terça-feira, 20 de novembro de 2012

Um decálogo rápido do fim-de-semana. Começa na Madeira acaba nos derbies do fim-de-semana e passa por uma análise ao Apertura

1. Christian Atsu, bom produto das escolas do FCP. Claramente das melhores notícias dos últimos anos, provenientes das escolas dos dragões. O ganês Atsu vai ser craque e, embora por vezes ainda acuse a responsabilidade da camisola e a idade, vai demonstrando em campo todas as suas qualidades: finta, repentismo, imaginação e capacidade de dar golos. Este fim-de-semana foram 2 assistências. Convenhamos que não é pouco...
2. Otamendi patrão e como isso ajuda Abdoulaye... Neste momento arrisco-me a dizer que Nicolás Otamendi estará entre os 10 centrais em melhor forma na Europa. Impecável, lê o jogo de uma maneira impressionante, antecipando-se quase sempre aos seus adversários. E quem ao lado dele, pese embora ainda um pouco tosco, vai crescendo (aproveitando lesão de Maicon) é o senegalês Abdoulaye. Parece sereno e mesmo sem grande técnica, tem demonstrado entrega e capacidade de antecipação assinalável. Uma nova dupla que não compromete.
3. Novamente Matic... Impressionante a melhoria do sérvio. Recupera, dá bola, aparece na frente para tentar finalizar e, pasme-se, já faz jogadas à Maradona (ou mais actual, Messi)! Não acreditam? Vejam a repetição do Moreirense-Benfica (0-2) deste fim-de-semana e na primeira parte há lance de génio, que deu golo, bem anulado pelo fiscal-de-linha. Jesus encontrou um novo elemento-chave para a sua estrutura.
4. Fim-de-semana de Taça. Algumas surpresas nesta 4ª eliminatória. Lourinhanense, Tourizense e sobretudo um Arouca, que eliminou a surpresa da Liga Zon Sagres, Rio Ave. Nesta equipa do Arouca, treinada pelo mítico Vítor Oliveira, alguns destaques: o central Miguel Oliveira, em grande forma e a limpar tudo; o médio organizador Kovacevic, sérvio ex-Covilhã e Naval, que encontrou a sua melhor forma perto da Serra da Freita; e ainda os experientes avançados Clemente (goleador da Taça) e Joeano (melhor marcador da 2ª Liga). De resto, destacaria ainda as eliminações de V.Setúbal e Olhanense nos confrontos de "Liga" contra V.Guimarães e Paços de Ferreira, respectivamente.
5. Vendo jogar o Velez. Tenho assistido a vários jogos do Torneio Apertura da Argentina nos últimos tempos. Salta à vista um dos grandes candidatos, o Velez Sarsfield, treinado por Ricardo Gareca. Uma boa equipa, talvez a mais experiente das candidatas. E a mais equilibrada. No entanto, perderam este fim-de-semana, frente ao Boca Juniors. Muito desperdício e um jogo que não saiu tão consistente como noutras ocasiões. Por norma, actuam numa espécie de 4x3x1x2 ou 4x4x2. Na baliza o uruguaio Sosa. Defesa sólida com o experiente capitão Cubero (ou a jovem promessa Gino Peruzzi) e o experiente lateral-esquerdo Papa a acompanharem a dupla de centrais Tobio-Domínguez (dupla sólida, dois centrais fortes e com personalidade). Meio-campo com o talentoso Bella à direita e os mais centrais Cabral e Cerro. Depois, quer à esquerda quer como "10" aparece o experiente Federico Insúa, enganche de qualidade, com uma qualidade de passe assinalável. Na frente, Lucas Pratto, avançado rápido, tecnicista, excelente acompanhante da grande promessa deste conjunto: Facundo "Chuckie" Ferreyra, jovem avançado de 21 anos, talentoso, com mobilidade assinalável e grande capacidade finalizadora. Curiosamente, neste último jogo contra o Boca, desperdiçou golos incríveis. No entanto, tem sido peça-chave desta bela equipa, agora co-líder, juntamente com o Lanús.
