, com um Gervinho endiabrado. Logo, após 20 minutos de domínio romano, a Fiore foi repondo o equilíbrio, sendo que também aí houve um extremo a destacar-se (Cuadrado). Vargas empatou um marcador que havia sido inaugurado por Maicon e logo teve de ser, já no segundo tempo, um regressado (Mattia Destro) a resolver. Novamente, após jogada brilhante de Gervinho. Deste jogo, só guardo pela negativa a 1ª parte de Giuseppe Rossi (marcado por um implacável Benatia) e a exibição frouxa do criativo Pjanic. E basta.

6. O Inter e os fantasmas do passado. Época irregular tem tido o Inter. Não fossem os recentes deslizes do Nápoles e o 3º lugar não passaria de uma miragem. Porém, honestamente, alguém acredita que este Inter conseguirá chegar ao pódio? Muito difícil, a menos que se reforce bem no mercado. É que o treinador, Walter Mazzarri, é de topo. Porém, o plantel tem vários jogadores ainda a ganhar experiência e outros que já estão no fim das suas carreiras. Este fim-de-semana, empate caseiro contra o Parma de Donadoni (3-3) e mais uma exibição descolorida. Foi o 3º empate consecutivo na Serie A, num jogo marcado por um acumular de erros defensivos graves. O Inter, graças à pujança e técnica quase eterna de Palacio, bem apoiado por um Guarín de vocação mais ofensiva, lá vai marcando, mas concedeu muito atrás, foi permissivo e cada cruzamento era um "Ai Jesus" para os verdes centrais nerazzurri. Aliás, se há equipa que acabou mais perto de vencer o jogo foi o Parma (Cassano em bom momento, bem acompanhado por jogadores como Sansone ou Biabiany). Muito trabalho a fazer na casa interista.

7. Um Atleti bruto. Nem na Copa, a máquina pára. O Atlético de Madrid passeou em Sant Andreu (4-0) e ficou com o apuramento para os "oitavos" da segunda maior competição do futebol espanhol assegurado. Sim, porque milagres destes não acontecem. Nem irão acontecer alguma vez, penso eu (mas teriam a sua piada, sejamos honestos...). Apesar das poupanças, a equipa de Simeone partiu para cima do adversário e chegou a um cómodo 0-2 logo nos primeiros 20 minutos. Destacaria as exibições de Koke, sempre esclarecido na distribuição e organização de jogo e de um Arda Turan goleador (bisou nesta partida), sem esquecer Raúl Garcia, Villa e o jovem lateral-direito Manquillo, que fez uma exibição bastante completa. Uma máquina difícil de parar, porque a sua atitude competitiva é tremenda. Muito mérito para o Cholo Simeone.

8. BvB-Bayer Leverkusen. Decepcionante exibição do Borussia Dortmund, apesar das muitas ausências e das lesões que dois jogadores fundamentais sofreram neste mesmo jogo (Bender e Sahin saíram tocados). Do outro lado, um Bayer Leverkusen aguerrido, ordenado, compacto atrás e perigoso em contra-ataque, com destaque, mais uma vez, para o coreano Heung-Min Son (autor do único golo da partida). A equipa de Sami Hyypia já fugiu aos Schwartzgelben (alcunha dos de Dortmund), somando agora mais 6 pontos que a formação orientada por um Jurgen Klopp certamente em desespero. Não por duvidar das suas competências ou do seu plantel, mas sim pelas inúmeras lesões que vão afectando alguns dos jogadores mais importantes do vice-campeão europeu.

9. E o Spider-Enyeaman lá voltou a sofrer golos... Ao fim de 1035 minutos, Vincent Enyeama voltou a sofrer um golo na Ligue 1, golo esse, diga-se, bastante azarado (remate de N´Guémo e desvio em Kjaer). Depois de uma série de jogos extraordinários, o Lille quebrou na visita ao terreno de um competitivo Bordéus. O jogo foi interessante, com os da casa a tentar explorar as transições rápidas, jogando sempre de forma muito vertical. Surpreendeu a colocação inicial de Obraniak quase como um "falso 9", sendo que posteriormente ocuparam essa posição Jussiê e Saivet. Duelo interessante entre laterais-esquerdos africanos (Poundjé e Souaré), muito disponíveis e capazes de cruzar bem e um jogo bem disputado a meio-campo, com a linha N´Guémo-Sertic a aguentar bem Mavuba, Balmont ou Gueye. Jogo razoável do Lille, sem grandes chances, mesmo com mais um na última meia-hora (Poundjé foi expulso).

10. Albín, uma estrela a brilhar na Roménia. A fechar o périplo exclusivamente europeu deste fim-de-semana, uma análise a Juan Albín. O talentoso médio-ofensivo uruguaio, ex-Getafe e Espanyol, está agora no Petrolul, onde vem acumulando exibições de alto nível. No último sábado, frente ao Corona Brasov, ele e o português Filipe Teixeira desequilibraram a defesa adversária por completo, graças ao seu talento e qualidade técnica. Albín poderia estar perfeitamente a jogar numa liga de maior nível. No entanto, vê-lo no campeonato romeno faz-me pensar como este tipo de campeonatos médios precisam tanto de alguns jogadores de renome. São mais um factor de interesse, para lá das revelações que vão surgindo por lá (e são muitas!).




terça-feira, 3 de dezembro de 2013

10 apontamentos do fim-de-semana de futebol internacional

1. Ramsey, o líder dos líderes. Enorme o início de temporada do internacional galês. 15 golos entre Arsenal e selecção e a certeza de que estamos perante um jogo muito mais completo. Cresceu imenso esta época. Voluntarioso na construção, aparece eficaz em zona de finalização e ajuda a equilibrar o meio-campo. Do ponto de vista técnico, também progrediu consideravelmente. Ele é, no fundo, o ponto de maior verticalidade num Arsenal preferencialmente de posse. No último sábado, bisou frente ao Cardiff, numa demonstração de eficácia tremenda. Um golo de cabeça, em grande estilo, e outro numa finalização certeira. Ambos os lances dentro da área. E lá vai o Arsenal no passeio dos alegres líderes...

2. Manchester City. Impressionante a campanha caseira dos citizens nesta Premier League. Somam por vitórias todos os jogos disputados no Etihad até agora. A equipa de Manuel Pellegrini sente-se mais confortável a dominar e a ditar as sentenças. Curiosamente, a 1ª parte do encontro frente ao Swansea até foi dominada pelos galeses, que mereciam ter ido empatados para o intervalo. No 2º tempo, porém, apareceu o melhor Yaya Touré e o City foi uma equipa mais equilibrada, rápida e objectiva. Nasri fechou, com 2 golos, as contas que haviam sido abertas num grande livre de Negredo. A equipa nem sempre teve bola mas quando a tinha quase esmagava o Swansea. Nasri, Aguero, Negredo, Yaya Touré, Fernandinho...esta equipa é uma mina de craques.

3. Tottenham-Man.United. O jogo grande da jornada da Premiership não foi excepcional, mas teve alguns detalhes interessantes: a boa forma actual de Rooney é evidente (claramente o melhor de um United insípido esta temporada); Kyle Walker candidata-se a ser o dono da lateral direita da Inglaterra nos próximos anos; Chiriches é um dos melhores centrais do mundo, rápido e tecnicamente dotado; Lennon com espaços é um jogador perigosíssimo; Sandro, além de equilibrar, também sabe marcar grandes golos. O Manchester United teve sempre mais posse, mas não desequilibrou muito. Kagawa e Welbeck não foram os melhores complementos para Rooney. Outro detalhe interessante: o jogo consistente da dupla Cleverley-Jones. Acertados, sendo que Cleverley até esteve activo na construção. Ainda assim, é evidente que este United precisa de um bom médio organizador. Talvez em Janeiro...

4. PSG a caminho do Bi. Tem toda a pinta de que o Paris Saint-Germain vai lançado para novo título de campeão francês. É, sem dúvida, a melhor equipa do campeonato. Este ano, Blanc trouxe uma nova filosofia (mais posse de bola e imensa circulação). Ainda que a equipa seja menos vertical e espectacular que a de Ancelotti, tem um controlo absolutamente notável dos jogos. Tudo parte de uma defesa implacável, onde imperam os centrais Thiago Silva e Alex (ou Marquinhos) e de um meio-campo que precisa de ser massacrado para perder a bola. Verratti continua a recuperar e distribuir a um ritmo frenético, Thiago Motta equilibra com mestria e procura sempre o italiano para iniciar a construção e há ainda o "bicho" Matuidi. Na frente, Ibra e Cavani revelam-se predadores letais, avançados de uma técnica e capacidade de finalização notáveis. O 4-0 ao Lyon mostrou ainda outra faceta vincada desta formação: os golos na sequência de lances de bola parada, sobretudo cantos. O aproveitamento é realmente soberbo!

5. Brahimi, um géniozinho das Arábias à solta em Granada. Já falei aqui dele recentemente mas é que não cansa fazê-lo: Yacine Brahimi, nº10 que gosta de vir de fora para dentro, partindo quase sempre da ala, é uma das figuras actuais da Liga espanhola. O Granada é o clube ideal para ele crescer e não só pela relação intrínseca da cidade com a herança árabe. Tem em seu redor uma equipa que lhe dá as condições para assumir o papel de maior desequilibrador. Rápido e tecnicista, exímio na condução de bola e na finta, Brahimi entorta os olhos a qualquer defesa quando tenta o drible ou muda de velocidade. Além disso, descobre boas linhas de passe, tendo só de melhorar o registo de golos (apenas 1 em 14 jogos na Liga). Aos 23 anos, este internacional argelino parece estar no bom caminho para assinar proximamente por um clube que lute por objectivos superiores.

6. Son, a estrela de Leverkusen. Mais uma grande exibição do internacional sul-coreano. 2 golos ao Nuremberga e um cardápio de lances interessantes. A técnica apurada, as movimentações e a definição com os dois pés tornam-no uma das promessas mais interessantes da Bundesliga. Ataca bem os espaços, sendo que um jogador que se enquadra bem numa equipa de contra-ataque. Está no sítio certo, portanto.

7. Fiorentina vs Verona ou Borja Valero vs Iturbe. Grande jogo na jornada da Serie A. Digamos que, esta época, se tornou mais fácil ver jogos com muitos golos em Itália. Os treinadores vão-se afastando cada vez mais do "fantasma" do catenaccio e abraçam estratégias mais ofensivas. Além disso, os jogadores de cariz ofensivo presentes na Serie A, actualmente, fazem prever partidas entretidas junto das balizas. 4-3 foi o resultado final deste duelo de históricos, numa partida onde brilharam, sobretudo, Borja Valero e Iturbe. O espanhol apontou 2 bons golos, em remates de fora da área, e o argentino, emprestado pelo FC Porto, fez um golaço também de fora da área e propiciou o primeiro golo a Rômulo, também num remate de meia-distância. Eles foram os reis de um jogo onde ainda se destacaram jogadores como Rossi ou Vargas, na Fiore, e Jorginho ou Halfredsson do lado do Hellas Verona.

8. Zaza e Berardi. Atenção a estes dois jovens, emprestados ao Sassuolo (Zaza pertence à Sampdoria, Berardi à Juventus), ambos com perspectivas evidentes de futuro. Esquerdinos, de movimentos elegantes e remate fácil, Zaza e Berardi vão ganhando créditos na Serie A com os seus golos e assistências. Dois avançados que poderão muito bem marcar o futuro da Squadra Azzurra, se mantiverem este trajecto evolutivo.

9. Argentina e Brasil. Campeonato louco na Argentina, onde ninguém parece querer ser campeão. Este fim-de-semana, Newell´s e Arsenal perderam, o líder San Lorenzo empatou e o grande duelo Lanús-Boca acabou também com uma igualdade (2-2). No Brasil, para lá do Cruzeiro campeão, temos uma luta de gigantes pela manutenção. Na última jornada, Flu e Vasco podem cair na Segundona. Vai ser uma ronda de grandes emoções e alguém irá ficar a chorar, pela certa...

