terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Apontamentos do fim-de-semana: Da tranquila Luz até à agitação de Diego passando por Jackson, Dantas ou Michu

1. Os mesmos de sempre e um regressado veterano de guerra. O Benfica deste fim-de-semana, pese embora o facto de defrontar a surpresa Paços de Ferreira, foi uma equipa super-tranquila e que venceu um jogo aparentemente difícil com enorme facilidade. Para isso, muito contribuiu a garra inicial demonstrada pelos encarnados, que, desde início, foram mais incisivos e, mesmo sem massacrar, conseguiram um resultado gordo (3-0). Mais uma vez brilharam algumas das principais figuras da época benfiquista: Salvio jogou, Matic destruiu e Enzo Pérez marcou. No entanto, uma das figuras maiores da noite foi um retornado. Neste caso, um retornado das trevas dos bancos de suplentes. Falo de Carlos Martins. Entrou ao intervalo para o lugar de Enzo. Logo se destacou com letal assistência para Cardozo, que só não deu em golo por culpa de Cássio. De seguida, marcou o canto que resultaria no 2º golo. Dinamizou jogo, descobriu linhas de passe e tentou a meia-distância. Finalmente, teve colaboração no lance do 3º golo. Uma noite em cheio, numa altura em que Jesus necessita de ter boas alternativas. A continuar assim, Martins é mais um "reforço"
para a fase final da época.
2. Jackson: como ser vilão e herói na mesma história. Parece uma inevitabilidade: a cada fim-de-semana que passa tenho de falar de Jackson Martínez. Parasse ele de marcar golos, que eu porventura não falaria dele (se calhar até sim, falaria da estranha ausência de concretizações...). Mas Jackson não pára, é daqueles matadores infalíveis que parece nunca descansar, procurando sempre a próxima vítima a atacar. Este fim-de-semana, o Rio Ave foi o alvo da fúria goleadora do craque de Barranquilla. Isto depois de um pénalti falhado, de forma algo displicente, ao tentar imitar o mito Panenka. Ou seja, primeiro vestiu fato de Darth Vader, sombrio e assustador, deixando toda a gente incrédula, para, logo depois, passar a ser uma espécie de Luke Skywalker, herói e salvador da nação portista numa noite complicada (este Rio Ave de Nuno Espírito Santo não tem complexos, defende com rigor e explora a contra-ofensiva com grande perigo). Jackson Martínez: what else?
3. O manifesto pró-Dantas do Estoril-Sporting. Júlio Dantas, nome forte da literatura portuguesa nos finais do século XIX e inícios do século XX, constatou outrora que não se é talentoso por ser moço, nem genial por se ser velho. Vem esta frase à memória depois de ver o Estoril-Sporting. Os leões não foram necessariamente talentosos (excepto o irreverente Bruma) por apresentarem uma equipa jovem, assim como os da Linha não foram geniais, apesar da maior experiência (bastou-lhes serem letais e aproveitarem 3 lances de bola parada). Foi um jogo interessante, onde se viu claramente que o Sporting, apesar da boa vontade de Jesualdo Ferreira em lançar jovens, precisa de mais pulso nalguns momentos, de mais experiência. A juventude teve os seus bons momentos (arrancadas de Bruma) mas também teve os seus deslizes comprometedores (depois do belo jogo em Barcelos, Zezinho errou mais neste encontro). Do outro lado, grande aproveitamento estorilista. Erro de marcação após canto curto, Jefferson empata. Erro de Patrício, cometendo pénalti, marca Steven Vitória. Por último, magnífico livre directo de um dos bons médios-centro, de características ofensivas, que vão aparecendo na nossa Liga (Carlos Eduardo). O Estoril não precisou de ser genial para bater um leão intermitente.
4. Éder(bayor). Outro dia discutia Éder com um amigo meu. Quase como se fôssemos dois intelectuais discutindo Júlio Verne num qualquer café parisiense. Dizia ele que Éder não lhe enche as medidas, que é um avançado perdulário e que deveria marcar muito mais golos para as oportunidades de que dispõe. Eu servi de advogado do diabo (de Éder, neste caso). Além dos números (13 golos para já, só na Liga), falei-lhe da dimensão ofensiva do internacional português, na melhoria em termos de movimentos, na recepção de bola e  do aumento da capacidade de concretização em frente às balizas adversárias. Éder está a ser, sem dúvida, uma das figuras da Liga 2012/13. Neste estranho e irregular Braga vai sobressaindo a veia goleadora do ponta-de-lança de origem guineense que, este fim-de-semana, no derby frente ao Vitória de Guimarães, voltou a salvar a pele de um fragilizado José Peseiro.
5. Demolidor Bayern. É incrível a capacidade de destruição que este panzer da Baviera possui. Depois da vitória sem espinhas frente ao Arsenal, na passada semana, o Bayern voltou à Bundesliga com fome de golos. Como se fosse um gigante que se alimenta de pequenas presas, indefensáveis e amedrontadas. Este fim-de-semana a vítima do predador foi o Werder Bremen. Resultado: 6-1. Uma orgia de golos digna de jogo de hóquei de patins. Robben, Ribery, Shaqiri, Gomez e até os médios Javi Martinez e L.Gustavo mais o aditivo lateral Lahm desfizeram por completo a humilde defensiva nortenha. Um conjunto de jogadores poderosos (de pensar que no banco e bancada estavam ainda elementos como Mandzukic, Kroos, Schweinsteiger ou Alaba...), uma ideia de futebol apelativa (grande segurança com bola no pé, circulando-a de uma maneira quase perfeita, capacidade de atacar organizado e/ou em transição) e golos, muitos golos. Guardiola prepara-se para receber um colosso das mãos do veterano Juup Heyneckes (cumpriu o encontro 1000 na Bundesliga, enquanto jogador e treinador).