6. Adrian Centurión. Há quem veja nele um projecto de "novo" Dí Maria. Acredito que possa lá chegar, até porque talento não lhe falta. Este ala-esquerdo, que joga no Racing de Avellaneda, é uma promessa séria. Vi-o jogar contra o grande rival Independiente há uns meses e fiquei logo fascinado. Não marca muitos golos (tem 2 no Apertura, um deles ontem na goleada ao Quilmes), mas tem muito futebol dentro de si. Um pé direito de ouro, uma técnica irrepreensível, que o faz brilhar no um-para-um. Alia a isso uma boa visão de jogo, que o faz ter grande influência em todo o jogo do Racing do jovem Luis Zubeldia (31 anos!). Tem 19 anos e vejo a Europa (para um clube médio-grande) como a porta mais próxima!
7. O tacticamente correcto Newell´s Old Boys. Querem uma equipa próxima do ideal táctico de uma equipa europeia na Argentina, quase parente do rigor de uma boa Squadra Azzurra? Vejam jogar, então, a equipa do Newell´s Old Boys, treinada pelo ex-seleccionador paraguaio Gerardo Martino. 4x1x4x1 é a táctica. Tem jogadores com experiência recente de Europa (Heinze, Maxi Rodriguez e Scocco), o que lhe confere uma maior experiência e uma forma quiçá mais fria de abordar o jogo em algumas situações. Vi-os contra o Boca Juniors e houve um jogador que me fascinou, além do que tem fascinado o sensacional goleador Ignacio Scocco. Falo-vos do médio Pablo Pérez, 25 anos, argentino. Muitas vezes parece que só se nota pela sua agressividade (já tem 7 amarelos) mas eu diria que é um elemento estabilizador da equipa. Além disso tem boa cultura táctica e uma capacidade de passe interessante. Pode não ser o melhor jogador do Mundo, mas é muito útil no esquema tacticamente correcto de Gerardo Martino.
8. Os pibitos do Boca e o Tanque que ilumina o ataque. O Boca Juniors é que continua sem fascinar. Parece-me uma equipa que está a decrescer. Como disse o genial jornalista argentino, do mítico El Gráfico, Pablo Manzur, Falcioni tornou este clube tão grande quase pequeno. Na forma de jogar, entenda-se. São uma equipa irregular. Capaz de arrancar uma primeira parte de grande qualidade na casa do líder Velez ou de empatar num jogo sensaborão contra o Newell´s. Salvam-se os jovens craques, um dos quais (Paredes) já falei aqui há umas semanas. O outro é Guillermo Fernández. Tem bons pés mas não lhe antevejo o futuro possivelmente brilhante que terá Leandro Paredes. Esse sim, 18 anos e já mostra maturidade. Agarrou o lugar mas ainda não agarrou na equipa. Leva tempo, é um facto. Ainda assim, vai arrancando grandes jogadas e remates com o seu magnífico pé direito. Depois temos a grande referência deste Boca, neste momento, Tanque Silva. É, claramente, o guia espiritual da equipa. Parece que a equipa joga, muitas vezes, em sua função. Tem jogado acompanhado da eterna promessa Láutaro Acosta, que me parece um jogador interessante mas que tarda em arrancar. As tramas e os dramas da vida de Julio Falcioni, um técnico que nunca há-de ser consensual.
9. Outras boas promessas do Apertura. Guardem estes nomes, apontem na vossa agenda e sigam quando puderem. Boas revelações do campeonato argentino: Luciano Vietto (Racing), 18 anos, médio-ofensivo ou avançado. Rápido a progredir com bola, bom finalizador, apresentando potência no remate. Falta definir em que posição se quer afirmar. Mas que tem muito futuro, isso é indiscutível; depois temos dois bons médios-centros: Guido Pizarro do Lanús, 22 anos e Ezequiel Cirigliano do River Plate, 20 anos. Não chegam muitas vezes junto da área para concretizar mas a sua capacidade de trabalho e passe é muito útil. Destacaria, por último, Lucas Melano, do Belgrano, 19 anos. Ainda a crescer, claramente, mas tem bom disparo de direita...