10. Emelec campeão no Equador. É um campeonato sobre o qual nunca escrevi. Porém ultimamente tenho começado acompanhar algumas das ligas sul-americanas menos badaladas, pelo menos deste lado do Globo. Este fim-de-semana assisti ao Manta-Emelec, jogo que supôs o título para um dos mais representativos clubes equatorianos. O 0-0 final foi suficiente para a festa do Emelec. Não foi o primeiro jogo que vi deles este ano (curiosamente para o campeonato também só me havia calhado um 0-0, contra o Barcelona). A destacar, Enner Valencia, ala direito no 4x4x2 de Gustavo Quinteros, internacional equatoriano, jogador de boa técnica, forte, potente e capaz de fazer vários golos. Diz-se que está de saída para o Pachuca do México. Valencia é a figura mas outros jogadores como Gaibor, Mondaini, Lastra, Bagui ou o conhecido Denis Stracqualursi merecem ser vistos com maior atenção. Equipa muito interessante!





segunda-feira, 25 de novembro de 2013

10 apontamentos do fim-de-semana de futebol internacional

1. Bayern imperial numa tarde de variantes. Imenso Bayern na maneira como resolveu o difícil compromisso em Dortmund. Porém, o jogo não foi fácil: durante a 1ª parte, Lahm tentava dar saída de bola, com Kroos como elemento mais próximo e Javi Martínez numa surpreendente função de médio-ofensivo. Não houve muita fluidez e só quando jogadores como Muller ou Robben agarravam na bola, os bávaros criavam sensação de perigo. Na 2ª parte, porém, com o recuo de Javi e a entrada de Thiago, o jogo fluiu doutra maneira e o campeão europeu construiu robusta vitória. Muito mérito de Guardiola, ao emendar alguns erros iniciais, colocando a equipa num perfil mais objectivo no segundo tempo. O título está, em teoria, mais próximo...

2. A importância de Lewandowski. O Borussia Dortmund não fez um jogo excepcional mas teve várias chances, antes e até depois do golo de Gotze. Muitas delas tiveram um denominador comum: Robert Lewandowski. O polaco ganhou várias bolas a Boateng, mexeu-se bastante bem, recebendo várias bolas de costas para a baliza e rodando para tentar o remate ou dando um passe. Não marcou, mas merecia.

3. Fogo de artífico nas margens do Mersey. Grande dérbi de Liverpool este fim-de-semana. Creio que o resultado (3-3) diz quase tudo. O jogo foi intenso, bem disputado e ambas as equipas tiveram chances de vitória. O jogo foi quase sempre dominado pelo Everton, mas os reds responderam bem, aproveitando as bolas paradas (todos os golos foram na sequência desse tipo de jogadas). Destacaria mais um jogo abnegado de Suárez (e com golaço, de livre!), do jovem Flanagan (lateral adaptado à esquerda com relativo sucesso), do criativo Barkley e as grandes entradas dos suplentes Deulofeu, do lado dos toffees, e de Sturridge na equipa do Liverpool. Isto sem esquecer a grande 2ª parte da, quiçá, figura do jogo, Romelu Lukaku (2 golos). Ritmo e emoção num jogo aberto. Pura Premier League.

4. Um Arsenal cada vez mais sólido. Solidez é a chave deste Arsenal 2013/2014. O surpreendente Southampton foi mais uma vítima de uma equipa capaz de jogar com maior pragmatismo do que noutros anos e com a criatividade e eficácia necessária para resolver os jogos no último terço. Belíssimos momentos do trio Ozil-Wilshere-Ramsey nos primeiros 25 minutos e mais uma exibição de goleador de Giroud (se bem que aproveitando uma falha alheia e convertendo um pénalti). Onde este Arsenal evoluiu, nitidamente, foi no sector defensivo: a equipa falha menos, não se expõe tanto e o rendimento individual de vários elementos tem sido melhor (Mertesacker, Koscielny ou Gibbs). Um candidato na verdadeira acepção da palavra!

5. City esmagador. Impressionante a intensidade da equipa do Manchester City. 6-0 ao Tottenham é notável, ainda para mais da maneira como foi construído o resultado. Os spurs foram trucidados por uma máquina ofensiva difícil de parar quando engrenada. A verticalidade e talento de Jesús Navas, a criatividade de Nasri, a mobilidade à Romário de Aguero e o jogo inteligente, em termos de recepções de bola e remate, de Negredo, tornam esta equipa num hino ao futebol ofensivo. E com a devida protecção do duplo-pivote Fernandinho-Yaya Touré tudo fica mais simplificado na frente. Mobilidade, velocidade e golo, muito golo. Não nos pode presentear mais espectáculos destes, senhor City?...

6. Sevilha-Betis. Boa exibição do Sevilha, num dos derbies mais apaixonantes do futebol europeu. Unai Emery apostou, definitivamente, no 4x2x3x1, que parece, de facto, a estratégia certa para esta equipa. O duplo-pivote Iborra-Mbia deu outra consistência e liberdade a um Rakitic preocupado somente em desequilibrar na 2ª linha. Muito equilíbrio na 1ª parte, com combinação Reyes-Bacca e precipitação de Paulão a ajudarem à debacle bética. Nos últimos 45 minutos, tudo mais fácil para um Sevilha que cedo deixou a questão resolvida (golo do talentoso Víctor Machín). Destacaria neste jogo, Reyes, Bacca (tremendo a atacar os espaços nas costas da defesa), o imperial Fazio (limpou quase tudo por alto) e o português Diogo Figueiras, cada vez mais consolidado na direita da defesa sevilhista. Do outro lado, pobre Betis. Só se destaca o remate de Nono à trave, no primeiro tempo, e um ou outro lance de Juanfran ou Verdú. Muita pobre a exibição, mais uma nesta Liga. Pepe Mel está em apuros.

7. Tévez-Llorente, uma espécie de dupla perfeita. A crítica está rendida e Conte também parece. Finalmente, Tévez e Llorente parecem ter atinado juntos. A demonstração perfeita foi dada ontem, em Livorno. Cada um com um golo, resolveram contenda que ameaçava tornar-se difícil. A combinação no lance do 0-2, então, é formidável: Llorente aguenta na área, de costas para a baliza, e abre espaço a um remate colocado de Carlitos. E atenção que o golo do espanhol também é de excelência, num remate de primeira, após cruzamento preciso de Pogba (cada vez melhor, é um dos médios-referência do futebol europeu actualmente).

8. A 2ª vida de Cassano. Depois de uma operação ao coração, muitos arriscavam que Cassano já não voltaria a brilhar ao mais alto nível. Pois bem, ele por lá continua. Este fim-de-semana, deu a vitória ao seu Parma no difícil San Paolo, jogando contra um Nápoles algo pobre. Movendo-se na sua parcela de campo (não muito extensa, pois já não consegue esforçar-se como dantes), desequilibra, toca, mexe, agita e aproveita os espaços, como se viu no lance do tal golo decisivo (displicência da defesa napolitana que o deixou correr sem pressionar com eficácia). Um carismático jogador, a conhecer uma segunda vida para o futebol. Todos agradecemos que assim seja!

9. Celso Ortiz, smooth operator. Um dos jogadores mais interessantes que tenho visto na Eredivisie. Aos 24 anos, este internacional paraguaio começa a ganhar em definitivo a titularidade no AZ Alkmaar, jogando como médio mais recuado do 4x3x3 de Dick Advocaat. Não é um trinco que arrisque muito e os seus passes são quase todos curtos, embora uma ou outra vez consiga executar passes longos com precisão. Não é de subir muito, embora já tenha um golo esta época (bom remate, no jogo frente ao Shakhter Karagandy na Liga Europa). Porém, equilibra a equipa e rouba bolas de uma maneira notável. Os últimos dois jogos (Feyenoord e Roda, este último jogando numa equipa com 9 jogadores durante 75 minutos) mostraram uma capacidade de arrumar a casa e tocar a bola de forma discreta mas eficaz. Um médio low profile, daqueles que não faz capa de jornal mas que é importantíssimo para segurar o meio-campo. Pode e deve crescer mais. Está no bom caminho.

10. Um louco tango pelo título. Incrível a luta pelo título do Torneo Inicial na Argentina. San Lorenzo, Newell´s, Arsenal e Lanús parecem aqueles com mais hipóteses (sim, depois de perder ontem para o All Boys, o Boca parece irremediavelmente afastado da contenda). Curiosamente, nenhum dos maiores candidatos venceu. Pude ver este fim-de-semana o San Lorenzo, no terreno do Atlético de Rafaela e o potencialmente decisivo Newell´s-Arsenal. Melhor o jogo do San Lorenzo, pelo menos em termos de emoção. Vera e Albertengo, dupla goleadora do Atlético, fizeram tremer o Ciclón, mas um inspirado Nacho Piatti manteve o San Lorenzo à tona. No Marcelo Bielsa, justo empate, embora o Newell´s Old Boys pudesse ter ganho. Na retina, fica o extraordinário chapéu, de primeira, do lateral-direito ofensivo Cáceres. Muito bons golos e jogos entretidos, num campeonato que ninguém parece querer arrecadar...

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

México vs Nova Zelândia: Poder local em busca do 15º Mundial



Da primeira vez que a Nova Zelândia chegou a um Campeonato do Mundo, já o México tinha participado por oito vezes, tendo recebido um Mundial (1970) e preparando-se para acolher o segundo (1986). Curiosamente, nesse quente verão espanhol de 1982, em que os neozelandeses se estreavam na alta-roda do futebol mundial, não estavam presentes os mexicanos, quiçá mais preocupados em deixar boa imagem no seu Mundial, 4 anos volvidos. Entretanto, a Tri, como é conhecida também a selecção da América Central, voltou a participar em mais seis Campeonatos do Mundo, enquanto que a Nova Zelândia teve o tão desejado regresso em 2010, conseguindo impor 3 empates na fase de grupos (contra Itália, Eslováquia e Paraguai!).

Portanto, e tendo em conta o historial de presenças em Mundiais, diria que antes deste "play-off" entre México e Nova Zelândia a pressão vai toda para a formação que joga regularmente no Estádio Azteca. Os mexicanos vêm de uma fase de qualificação atribulada, na qual tiveram três treinadores, indo agora para o quarto (Miguel Herrera, técnico do América, que foi chamado para orientar, pelo menos, durante este "play-off"). O antigo internacional mexicano, conhecido pela sua compleição física algo desastrosa enquanto jogador, procurou garantir estabilidade no seio do grupo através da não-convocatória de jogadores mexicanos que joguem fora da Liga MX. Uma decisão polémica, vista por muitos como populista, mas que Herrera espera que seja eficaz durante esta semana, pelo menos.

A verdade é que temos de perspectivar esta partida tendo em conta este plantel e as ideias do treinador. Muita coisa mudou desde os últimos jogos de apuramento, com Victor Manuel Vucetich aos comandos da Tricolor. E mais ainda desde os tempos do Chepo de la Torre. Sem jogadores como Giovani, Chicharito ou Carlos Vela, percebemos como, em teoria, esta equipa fica a perder em termos ofensivos. No teste recente frente à Finlândia, vimos aquele que será, muito provavelmente, o "onze" desta noite, com uma representação de 7 jogadores do América (de um total de 10 convocados). O esquema 5x3x2 privilegia as subidas dos laterais, Aguilar e Layún, que dão bastante profundidade e são essenciais nos desequilíbrios. Ao meio, jogou o regular Medina (Club América), juntamente com Peña e Montes, dupla do Club León. A equipa teve alguns momentos de boa circulação e fluidez. O critério de Medina e as movimentações de Peña podem ser chave para desequilibrar uma Nova Zelândia que se espera fechada.

No ataque, figuram Oribe Peralta, do Santos Laguna de Pedro Caixinha e o talentoso Raúl Jímenez, goleador do Club América e provavelmente o avançado mais promissor da Tri. Peralta é um avançado robusto, inteligente, com sentido de baliza e que se sente confortável a jogar com um avançado com mobilidade, talento e excelente condição física como Raúl Jímenez. Sem Chicharito ou Vela, será Aldo de Nigris o substituto directo da dupla inicial. O avançado do Chivas tem tido um ano difícil, mas na selecção poderá, quem sabe, reencontrar-se com os golos. Miguel Herrera pretende uma equipa capaz de jogar um futebol atractivo, dominando os jogos e controlando o meio-campo. A impressão que ficou desse encontro frente à Finlândia é que há margem de progressão, sim, mas a equipa ainda não teve tempo suficiente para assimilar as ideias do treinador, se bem que boa parte do "onze" já conheça de ginjeira os métodos do treinador.



Do outro lado, estará uma Nova Zelândia desfalcada do seu principal defesa, Winston Reid, do West Ham. O seleccionador Ricki Herbert já pré-anunciou a equipa inicial, sendo que se espera um 3x4x3, onde o centro do jogo é Michael McGlinchey. O médio do Central Coast Mariners australiano é o principal distribuidor de jogo dos Kiwis, mostrando grande clarividência, tanto no passe curto como longo. Aos 26 anos, é o líder espiritual desta equipa, especialmente face à ausência de Reid. De resto, destacaria o poderoso Chris Wood, do Leicester City, jovem avançado que usa bem a sua altura para ganhar bolas aéreas, o central Tommy Smith (Ipswich Town), referência defensiva na ausência de Reid e os suplentes Smeltz e Rojas, este último, sem dúvida, o jogador mais talentoso da Nova Zelândia. Smeltz e Rojas, porém, vieram de lesões recentes logo será complicado terem muitos minutos...