6. O Swansea de Michu. Pode parecer injusto para um conjunto de jogadores de grande qualidade (Dyer, Britton, Routledge ou De Guzmán, por exemplo) mas eu creio que este é mesmo o Swansea de Michu. O jogador espanhol é a referência maior do conjunto galês que levantou, no último domingo, a Capital One Cup (Taça da Liga inglesa). Jogando como "falso 9" e partindo desde trás, é o centro das atenções de quem o marca, dos seus companheiros e de quem está de fora, a assistir ou analisar o jogo. Michu é um jogador alto, aparentemente tosco, mas que define cada vez melhor (o movimento técnico no golo deste fim-de-semana é sublime). Leva muitos golos apontados, apresentando um registo de "9", sendo que não passa de um "falso 9". Laudrup, ex-jogador de craveira e agora destinado a ser um dos grandes dos bancos, enquadrou-o na perfeição no "onze" dos Cisnes. Tão bem o enquadrou que ele passou a ser o centro do jogo do Swansea. Se não saírem entretanto, quero muito ver a dupla Michu-Laudrup nas competições europeias. Um em campo, outro no banco, dois intérpretes de bom futebol (PS: de repente, veio-me à cabeça o que seria colocar o Laudrup-jogador junto a Michu. Assistência teleguiada perfeita do dinamarquês, para Michu finalizar num leve e fino golpe. Seria igualmente magnífico de se ver...).
7. A armada francesa de Newcastle (+ um intruso senegalês). Domingo, 24 de Fevereiro de 2013. A data fica para a história do Newcastle United: comemorou-se o "French Day". Vários adeptos levaram bandeiras francesas e a instalação sonora do St.James´Park entoou o hino gaulês. Tudo isto como forma de homenagear e motivar os vários jogadores franceses da equipa do Newcastle, eles que têm contribuído para a recuperação do Toon no campeonato inglês. Debuchy à direita, inexcedível a defender e a apoiar ofensivamente, Cabaye, mestre a abrir linhas de passe, Gouffran, agitando o jogo com a sua técnica na esquerda e Sissoko, qual vagabundo, jogando a toda a largura, mostrando capacidade de sair em apoio e dando dimensão física ao meio-campo dos magpies. A estes 4 craques se junta um senegalês com muito apetite pela baliza: Cissé. A execução no 2º golo do Newcastle ao Southampton (vitória por 4-2) é de antologia: remata de primeira, sem deixar cair e de fora da área. Colosso.
8. Inter-AC Milan. Era um dos grandes jogos do fim-de-semana. Empataram 1-1, numa bela disputa futebolística. Primeira parte pertenceu por completo ao Milan, asfixiante na pressão exercida sobre o último reduto interista, com especial atenção para as subidas de Muntari, com Boateng também muito activo nesse papel de recuperador de bola. Nas laterais, Abate e De Sciglio alargavam, criavam linhas de passe e cruzavam, quase sem oposição. No meio, apareciam as setas Balotelli e, sobretudo, El Sharaawy, que marcou o golo dos rossoneri (belíssima trivela, após recuperação e assistência magistral de Boateng). Do outro lado, um Inter tímido e curto na 1ª parte deu lugar a um Inter mais alegre e criativo no 2º tempo. Cassano soltou-se mais, assim como Palacio e Guarín. O Milan, por sua vez, pressionava menos em cima, o que deixava mais espaço para respirar à equipa de Andrea Stramaccioni. O golo chegou, de forma supreendente, através dum cruzamento de Nagatomo, direitinho à cabeça do médio-ala Schelotto (recrutado em Janeiro à Atalanta). Apesar da 1ª parte sufocante do Milan, o empate acaba por ser um resultado justo. Ao fim de 24 derbies, novo empate entre os donos do San Siro. Assenta-lhes bem.
9. Feyenoord-PSV. Grande clássico também na Holanda. O Feyenoord derrotou o PSV Eindhoven (2-1), depois de uma 2ª parte a roçar o brilhante. No 1º tempo, jogo menos aberto, com o Feyenoord a mandar e o PSV a defender, organizado, embora com dificuldades para parar os irreverentes extremos Schaken e Boetius (grande jogo do menino de 18 anos). Forasteiros em vantagem, depois de erro inusitado do craque Jordy Clasie. No entanto, tudo mudou nos últimos 45 minutos. O Feyenoord mandou por completo. Boetius destruiu a defesa com os seus dribles, repentismo e velocidade, Clasie construiu e Schaken e Pellè finalizaram. Tudo perfeito para os de Roterdão. Uma vitória justíssima que equilibra imenso a luta pelo título no país das Tulipas.
10. Diego Costa. Para finalizar a habitual ronda de fim-de-semana, falo-vos de Diego Costa. O avançado brasileiro do Atlético de Madrid está num momento de forma excepcional. Dá tudo em campo, não desiste de um lance. Rápido, pega na bola, foge com ela e nunca mais ninguém o vê. Excelente complemento para Falcao. É um jogador muito combativo e com grande pujança física. Em 4x4x2, é um avançado ideal para jogar em apoio. Prefiro vê-lo junto a Falcao do que sozinho, jogando só com o apoio de dois alas. Uma parelha dos diabos, capaz de proporcionar grandes dores de cabeça aos defesas adversários e muito golos para o Atleti.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Apontamentos do fim-de-semana: Da magia negra do Dragão até a um novo Pibito passando pelas lições das nobres escolas do futebol