10. Rapidamente, para terminar, os derbies do fim-de-semana. Arsenal 5-2 Tottenham. Desgraça de Villas Boas. Aparecimento definitivo de Giroud (?) e grandes exibições de Cazorla e Walcott. Sevilha 5-1 Bétis. Banho de bola dos sevilhistas. Reyes, Rakitic, Navas e imagine-se o central goleador Fazio brilharam contra um duro e péssimo Bétis. Sampdoria 3-1 Génova. Vitória sofrida, depois da boa resposta "forasteira" (jogam ambos no mesmo estádio). Grande jogo do médio Poli na Sampdoria. No Génova, destacaria Antonelli, Vargas e, sobretudo, o promissor Immobile.


terça-feira, 13 de novembro de 2012

5 apontamentos sobre o fim-de-semana da Liga Zon Sagres: De um renovado Sporting ao Rio Ave passando por uma mudança de velocidade

1. Finalmente Sporting... Depois de 2 vitórias em 15 partidas oficiais e tantas exibições desprovidas de talento, trabalho, rigor e objectividade, o Sporting voltou a jogar com sentido. E o que significa este conceito de jogar com sentido? Em especial na 1ª parte, vimos uma equipa do Sporting bastante personalizada, estabilizada tacticamente, a pressionar após a perda de bola e a procurar jogadas rápidas de entendimento, resultado da criatividade, talento e velocidade dos homens mais adiantados. Foi um Sporting sem dúvida mais destemido. Ainda não se segura sob pressão (como se viu no segundo tempo) mas para lá caminha. Esta vitória foi a ideal. Depois da derrota em Setúbal e do empate, já no fim, frente ao Genk, acho que, ainda assim, soube melhor voltar às vitórias num jogo deste nível, contra um adversário directo na luta pelo 3º lugar. Excelente vitória, com golo de Van Wolfswinkel (apesar das críticas, ele continua a evoluir e a marcar...). Grande exibição do jovem Eric Dier, do qual eu falei na semana passada. Cruzou para o golo e mostrou muita maturidade. Também Xandão, Elias e Capel estiveram em grande. O melhor? Rui "São" Patrício, autêntico guia espiritual e líder deste leão.
2. Peseiro não treinou o Braga por 45 minutos... Estranho o Sporting de Braga da 1ª parte do grande duelo de ontem: lento na construção, pouco objectivo e a perder muitas bolas na 1ª zona de construção. Não foi um Braga "à" Peseiro. Na 2ª parte sim, vimos um Braga melhor, mais acutilante, com Viana e Micael mais livres para construir, em especial depois da entrada de Hélder Barbosa. Também Alan se destacou neste período, tendo marcado um golo (anulado) e enviado uma bola ao poste. Mas o desastre esteve na primeira parte, da qual sai outra conclusão: sem Custódio, a equipa não se sente tão tranquila na transição, perdendo equilíbrio e muitas bolas para o adversário...
3. No futebol, a segurança está na velocidade... No século XIX, o ensaísta norte-americano Ralph Emerson concluiu que na patinagem sobre o gelo, a segurança está na velocidade. Apraz-me dizer que, no século XXI, no futebol, a segurança está na velocidade. Acho que esta metáfora é perfeita para descrever a chave da vitória do FC Porto, domingo, em casa, frente à Académica de Pedro Emanuel (2-1). A segurança da vitória portista ficou confirmada a partir do momento em que a equipa decidiu acelerar o jogo e os génios se soltaram. Os dois golos, primeiro de James e depois de João Moutinho (remate fantástico, após jogada colectiva sublime, à Porto das grandes noites), foram a confirmação óbvia dessa mudança de ritmo que os dragões impuseram à partida. Perante uma Académica muito bem arrumadinha a nível táctico mas curta em termos ofensivos faltava meter uma mudança na velocidade ofensiva. Tudo mudou, de facto. Moutinho, correcto mas sem alaridos nos primeiros 45 minutos, logo se revelou genial. James, algumas vezes preso de movimentos no primeiro tempo, soltou todo o seu génio e cardápio de regates e passes. Mas para mim é indisfarçável que há outros dois elementos fundamentais na manobra portista, neste momento: o central Otamendi, autêntico patrão da defesa, dos melhores na sua posição a jogar em antecipação e o ponta-de-lança Jackson, que não marcou ontem (incrível!) mas que apoiou imenso os seus companheiros de ataque, além dos espaços que ajudou a abrir, em especial no segundo tempo.