No último jogo amigável que disputaram, os neozelandeses empataram em Trinidad e Tobago, jogando com alguns suplentes e num esquema essencialmente defensivo. Acredito que a equipa de Herbert entre mesmo assim hoje no temível Azteca (onde o México só perdeu 2 encontros em 78 disputados em fases de qualificação para um Mundial): linhas baixas, com o trio de centrais acompanhado de perto pelos laterais/alas Bertos e Lochhead e a tentar soltar o trio atacante, através da visão de jogo de McGlinchey. Espera-se portanto uma tarefa complicada para a 79ª selecção do último ranking FIFA. O México está completamente concentrado e unido rumo ao objectivo-Brasil. Resta saber como irá reagir depois de um ano conturbado...

Onzes prováveis:

MÉXICO: Muñoz; Aguilar, Rafa Márquez, Maza Rodríguez, Valenzuela, Layún; Medina, Peña, Montes; Peralta e Jiménez.
NOVA ZELÂNDIA: Moss; Vicelich, Smith, Durante; Bertos, McGlinchey, Christie, Lochhead; Brockie, Wood, Barbarouses.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

10 apontamentos do fim-de-semana de futebol internacional

1. Juventus com ares de maior candidata. Os primeiros 30 minutos da Juve na recepção ao Nápoles terão sido, porventura, o melhor período futebolístico da equipa de Conte nesta temporada. A equipa jogou com intensidade, assumiu o controlo e massacrou a defensiva napolitana logo de início. Llorente marcou, apoiado por um Tévez muito disponível e por um meio-campo de muito labor (Pirlo brutal) e constante chegada (através de Pogba e Vidal). Na 2ª parte, a equipa de Rafa Benítez respondeu, com um Insigne bastante participativo e perigoso, mas a Juve resolveu rapidamente, graças a dois momentos de génio: o primeiro de Pirlo, numa cobrança de livre directo eficaz, marca do "21" bianconero e o segundo, da autoria de Paul Pogba, num remate de primeira, colocado mesmo ao cantinho e de fora da área. A resposta napolitana havia sido liquidada e nem a expulsão de Ogbonna fez abalar a formação bicampeã de Itália. Uma grande vitória para a Juve, potencialmente motivadora para os próximos (importantes) compromissos.

2. O regresso de Zanetti. O jogo em si foi fraco. O Inter bateu o Livorno (2-0) mas esteve longe de ser brilhante. Porém, o regresso do Capitano Javier Zanetti aos relvados, depois de debelar lesão complicada, tornou esta partida relevante. O arranque potente no início da jogada do 2-0 (com participação posterior genial de Kovacic, na assistência para Nagatomo) mostra como este autêntico animal (no bom sentido da palavra) consegue ser competitivo. 40 anos e as ganas que possui de jogar são imensas. Exemplo para muitos, oxalá prossiga mais uns aninhos ao mais alto nível. Seria impressionante, a todos os níveis!

3. Um razoável Man.United bateu um fraco Arsenal. Mau jogo em Old Trafford, em mais um reencontro de van Persie com o seu ex-clube. Logo por azar para os gunners foi mesmo o holandês a decidir, num cabeceamento imparável após canto. Creio que podemos considerar a vitória do United justa, apesar de não terem feito uma grande exibição Valeu mesmo a inspiração de RvP e a qualidade de movimentos e decisões de Wayne Rooney, hoje em dia elemento fundamental do onze de Moyes. Do outro lado, o Arsenal acreditou que sendo pragmático como em Dortmund poderia acabar também com uma vitória. Wrong thought, devem ter pensado os adeptos do clube do Norte de Londres. A equipa teve algumas fases de domínio, sim, mas foi inócuo, em geral. Ozil e Cazorla decepcionaram e só com Wilshere em campo a equipa deu algum ar da sua graça. Meus amigos, ganhar em Old Trafford é tarefa quase hercúlea. O Arsenal esteve muito longe dos momentos de brilhantismo que já atingiu durante esta época, logo, ainda mais difícil ficou.

4. "Cristiano, Balón de Oro". Mais uma vez, o cântico foi entoado de forma pujante no Santiago Bernabéu. De forma muito justa, diga-se. O início de época de Cristiano Ronaldo pode-se comparar ao de Messi na última temporada, sendo que esse foi factor decisivo na atribuição da quarta Bola de Ouro ao argentino. Cristiano fez mais um "hat-trick" (e vão 19 desde que chegou à Liga espanhola!) e mostrou que está, quiçá, no melhor momento da carreira. Tremendo mesmo. E tremenda foi também a exibição do Real Madrid, com uma primeira parte de turbo ligado, procurando o ataque em permanência, dominando e esmagando até uma pobre e indefesa Real Sociedad, 4ª classificada da última época (a sério?...). Xabi Alonso e Modric distribuíram as cartas, Ronaldo, Bale e Benzema fizeram all-in e obtiveram um resultado (5-1) e uma exibição de futebol ofensivo brutal. O título continua a ser possível se a máquina carburar sempre desta forma...

5. Uma noite árabe em Granada. Já sabemos como Granada é uma cidade de forte influência árabe, algo que aliás continua bem visível nas muralhas e casas locais. Talvez por isso dois rapazes do Norte de África se sintam tão confortáveis a jogar no clube de futebol local. Brahimi e El-Arabi, um argelino, o outro marroquino, têm rubricado exibições muito interessantes nos últimos tempos. Brahimi, desequilibrador que veste a camisola "10", tem uma condução de bola e visão de jogo que faz sobressair o melhor de El-Arabi, avançado robusto e de movimentação coordenada e que aparece bem em zona de finalização. Apontou um hat-trick na última jornada, sendo que Brahimi foi o responsável por duas das três assistências. Uma dupla de sucesso a aparecer na maravilhosa cidade andaluza de toque magrebino. Podem deixar marca por lá, tal qual fizeram os seus antepassados.

6. Revelações da Bundesliga. Este fim-de-semana pude observar alguns jogos da Bundesliga, onde saltaram à vista alguns jovens jogadores que podem muito bem tornar-se em estrelas deste espectacular campeonato num futuro próximo. Sexta-feira, reparei em Andre Hoffmann, central do Hannover, de 20 anos. Sem ter tido muito trabalho, revelou enorme maturidade em algumas decisões e deu uma saída de bola bem decente. Forte do ponto de vista físico, está ainda num processo de adaptação ao principal escalão. No sábado, no mesmo duelo mas em pólos opostos, brilharam dois avançados sub-23 muito interessantes: do lado do Bayer Leverkusen, o já conhecido Heung-Min Son, internacional sul-coreano que não teve qualquer tipo de contemplações para com a sua ex-equipa, Hamburgo, tendo apontado três golos. Son, jogando algo descaído na ala mas com tendência a vir para dentro, é um jogador de grande mobilidade e que tem melhorado imenso na definição. Do outro lado, está o internacional sub-21 alemão Pierre-Michel Lasogga. Apontou dois golos, insuficientes porém para que o Hamburgo levasse pontos de Leverkusen (5-3). Aos 21 anos, este poderoso ponta-de-lança tem firmado um início de época tremendo (8 golos em 8 jogos). E promete não parar! Ainda no sábado, fiquei bem impressionado, mais uma vez, com a qualidade de Christoph Kramer, médio associado em tempos ao Benfica, como possível substituto de Matic. Este gigante de 1,91m, 22 anos, emprestado pelo Bayer Leverkusen ao Borussia Moenchengladbach, é um jogador robusto, capaz de sair a jogar com confiança, porque tem destreza e com o estofo para segurar bem o meio-campo. Pode-se considerar um jogador equilibrado e acertado ao nível do passe. Pode fazer as posições "6", "8" e até já chegou a aparecer a "10". Por último, a revelação baby do fim-de-semana. Confesso que dele só havia visto meros resumos. Entretanto vi a repetição do jogo entre Friburgo e Estugarda e fiquei encantado. Técnica, velocidade e uma capacidade de finalização notável. Apontou dois golos, numa tarde única. Aos 17 anos, e depois de uma infinidade de golos no último ano entre os juvenis do Estugarda e a selecção sub-17 da Alemanha, parece ter assentado na Bundesliga. Sem dúvida, uma das maiores promessas alemãs dos últimos tempos. Entre muitas outras, como podemos ver...

7. Feyenoord-AZ Alkmaar: o poder de encantamento da Eredivisie. Se calhar é só impressão minha, mas acho que o Feyenoord-AZ deste fim-de-semana foi dos jogos mais entretidos a que assisti nas últimas semanas. Não foi espectacular, mas foi bem disputado e, tanto colectiva como individualmente, deu para avaliar o rendimento de vários jogadores interessantes que estão a despontar no campeonato holandês. Gostei de ver como tem evoluído Vilhena, interventivo na construção de jogo e a tentar equilibrar a equipa do Feyenoord. Com Clasie a organizar desde trás, é Vilhena quem, por norma, assume a condução em transição. A equipa de Koeman teve mais bola e jogou mais organizada perante AZ mais vocacionado para o contragolpe. Interessantes ainda as exibições de Te Vrede, pinheiro do ataque, recebendo várias bolas de costas para a baliza e garantindo constantes apoios interiores e de Immers, médio-ofensivo que foi entrando muitas vezes na sua zona, fazendo quase de 2º avançado e de apoio permanente. Em termos defensivos, o Feyenoord sofreu algo em transição. Janmaat vem evoluindo bem, sempre muito ofensivo e a fechar um pouco melhor. Do outro lado, gostei bastante do smooth operator Celso Ortiz, essencial a serenar os ânimos a meio-campo e a interceptar bolas, do médio Gudelj, disponível para subir e ajudar a defender, do lateral Johansson, cada vez mais assertivo a defender, do central Gouweleeuw, sereno e geralmente bem posicionado e do perigoso trio de ataque composto por Gudmundsson, Johannsson e Beerens. O resultado final foi 2-2. Justo, embora o Feyenoord, pelas ocasiões criadas, pudesse ter merecido melhor sorte.

8. Spartak-Zenit. Estranho jogo do Zenit. Depois de meia-hora autoritária, onde poderia ter resolvido em jogo em várias transições rápidas, o vice-campeão russo deixou-se ir abaixo e revelou lacunas defensivas gravíssimas, sofrendo 3 golos de um inspiradíssimo Movsisyan. Aliás, estas falhas defensivas continuam a ser a grande pecha deste Zenit, que até vinha de um período bastante longo sem derrotas no campeonato. Cedeu, porém, perante um Spartak que depois do mau início se soube agarrar aos erros do adversário, apoiado na eficácia de Movsisyan e na criatividade e labor de jogadores como Tino Costa, Glushakov e McGeady.

9. Al Ahly e Guangzhou, últimos passageiros rumo a Marrocos. Ficaram definidos os últimos dois clubes a marcar presença no Mundial de Clubes do próximo mês de Dezembro. O Al Ahly, campeão africano e o Guanghzou Evergrande, campeão asiático, vão tentar a surpresa contra tubarões como o Bayern e o Atlético Mineiro. Tarefa difícil mas só o facto de poderem competir a este nível já valerá a pena. Em África, Aboutreika foi rei, ele que não vai poder jogar o Mundial depois de um festejo com conotação política. Lamentável, porém há outros nomes para seguir com atenção (Said, Fathi, Soliman ou Gomaa, entre outros). Já na Ásia, apesar do pressing final do Seoul de Damjanovic, o Guanghzou aguentou a vantagem que tinha e segurou a Champions. Marcelo Lippi está, assim, de regresso aos grandes palcos, com um conjunto que promete luta. Conca, Elkeson, Muriqui, Zheng Zhi ou Linpeng estão prontos para o desafio.

10. Cruzeiro imenso. A terminar o decálogo de fim-de-semana, tempo para o enorme Cruzeiro de Belo-Horizonte. O título está a caminho e a festa, aliás, até já foi feita após tremenda vitória sobre o Grémio no Mineirão (3-0), no passado domingo. O jogo até foi complicado, visto que o goleiro Fábio teve de realizar umas quantas paradas dignas de aplauso. Porém, na frente, este Cruzeiro é letal. Mesmo sem o melhor Éverton Ribeiro (clara figura deste Brasileirão), apareceram outros nomes, como Borges, Ricardo Goulart ou Willian a decidir. Isto numa equipa que conta ainda com Dagoberto e Júlio Baptista na zona ofensiva, entre outros. Mais atrás, grande dupla de centrais chefiada pelo possante e implacável Dedé, dois laterais que apoiam bem (sobretudo Egídio) e um duplo-pivote sólido como uma rocha (o robusto Nilton e o clarividente Lucas Silva). Em suma, uma equipa imensa, claramente das melhores dos últimos anos no futebol brasileiro. Merecem o Tri!

terça-feira, 5 de novembro de 2013

10 apontamentos do fim-de-semana de futebol internacional

1. Um Arsenal com ares de candidato. Mais uma prova de como os gunners estão mesmo na luta pelo título da Premier League. A vitória deste fim-de-semana sobre o Liverpool teve vários momentos a fazer lembrar os melhores períodos deste Arsenal na temporada presente (primeiros 20 minutos frente ao Nápoles): a equipa conseguiu ser intensa, recuperou a bola com facilidade e quando a tinha dominava com uma clareza impressionante. Essencial Arteta a equilibrar, roubando e entregando em dois magos, Cazorla e Ramsey, que além de terem resolvido o jogo com dois golos, tiveram momentos de criação pura e de desequilíbrio. Na ausência do melhor Ozil, apareceram os outros dois criativos da 2ª linha. Ao Liverpool, faltou Coutinho a tempo inteiro. E, no fundo, tivemos a confirmação de que este 3x5x2 não é a melhor opção para o actual plantel e para este tipo de jogos, se bem que até reforce a linha intermediária.