1. A pérola africana e o goleador que não (se) cansa... O FC Porto jogou este fim-de-semana num ritmo a que eu gosto de chamar "descanso activo". Mandou por completo no desafio frente ao Beira-Mar, não sofreu aflições atrás e foi eficaz na frente. Não precisou de insistir demasiado para conseguir construir vitória tranquila. Os golos foram apontados por Christian Atsu e Jackson Martínez, elementos com diferente protagonismo na carreira portista. Atsu é uma pérola que vai sendo trabalhada aos poucos. Leva tempo "construir" um jogador destes. Aperfeiçoá-lo, melhor dizendo. O golo deste último encontro mostra como também já consegue ser decisivo. Pega na bola, ao centro, longe da zona onde desborda com douta facilidade os adversários, e remata-a, de pé esquerdo, encaixada na gaveta de más memórias do guardião Rui Rego. Um momento tão bonito quanto simples. E o que dizer mais de Jackson, além de que estamos perante um colosso, um fenómeno de área? Tem tido um rendimento extraordinário para um estreante no futebol europeu. Absolutamente soberba a execução aos aveirenses: recupera a bola a meio-campo (mostrando que também ajuda atrás...), desmarca Moutinho, na direita, que depois o encontra na área, solto, esperando pela bola como um caçador que anseia pela passagem da presa, e este, com subtil finta, tira Hugo do caminho e faz baloiçar as redes. Mais um momento para coleccionar de Jackson "Cha Cha Cha" Martínez. 20 golos em 19 jogos na Liga. O rapaz não se cansa (nem nos cansa)...
2. Lima, Jesus e "autocarros". O Estádio da Luz assistiu este fim-de-semana a um dos jogos mais aborrecidos da nossa Liga nos últimos tempos. Frente-a-frente um Benfica cansado e lento perante uma Académica muito bem montada atrás, puramente defensiva. O duelo foi mole, até entediante em alguns momentos e foi decidido com um penalty (um jogo daquele jeito só mesmo de bola parada...) aos 95´. Alguns apontamentos há para contar (o rendimento apagado de André Almeida a trinco, com o meio-campo encarnado a pedir meças por Matic, o belíssimo jogo dos centrais e guarda-redes academista...) mas fico-me por 3 ideias-chave: 1ª, Lima. Muito mérito do brasileiro nesta temporada. Tem sido o abono de família do Benfica em jogos complicados como este. Desde o melhor Saviola que Cardozo não tinha tão bom complemento. 2ª, a maneira como Jorge Jesus pareceu estranhamente apático nalgumas decisões que tomou. Com aquela 1ª parte deveria ter sido mais vigoroso e algumas coisas podiam ter mudado, quando muito, ao intervalo. 3ª e última, "autocarros". Já confessei aqui que sou um admirador de futebol requintado. Mas também sou capaz de gabar e até admirar sistemas defensivos bem compactos. Quando não dá para mais, aceito a defesa do resultado. O que Olhanense e Académica fizeram nestes 2 últimos fins-de-semana, embora anti-espectáculo, é legítimo. Parafraseando Pedro Emanuel, "saber defender também é uma arte...".
3. O professor e a juventude das noites triunfantes. Victor Hugo dizia que quando somos jovens, temos manhãs triunfantes. No caso dos jovens do Sporting, são mesmo noites triunfantes. Pelo menos a do passado sábado foi. O Professor (Jesualdo Ferreira) não teve medo de lançar às feras os seus mais imberbes alunos e estes corresponderam logo de início: aos 6 minutos, já Bruma e Tiago Ilori, ilustres jovens da nobre Academia leonina, tinham colocado o Leão em vantagem. Um é extremo, o outro central, muito potencial escorrendo nas suas veias (apesar da falha de Ilori que deu golo para o Gil...). Mas não foram só eles que jogaram na equipa titular. Também o defesa Eric Dier e o médio Zezinho (brilhante neste jogo, equilibrou a equipa e deu sentido ao meio-campo) saltaram um patamar na sua evolução (no caso do primeiro já tinha acontecido, com Vercauteren ainda aos comandos). 4 titulares que, até há bem pouco tempo, só em sonhos imaginavam ter a possibilidade de jogar em simultâneo na equipa principal, num jogo de Liga. Agradeçam ao Prof aí da casa. Arriscou em prol de um futuro melhor para o Sporting!
4. Sangue novo no Berço. Para além do Sporting, há outro exemplo de aproveitamento perfeito de jogadores da equipa B na equipa principal. Falo-vos do Vitória de Guimarães. Fustigado pelas dívidas, o clube minhoto decidiu virar-se para a cantera. Para já o resultado tem sido francamente positivo. Ontem, durante o encontro contra o Moreirense, cheguei à conclusão de que esses jovens, já utilizados com regularidade, têm ganho maturidade e vão crescendo em termos de preponderância dentro da equipa. Ricardo será, porventura, o mais destacado. Dono de uma técnica entusiasmante, baila com os adversários, levando-os numa dança inebriante até à linha, de onde geralmente tira bons cruzamentos. Está a crescer no um-para-um, está mais maduro, perde menos bolas. A evolução com a permanente titularidade tem sido notória. Depois temos outros dois jovens, que ganharam a titularidade nos últimos meses, e que têm rubricado, geralmente, partidas muito conseguidas: o central Paulo Oliveira e o médio Tiago Rodrigues. O primeiro esteve emprestado ao Penafiel (onde se destacou) e o segundo revelou-se na 1ª volta ao serviço da equipa B. Tal como Ricardo, vêm da cantera vitoriana. Oliveira joga sempre muito concentrado, projecto de central elegante, por norma bem posicionado. Tiago Rodrigues é um médio-centro com boa visão de jogo, capacidade criativa e bom remate. Têm pormenores a melhorar, é claro, mas o progresso que têm feito é indiscutível. Que bom é para o futebol português olhar para estes casos de sucesso em tempos difíceis. Como diz o povo, as crises também trazem coisas positivas...