4. Matic, o elemento mais importante. Muito se questionou sobre o que seria feito do meio-campo do Benfica sem Witsel e Javí Garcia. Para já, pelo menos em termos internos, a resposta tem sido francamente positiva. Muito por culpa da evolução de um jovem trinco, cada vez mais jogador e mais influente no "onze" encarnado. Falo-vos de Nemanja Matic. O médio-defensivo sérvio tem realizado boas partidas, com especial incidência para o jogo deste fim-de-semana em Vila do Conde (vitória do Benfica, 1-0). Recuperou imensas bolas, batalhou muito (até se excedeu num lance, em que viu amarelo), subiu até à área contrária para fazer uso do seu 1,94 m e até apareceu a cruzar com qualidade. Quase omnipresente. Grande partida de Matic. Falta-lhe sair mais a jogar mas a médio "tampão" tem cumprido e de que maneira!
5. O belo Rio que corre nas margens do Ave. Há mais um belo Rio Ave, além do rio físico, aquele que nasce lá no alto de Portugal, na serra da Cabreira e desagua precisamente a sul de Vila do Conde. Obviamente me refiro ao Rio Ave FC, equipa que para já tem sido das grandes surpresas da edição 2012/2013 da Liga Zon Sagres. Treinada pelo ex-guarda-redes Nuno Espírito-Santo, a equipa vilacondense tem-se mostrado bastante personalizada, sendo capaz de colocar em apuros qualquer equipa, desde as mais humildes até aos "grandes" (ganhou em Alvalade, empatou o Porto em casa e perdeu, pela margem mínima, em casa, contra o Benfica). Como disse Nuno, no final do encontro deste fim-de-semana, o " Rio Ave jogou olhos nos olhos com o Benfica". Assim foi, na verdade. Após uma primeira parte de dificuldades perante um Benfica pressionante, logo se soltaram laivos de bom futebol da equipa do Ave, no segundo tempo. Em 4x2x3x1 (ou 4x3x3, dependendo das circunstâncias de jogo), o Rio Ave pressionou mais, desenvolveu jogadas em apoio, de pé para pé, tentando sair desde o seu último reduto. João Tomás, Vítor Gomes ou Tope Obadeyi (atenção a este nigeriano, ex-Bolton. Suplente habitual, é muito explosivo e dinâmico, faltando-lhe só uma melhor definição dos lances) chegaram a estar perto do golo. Poderia ser justo. É certo que o Benfica criou mais ocasiões, rematou mais e teve uma boa 1ª parte. Mas terminou a defender, com Jesus a trocar Lima por Miguel Vítor. Acabou quase exausto e fechadinho, num jogo de posse repartida (50% para cada lado). Destaques individuais? O benfiquista Oblak na baliza (muito futuro, excelentes reflexos), o lateral-esquerdo Edimar (bem nas subidas e a fechar) e os médios Tarantini e Felipe Augusto (mistura de experiência e juventude que combinam na perfeição).