2. O pior Chelsea da época. Sim, creio que até pior do que aquele que perdeu frente ao Basileia, em pleno Stamford Bridge, na Liga dos Campeões. A derrota em St.James´Park no último sábado mostrou a pior face do Chelsea de Mourinho: uma equipa à espera de que o jogo se resolvesse por si, sem muita ambição, tendo posse de bola, é verdade, mas não encontrando os espaços para desequilibrar. Hazard e Torres eram os únicos que mexiam na 1ª parte. Nos últimos 45 minutos, porém, foi ainda pior: o Newcastle foi mais atrevido, apanhou os blues desequilibrados em várias situações e chegaram a 2-0. As entradas de Eto´o e Willian agitaram o jogo, mas era impossível sacar os 3 pontos deste encontro. Sim, porque do outro lado estavam jogadores como Rémy, Cabaye ou Gouffran, prontos para aproveitar as desconcentrações defensivas do vencedor da última Liga Europa.

3. AVB e a meia-hora à Porto. Os 30 primeiros minutos do Everton-Tottenham (0-0) mostraram um Tottenham muito à imagem do que era o FC Porto de André Villas-Boas: pressão alta, recuperação no meio-campo contrário e laterais/alas verticais e dinâmicos. As conexões Walker-Townsend, à direita, e Vertonghen-Lennon, à esquerda, deram dores de cabeça aos laterais dos toffees. Atrás, Chiriches e Sandro antecipavam e arrumavam a casa, enquanto que Paulinho procurava subidas até à 2ª linha e até à área contrária. 7 remates na fase inicial, como se diz, muita parra mas pouca uva. A intensidade incrível foi baixando, até que o Everton, já na 2ª metade, começou a ter bola e controlou melhor as operações. O que falhou então, perguntam os adeptos dos Spurs? Simples: faltou definir melhor, quer nos cruzamentos como nos remates. E sabemos como a este nível, a eficácia é uma exigência...

4. O PSG não é só de Ibra e Cavani: é também de Verratti! Que jogador soberbo é Verratti. Na última sexta-feira, mais um recital de futebol que só ele sabe dar: visão de jogo notável (esteve na origem de dois golos), destreza notável no passe longo e curto, movimentações soberbas em espaços curtos, aguentando a pressão adversária, roubo de bola, equilíbrio... Falta-lhe só refrear um pouco mais os ânimos nalguns momentos e deixar de recorrer à falta com tanta facilidade, o que lhe pode ir valendo uns perigosos cartões amarelos. Foi ele, na ausência de Ibra, o principal artífice de uma goleada do PSG (4-0 ao Lorient), em que outras estrelas também brilharam (Cavani, Lucas Moura ou os meninos Marquinhos e Rabiot).

5. Um portento chamado Atlético de Madrid. Continua imparável o Atleti de Simeone. Diego Costa numa forma tremenda (13 golos). Não me lembro de um avançado tão potente e poderoso a atacar os espaços em algum tempo. A vitória sobre o Athletic (2-0) assentou numa base de bom jogo, com mais bola na 2ª parte, controlando o jogo, depois de um 1º tempo de uma intensidade sublime. Koke, os laterais e a dupla Guaje-Diego Costa brilharam intensamente. Sem dúvida, a melhor equipa em termos de qualidade de jogo na Liga espanhola 13/14. E atenção: Simeone já pulverizou os recordes dos melhores anos de Pep e Mou, algo a ter em conta, claramente...´

6. O fim da série romanista. Depois de uma série de vitórias incrível, a Roma foi parada por um imponente sinal STOP, construído por Giampiero Ventura e posto em prática por um jogador formado na cantera giallorossa (Alessio Cerci). Curiosamente, a formação de Rudi Garcia até entrou bem no jogo e fez uma 1ª parte interessante, dominando e fazendo uso do bom jogo ofensivo dos seus laterais (em especial, Balzaretti). Strootman e Pjanic mantiveram o nível no centro e assim a equipa chegou ao golo (assistência do segundo para finalização do primeiro). No 2º tempo, porém, tudo mudou: o Torino atacou mais, foi incisivo e aproveitou talvez o único erro grave de Benatia neste início de época. Resultado justo, embora tenha ficado a sensação de que se Ljajic tivesse entrado mais cedo a coisa poderia ter sido um pouco diferente...

7. Pogba a crescer. Mais um jovem médio que se vai destacando neste início de temporada. Paul Pogba tem vindo a ganhar preponderância no "onze" juventino e uma ausência sua já seria questionada como se de Pirlo ou Vidal se tratasse. Curiosamente, até nem está na melhor forma, do meu ponto de vista, mas este fim-de-semana foi decisivo no terreno do Parma ao aproveitar uma recarga a uma "bomba" ao poste de Quagliarella. Pogba começou ao centro mas depois da mudança para interior-direito subiu de rendimento. Quando joga na posição de Pirlo, parece que se esconde do jogo (assim como Vidal, em algumas situações). Digamos que o francês é jogador de subir e participar no processo de construção e não ficar atrás. Quando isso acontece, têm de ser os centrais a dar saída de bola. À atenção de Conte: Pogba como interior, com Pirlo ou outro trinco atrás, rende muito mais!

8. Conexão Reus-Lewandowski. Grande vitória do BvB sobre o Estugarda (6-1), mais na dimensão do resultado e da qualidade dos contra-ataques do que propriamente pela qualidade do futebol praticado. O Borussia não foi brilhante mas teve momentos de algum brilhantismo. Reus e Lewandowski foram o diabo à solta no relvado do Westfalenstadion, combinando formas de desbaratar a pobre defesa do Estugarda. Entre eles decidiram o jogo e ainda houve um espacinho para Aubameyang deixar uma daquelas lembranças que todos nós gostamos de rever, com um chapéu sublime, do lado direito da área.

9. Correa, o pibito do Boedo. Médio-ofensivo ou 2º avançado, como jogou frente ao Boca este fim-de-semana, com grande mobilidade, Correa, jovem de 18 anos do San Lorenzo, promete ser uma das próximas aparições do futebol argentino. O seu estilo potente e a sua destreza fazem-me lembrar Aguero no princípio da carreira. Tem técnica, trabalha bem com os dois pés, move-se bem em espaços curtos e sem ser demasiado rápido é um jogador com poder de arranque. O golo ao Boca no último domingo, recebendo com o pé direito para rematar com o esquerdo, em plena área, é de craque. Claramente a seguir nos próximos tempos!

10. A final da Champions africana. Orlando Pirates e Al Ahly jogaram no sábado a 1ª mão da final da Liga dos Campeões africanos. Empataram 1-1 (Aboutreika para os egípcios e Matlaba, aos 93´, para os sul-africanos) mas a sensação que ficou, no geral, é que os eternos campeões egípcios são superiores. Em termos gerais, mas importa recordar que o Al Ahly-Orlando Pirates de Agosto terminou 0-3. Grande entrada do conjunto do Norte de África, chegando à vantagem sendo que os Pirates terminaram bem a 1ª parte. No 2º tempo, o Al Ahly poderia ter resolvido a contenda, teve um golo mal anulado e no fim acabou por sofrer o empate, num excelente remate de Matlaba. Um jogo onde pude rever alguns jogadores de quem eu gosto particularmente e até conheço melhor das suas selecções: Andile Jali, Matlaba ou Segolela do lado sul-africano; no Al Ahly, o veterano Aboutreika, Said ou Soliman. Esperemos então pela decisão no Cairo para saber qual será a última equipa a assegurar presença no Mundial de Clubes de Marrocos.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

A Roma de Rudi Garcia analisada em 5 pontos-chave



Se há exemplo de grande treinador que nunca foi um jogador excepcional creio que esse poderá ser Rudi Garcia. O francês fez uma carreira discreta, passando somente pelo Lille, Caen e acabando muito cedo, aos 28 anos, no pequeno Martigues, decorria a temporada 1991/1992. Volvidas 10 épocas, começou a sua carreira de treinador principal, ao serviço do clube com mais títulos de campeão francês, o Saint-Étienne. A coisa não resultou lá muito bem e viria a sair para o Dijon, onde durou 5 positivos anos. O clube foi mantendo a regularidade no escalão secundário mas Rudi era mais ambicioso e pretendia dar o salto para a Ligue 1 em breve. O convite surgiu então, estávamos prestes a iniciar a época 2007/2008. O nortenho Le Mans viu em Garcia o treinador perfeito para levar uma equipa com jogadores como Basa, Paulo André, Sessègnon, Romaric, Grafite ou os promissores Gervinho e Corchia a um campeonato positivo (9º lugar, com 53 pontos) e às meias-finais da Coupe de la Ligue. Uma excelente época que acabaria recompensada com uma saída para o já europeu Lille...

Em Lille, Rudi Garcia projectou o clube para outros patamares e, tal como em Dijon, conseguiu uma permanência de 5 anos no clube. O ponto alto foi atingido na época 2010/2011, com a conquista da dobradinha (Ligue 1 e Coupe). Um ano incrível de uma equipa também ela incrível (Hazard, Gervinho, Moussa Sow, Cabaye, Rami, entre outros). Nessa época, saltou à vista a qualidade futebolística daquela equipa, jogando em 4x3x3 e apostando num estilo de posse com algumas parecenças com o do forte Barça de Pep à época. A equipa pressionava bem em todo o campo e recuperava facilmente a bola, conjugando depois o talento de jogadores como Hazard, Obraniak ou Gervinho perto da área contrária. Aquele Lille produziu várias exibições sublimes, das quais destaco o soberbo jogo táctico na final da Coupe de France frente ao PSG (vitória por 1-0). No entanto, parte daquela equipa começou a decompor-se na época seguinte e, no ano passado, já era uma sombra daquele fantástico grupo campeão. O ciclo-Lille tinha terminado e o ciclo de Rudi Garcia naquele clube também.

O Lille até pode sentir dificuldades em regressar ao nível de 2010/11 em breve. Rudi Garcia, porém, deu mais um salto, desta vez para um campeonato e para uma equipa que lhe dá outra projecção e notoriedade, a AS Roma. O emblema da capital italiana viu nele o técnico ideal para levar o clube de volta à ribalta e à luta pelos títulos. Para já, cumpridas seis jornadas da Série A, diria que o objectivo parece um pouco mais próximo. Isto em termos teóricos. Num clube que parecia perdido ao longo das últimas temporadas, Garcia tem procurado dar-lhe estabilidade e resultados, através da introdução de um cunho muito próprio e do aproveitamento de alguns recursos humanos absolutamente soberbos. Ao fim de seis jogos, são seis as vitórias somadas pelo conjunto giallorosso. Explicações para o fenómeno? Há várias. Acompanhem-me nos próximos pontos se as querem conhecer:

1. 4x3x3 e a posse de bola. É certo que já nos últimos anos, a direcção da Roma procurou apostar em treinadores apreciadores de um jogo de posse (Luis Enrique, Zeman...). No entanto, nenhum deles obteve sucesso, sobretudo pelo facto de nunca terem encontrado equilíbrio e harmonia entre sectores. É verdade que Rudi Garcia talvez tenha um plantel mais completo e versátil, sim, mas também é inegável que o francês tem sabido trabalhar a equipa em todas as vertentes do jogo, incluindo a tão problemática organização defensiva. Garcia tem-se mantido fiel ao 4x3x3, com dois laterais disponíveis para fechar e subir (por norma, Maicon e Balzaretti), dois centrais possantes e com sentido posicional (Benatia e Castán), um meio-campo equilibrado e que trata a bola com carinho (De Rossi-Strootman-Pjanic) e um trio de ataque, onde o veterano Totti se mantém como falso 9, sendo acompanhado pelo flexível Florenzi e pelo veloz Gervinho (com Ljajic como alternativa principal). A eles se junta, naturalmente, o veterano keeper De Sanctis. Neste início de época, a equipa tem tido momentos muito bons, sobretudo com a bola no pé. As dinâmicas posicionais são notáveis, a inteligência dos jogadores também e existe uma classe, até nos operários, que, quando vemos a equipa jogar, nos faz sentir como se estivéssemos a assistir a uma ópera.
2. O trio do meio-campo: a nova vida de De Rossi e o "box-to-box" Strootman. De Rossi soube-se reinventar no início desta temporada, depois de algumas temporadas em que não esteve, efectivamente, ao seu melhor nível. De Rossi equilibra a equipa, é o "6" da equipa, digamos assim, rouba e fica mais posicional que os outros, embora também saia a jogar muitas vezes, porque dispõe dessa competência. Um pouco mais adiantados, estão Pjanic e Strootman. O bósnio está também numa boa fase da carreira: distribui jogo, dá óptimos passes interiores e tem demonstrado a potência do seu remate de forma bastante eloquente. Um craque. A seu lado, Kevin Strootman. O holandês é aquilo que se pode chamar de "box-to-box", dado que protege a zona do meio-campo, recupera bolas, baixa para fechar e, ao mesmo tempo, sai com bola, dá passes em profundidade e sobe até à 2ª linha. No encontro frente à Lazio, por exemplo, actuou mais perto do trinco De Rossi no 1º tempo. Não resulta tão bem. O italiano sente-se claramente mais confortável como único médio mais recuado, tendo por perto a companhia dos médios interiores. Strootman é um jogador de "ida-e-volta", daí ser tão útil neste meio-campo onde impera o sentido criativo mas também o rigor táctico. Este meio-campo é, claramente, o "centro nevrálgico" desta equipa da Roma.
3. A amplitude dos laterais e a consistência dos defesas-centrais. Maicon e Balzaretti têm sido os titulares neste início de época, embora no último jogo tenha aparecido Torosidis no lugar do brasileiro, visto que este se lesionou no desafio frente à Sampdoria. Uma das características dos laterais neste modelo de Rudi Garcia é a amplitude que dão em termos ofensivos. Alargam bastante, dão apoio permanente, sendo que Maicon tenta inclusive, muitas vezes, a diagonal. Através de passes de ruptura e cruzamentos, ambos conseguem desestabilizar as defesas contrárias. Ao centro, tem jogado uma dupla que vai revelando um óptimo entendimento: Mehdi Benatia e Leandro Castán. O marroquino é um central forte, útil no jogo aéreo, com boa saída de bola e geralmente bem posicionado. Já fez dois golos, ambos de pé esquerdo, neste campeonato. A seu lado, Castán complementa-o bem, usando de forma adequada o seu jogo físico. Também não é muito dado a deslizes posicionais. Assim se percebe, então, uma das razões pela qual esta equipa ainda só sofreu um golo em seis partidas do campeonato...
4. O renascer de Gervinho. É claro que o reencontro Gervinho-Rudi Garcia só poderia beneficiar ambas as partes. Depois do casamento perfeito em Le Mans e Lille, o extremo marfinense foi uma exigência do técnico francês para esta nova etapa em Itália. Aproveitando o seu escasso aproveitamento no Arsenal, Garcia levou-o para Roma e, na verdade, em boa hora o fez. A Roma ganhou um agitador permanente de jogo, um jogador que recuperou a confiança no um-para-um, no drible, na condução e na forma como aborda os lances. Além disso, parece outro jogador em frente à baliza (já leva 3 golos, os últimos 2 frente ao Bolonha, numa tremenda exibição individual), quando comparado com o finalizador precipitado e trapalhão do Arsenal. Ele é, sem dúvida, um dos responsáveis pelo facto da Roma ser tão profícua em termos ofensivos (17 golos em 6 jogos).
5. O "falso 9" Totti mantém-se bem vivo. Aos 37 anos, e depois de ter renovado contrato até aos 40, Il Capitano Francesco Totti mantém a boa forma. Jogando como falso 9, Totti movimenta-se com calma, com ligeireza, sendo óbvio que já não consegue ter a intensidade doutros tempos. Logo, procura outros espaços, onde possa ser participativo, sem necessitar de aumentar o ritmo do seu jogo. Com toques simples e desmarcações precisas, Totti continua a descobrir excelentes linhas de passe e a participar com regularidade no processo de construção ofensiva. Ao fim de 6 jogos (3 completos!), soma já 4 assistências e 1 golo. Um craque eterno, fazendo jus à cidade que o viu nascer e que continua a desfrutar, maravilhada, da sua enorme qualidade com a bola no pé...


terça-feira, 10 de setembro de 2013

Roménia e uma história que começou num barco a vapor...


Nos primeiros dias de Julho de 1930, uma embarcação partia do Mar Mediterrâneo rumo a uma viagem inesquecível pelo Atlântico. Levava consigo a selecção romena de futebol, rumo a uma estreia no Campeonato do Mundo, também ele na sua primeira edição. O destino estava definido: Uruguai, onde já por esta altura brilhavam jogadores como Iriarte, Cea ou o mítico Peregrino Anselmo. Precisamente os uruguaios seriam adversários da Roménia, juntamente com outra selecção sul-americana, o Peru. Os romenos estrearam-se a 14 de Julho no minúsculo Estádio Pocitos, em Montevideu. A estreia correu bem (vitória por 3-1, golos apontados por Desu, Stanciu e Kovács). Porém, o ímpeto uruguaio travou aquela que era uma das melhores selecções europeias à época. A derrota por 4-0 frente aos anfitriões supôs o final de um bonito sonho, uma epopeia verdadeiramente notável para um conjunto de rapazes que pela primeira vez atravessava o Mundo para fazer aquilo que mais gostava: jogar futebol.

83 anos passaram desde a estreia dos romenos no Mundial. Depois dessa geração, que tinha jogadores encantadores como Kovács, Stanciu ou Borbely, vieram outras grandes famílias futebolísticas: em 1970 a Roménia tinha craques como Dumitrache ou Lucescu e nos anos 90 surgiu uma geração brilhante, que passou sempre a fase de grupos e onde pontificavam jogadores como Hagi, Lacatus, Popescu, Raducioiu ou Munteanu. Foram, sem dúvida, os tempos áureos do futebol romeno, onde boa parte do "onze" da selecção principal actuava em alguns dos melhores campeonatos europeus. Depois de tantas gerações que muito deram ao futebol europeu e mundial, a Roménia tem tentado regressar à ribalta. Não tem sido fácil. Excepção feita à participação no Euro 2008, os romenos falharam todas as outras competições internacionais desde o Euro 2000. Isto pressupõe, naturalmente, um desafio para a selecção actual, treinada por Victor Piturca. Um desafio que, diga-se, poderá estar prestes a ser ultrapassado pela geração mais talentosa e consistente do futebol romeno nos últimos 5 anos...

A vitória frente à Hungria na passada sexta-feira colocou os romenos em posição de acesso ao "play-off" de apuramento para o Mundial do Brasil, ultrapassando precisamente os congéneres húngaros. A exibição da equipa de Piturca foi notável. Montada em 4x2x3x1 e jogando um futebol apoiado e com velocidade nos corredores laterais, a Tricolorii teve uma actuação notável, mostrando que dispõe de uma geração talentosa, competitiva e com boas possibilidades de dar o salto para um patamar superior. É verdade que os húngaros tiveram várias falhas comprometedoras, sobretudo na defesa e no meio-campo, mas muitas dessas falhas tiveram origem na boa pressão e colocação da equipa da Roménia. Logo ao 2º minuto, o avançado Marica recuperou bola à defesa contrária, isolou-se e atirou para o primeiro golo. Um início excepcional, onde se viram algumas das principais qualidades do ponta-de-lança titular romeno: inteligência nos movimentos, capacidade de ganhar bolas aos defesas e faro de golo.

Marica brilhou, dando muito trabalho aos centrais romenos e ganhando imensas bolas, mas não foi o único: a dupla do Steaua, Bourceanu-Pintilii, fez um jogo super-consistente. Bourceanu ficou mais posicional, enquanto que Pintilii teve maior liberdade para aparecer na 2ª linha. Bourceanu terá atingido, aos 28 anos, o auge da carreira: dá uma excelente saída de bola, tapa bem os espaços e cobra bolas paradas, especialmente cantos, de pé direito, embora também tenha um bom pé esquerdo. A seu lado, Pintilii fez um jogo notável: além do golaço, num remate colocado de fora da área, roubou imensas bolas, incorporou-se em terrenos mais avançados e deu uma clarividência enorme à equipa em boa parte das suas acções. Tal como Bourceanu, também tem já 28 anos. E estes dois conjugaram-se muito bem com a linha mais avançada do meio-campo, composta pelos talentosos Gabriel Torje (ala rápido, com tendência a movimentos interiores) e Alexandru Maxim (uma das boas revelações da nova geração, já é titular no Estugarda) e também pelo móvel Stancu, avançado que actuou descaído na faixa esquerda e que foi um apoio importante a Marica, numa primeira fase, tendo acabado o jogo no centro do ataque.

Também o sector defensivo esteve, no geral, imponente. Chiriches, reforço do Tottenham de André Villas-Boas, é cada vez mais uma certeza: impecável nos duelos individuais, intercepta vários passes e remates, além de dar bons passes com o seu pé direito. A seu lado, o experiente Dorin Goian não comprometeu. Nas laterais, ficaram muito boas impressões do lateral-direito Matel (23 anos), jogador com bastante disponibilidade física, que apoia bem o ataque e defende com critério e do experiente lateral-esquerdo Razvan Rat, fortíssimo a fechar o corredor e a subir umas quantas vezes para cruzar com o seu pé bom (o esquerdo). Ainda entraram os alas Tanase e Popa (ambos do Steaua, o primeiro deles fez o terceiro golo numa grande acção individual e o segundo agitou com a sua mobilidade e velocidade) e o médio de contenção Hoban (já trintão, esteio da equipa do Petrolul). E no banco ficaram outras boas opções, como Latovlevici, Papp ou Alexe. Portanto, como podemos ver, qualidade não falta a esta equipa. E a experiência que lhes faltou nas últimas fases de qualificação começa a ser adquirida e esse é um ponto extremamente positivo e que joga a favor desta formação. Hoje, pelas 19 horas, mais um capítulo rumo ao sonho brasileiro, com a recepção na imponente Arena de Bucareste à selecção da Turquia. A vitória deixa a Tricolorii no bom caminho para poder repetir a viagem doutros tempos. Provavelmente de avião, como fez a Roménia de Dumitrache até ao México e não num barco a vapor, como da primeira vez...

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Os primeiros apontamentos do "novo" Chelsea de Mourinho



Dois primeiros jogos de José Mourinho aos comandos do Chelsea, duas vitórias com bons apontamentos, mas também com alguns momentos difíceis em que a equipa não consegue controlar tão bem o jogo. Na ante-câmara dos primeiros dois grandes testes da época (Manchester United na Premier e Bayern na Supertaça Europeia), Mourinho definiu uma base: Cech na baliza, linha de quatro na defesa composta por Ivanovic, Cahill, Terry e Ashley Cole e um duplo-pivote com Ramires e Lampard. Na 2ª linha do meio-campo e no centro do ataque, porém, fez questão de apresentar algumas alterações do primeiro jogo, frente ao Hull, para o jogo da passada quarta-feira frente ao perigoso Aston Villa de Paul Lambert. Os talentosos Hazard e Oscar também repetiram a titularidade, embora tenham partido de posições diferentes em ambos os jogos.

O jogo frente ao Hull City mostrou o 4x2x3x1 de Mourinho em grande estilo na primeira meia-hora. Usando e abusando da verticalidade e dos passes longos para suplantar linhas, o Chelsea conseguiu ser uma equipa objectiva e que posicionava vários homens nas saídas para o ataque. Chegava a haver lances em que os blues colocavam um homem em cada corredor. Era impressionante a superioridade territorial e a maneira como pressionavam alto e facilmente roubavam a bola ao Hull em início de transição. Com De Bruyne mais colado à direita (embora com tendência a interiorizar os seus movimentos), Oscar vagabundo ao centro e Hazard muito activo na esquerda, os londrinos facilmente criavam embaraços na defesa contrária. A mobilidade, a técnica e a destreza deste trio do meio-campo ofensivo ficou bem patente no lance do segundo golo, extraordinário desenho colectivo gizado por estes 3 elementos (conclusão do brasileiro Oscar, que fez um movimento de acompanhamento à construção do lance verdadeiramente soberbo).