5. Espanha noutro prisma: observando as equipas mais pequenas. Este fim-de-semana, confesso, além de resumos, não vi os jogos de Real Madrid, Barcelona ou Atlético de Madrid. Preferi ir ver como anda a Espanha dos pequenos. Aliás já vinha assistindo a vários jogos nos últimos tempos. Bom futebol, jogadores muito interessantes e, sobretudo, equipas sem medo de atacar. No fundo, há entretenimento. Afinal não é só em Inglaterra que os jogos são estimulantes...
6. Barrada-Castro-Colunga: um trio diabólico. No Getafe-Celta, brilharam estes 3 rapazes. Barrada, nº10 do Geta, fez uma exibição estrondosa, a provar que rapidamente pode dar o salto para um escalão superior. Rematador, bem a construir jogo, a distribuir para Colunga, esteve muito activo. Regressou da CAN muito motivado. Depois temos Diego Castro, experiente médio-ala espanhol, jogador tecnicista, rápido, capaz de aparecer também em zona de finalização. Marcou um golo e encheu o campo com o seu dinamismo. Por último, Adrián Colunga. Caindo na esquerda e fazendo movimentos para o centro, desconcertou a defesa do Celta de Vigo. Apontou um golo e criou mais 5 ocasiões, só na 1ª parte. Dinâmico, móvel, repentino e eficaz. O ataque do Getafe, em 45 minutos, mostrou que em Espanha não são só os Messis, Ronaldos ou Falcões que brilham...
7. Real Sociedad-Levante. Um belo despertar dominical assistir a este duelo de candidatos à Europa. Empataram 1-1, num jogo em que, mais uma vez, a Real Sociedad jogou praticamente toda a 2ª parte contra menos um. É uma equipa interessante, capaz de dominar o adversário e pressionar com as linhas subidas mas às vezes parecem faltar ideias e, sobretudo, eficácia. Tem uma excelente dupla no meio-campo (Markel Bergara-Illarramendi) e um lateral-direito forte, Carlos Martínez, dos melhores em Espanha. Apoia e dá profundidade e defende com muito critério. Lá na frente soltam-se os criativos (Chory, Griezmann e Vela). Neste jogo a Real terminou com 3 pontas-de-lança mas só isso. Oportunidades para marcar foram escassas. E tudo graças a um esquema defensivo do Levante que resultou na perfeição, em especial no 2º tempo. A equipa de Juan Ignacio Martinez (conhecido em Espanha como JIM) costuma jogar muito organizada, com uma dupla de meio-campo brilhante, que mistura trabalho "pica-pedra" e classe na saída (Diop-Iborra). Na frente não deu muito nas vistas. Martins esteve sempre muito escondido e até o playmaker Michel quase só apareceu para converter o pénalti do empate. Defensivamente a equipa esteve bem, com destaque para os centrais (Ballesteros-Vyntra) e para o lateral, entrado na 2ª parte, Juanfran (limpou tudo). Apesar de ter mais posse e remates, o resultado é um castigo justo para a Real Sociedad. E um prémio para o conjunto de Valência, que continua a mostrar boas performances tácticas.
8. A melhor escola francesa. Voltando ao tema das escolas, mas agora em França. Para vos falar de um case-study chamado Olympique Lyonnais. Pode não ter a força da equipa hepta-campeã mas continua a mostrar ao mundo que há muita qualidade e talento a despontar nas escolas do clube. Este fim-de-semana venceram o Bordéus, fora de casa, por 4-0. Um jogo muito sólido, dominado na totalidade pela equipa de Remi Garde, que se sentiu muito confortável com a bola nos pés (acertaram 80 % dos passes). Com Gonalons e Fofana a trabalhar no meio-campo (o primeiro mais defensivo, o segundo a sair com bola e a tentar o remate) e Grenier mais próximo de Gomis, na 2ª linha, o Lyon funcionou na perfeição. Um trio de jovens jogadores que trazem uma nova vida ao "onze" do Olympique. Fofana foi contratado esta época, mas Gonalons e Grenier pertencem à casa. Assim como, por exemplo, Lacazette, que tem feito uma época sensacional. E no banco vão-se sentando Ghezzal ou Benzia...Provas de como o trabalho de formação continua a ser bem feito para os lados dos Alpes...
9. O 3º golo do Liverpool e um cheirinho a Coutinho... Foi uma dos momentos mais vistosos do fim-de-semana. Uma jogada colectiva a fazer lembrar o Barcelona. Entre José Enrique, Suárez e Sturridge, com finalização do primeiro, e ao primeiro toque, se construiu estupenda jogada. Aquilo foi Liverpool de Rodgers no seu melhor. Diria mesmo noutro registo, para lá do melhor que já tínhamos visto esta época. Isto num jogo totalmente dominado pelo Liverpool. Ganharam 5-0 ao Swansea mas podiam ter sido mais, tal o número de oportunidades. Futebol de posse, asfixiante e com momentos técnicos brilhantes. Será que a titularidade de Coutinho teve algo que ver? Um bocadinho, sim...
10. Luciano Vietto. Para terminar a longa corrida de fim-de-semana, vamos até ao início deste mesmo. Mais concretamente ao começo de madrugada de sexta-feira para sábado. Racing de Avellaneda-Argentinos Juniors. Eu vi novamente magia a acontecer no Cilindro de Avellaneda (nome pelo qual é carinhosamente tratado o Estádio Juan Domingo Perón). Magia que transbordou dos pés de um dos jovens craques que vão aparecendo nas canchas argentinas. Falo de Luciano Vietto. O craque do Racing pegou na bola na esquerda, acelerou pelo meio de vários adversários e à entrada da área, como é seu timbre, atirou forte disparo, sem hipóteses para o portero contrário. Um movimento tão simples quanto belo, isto na sequência de uma bela exibição. É um avançado com boa mobilidade, forte disparo e aceleração em espaços curtos e médios. Uma pérola a nascer no "jardim" cilíndrico de Avellaneda. Para seguir com atenção nos próximos tempos!