terça-feira, 6 de novembro de 2012

Um fim-de-semana em forma de decálogo: de uma orquestra bem afinada a um solista de craveira passando por revelações e grandes clássicos

1. Sinfonia de James nº5.  Este 5 tem naturalmente um significado especial. Além da analogia com 5ª sinfonia de Beethoven, mostra também o número de golos com que o FC Porto despachou o Marítimo na noite da última sexta-feira. Mas não foram só os golos: foram as jogadas, desenhos geométricos superiormente executados, a magia solta de um Bandido colombiano, a arte de regra e esquadro de um João Moutinho, o momento louco e desvairado de um Varela goleador e a confirmação do Cha Cha Cha como nova dança oficial do Dragão. Dragão esse que vibrou com um futebol entusiasmante, de posse, toque curto, fineza no passe e construção simples. Foram 5-0, podiam ter sido mais. Uma bela noite de futebol de um bi-campeão que em casa segue intratável (4 jogos, 15 golos marcados, 0 sofridos).
2. O primeiro leão de Vercauteren ou o último de Oceano? De facto foi a questão que me ocorreu no final de mais uma derrota do Sporting esta temporada (sabiam que o Sporting só venceu 1/7 dos jogos a sério esta época? E se vos disser que já disputou 14 partidas oficiais? Bom, as contas são simples de fazer...): seria este o primeiro Sporting de Franky Vercauteren ou o último de Oceano Cruz? Pareceu-me mais o segundo de Oceano. Um jogo parecido ao de Moreira de Cónegos. Melhor no geral, mas com o mesmo resultado final (entenda-se, derrota). Primeira parte forte dos leões. Com as unidades mais ofensivas em permanente movimento e um Jeffrén a aparecer muitas vezes ao meio, o Sporting ia desestabilizando o conjunto sadino. Que, por sua vez, respondeu num contra-ataque, desenhado de forma brilhante pelo experiente Ney Santos (melhor setubalense ontem) e concretizado pelo extremo-esquerdo Pedro Santos (olho neste rapaz! 24 anos, tem um belíssimo pé esquerdo e mexe-se muito bem, com e sem bola). Leões lá resgataram igualdade por Jeffrén (de forma surpreendente o melhor ontem). Na segunda parte os erros e o masoquismo da defesa leonina voltaram a vir ao de cima. A equipa ia mandando mas faltava criatividade e capacidade concretizadora. O Vitória fez 2-1 e, com 20 minutos para jogar, nunca mais se vislumbrou Sporting. O leão amansou, tremeu, viu os fantasmas que o têm assolado e não mais reagiu. Há, mais que um problema táctico, um problema mental nesta equipa. Vercauteren tem de o resolver e o tempo urge. Quinta vem o Genk e domingo o Braga...
3. Boas novidades na Liga Zon Sagres (parte I). Tenho acompanhado com especial atenção algumas das promessas que vão saindo deste início de época na nossa Liga. Cá vão as primeiras sugestões, desde jovens promissores a jogadores na flor da idade: Bruno Nascimento (Estoril), jovem central de 21 anos, 1,88m, tem postura de grande defesa central, é elegante, domina bem a bola, é forte no jogo aéreo, aparecendo bem a finalizar na área contrária. Jogador com muito futuro, quer me parecer; Jefferson (Estoril), 24 anos, com passado no Fluminense, é um lateral-esquerdo muito interessante. Preocupa-se sobretudo em defender embora seja um jogador rápido e suba bem. Ontem em Coimbra realizou partida quase imaculada. Impecável na leitura de lances e na antecipação. Mais uma bela revelação da equipa de Marco Silva; Rúben Ferreira (Marítimo), 22 anos, internacional sub-21 português, é o lateral-esquerdo titular do Marítimo. Apesar de franzino, revela muita segurança a defender. Destaca-se, no entanto, na maneira como sobe no terreno e incorpora as zonas mais ofensivas. O Braga pode avançar por ele já em Janeiro...; Filipe Augusto (Rio Ave), 19 anos, dos médios que mais me chama a atenção nas equipas médias da Liga. Joga na zona central do meio-campo. É inteligente, tem técnica e tem evoluído tacticamente. Proveniente do Bahia, é internacional sub-20 pelo Brasil; Pedro Santos (V.Setúbal), 24 anos, jogador de que já falei no ponto anterior. Bom pé esquerdo, talentoso, remata bem mas tem de tentar aparecer mais vezes em zonas de finalização. Belo achado, ex-Leixões; e por último, Ghilas (Moreirense), 22 anos, avançado franco-argelino que se tem revelado fundamental para o Moreirense. Forte fisicamente, aguenta bem as cargas e segura bem o esférico para jogar em apoio e desmarcar-se. Tem impacto e faro de golo. Dizem que o Everton o tem seguido em todos os jogos do campeonato...
