segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Os 8 craques da Copinha vistos à lupa por Rui Malheiro



Terminou mais uma edição da Copa de Futebol Júnior de São Paulo (vulgar e carinhosamente conhecida como Copinha). Numa prova iniciada por cerca de uma centena de equipas, os finalistas foram o Santos e o Goiás, sendo que os Meninos da Vila levaram de vencida os goianos por 3-1, no mítico estádio Pacaembu. Para lá desta final e destas equipas tivemos futebol de boa qualidade, proporcionado por plantéis recheados de jogadores talentosos e interessantes. E é neles que me quero focar nesta análise. Pedi ao Rui Malheiro, conhecido scout português e grande entusiasta do desporto-rei, que fizesse, em exclusivo para o Futebol do Mundo, uma análise aos jogadores que mais se destacaram nesta prova. O Rui escolheu oito craques, aqui fica a sua preciosa observação:


Paulo Henrique (Goiás) – Melhor guarda-redes da Copinha 2013, foi determinante para conduzir o «Verdão» até à final da competição. Se é certo que se destacou a defender grandes penalidades, frente ao São Paulo nos quartos-de-final e ao Bahia nas meias-finais – jogo em que parou 4 -, mostrou grande agilidade, elasticidade e bons reflexos, como também capacidade de comando e argumentos nas saídas dos postes.
Jubal (Santos) – Para quem procurava um novo Marquinhos, central da Roma contratado ao Corinthians e revelação da competição em 2012, Jubal destacou-se ao ser, a larga distância, o defesa mais completo da Copinha. Descoberto pelo Santos no Vila Nova, este central destro, que pode actuar pelo centro-esquerda ou pelo centro-direita, é muito disponível do ponto de vista físico, conjugando capacidade de desarme e poder de antecipação a velocidade, bom sentido posicional e qualidade no jogo aéreo: em momento defensivo e ofensivo. Frio a sair a jogar, patenteia argumentos interessantes no passe curto e médio.
João Schmidt (São Paulo) – Era conhecido por João Felipe, mas a chegada, em 2012, à equipa principal do São Paulo, onde foi preferencialmente utilizado como médio defensivo e lateral esquerdo, tornou-o em João Schmidt. Na «Copinha», este canhoto mostrou a sua real vocação: médio centro ofensivo, também capaz de aparecer no espaço «10», distingue-se pela capacidade de condução e organização de jogo ofensivo, ao tirar partido dos seus argumentos no passe curto, médio e longo, como também sabe, em zonas mais próximas da área, municiar os avançados ou aparecer em zonas de finalização.
Léo Cittadini (Santos) – Foi, indiscutivelmente, uma das figuras da Copinha, ainda que tenha feito a sua exibição mais apagada na final frente ao Goiás. Descoberto pelo Santos no Guarani, onde era apontado como o maior talento formado nas escolas do Bugre nos últimos anos, o que lhe valeu o rótulo de «novo Kaká», actua como médio ofensivo, partindo, muitas vezes, do flanco esquerdo para a posição «10». Canhoto, Cittadini destaca-se pela sua capacidade de condução, velocidade e qualidade a criar desequilíbrios no um para um, mesmo que, em algumas situações, tenda a individualizar as suas acções. Para além de argumentos no passe e nos cruzamentos, que lhe permitem realizar várias assistências para situações de finalização, mostrou também qualidade como finalizador.
Neilton (Santos) – As exibições prodigiosas na meia-final (3 golos diante do Palmeiras) e na final (1 golo diante do Goiás) transformaram-no, do ponto de vista mediático, na maior figura da Copinha, acompanhado do rótulo de «novo Neymar» e do inevitável penteado moicano. O talento é indiscutível, o rótulo é exagerado. Não fez um torneio constante, bem longe disso, mas teve o mérito de aparecer e fazer a diferença nos jogos decisivos. Unidade móvel de ataque, capaz de jogar a partir das alas ou em espaços mais centrais, distingue-se pela velocidade e capacidade para imprimir acelerações no seu jogo, patenteando argumentos no drible, o que lhe permite desequilibrar no um para um, ainda que evitando o corpo a corpo, até porque é extremamente leve. Astuto no aproveitamento de transições ofensivas, aparece, com grande facilidade, em zona de finalização, onde define, preferencialmente, com o pé direito.
Chico (Palmeiras) – Revelação da Copinha 2012, ao serviço do Desportivo Brasil, transferiu-se para o Palmeiras, onde se assumiu como a principal figura dos semi-finalistas da edição 2013. Unidade móvel entre o meio-campo ofensivo e o ataque, actuou, preferencialmente, na ala direita, mas gosta de aparecer em espaços centrais. Veloz, agitador e desequilibrador no um para um, ainda que, em algumas situações, algo individualista, sabe assistir os seus colegas de equipa, tanto através de passes como de cruzamentos, e aparecer, com sentido de oportunidade, em zona de finalização, patenteando argumentos nas finalizações com os pés – o direito é o mais forte – e através do jogo aéreo.
Giva (Santos) – Givanildo Pulgas, mais conhecido por Giva, foi a unidade mais consistente do ataque do campeão Santos. Contratado ao Vitória da Bahia, consegue aliar força e disponibilidade física a velocidade e mobilidade, o que lhe permite actuar a toda a largura do ataque. Se é certo que mostrou potencial como finalizador, dentro ou fora da área, Giva também se revelou desequilibrador e capaz de proporcionar assistências, tanto a partir de passes como de cruzamentos, para situações de finalização.
Erik (Goiás) – Melhor marcador da Copinha 2013, a par de Diego Ceará (Mogi Morim) e Caio (Audax), os seus 8 golos foram determinantes para a caminhada do Goiás rumo à final. Extremamente móvel e dinâmico, a sua velocidade e capacidade de aceleração permitiram-lhe criar desequilíbrios no um para um, até porque é evoluído tecnicamente, ainda que, por vezes, tenda a exceder-se em acções individuais. Sem grande presença física, faz-se valer do seu sentido de antecipação e perspicácia em zona de finalização.

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