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Liga dos Campeões, Real Madrid-Manchester United em 5 pontos





1. O mito da Décima. Há em torno desta eliminatória uma espécie de fantasma, conhecido para os lados de Madrid, como a Décima. Desde 2002 que o Real Madrid não alça a taça mais importante do futebol europeu de clubes.  E essa distância temporal começa a desesperar o madridismo. O jogo desta noite representa um possível primeiro passo rumo à concretização de um sonho. A pressão está toda do lado da equipa treinada por José Mourinho. Irão aguentar?

2. A batalha CR7-RVP. Cristiano Ronaldo e Robin Van Persie, dois monumentos futebolísticos que sobem ao relvado do Santiago Bernabéu esta noite e que, muito provavelmente, serão neste momento as figuras de ambas as equipas. Chegam em grande forma a este embate. E este será mais um dos duelos a acompanhar esta noite. A velocidade, verticalidade e remate de CR7 contra o jogo a toda a largura, a inteligência de movimentos e a fineza de remate de RVP. Podem decidir o jogo, claramente...

3. Real ao ataque. Parece-me quase certa a estratégia a adoptar pelos campeões espanhóis esta noite: dominar um adversário previsivelmente montado para jogar atrás da linha de meio-campo. Através da inteligência de passe de Xabi Alonso e das incursões de Khedira até à 2ª linha, o Real irá pressionar o United, alargando depois o campo, com as entradas do veloz Di Maria e da "Máquina" CR7. No meio destes dois, vai estar um elemento que pode ser chave nesta partida: Mesut Ozil. O "10" do Real Madrid está num bom momento de forma e com espaços para respirar, entre-linhas, poderá tornar-se num dos heróis desta eliminatória. Em termos defensivos, levantam-se dúvidas: Pepe ou Varane? Arriscar com o português, recém-recuperado de lesão mas um "monstro" em termos defensivos ou voltar a colocar o jovem francês, que deu tão bem conta de Messi recentemente, mas que hoje poderá ter pela frente avançados doutra dimensão física? Veremos o que faz Mourinho. Certo é que podemos esperar um Real Madrid pressionante com bola, a saber ocupar os espaços a defender e a tentar aproveitar a velocidade e criatividade da sua linha ofensiva. Para mim, são favoritos.

4. Man.United à defesa... Desde que o sorteio da Liga dos Campeões ditou este confronto, temos vindo a assistir a uma tentativa de Sir Alex Ferguson de colocar a equipa atrás da linha da bola. Não durante um jogo inteiro, mas em fases dos jogos. Certo é que, nos últimos 2 meses, se tem notado uma progressão significativa do jogo defensivo do Manchester. Sofre menos golos, uma consequência da melhor ocupação de espaços quando baixa as linhas. Ainda no último fim-de-semana, frente ao Everton, jogando em casa, o United cedeu a bola à equipa de David Moyes. Depois tratou de defender com critério e atacar em jogadas de transição. Já o havia feito, por exemplo, frente a Southampton (também em casa) ou na difícil deslocação ao terreno do Tottenham, só para citar alguns exemplos recentes. Por isso creio que Ferguson irá optar por colocar um terceiro médio-centro, além de Carrick (fundamental a equilibrar a equipa) e Clerverley (que dá uma dimensão mais ofensiva ao jogo do meio-campo): Phil Jones. Outro nome a ter em conta neste duelo. Jogador forte nos duelos físicos, sabe sair a jogar e sabe cometer faltas úteis. Para travar o meio-campo do Real essa poderá ser uma solução, já testada, aliás, frente ao Everton (ainda que com Carrick sentado no banco). Veremos. É defender bem e apostar na velocidade de Valencia, nos movimentos interiores de Rooney e na larga amplitude ofensiva de Van Persie. Segredos para obter um bom resultado no Bernabéu...

5. Para finalizar, os meus "onzes": Diego López; Arbeloa, Sergio Ramos, Varane, Fábio Coentrão; Khedira, Xabi Alonso; Di Maria, Ozil, Cristiano Ronaldo; Benzema / De Gea; Rafael, Ferdinand, Vidic, Evra; Carrick, Jones, Cleverley; Valencia, Rooney, Van Persie.


terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Liga dos Campeões- Celtic vs Juventus: Históricos de museu de regresso ao topo





Celtic e Juventus. Dois históricos do futebol europeu, equipas de museu, encontram-se esta noite no esplendoroso Celtic Park para um encontro previsivelmente disputado, uma autêntica batalha entre duas armadas, com diferentes munições, mas com muita vontade de brilhar ao mais alto nível. Até porque são duas formações que têm andado afastadas do topo do futebol europeu nos anos mais recentes. Isto terá natural influência no desempenho de ambas as equipas, em especial na Juventus, que procura incessantemente um regresso aos títulos também a nível europeu.