4. Boas novidades na Segunda Liga (porque o bom futebol também se joga para lá da 1ª...). João Cancelo, Benfica B, 18 anos, jogador muito interessante. Tem jogado regularmente ao serviço da 2ª equipa dos encarnados. Ataca bem, começa a posicionar-se cada vez melhor, se bem que ainda deixe algum espaço nas costas a defender (defeito que já lhe havia reparado no Euro Sub-19). Ontem, frente ao Sporting B, apontou golão após jogada individual e foi expulso, depois de uma acção irreflectida. Falta-lhe um pouco mais de trabalho defensivo, disciplina táctica e controlo emocional para ser uma grande alternativa a Maxi Pereira. Talvez já para o ano...;  Eric Dier (Sporting B), 18 anos, lateral-direito sólido e com grande futuro. Apontou grande golo de livre no jogo de ontem (3-1 para os leõezinhos), além de ter ajudado Bruma a atacar o lado esquerdo da defesa benfiquista. Tem estado em forma e Vercauteren já equaciona o seu nome para trabalhar com a equipa principal; Kizito (Leixões), 18 anos, 1,74m, médio-centro ofensivo recrutado no Bunamwaya do Uganda (sim senhor, leu bem, Uganda!), talento puro a pegar na bola de pé direito e a destilar talento pelos campos da Segunda Liga. Precisa ainda de crescer mais no jogo, do ponto de vista táctico, mas é tecnicamente dotado. Bela promessa, que já leva 5 golos apontados em 9 jogos disputados esta época; Tiago Silva (Belenenses), 19 anos, titularíssimo no emblema de Belém, formado nas escolas do Benfica, tem-se revelado um excelente médio-ofensivo. Trata a bola como poucos, tem boa visão de jogo e aparece bem nas zonas de finalização (5 golos em 16 jogos); Bruma (Sporting B), 18 anos, internacional sub-19 português, foi um dos bons destaques da Selecção no último Europeu da categoria. De origem guineense, tem a ginga típica dos jogadores de raiz africana. Talentoso, corajoso no um-para-um, tem-se revelado como um dos tecnicistas mais promissores do futebol português nos últimos anos. Como não poderia deixar de ser, das escolas do Sporting...
5. O Inter de Stramaccioni pela 2º fim-de-semana consecutivo... Fantástica a reviravolta do Inter em Turim. Triunfo por 3-1, depois de terem sofrido golo bem cedo. Grande comportamento da squadra nerazzurra. Aguentou a pressão inicial da Juve e depois soltou-se em definitivo na 2ª parte. A dupla de carracinhas do meio-campo (Cambiasso-Gargano) "comeu", futebolisticamente falando, o trio-maravilha da Juve (Pirlo-Vidal-Marchisio). Como se fosse um jogo de xadrez, a equipa de Stramaccioni foi derrubando peças, galgando terreno, até conseguir chegar aos golos. Palacio continua em grande forma e fez mais um jogo fenomenal. Sempre a vir buscar jogo atrás, procurando as penetrações em apoio na defesa contrária. Apetece-me dizer que Milito já não consegue viver sem ele. Milito esse que fez 2 golos, decisivos e que o confirmam ainda como um dos grandes avançados da elite do futebol europeu. Corajoso também o técnico interista na maneira como colocou Guarín com 1-1 no marcador, revelando grande astúcia e vontade de vencer o jogo. Nas laterais, Zanetti e Nagatomo passaram dificuldades no 1º tempo, mas soltaram-se em definitivo para uma enorme 2ª parte (quer a defender, quer a atacar). Por último, menção especial para um defesa: atenção ao miúdo brasileiro Juan Jesus. Belíssimo central. Elegante, sai bem a jogar, rápido na antecipação, forte fisicamente, fez inúmeros desarmes decisivos durante o jogo. Proveniente do Inter brasileiro, este jovem vai ser dos grandes centrais do futebol mundial num futuro próximo!