Nas costas do trio do meio-campo ofensivo, a dupla Ramires-Lampard esteve bastante esclarecida. No fundo, este quinteto criava uma linha de pressão asfixiante para o meio-campo do Hull, que raramente conseguiu sair a jogar em condições. Assim foi, pelo menos na primeira meia-hora. Logo o jogo acalmou e o Chelsea tirou-lhe intensidade e agressividade, precavendo-se também para os confrontos que se seguiam. A defesa blue teve um jogo relativamente tranquilo, perante adversário quase inofensivo. Em suma, uma boa vitória a abrir o campeonato, com uma meia-hora inicial de grande nível, com Oscar, Hazard e Ramires (sobretudo estes três) em muito bom nível. Um Chelsea capaz de ser intenso, desequilibrante, dominador, mas também capaz de ser sujeito a surpresas, fiando-se muito no pragmatismo de quem vence por 2-0 e controla sem que lhe possam fazer mal...

Por acaso, a experiência inicial correu bem, sem sustos. O cenário no jogo seguinte foi, porém, bastante diferente, apesar do desfecho positivo. O Chelsea jogou novamente em casa, recebendo o Aston Villa, equipa que havia triunfado em casa do Arsenal na 1ª jornada. Logo, teria pela frente adversário doutro patamar competitivo e qualitativo. Mourinho manteve a base da primeira jornada: Cech na baliza; defesa com Ivanovic, Cahill, Terry e Cole; meio-campo defensivo composto por Ramires e Lampard; no meio-campo ofensivo mantiveram-se Oscar e Hazard, entrando o recuperado Mata para o lugar de De Bruyne e Demba Ba para o lugar que havia pertencido a Torres na 1ª jornada.

Mais uma vez, o Chelsea entrou bastante bem na partida: pressionando alto (logo na frente, Oscar juntava a Demba Ba para tentar intimidar a defesa adversária), a juntar as linhas do meio-campo, asfixiando a saída de bola do Villa e conseguindo colocar muita intensidade no seu jogo. Novamente vimos uma equipa bastante vertical, com bola mas sem problemas em explorar os passes longos, geralmente para que Demba Ba pudesse segurar o esférico e esperasse a entrada dos médios-ofensivos. A equipa cedo chegou à vantagem, numa jogada bastante semelhante à do primeiro golo frente ao Hull City: Oscar lançou Hazard no espaço, do lado esquerdo, e este assistiu para o centro da área, onde Luna acabou por fazer auto-golo. Novamente, ficou bem patente o talento, a mobilidade e a qualidade do jogo associativo destes dois prodígios. Os comandados do Special One mantiveram-se fortes nos minutos subsequentes, apresentando um ritmo de jogo bastante aceitável para esta altura da época.

Foram saltando à vista algumas nuances na construção de jogo: a presença constante de Oscar ou Mata na zona de início de transição ofensiva, com Lampard ou Ramires a subirem até à segunda linha. No fundo, esta mobilidade permitia também baralhar as marcações do meio-campo villain. Lampard foi uma espécie de centro nevrálgico do jogo do Chelsea: por ele passavam quase todas as bolas que rondavam a zona central. Não haja dúvidas de que com Mourinho, o veterano internacional inglês continuará a ser peça preponderante do "onze" inicial. No entanto, apesar da qualidade inicial e do esclarecimento das unidades do meio-campo, o Chelsea foi perdendo intensidade e com isso fez despertar um Villa que teve em Delph o elemento de destaque (forte na recuperação, nos equilíbrios e a descobrir linhas de passe com o seu prodigioso pé esquerdo). E assim, apesar de uma 1ª parte algo insípida, o Aston Villa chegaria mesmo ao golo, num movimento muito bom de Benteke, em plena área, aproveitando a estranha passividade da defensiva blue. Ao intervalo, um empate, que era um castigo à quebra de ritmo da equipa da casa.

Na 2ª parte, o Villa começou a assustar. Foi disputando melhor o jogo a meio-campo e começou, finalmente, a encontrar espaços para se soltar. Weimann e Agbonlahor obrigaram os laterais do Chelsea a não sair do espaço defensivo, Benteke foi jogando com o físico, impondo-se muitas vezes aos centrais contrários e obrigando Ivanovic a cometer uma data de faltas. O Chelsea precisava de sangue novo e as entradas de Schurrle (para acelerar em diagonais) e de Lukaku (para segurar a bola e encontrar espaços para rematar) acabaram por ser o revulsivo de que os campeões da Liga Europa necessitavam. A vitória acabaria por chegar de bola parada (golo de Ivanovic), mas tudo graças a novo aumento de intensidade da formação de José Mourinho. Apesar de tudo, tiveram de suar estopinhas para segurar triunfo difícil, porque a equipa de Paul Lambert foi insistindo e com Agbonlahor, Benteke e o veloz Tonev no ataque acabou em cima do Chelsea, quase obtendo um merecido empate.

Em suma, o Chelsea apresentou momentos muito interessantes nestes dois primeiros jogos a sério da nova época. No entanto, esses momentos só apareceram a espaços. A equipa tem talento, ritmo, mobilidade, uma ideia táctica forte e bem definida mas falta segurar melhor os jogos. Sobretudo a 2ª parte frente ao Aston Villa, mostrou-nos uma equipa ainda incapaz de ser agressiva a pressionar a tempo inteiro. Porque se conseguir manter a intensidade e a capacidade de recuperação demonstrada nos primeiros 30 minutos destes dois jogos poder-se-á tornar num caso sério. Veremos a resposta em Old Trafford, esta noite, e na próxima sexta-feira, em Praga, na Supertaça Europeia...

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Lopez Ufarte, Uralde ou Bakero revisitados numa magnífica noite de Verão


A temporada 82/83 ficou marcada para sempre como uma das mais brilhantes da história da Real Sociedad. Depois do título espanhol do ano anterior, a formação txuri-urdin entrou para a Taça dos Campeões Europeus com a ambição de chegar o mais longe possível, quiçá até ao título. E, na verdade, ficou bem próxima de o conseguir. Os bascos eliminaram o Vikingur, Celtic e Sporting até chegarem à meia-final, onde perderam com o futuro campeão europeu, o Hamburgo, onde pontificavam craques como Hrubesch, Magath, von Heesen ou Bastrup. Muitos lembrar-se-ão do talento de Lopez Ufarte e Bakero, da eficácia de Uralde ou da segurança do keeper Arconada. Volvidos 30 anos, voltámos a reviver toda essa grandeza numa maravilhosa noite de Verão...

A actual Real Sociedad não goza da reputação internacional que a equipa dos anos 80 tinha. É uma equipa que procura recuperar a grandeza de outrora através de um conjunto de jogadores absolutamente comprometidos e dedicados à causa. Quem veste aquela camisola parece sentir o peso de uma forma positiva, cerra os dentes e trata de dar a vida em campo. Pelo menos, olhando para o maravilhoso campeonato da última época (4º lugar, à frente de equipas como o Valência, Málaga ou Sevilha) e para o início desta temporada, concluímos que a Real está no bom caminho e se pode orgulhar do grupo de jogadores que tem. E do treinador, Jagoba Arrasate, homem da casa, escolhido para substituir o herói que pôs, de novo, o emblema basco na rota da Europa dos grandes (Phillipe Montanier).

O regresso às lides europeias deu-se, precisamente, no campo onde haviam feito o último jogo internacional: Stade Gerland, em Lyon. Quase 10 anos volvidos dessa eliminação nos oitavos-de-final, a Real Sociedad soube ultrapassar os traumas do passado e venceu de forma bastante convincente (2-0). Os dois golos foram absolutamente brilhantes: o primeiro, ao minuto 17, num pontapé de moínho de Griezmann, em plena área, após assistência certeira de Carlos Vela. O segundo surgiu logo após ao intervalo. Após troca de bolas no meio-campo, Seferovic recebeu o esférico em posição pouco favorável, aproveitou a má colocação de Anthony Lopes e disparou de primeira, de pé esquerdo. Bola na gaveta, um golo magnífico, capaz de fazer levantar qualquer estádio. Foram dois momentos de sonho, provavelmente decisivos para o regresso basco à Liga milionária. Porém, houve mais vida para lá destes momentos de rara beleza...

A Real Sociedad foi uma equipa tacticamente cumpridora e que mostrou uma notável capacidade de segurar os criativos do Lyon e, ao mesmo tempo, soltar-se com grande perspicácia para o ataque. Montada em 4x1x4x1, a formação de Jagoba Arrasate deu a bola ao Lyon e tratou de fazer uma ocupação criteriosa dos espaços. Nota máxima, ou quase, para o meio-campo. Soberbo trabalho com e sem bola de Zurutuza, importantíssimo a fechar a porta, assim como Xabi Prieto, pau para toda a obra, ele que é um jogador de características manifestamente ofensivas. Atrás desta dupla, esteve um Markel Bergara impecável a equilibrar a equipa. Muitas vezes silencioso, Bergara foi a base perfeita do meio-campo basco, mostrando sempre enorme rigor táctico e posicional. Este trabalho defensivo soberbo, tirando gás a Grenier e apagando jogadores como Malbranque ou Benzia foi extremamente importante e deu logo aí, à partida, uma vantagem tremenda à formação do País Basco.

Depois, soltavam-se os génios: Xabi Prieto e Zurutuza, para lá do imenso trabalho de apoio ao sector mais recuado, eram os responsáveis pelo início das transições. Nas alas, apareciam, velozes e desequilibradores, Carlos Vela e Antoine Griezmann. Foram eles que, aliás, construíram o lance do maravilhoso primeiro golo (sendo que foi precisamente Zurutuza a desmarcar Vela para o cruzamento decisivo). Vela, sempre móvel, dinâmico e vertical, foi um quebra-cabeças para a defesa francesa, tendo inclusive obrigado Bisevac a cometer falta, que viria a valer o segundo amarelo para o central sérvio. Já Griezmann foi jogador importantíssimo, não só pelo golo, como também pelo acrescento de qualidade técnica e pela maneira como foi aparecendo nos espaços. Um jogo brilhante de todo o meio-campo ofensivo que teve continuação no ataque: Seferovic. O jovem suíço, reforço deste Verão, vai ser uma referência do ataque txuri-urdin. Móvel a toda a largura, inteligente a ler o jogo e a movimentar-se sem bola, mostra ainda qualidades interessantes no jogo aéreo e qualidade técnica nas finalizações. Depois do golo na estreia na Liga, mais um, de execução dificílima, na estreia milionária. Pode marcar uma era em San Sebastián.

Quem também esteve bastante acertada foi a defesa. Laterais muito sólidos, sendo que De la Bella (lateral-esquerdo) até se mostrou mais activo nos apoios ao ataque do que o ofensivo Carlos Martínez (lateral do lado direito). Ambos fecharam a zona com critério e revelaram-se importantes para este desfecho. Assim como os centrais: Iñigo Martinez, apesar dalguns deslizes, bateu-se bem com os atacantes do Lyon, assim como o internacional argelino Cadamuro, sempre muito concentrado e seguro nas suas acções. E, claro está, importa destacar também a importância de ter Claudio Bravo na baliza e de poder contar com substitutos valiosos como Chory Castro, Granero e Rubén Pardo (ia fazendo o terceiro). Um grupo de enorme qualidade e que tem as suas próprias estrelas. Assim como em 1982/83 brilhavam Lopez Ufarte, Bakero ou Uralde, agora é a vez de Griezmann, Prieto, Vela ou Seferovic poderem levar a Real ao topo da Europa.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Premier League 2013/14 (antevisão): 3 candidatos para um poleiro com alguns históricos à espreita...


The show is about to start! Depois de uma pré-temporada agitada, com muitas mudanças nos bancos e algumas incorporações de grande qualidade, a Premier League está pronta para o pontapé de saída. Diria que este ano saltam à vista três candidatos ao título: o campeão Manchester United (apesar do título, é para mim o menos candidato deste grupo de 3), o Manchester City e o Chelsea. Depois, um lote de equipas para lutar pela Champions e que, à priori, inclui tão somente Arsenal e Tottenham. Depois surgem formações como Liverpool, Everton, Swansea ou Newcastle, entre outras, que poderão ambicionar a algo mais, mediante a potenciação máxima das suas capacidades. É um campeonato apaixonante, sim, mas percebe-se que a luta europeia parece mais reduzida do que noutras ligas, quiçá mais propensas a surpresas...