O que podemos esperar deste confronto então? Seguramente, um duelo muito físico, como é habitual nos jogos disputados pelo Celtic em casa. Os escoceses procuram promover um futebol combativo, utilizando um estilo mais britânico, que privilegia igualmente o jogo directo. Esta vai ser a chave do duelo: perceber como a Juventus se vai adaptar ao esquema mais fechado dos escoceses e o que vai fazer para contrariar essa disposição táctica previsível dos católicos.

Em termos de prestação na Liga, ambas as equipas estão em grande forma e parecem claramente encaminhadas para mais um título. No entanto, não é o mesmo ser campeão contra o Nápoles, Inter ou Milan do que contra o Inverness, Motherwell ou St.Johnstone. Isto pode, naturalmente, fazer a diferença, em especial no segundo jogo, em Turim. Creio que será aí que esta eliminatória se vai decidir, muito provavelmente a favor dos transalpinos.

Passando a uma análise mais detalhada das equipas, acredito num Celtic bem montado atrás, tentando depois sair em rápidos contra-ataques. É uma equipa que remata pouco (só fez 30 remates em toda a fase de grupos) e que procura na frente, sobretudo, apoios no gigante Samaras. Defensivamente é uma equipa unida e competitiva. Esta noite, Neil Lennon deverá apostar em Matthews e Lustig como laterais, com Mulgrew e Wilson a formarem dupla ao centro. Destes quatro, destaco Mulgrew, um jogador que eu vejo com capacidade para chegar a uma Liga superior. Creio que assentaria bem num clube médio da Premier League. Sabe sair a jogar (visto que tem formação de lateral-esquerdo), dá muitos golos e marca alguns. E defende com qualidade. De resto, interessante projecto de lateral à direita (o jovem galês Matthews) e um Lustig que parece o ponto fraco desta defesa (não é muito agressivo a defender e deixa algum espaço nas costas).

No meio-campo está o jogador mais valioso desta equipa (a par do guarda-redes Forster): falo-vos de Victor Wanyama, jovem médio queniano, que foi uma das revelações da fase de grupos desta competição. Grande pulmão do meio-campo, recupera imensas bolas e abre muito bem jogo com o seu pé direito. Muitos comparam-no já a Patrick Vieira. E, de facto, tem uma dimensão enorme nesta equipa, tanto física como táctica.

A seu lado deverá jogar Joe Ledley, enquanto que nas alas deverão estar Commons e Forrest, jogadores dinâmicos mas sem uma técnica primorosa. E eles poderão muito bem ser os principais municiadores do ataque, onde aparecerão a torre Samaras e o jovem goleador Gary Hooper. Uma equipa interessante do ponto de vista táctico. Obra de Neil Lennon, um treinador que está a obter grande rendimento com um plantel claramente menos forte do que os restantes 15 protagonistas destes oitavos-de-final.

Pela frente, terão uma Juventus motivada. Vem de uma grande exibição contra a Fiorentina, num jogo em que Pirlo, Vidal e Marchisio, trio-maravilha do meio-campo juventino, sacaram do seu cardápio de bom futebol. E poderá ser aí que vai estar a chave deste jogo. Na luta a meio-campo. Importa perceber até que ponto a dupla Wanyama-Ledley irá conseguir travar a força criativa e o jogo interior dos bianconeri. Se o conseguir, dificilmente a Juventus sairá de Glasgow com um resultado confortável.

O esquema a apresentar por Antonio Conte deverá ser o habitual 3x5x2. Buffon na baliza, trio defensivo composto por Barzagli (em grande forma, um colosso defensivo neste momento), Bonucci e pelo uruguaio Cáceres. No meio-campo central, o tal trio de que falei lá atrás, apoiado pelo brilhante Lichtsteiner (dos melhores laterais da actualidade), à direita, e por De Ceglie, à esquerda. No ataque, prevejo nova titularidade de Matri e Vucinic, dupla que se coordenou na perfeição no último jogo frente à Fiorentina. Vucinic em excelente forma, vem atrás buscar os apoios e muitas vezes aparece atrás de Matri, mais fixo, próximo da área, que, digamos assim, é a sua casa táctica por excelência.

Podemos esperar, portanto, um bom duelo. Uma Juventus que privilegia o jogo interior, procurando integrar os laterais em apoio e em constantes movimentos de subida. Uma equipa que é flexível e, geralmente, se sabe reagrupar em termos defensivos. E, certamente, uma equipa que terá mais bola, perante um adversário organizado atrás e que tenta dar o golpe na contra-ofensiva. Lennon, Conte, é hora de tirar as equipas do museu das conquistas antigas e passá-las para a modernidade!

Liga dos Campeões- Valência vs PSG: Bem-vindos à classe média-alta do futebol europeu!






De todos os jogos dos oitavos da Liga dos Campeões, este Valência vs Paris Saint-Germain será, seguramente, um dos confrontos de desfecho mais imprevisível. Duas equipas da chamada "classe média-alta" do futebol europeu, uma mais habituada a estas andanças nos últimos anos, a outra com jogadores que tratam a Champions por tu, mas pela primeira vez todos reunidos, num conjunto de superstars que traz ilusão ao futebol francês. Portanto, trata-se de um duelo apaixonante, onde o factor-casa, aliado a um pragmatismo forasteiro, será decisivo.