6. A magia da louca Roma. Confesso que adoro ver a Roma atacar. Pressiona alto, joga quase sempre em apoio, tem jogadores brilhantes, especialmente no aspecto técnico. Já a defender deixa muitas vezes a desejar. É uma equipa desequilibrada mas também por isso das mais fascinantes de acompanhar na Serie A.    Vi a squadra de Zeman este fim-de-semana na recepção ao Palermo (vitória por 4-1). Começou em 4x3x3 (como é, de resto, habitual): Goicoechea; Piris, Marquinhos, Burdisso, Balzaretti; Tachtsidis, Florenzi, Bradley; Lamela, Osvaldo e Totti. Excelente a harmonia de jogo da Roma. Com Tachtsidis a roubar e a distribuir (médio que dá estabilidade e segurança a este meio-campo), Bradley a envolver-se em jogadas com Lamela (fizeram a cabeça em água ao lateral-esquerdo do Palermo) e a subir no terreno e Florenzi bem no apoio, a Roma começou a dar cartas a meio-campo. Depois na frente tem 3 pérolas: o irreverente Érik Lamela, promessa argentina, que é talento, repentismo, visão de jogo, desmarcação e capacidade concretizadora num só jogador, apontou um golo e fez uma assistência, em mais uma noite de ilusionista; o ponta-de-lança Osvaldo, jogador móvel, inteligente nas movimentações, perspicaz (como se viu no golo que apontou, aproveitando erro defensivo contrário) e letal na cara do golo; e claro está, o génio do veterano Francesco Totti, 36 anos, um talento e uma força da natureza que vai para lá do entendimento humano (mantém uma clarividência, uma classe e uma influência incrível no jogo da Roma). No entanto quem mais me surpreendeu na noite de domingo foi o lateral-direito Iván Piris, internacional paraguaio de 23 anos, emprestado pelo Deportivo Maldonado, uma espécie de entreposto de jogadores paraguaios. Esteve no São Paulo emprestado antes de rumar à Europa. Fez uma exibição sublime frente ao Palermo. Bem no apoio a Lamela, revelou-se ainda na maneira como ia à linha arrancar cruzamentos para a área. São, aliás, dois passes longos seus, o primeiro cruzamento, o segundo assistência pelo ar (quase involuntária), que resultaram nos dois primeiros tentos dos giallorossi. É rápido, relativamente seguro a defender e tem destreza na maneira como controla a bola. O entendimento com Lamela e Bradley revelou-se francamente bom. Zeman ficou satisfeito. O Palermo, completamente descaracterizado, não foi, no entanto, oponente sério à trémula defesa romanista. Ainda assim fica o registo da magia destilada pelos pés de astros como Lamela ou Totti. Vale a pena ver a Roma...atacar.
7. Manchester United-Arsenal. Foi um jogo interessante, no entanto, bem controlado e bem ganho pelo United. Van Persie está num momento de forma impressionante. Marca, distribui, corre, um dos melhores avançados do Mundo, sem dúvida. Gostei ainda de Rooney e Valencia. No Arsenal fica o apontamento: há talento, jogadores de ataque com muita qualidade, mas não há um grupo forte, consolidado, pronto para atacar títulos. A equipa com Wilshere ganha qualidade de passe mas com Arteta mais atrás perde uma muleta importante para Santi Cazorla. Foi um Arsenal tímido durante boa parte do desafio. Só acordou quando o United adormeceu sob o resultado. Tarde de mais...