Curiosamente os três maiores candidatos à conquista da Premiership mudaram de treinador. City e Chelsea, aparentemente, terão mudado para melhor (Pellegrini e Mourinho, respectivamente). Já o United perdeu a mítica figura da história mais recente, o carismático Sir Alex Ferguson, tendo chegado para o seu lugar o compatriota David Moyes, treinador reputado ao nível da Premier League, mas sem o trajecto e o carisma dos seus adversários. No entanto, nem é tanto por aí que o United parece ficar a perder neste arranque de campeonato. A ausência de reforços sonantes, a indefinição no caso-Rooney e a falta de sangue novo no plantel parece afastar os campeões ingleses do topo da lista de candidatos. O Chelsea de Mourinho, sem muitas aquisições mas com um grupo bastante sólido e o milionário Manchester City de Pellegrini, apetrechado de reforços sonantes como Fernandinho, Jesús Navas, Jovetic ou Negredo, prometem vir a ser os maiores candidatos a uma disputa dura e intensa pelo título. O Chelsea apresenta uma linha de meio-campo soberba (falta um médio que organize melhor atrás, mas no meio-campo ofensivo há Mata, Hazard, Óscar e De Bruyne...), uma defesa experiente e um ataque com avançados possantes e goleadores. Os citizens têm variedade, muita qualidade e um treinador sábio e capaz de fazer um trabalho soberbo.

Depois dos big ones, surgem os rivais do Norte de Londres. Neste momento, e mesmo que venha a ficar sem Bale, diria que o Tottenham estará ligeiramente por cima na luta. A contratação de jogadores como Soldado, Paulinho, Chadli ou Capoue vem acrescentar soluções a sectores que pareciam débeis neste plantel. Fica a faltar uma alternativa na direita da defesa e quiçá mais um defesa-central (visto que Caulker partiu para o Cardiff City). Apesar da qualidade e maior variedade, espera-se época trabalhosa para André Villas-Boas. Do outro lado, o Arsenal só recrutou, e a custo zero, o promissor avançado francês ex-Auxerre, Yaya Sanogo. Nos próximos 15 dias registar-se-ão novidades no Emirates, com toda a certeza. Para já fica a impressão que Arsene Wenger, ao não querer exceder-se demasiado no pagamento de verbas (apesar dos badalados 100 milhões para transferências), perdeu vários reforços importantes. Pontos positivos: a permanência de jogadores como Cazorla, Wilshere ou Podolski e a dispensa de vários elementos que não resultaram nas últimas épocas (Gervinho como exemplo mais evidente...).

Em Liverpool, moram dois pseudo-candidatos à Champions, diria mais até à Liga Europa. Em Anfield, não se sabe se Suárez fica ou não, depois da novela de Verão que tanta polémica causou. Como reforços destacados chegaram Kolo Touré, Mignolet e Aspas. Acredito que este possa vir a ser o ano da explosão de Coutinho. Do outro lado do Merseyside, o Everton de Roberto Martínez mantém uma base interessante da última época, acrescentando ex-jogadores do Wigan e o promissor Gerard Deulofeu. Ainda na luta pela Europa, diria que estão o Swansea (uma das equipas que mais bem se reforçou, com Bony, Cañas, Pozuelo, Shelvey, entre outros), o francês Newcastle (adquiriu Rémy e ainda pode chegar Gomis) ou possíveis surpresas como o Sunderland de Di Canio (com Altidore e Giaccherini junto a Larsson e Sessegnon a coisa promete!), o Fulham de Martin Jol, o Southampton que recrutou 2 jogadores com experiência de Champions (Wanyama e Lovren) ou até o Norwich com Leroy Fer junto a Hoolahan e Snodgrass no meio-campo e um ataque formado por Ricky van Wolfswinkel e Gary Hooper.

Por fim, surgem teóricos candidatos à manutenção. Naturalmente que por lá há sempre bons jogadores a seguir: Benteke, Okorie e Tonev (Aston Villa); Pieters, Muniesa e N´Zonzi (Stoke); Reid, Diamé, Morrison ou Vaz Tê (West Ham); Morrison, Yacob ou Vydra (West Bromwich); Caulker, Medel, Gunnarsson e Cornelius (Cardiff); Huddlestone, Livermore e Sagbo (Hull); Ward, Campaña, Gayle ou Murray (Crystal Palace).

Liga Zon Sagres 2013/14 (antevisão): Tetra, 33 ou uma louca e inesperada surpresa?


Começa hoje em Felgueiras (sim, leu bem) a edição 2013/2014 da Liga Zon Sagres. Em casa emprestada, devido às obras que decorrem no seu estádio, o Paços de Ferreira recebe o Sporting de Braga, num duelo que opõe o 3º ao 4º classificado do último campeonato. Este é o ponto de partida para uma época que gera muita expectativa. À partida, 2 candidatos-maiores ao título (FC Porto e Benfica), seguidos de 2 candidatos à Champions (Braga e Sporting), vários candidatos às posições europeias (veremos se Paços e Estoril aguentam o ritmo europeu e voltam a estar por cima...) e algumas equipas que provavelmente só conseguirão lutar pela manutenção (e se o conseguirem, já será muito bom!). Passamos então a uma análise breve de cada uma das 16 equipas e de algumas das promessas que se poderão destacar esta época no nosso campeonato:

FC Porto: As perdas de Moutinho e James poderão ser difíceis de suplantar, sobretudo no caso do internacional português. No entanto, há um novo treinador (Paulo Fonseca), de aparente boa relação com o plantel, mais opções para o meio-campo e alguns miúdos promissores prontos a despontar (Quintero, Iturbe, Reyes...). Há ainda dúvidas sobre possíveis saídas (Jackson, Fernando, Mangala?) e fala-se numa possível entrada para uma das alas. A pré-temporada e a Supertaça deixaram boas indicações. Veremos se se confirmam nas primeiras jornadas. À partida temos aqui um claro candidato ao título.
Onze provável: Helton; Danilo, Otamendi, Mangala, Alex Sandro; Fernando, Defour, Lucho; Varela, Jackson Martínez, Licá.

Benfica: O outro candidato. Depois de uma pré-temporada conturbada, com alguns maus resultados, críticas e várias lacunas defensivas, o Benfica de Jorge Jesus (já vai para a 5ª época à frente da equipa encarnada!)  irá começar o campeonato num terreno difícil (Marítimo), mas convicto de que poderá afastar os fantasmas deste Verão. A equipa ganhou um potencial ofensivo tremendo com as aquisições de jogadores como Djuricic, Markovic ou Sulejmani. No entanto, ainda poderá ter de ir ao mercado, se perder peças importantes como Garay, Matic ou Salvio. Há ainda a dúvida-Cardozo e falta definir se chegarão novos defesas, visto que alguns deles não convenceram na pré-época. Outra motivação para 2013/2014, embora de alcance muito complicado: a final da Liga dos Campeões, a disputar precisamente no Estádio da Luz.
Onze provável: Artur; Maxi Pereira, Luisão, Garay, Bruno Cortez; Enzo Pérez, Matic; Salvio, Djuricic, Gaitán; Lima.

Paços de Ferreira: Depois do surpreendente 3º lugar da última época e consequente apuramento para o "play-off" da Champions, o Paços entra nesta nova temporada sabendo que vai ter o desgaste adicional de uma fase de grupos europeia (resta definir se será a da Liga milionária ou a da Liga Europa). Além disso, tem novo treinador (Costinha) e viu sair alguns jogadores importantes como Josué, Cícero, Luiz Carlos ou Diogo Figueiras. Não será fácil igualar a última temporada, mas se o Paços conseguisse de novo um apuramento europeu já seria um feito notável. Vai ser difícil, há ainda muitas dúvidas mas também chegaram alguns reforços bem interessantes (Carlão, Rúben Ribeiro, Sérgio Oliveira ou Hélder Lopes, entre outros).
Onze provável: António Filipe; Tony, Ricardo, Tiago Valente, Hélder Lopes; André Leão, Rodrigo António, Rui Miguel; Manuel José, Carlão, Hurtado.

SC Braga: Muitas novidades também na cidade dos Arcebispos. Vários jogadores emblemáticos das últimas épocas saíram (Hugo Viana, Mossoró ou Quim, por exemplo), tendo entrado alguns substitutos de valor acrescentado (Luiz Carlos, Salvador Agra, Edinho, Rafa, Luís Silva...). Além disso, saiu o técnico José Peseiro e entrou um histórico do clube, Jesualdo Ferreira. A pré-temporada mostrou uma equipa consistente, bem arrumada em termos tácticos e capaz de competir com adversários fortes. Acredito que possam chegar ao 3º lugar.
Onze provável: Eduardo; Baiano, Paulo Vinícius, Aderlan Santos, Joãozinho; Custódio, Luiz Carlos, Rúben Micael; Alan, Edinho, Salvador Agra.

Estoril: A equipa da Linha vive um dos momentos mais bonitos da sua história e quer continuar na senda dos bons resultados. Com a possibilidade de estar presente na fase de grupos da Liga Europa (defronta o teoricamente acessível FC Pasching da Áustria), a equipa canarinha poderá ter uma época desgastante, o que obrigará Marco Silva a uma notável gestão de recursos. O plantel apresenta boas soluções, embora se note alguma dificuldade em lidar com algumas saídas de notáveis da última temporada (Steven Vitória, Jefferson, Licá ou Carlos Eduardo). Acredito que jogadores como Evandro, Gerso ou o reforço Sebá possam sobressair nesta Liga 2013/2014.
Onze provável: Vagner; Anderson Luís, Bruno Miguel, Yohan Tavares, Babanco; Gonçalo Santos, Filipe Gonçalves; Carlitos, Evandro, João Pedro Galvão; Luís Leal.

Rio Ave: Depois da uma temporada a espreitar os lugares europeus, o Rio Ave de Nuno Espírito-Santo procura manter o bom registo neste campeonato, sabendo que não será fácil, até porque viu partir alguns jogadores importantes. Ainda assim mantiveram-se outros como Hassan, Felipe Augusto, Marcelo ou Rodriguez e chegaram reforços de muita qualidade (Salin ou Wakaso, por exemplo). Acredito que o Rio Ave vá estar sempre entre a primeira metade da tabela, com vista para os lugares europeus. O treinador evoluiu, a equipa apresenta dinâmicas interessantes, portanto, acredito que esta época poderá ser novamente muito interessante.
Onze provável: Salin; Lionn, Marcelo, Rodríguez, Edimar; Wakaso, Tarantini; Ukra, Diego Lopes, Braga; Hassan.

Sporting: No rescaldo de um deplorável 7º lugar, o Sporting só tem um caminho pela frente: voltar a ser uma equipa que lute pela Europa e que seja capaz de se intrometer na luta com os restantes "grandes". Orientados por Leonardo Jardim, os leões têm de voltar à Europa na próxima temporada, de preferência à Liga dos Campeões, mesmo sabendo que será um caminho muito duro a percorrer, depois da reestruturação levada a cabo pela direcção de Bruno de Carvalho. Muitos jogadores saíram, outros poderão estar em vias de o fazer e chegaram, entretanto, novos reforços que prometem algumas coisas boas (Fredy Montero, Jefferson, Magrão...). Não esquecendo, naturalmente, os miúdos que têm saído das camadas jovens e que muito prometem (William Carvalho, Rúben Semedo, entre outros). Uma época de esperança, apesar das muitas dificuldades económicas. Veremos se por entre as brumas da crise (não há aqui segundas intenções!) nasce um novo leão.
Onze provável: Rui Patrício; Cédric, Maurício, Rojo, Jefferson; William Carvalho, Adrien, Gerson Magrão; Capel, Fredy Montero, Carrillo.

Nacional: A equipa de Manuel Machado apresenta-se nesta edição da Liga como uma das candidatas a um apuramento europeu. Para já, mantém jogadores desequilibradores como Diego Barcellos, Mateus ou Candeias e soube-se mover no mercado, adquirindo o interessante Rafa Sousa ao Penafiel, por exemplo. Estou ainda bastante curioso para rever o promissor central Miguel Rodrigues e outras pérolas da cantera madeirense como Nuno Campos ou Lucas João.
Onze provável: Gottardi; Claudemir, Miguel Rodrigues, Mexer, Marçal; João Aurélio, Rafa Sousa; Candeias, Diego Barcellos, Mateus; Rondón.

Vitória de Guimarães: Mais um ano de inevitáveis sacrifícios financeiros para os lados da Cidade-Berço. Muitos foram os jogadores importantes da última época que partiram, ficando um conjunto de jovens, muitos deles sem experiência, mas prontos a aplicarem-se a fundo para garantir um lugar na equipa. Há qualidade (Douglas, Paulo Oliveira, Josué, Addy, André, Maazou, entre outros) e, mais importante, um treinador que sabe muito bem trabalhar com parcos recursos (Rui Vitória). O facto de jogarem a fase de grupos da Liga Europa poderá ser adverso em termos de resposta do actual plantel. Apesar de tudo, mais do que nunca, o Vitória terá de ser grande e responder à altura. A prioridade será um campeonato tranquilo, dentro do possível, e tentar honrar o clube e o país na Europa. Sem esquecer as Taças...
Onze provável: Douglas; Pedro Correira, Moreno, Paulo Oliveira, Addy; André, Leonel Olímpio; Marco Matias, Barrientos, Crivellaro; Maazou.