O Valência chega a este confronto na sequência de uma interessante série de resultados. Desde que Ernesto Valverde chegou ao Mestalla, o único revés sério foi mesmo a goleada sofrida frente ao Real Madrid, em casa (5-0). De resto, resultados e exibições muito interessantes, em especial há pouco mais de uma semana, quando os ché travaram o todo-poderoso Barça, com uma grande exibição táctica. É nítido que o Valência ganhou maior consistência com Valverde ao leme. Sobretudo consistência táctica mas também consistência mental. É uma equipa mais equilibrada e com uma tendência menos acentuada para cometer erros infantis.

E como podemos perspectivar o Valência tacticamente? Muito provavelmente em 4x2x3x1. Em termos defensivos, sobressai a ausência de Cissokho, lateral capaz de dar muita profundidade do lado esquerdo. Jogará Guardado no seu lugar, uma adaptação, que do ponto de vista ofensivo até é interessante. Depois na direita o português João Pereira, que vem realizando uma excelente época, defendendo com critério e apoiando o ataque com qualidade. No centro da defesa, um dos meus centrais preferidos a nível europeu neste momento: Adil Rami. O francês é implacável na marcação, central fortíssimo e muito bom no jogo aéreo. A seu lado outro português, Ricardo Costa, que poderá passar um mau bocado com Ibrahimovic.

Da defesa para a frente, muita qualidade, tanto do ponto de vista da construção de jogo e da saída de bola (Banega ou Tino Costa), como no plano mais técnico e veloz do jogo (Feghouli). Valverde deverá juntar Parejo e Tino Costa atrás do "10" Banega, num meio-campo tecnicamente dotado e com qualidade de passe. Na ala direita, o virtuoso Sofiane Feghouli, entretanto regressado da CAN e na ala esquerda, com tendência a fazer movimentos interiores e até aparecer junto a Soldado como segundo avançado, vai estar o brasileiro Jonas. Um meio-campo criativo aliado a um ataque com muito sentido de baliza.

Do outro lado vai estar um PSG igualmente motivado, dado que chega de uma série de vitórias seguidas (4) bastante considerável. Tem crescido muito ao longo da época a equipa de Carlo Ancelotti. Na primeira metade da época, o técnico italiano foi variando entre o 4x4x2 e o 4x3x3. Ultimamente, tem estabilizado a equipa no primeiro esquema. E creio que é mesmo assim que se irão apresentar, esta noite, no Mestalla.

Prevejo que Ancelotti vá apostar no seguinte onze: Sirigu; Jallet, Alex, Sakho, Maxwell; Verratti, Matuidi; Pastore, Lavezzi; Menez e Ibrahimovic. Não sei bem porquê mas não consigo perspectivar o onze para hoje sem Menez, em especial depois da 2ª parte fantástica que realizou frente ao Bastia na passada sexta-feira. E também tenho algumas dúvidas no que toca a titularidade de Lucas Moura, jogador indubitavelmente talentoso mas que parece ainda não ter encontrado o seu habitat natural no esquema de Ancelotti. Melhor dito: Ancelotti ainda não descortinou em que posição conseguirá fazer dele um jogador mais decisivo.

Parece-me uma equipa interessante para atacar este jogo. Importa percebe se os parisienses pretendem a bola (como no Dragão, onde apesar da justa derrota, tiveram um pouco mais de posse) ou se irão dar a iniciativa aos donos da casa. Arriscaria dizer que o Valência tem de assumir a despesa, no entanto, este PSG é uma equipa que se sente muito confortável com bola. Também porque tem quem a conduza com qualidade e a recupere com a máxima eficácia (Matuidi) e quem a gere e encontra linhas de passe com a mestria de poucos (Verratti).

Em termos defensivos, Maxwell poderá esperar problemas perante os movimentos rápidos e tecnicamente coordenados de Feghouli, enquanto que Alex e Sakho terão de se preparar para noite de trabalhos redobrados, com o killer Roberto Soldado e seu acompanhante Jonas. Do lado direito, Jallet poderá ter alguma liberdade para sair e apoiar Pastore/Lavezzi (ou até Lucas) nas saídas laterais. Jonas deverá andar por ali, mas sabemos como é sobretudo um jogador de ataque. Do ponto de vista defensivo, quem poderá até dar mais trabalho a Jallet é mesmo Guardado...

Quanto ao ataque, será um ataque móvel, rápido e com verticalidade a ser assegurada por homens como Menez ou Lavezzi. O PSG é uma equipa que ataca bem organizada e também sai bem em transições, sobretudo graças à acção desses homens mais rápidos. E depois tem Ibrahimovic. Apesar do estilo de aparência relaxada e até um pouco insolente é um avançado muito inteligente nas desmarcações, com muita qualidade técnica e capacidade concretizadora. Quiçá essa aparência seja uma forma disfarçada de concentração...

Em suma, vamos ter um confronto bem disputado e previsivelmente equilibrado. Penso que o PSG é o favorito a seguir em frente, porque são consistentes em casa (onde jogam a 2ª mão) e porque os vejo com mais capacidade para conquistar bom resultado fora do que o Valência, que joga praticamente tudo no encontro desta noite.