8. Revendo Carlos Vela. Acompanhei este fim-de-semana o jogo Real Sociedad-Espanyol. Concentrei-me num jogador em concreto: Carlos Vela, a eterna promessa, que acabou por não resultar no Arsenal. Ainda assim não sendo excepcional, continua a ter pormenores de bom jogador. É, de longe, o mais talentoso de uma aguerrida equipa da Real Sociedad. Quando se solta para o remate, depois de uma bela finta, revejo sempre o Vela do início da carreira, revelação estonteante da escola de talentos de Arsene Wenger. Será que ainda pode chegar ao topo? Dificilmente. Mas a sua carreira não pode ser dada como perdida, porque, felizmente, ainda há quem acredite no seu talento. Vê-lo ali a destilar talento no 17º classificado da Liga Espanhola é, ainda assim, um consolo para a alma...
9. Descobrindo bons pontas-de-lança sub-23 por essa Europa fora... (o facto deste ser o nono ponto, não vem à toa...). Este fim-de-semana fui acompanhando vários jogos de diferentes campeonatos europeus (alguns deste fim-de-semana, outros de algumas jornadas atrás). Ficam aqui 4 descobertas interessantes, uns que já conhecia mas que vos apresento, outros que eu mesmo fiquei a conhecer só agora: Stefanos Athanasiadis (PAOK), 23 anos, já internacional grego, é um dos mais promissores jogadores da selecção orientada por Fernando Santos. Já tinha visto os seus registos e tive a curiosidade de o ver em acção no confronto de domingo entre o Panionios (2º) e o seu PAOK (3º). Aparecimento destacado logo no primeiro tempo do jogo: um pénalti convertido e uma finalização de cabeça, simples, à boca da baliza. Joga bem em apoio, mexe-se bem, além de ter um jogo aéreo interessante e um remate potente de pé direito. Faz 24 anos em Dezembro. Quiçá altura para sair para um campeonato de maior nomeada; Wilfried Bony (Vitesse), 23 anos, internacional costa-marfinense, a prova (a par de Doumbia) de que existe vida ofensiva neste país para além de Drogba. Jogador rápido (especialmente em espaços curtos), de remate potente e com faro de golo. Leva 12 golos em 11 jogos do campeonato (16 em 16 no total). Mais um grande avançado, feito no Sparta Praga e pronto para explodir no Vitesse e logo para sair para um clube da classe média/média-alta do futegol europeu; Pierre-Emerick Aubameyang ( Saint-Étienne), 23 anos, internacional gabonês (esteve em destaque na CAN, onde apontou 3 golos e fez 3 assistências em 4 jogos), formado no AC Milan, joga preferencialmente ao centro mas também pode jogar em ambas as alas (como extremo). Tecnicista, rápido nas movimentações e eficaz nas finalizações ( 7 golos em 11 jogos na Ligue 1). Avançado móvel, marcou um golo e deu uma assistência no surpreendente triunfo do Saint-Étienne no terreno do PSG, no último sábado (2-1). Curiosamente começou o jogo no banco. Pode chegar longe...; Ognjen Mudrinski (Estrela Vermelha), 20 anos, internacional sub-21 sérvio, já terá despertado as atenções do Borussia Moenchengladbach. É alto (1,87m), antecipa-se bem aos centrais, cabeceia bem, segura a bola, joga em apoio com qualidade e finaliza bem, preferencialmente de pé esquerdo. Um jogador a acompanhar nos próximos tempos!
10. Leandro Paredes (e queixava-me eu da ausência de novos Pibes...). ( e deste ser o décimo ponto, também não...). Tem 18 anos e é, desde já, uma das boas promessas do Torneio Apertura. Este sábado, fez 2 golos frente ao San Lorenzo (vitória do Boca, 3-1) e mostrou muito futebol ( o jornal Olé, além de o ter apelidado de novo Riquelme, deu-lhe nota 9 em 10!). Falando dos golos: duas definições espectaculares, derechazos colocados, de fora da área, sem hipótese para o keeper contrário. Tem talento, remata bem de pé direito e possui muitos tiques de Riquelme. Estará para nascer um gigante das canchas argentinas? Esperemos que sim!