Marítimo: Sem a pujança económica doutros tempos, o Marítimo teve a virtude de manter o técnico Pedro Martins, um dos alicerces da estabilidade madeirense ao longo das últimas épocas. A iniciar o 3º ano ao comando da nave maritimista, Pedro Martins conseguiu manter jogadores importantes (Artur, Sami, Heldon, Danilo Dias...) e ainda viu chegar reforços interessantes como os médios Danilo e Rodrigo Lindoso ou o ponta-de-lança Derley. A ambição do clube madeirense passa pelo regresso às competições europeias. O plantel, em termos teóricos, dá garantias suficientes para que isso aconteça. O treinador também já mostrou competência para levar a equipa a esse patamar. Logo veremos a resposta em campo...
Onze provável: José Sá; Briguel, Márcio Rozário, Igor Rossi, Rúben Ferreira; Rodrigo Lindoso, Danilo Dias, Artur; Heldon, Derley, Sami.

Académica: Acredito que a equipa de Sérgio Conceição possa surpreender esta época. Olhando para o plantel vemos alguns elementos muito interessantes e que poderão acrescentar uma dinâmica assinalável à equipa. Falo, sobretudo, dos reforços para o ataque: Diogo Valente, Abdi, Manoel, Buval e Rafael Oliveira. No entanto, esta equipa levanta dúvidas a meio-campo, onde parece faltar um "8" ou um "10" capaz de liderar a equipa naquele sector. Diria que Ogu ou Cleyton terão de assumir a batuta este ano. Na defesa, atenção ao promissor central Aníbal Capela, emprestado pelo Sporting de Braga. Com uma ponta de sorte, a Briosa poderá regressar à Europa mais cedo do que se esperava. No entanto, alerto: vai ser uma luta bem renhida!
Onze provável: Ricardo; Marcelo Goiano, João Real, Aníbal Capela, Reiner Ferreira; Bruno China, Makelele, Ogu; Marinho, Manoel, Diogo Valente.

Vitória de Setúbal: Muitas novidades no plantel de José Mota, incluindo um Cardozo, "gémeo" do Tacuara do Benfica e que promete golos para os lados do Sado. Depois de uma época em que a permanência só ficou garantida perto do fim, os setubalenses querem dar o salto nesta temporada. E quando falo em salto, falo em termos competitivos, de posição na tabela. Apesar das saídas de elementos experientes como Ricardo Silva, Neca ou Makukula, chegaram jogadores muito interessantes, do estrangeiro e de divisões secundárias, sobretudo, e que poderão destacar-se esta época. Relevaria ainda a chegada do central Cohene, um dos defesas-centrais do Paços milionário da última época. Perspectiva-se uma época de maior tranquilidade no Bonfim.
Onze provável: Kieszek; Pedro Queirós, Miguel Lourenço, Cohene, Min Woo; Ney Santos, Paulo Tavares, Tiago Terroso; Miguel Pedro, Cardozo, Bruno Sabino.

Gil Vicente: Uma das possíveis surpresas da época. Recheada de bons reforços, a formação de Barcelos, agora orientada pelo jovem João de Deus, vai tentar andar na luta pelos lugares cimeiros, depois dum investimento forte em novos jogadores (muitos deles provenientes das divisões secundárias). Dramani, Diogo Viana, Vítor Gonçalves, Bruno Moraes, Keita, Danielsson, Paulinho, entre outros, têm pinta de quem possa vir a realizar um campeonato de bastante sucesso. Tudo o que seja ficar na primeira metade da tabela e chegar longe numa das Taças já poderá ser visto, apesar de tudo, como um feito nesta temporada. Um projecto interessante e com pernas para andar.
Onze provável: Adriano; Gabriel, Halisson, Danielson, Luís Martins; Keita, João Vilela, César Peixoto; Diogo Viana, Bruno Moraes, Dramani.

Olhanense: Uma das incógnitas da época. Depois de um início de Verão conturbado, inclusive com dúvidas quanto à participação na Liga Zon Sagres, o Olhanense encontrou algumas estabilidade imediata nos milhões (não muitos, é certo) de um trintão italiano, ex-presidente do Cesena (Igor Campedelli). Há muita juventude no plantel, incluindo o treinador Abel Xavier, um novato nestas andaças de 1ª Liga. À primeira vista está aqui um candidato a lutar pela manutenção. No entanto, quem sabe se este Olhanense rejuvenescido não nos poderá surpreender?..
Onze provável: Ricardo; Vítor Bastos, Ricardo Ferreira, André Micael, Jorge Ribeiro; Pelé, Jander; Celestino, Diego Gonçalves, João Ribeiro; Yontcha.

Belenenses: O regresso de um histórico. Depois de um ano de passeio na Segunda Liga, os comandados de Mitchell van der Gaag tentarão fazer o papel que coube na última época ao Estoril, ou seja, ser a equipa-surpresa da temporada. Não será fácil, até porque parecem haver outros candidatos mais bem apetrechados em termos de reforços. Ainda assim, a chegada dos islandeses Danielsson e Eggert Jonsson e dos talentosos Miguel Rosa e Paulo Jorge pode trazer algo de bom à formação do Restelo. O objectivo prioritário do Belém passa pela manutenção. Depois, logo se verá...
Onze provável: Matt Jones; Duarte Machado, Kay, João Meira, Filipe Ferreira; Fernando Ferreira, Diakité; Fredy, Miguel Rosa, Paulo Jorge; Tiago Caeiro.

Arouca: Uma vila de 5000 habitantes com um clube na 1ª Liga. Se há campeonato onde este tipo de eventos mágicos pode ocorrer é definitivamente no nosso. Uma clube que ainda há 7/8 anos lutava para subir aos Nacionais, chega agora ao escalão principal, carregando consigo toda a esperança de uma pequena mas bonita localidade. Pedro Emanuel irá assumir as rédeas da equipa, depois da saída do herói da subida, Vítor Oliveira. Com Emanuel chegaram reforços que há uns anos não passariam de ilusões para os lados da Serra da Freita (incluindo um lateral-direito titular da 2ª equipa do Barcelona!). Um ano que poderá ser mágico para os arouquenses. Depois do que fez o Estoril na última temporada, eles já acreditam em tudo!
Onze provável: Stefanovic; Iván Balliu, Henrique, Mika, Stéphane; Nuno Coelho, Bruno Amaro, David Simão; Pintassilgo, Romário, Paulo Sérgio.

10 promessas a seguir na Liga Zon Sagres 2013/14:

Juan Quintero (FC Porto): Tem-se falado muito deste rapaz nos últimos tempos. Diria até que dispensa apresentações. Juan Quintero, a nova jóia do futebol colombiano, promete ser uma das boas revelações desta edição da Liga. Dotado de uma qualidade técnica notável e de um pé esquerdo só ao alcance dos predestinados, chega ao Dragão para substituir o compatriota James Rodríguez. De início, não se prevê que venha a ser titular. No entanto, mais tarde ou mais cedo, o miúdo talentoso de 20 anos, nascido em Medellín, terá oportunidade de se assumir como uma das estrelas do clube e do nosso campeonato.

Lazar Markovic (Benfica): Aos 19 anos, o extremo/avançado sérvio, recrutado este Verão ao Partizan, tem tudo para explodir na Luz, em especial depois de uma pré-temporada que se distinguiu da do resto da equipa. Forte no um-para-um, rápido com a bola em progressão e potente no arranque, Markovic revela ainda atributos no jogo em associação e no remate. Prodígio já comparado a outros grandes nomes do Benfica (inclusive com Eusébio), acredito que não precise de muito tempo para se adaptar a um campeonato mais competitivo e, naturalmente, ao nível da Champions League. Tem tudo para ser um caso de sucesso.

William Carvalho (Sporting): Uma das grandes revelações da pré-temporada sportinguista. Aos 21 anos, este jovem internacional sub-21 por Portugal procura ganhar um lugar na equipa titular do Sporting, depois de ter estado emprestado aos belgas do Cercle Brugge. Muito possante em termos físicos, William Carvalho é claramente o ponto de equilíbrio da equipa, o sustento do meio-campo. A saída de bola é interessante, a capacidade para ganhar duelos também e tacticamente mostrou ser um jogador cumpridor. Terá ganho a titularidade com uma pré-época tremenda.

Rafa (SC Braga): Poderia aqui destacar o promissor central Aderlan Santos, mas optei por este jovem tecnicista, chegado esta época do Feirense, e que pode muito bem tornar-se uma das maiores surpresas da Liga Zon Sagres. Rafa, autor de uma época brilhante na 2ª Liga, chega a Braga para discutir um lugar na equipa com jogadores como Rúben Micael, Alan ou Salvador Agra. Foi uma das apostas mais regulares de Jesualdo Ferreira nos últimos jogos de pré-época. Pode jogar em qualquer posição no meio-campo ofensivo, sendo que é um jogador que decide bem, tem boa visão de jogo e é rápido. Promete muito!

Manoel (Académica): Mais um "bracarense", embora este esteja emprestado. Manoel, 24 anos, é um avançado, que pode jogar pelas alas ou mais por dentro, e que terá aqui a sua primeira oportunidade no primeiro escalão em Portugal. Rápido, capaz de fazer boas diagonais e perspicaz a aparecer em zonas de finalização, Manoel tem um registo muito interessante na 2ª Liga nas últimas 2 temporadas (22 golos). Pode vir a ser uma das boas novidades da Briosa de Sérgio Conceição.

Wakaso (Rio Ave): Um dos jogadores que me cria mais expectativas dentro das equipas que lutam pelos lugares europeus. Alhassan Wakaso, 21 anos, ganês, destacou-se no meio-campo do Portimonense na última temporada. Bastante possante (1,79m, 82 kg) e competitivo, Wakaso fez 35 jogos (3 golos) na 2ª Liga, o que prova regularidade em termos de utilização. Jogador capaz a defender, é capaz de progredir até à 2ª linha, dando um passe ou até podendo arriscar no remate. Diria que é o típico médio africano que tantos adeptos tem por esse Mundo fora. Poderá afirmar-se nos Arcos, para depois, eventualmente, no fim da época poder saltar para um patamar superior em termos competitivos.

Paulo Oliveira (V.Guimarães): Depois da época da aparição, esta poderá ser a época da confirmação. Paulo Oliveira é, aos 21 anos, um dos centrais mais promissores do futebol português. Elegante, rápido, desarma com contundência e eficácia e consegue não ter muitos deslizes posicionais, tão próprios dos defesas em fase de crescimento. Joga sempre muito concentrado e isso permite-lhe obter, quase sempre, exibições de bom nível. Um exemplo: na última Supertaça, apesar da derrota por 3-0 frente ao FC Porto, conseguiu ser o jogador mais destacável da equipa. Isto quer, certamente, dizer algo acerca do seu potencial. Tem feito da parte da Selecção de sub-21 nas últimas convocatórias.

Bruno Sabino (V.Setúbal): Tal como no Braga me apetecia destacar um central e optei por um jogador mais ofensivo, aqui o mesmo. Pensei em Miguel Lourenço (defesa bastante promissor), mas acabei por escolher, finalmente, uma das boas sensações da pré-temporada vitoriana: Bruno Sabino. Comparado a Hulk, este médio-ofensivo/extremo brasileiro é um jogador explosivo, que costuma jogar descaído na direita, procurando depois o seu potente remate de pé esquerdo. Aos 23 anos, poderá muito bem representar uma boa nova para o plantel de José Mota. A seguir com atenção!

Paulinho (Gil Vicente): Reforço proveniente do Trofense, 20 anos, chega a Barcelos rotulado de promessa a seguir. Avançado-centro elegante, Paulinho faz do trabalho na área uma das suas principais características. O ano passado apontou 11 golos na 2ª Liga. Remata habitualmente de pé esquerdo, movimenta-se bem e joga bem em associação com os seus companheiros. Veremos qual será a sua resposta à exigência do principal escalão. Para já, prevê-se que venha a ficar na sombra de Bruno Moraes, como suplente disponível para entrar e desbloquear jogos. Porém acredito, muito sinceramente, que virá a ganhar um lugar na equipa titular.

Iván Balliu (Arouca): Fez 31 jogos na 2ª Liga espanhola na última época e logo ao serviço do Barcelona B. Acabou contrato e, apesar de ter propostas de bons campeonatos, optou pelo projecto arouquense. Iván Balliu, 21 anos, lateral-direito, pode muito bem tornar-se numa das boas revelações da época em Portugal. O catalão é um defesa interessante, embora nem sempre feche com muito rigor. Destaca-se sobretudo pela maneira como se projecta para o ataque e como apoia a construção ofensiva, alargando do lado direito. Competitivo e proveniente de um clube com ADN vencedor, acredito que venha a tornar-se, progressivamente, numa peça insubstituível do esquema de Pedro Emanuel.