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Os 8 craques da Copinha vistos à lupa por Rui Malheiro



Terminou mais uma edição da Copa de Futebol Júnior de São Paulo (vulgar e carinhosamente conhecida como Copinha). Numa prova iniciada por cerca de uma centena de equipas, os finalistas foram o Santos e o Goiás, sendo que os Meninos da Vila levaram de vencida os goianos por 3-1, no mítico estádio Pacaembu. Para lá desta final e destas equipas tivemos futebol de boa qualidade, proporcionado por plantéis recheados de jogadores talentosos e interessantes. E é neles que me quero focar nesta análise. Pedi ao Rui Malheiro, conhecido scout português e grande entusiasta do desporto-rei, que fizesse, em exclusivo para o Futebol do Mundo, uma análise aos jogadores que mais se destacaram nesta prova. O Rui escolheu oito craques, aqui fica a sua preciosa observação:


Paulo Henrique (Goiás) – Melhor guarda-redes da Copinha 2013, foi determinante para conduzir o «Verdão» até à final da competição. Se é certo que se destacou a defender grandes penalidades, frente ao São Paulo nos quartos-de-final e ao Bahia nas meias-finais – jogo em que parou 4 -, mostrou grande agilidade, elasticidade e bons reflexos, como também capacidade de comando e argumentos nas saídas dos postes.
Jubal (Santos) – Para quem procurava um novo Marquinhos, central da Roma contratado ao Corinthians e revelação da competição em 2012, Jubal destacou-se ao ser, a larga distância, o defesa mais completo da Copinha. Descoberto pelo Santos no Vila Nova, este central destro, que pode actuar pelo centro-esquerda ou pelo centro-direita, é muito disponível do ponto de vista físico, conjugando capacidade de desarme e poder de antecipação a velocidade, bom sentido posicional e qualidade no jogo aéreo: em momento defensivo e ofensivo. Frio a sair a jogar, patenteia argumentos interessantes no passe curto e médio.
João Schmidt (São Paulo) – Era conhecido por João Felipe, mas a chegada, em 2012, à equipa principal do São Paulo, onde foi preferencialmente utilizado como médio defensivo e lateral esquerdo, tornou-o em João Schmidt. Na «Copinha», este canhoto mostrou a sua real vocação: médio centro ofensivo, também capaz de aparecer no espaço «10», distingue-se pela capacidade de condução e organização de jogo ofensivo, ao tirar partido dos seus argumentos no passe curto, médio e longo, como também sabe, em zonas mais próximas da área, municiar os avançados ou aparecer em zonas de finalização.
Léo Cittadini (Santos) – Foi, indiscutivelmente, uma das figuras da Copinha, ainda que tenha feito a sua exibição mais apagada na final frente ao Goiás. Descoberto pelo Santos no Guarani, onde era apontado como o maior talento formado nas escolas do Bugre nos últimos anos, o que lhe valeu o rótulo de «novo Kaká», actua como médio ofensivo, partindo, muitas vezes, do flanco esquerdo para a posição «10». Canhoto, Cittadini destaca-se pela sua capacidade de condução, velocidade e qualidade a criar desequilíbrios no um para um, mesmo que, em algumas situações, tenda a individualizar as suas acções. Para além de argumentos no passe e nos cruzamentos, que lhe permitem realizar várias assistências para situações de finalização, mostrou também qualidade como finalizador.
Neilton (Santos) – As exibições prodigiosas na meia-final (3 golos diante do Palmeiras) e na final (1 golo diante do Goiás) transformaram-no, do ponto de vista mediático, na maior figura da Copinha, acompanhado do rótulo de «novo Neymar» e do inevitável penteado moicano. O talento é indiscutível, o rótulo é exagerado. Não fez um torneio constante, bem longe disso, mas teve o mérito de aparecer e fazer a diferença nos jogos decisivos. Unidade móvel de ataque, capaz de jogar a partir das alas ou em espaços mais centrais, distingue-se pela velocidade e capacidade para imprimir acelerações no seu jogo, patenteando argumentos no drible, o que lhe permite desequilibrar no um para um, ainda que evitando o corpo a corpo, até porque é extremamente leve. Astuto no aproveitamento de transições ofensivas, aparece, com grande facilidade, em zona de finalização, onde define, preferencialmente, com o pé direito.
Chico (Palmeiras) – Revelação da Copinha 2012, ao serviço do Desportivo Brasil, transferiu-se para o Palmeiras, onde se assumiu como a principal figura dos semi-finalistas da edição 2013. Unidade móvel entre o meio-campo ofensivo e o ataque, actuou, preferencialmente, na ala direita, mas gosta de aparecer em espaços centrais. Veloz, agitador e desequilibrador no um para um, ainda que, em algumas situações, algo individualista, sabe assistir os seus colegas de equipa, tanto através de passes como de cruzamentos, e aparecer, com sentido de oportunidade, em zona de finalização, patenteando argumentos nas finalizações com os pés – o direito é o mais forte – e através do jogo aéreo.
Giva (Santos) – Givanildo Pulgas, mais conhecido por Giva, foi a unidade mais consistente do ataque do campeão Santos. Contratado ao Vitória da Bahia, consegue aliar força e disponibilidade física a velocidade e mobilidade, o que lhe permite actuar a toda a largura do ataque. Se é certo que mostrou potencial como finalizador, dentro ou fora da área, Giva também se revelou desequilibrador e capaz de proporcionar assistências, tanto a partir de passes como de cruzamentos, para situações de finalização.
Erik (Goiás) – Melhor marcador da Copinha 2013, a par de Diego Ceará (Mogi Morim) e Caio (Audax), os seus 8 golos foram determinantes para a caminhada do Goiás rumo à final. Extremamente móvel e dinâmico, a sua velocidade e capacidade de aceleração permitiram-lhe criar desequilíbrios no um para um, até porque é evoluído tecnicamente, ainda que, por vezes, tenda a exceder-se em acções individuais. Sem grande presença física, faz-se valer do seu sentido de antecipação e perspicácia em zona de finalização.