segunda-feira, 25 de novembro de 2013

10 apontamentos do fim-de-semana de futebol internacional

1. Bayern imperial numa tarde de variantes. Imenso Bayern na maneira como resolveu o difícil compromisso em Dortmund. Porém, o jogo não foi fácil: durante a 1ª parte, Lahm tentava dar saída de bola, com Kroos como elemento mais próximo e Javi Martínez numa surpreendente função de médio-ofensivo. Não houve muita fluidez e só quando jogadores como Muller ou Robben agarravam na bola, os bávaros criavam sensação de perigo. Na 2ª parte, porém, com o recuo de Javi e a entrada de Thiago, o jogo fluiu doutra maneira e o campeão europeu construiu robusta vitória. Muito mérito de Guardiola, ao emendar alguns erros iniciais, colocando a equipa num perfil mais objectivo no segundo tempo. O título está, em teoria, mais próximo...

2. A importância de Lewandowski. O Borussia Dortmund não fez um jogo excepcional mas teve várias chances, antes e até depois do golo de Gotze. Muitas delas tiveram um denominador comum: Robert Lewandowski. O polaco ganhou várias bolas a Boateng, mexeu-se bastante bem, recebendo várias bolas de costas para a baliza e rodando para tentar o remate ou dando um passe. Não marcou, mas merecia.

3. Fogo de artífico nas margens do Mersey. Grande dérbi de Liverpool este fim-de-semana. Creio que o resultado (3-3) diz quase tudo. O jogo foi intenso, bem disputado e ambas as equipas tiveram chances de vitória. O jogo foi quase sempre dominado pelo Everton, mas os reds responderam bem, aproveitando as bolas paradas (todos os golos foram na sequência desse tipo de jogadas). Destacaria mais um jogo abnegado de Suárez (e com golaço, de livre!), do jovem Flanagan (lateral adaptado à esquerda com relativo sucesso), do criativo Barkley e as grandes entradas dos suplentes Deulofeu, do lado dos toffees, e de Sturridge na equipa do Liverpool. Isto sem esquecer a grande 2ª parte da, quiçá, figura do jogo, Romelu Lukaku (2 golos). Ritmo e emoção num jogo aberto. Pura Premier League.

4. Um Arsenal cada vez mais sólido. Solidez é a chave deste Arsenal 2013/2014. O surpreendente Southampton foi mais uma vítima de uma equipa capaz de jogar com maior pragmatismo do que noutros anos e com a criatividade e eficácia necessária para resolver os jogos no último terço. Belíssimos momentos do trio Ozil-Wilshere-Ramsey nos primeiros 25 minutos e mais uma exibição de goleador de Giroud (se bem que aproveitando uma falha alheia e convertendo um pénalti). Onde este Arsenal evoluiu, nitidamente, foi no sector defensivo: a equipa falha menos, não se expõe tanto e o rendimento individual de vários elementos tem sido melhor (Mertesacker, Koscielny ou Gibbs). Um candidato na verdadeira acepção da palavra!

5. City esmagador. Impressionante a intensidade da equipa do Manchester City. 6-0 ao Tottenham é notável, ainda para mais da maneira como foi construído o resultado. Os spurs foram trucidados por uma máquina ofensiva difícil de parar quando engrenada. A verticalidade e talento de Jesús Navas, a criatividade de Nasri, a mobilidade à Romário de Aguero e o jogo inteligente, em termos de recepções de bola e remate, de Negredo, tornam esta equipa num hino ao futebol ofensivo. E com a devida protecção do duplo-pivote Fernandinho-Yaya Touré tudo fica mais simplificado na frente. Mobilidade, velocidade e golo, muito golo. Não nos pode presentear mais espectáculos destes, senhor City?...

6. Sevilha-Betis. Boa exibição do Sevilha, num dos derbies mais apaixonantes do futebol europeu. Unai Emery apostou, definitivamente, no 4x2x3x1, que parece, de facto, a estratégia certa para esta equipa. O duplo-pivote Iborra-Mbia deu outra consistência e liberdade a um Rakitic preocupado somente em desequilibrar na 2ª linha. Muito equilíbrio na 1ª parte, com combinação Reyes-Bacca e precipitação de Paulão a ajudarem à debacle bética. Nos últimos 45 minutos, tudo mais fácil para um Sevilha que cedo deixou a questão resolvida (golo do talentoso Víctor Machín). Destacaria neste jogo, Reyes, Bacca (tremendo a atacar os espaços nas costas da defesa), o imperial Fazio (limpou quase tudo por alto) e o português Diogo Figueiras, cada vez mais consolidado na direita da defesa sevilhista. Do outro lado, pobre Betis. Só se destaca o remate de Nono à trave, no primeiro tempo, e um ou outro lance de Juanfran ou Verdú. Muita pobre a exibição, mais uma nesta Liga. Pepe Mel está em apuros.

7. Tévez-Llorente, uma espécie de dupla perfeita. A crítica está rendida e Conte também parece. Finalmente, Tévez e Llorente parecem ter atinado juntos. A demonstração perfeita foi dada ontem, em Livorno. Cada um com um golo, resolveram contenda que ameaçava tornar-se difícil. A combinação no lance do 0-2, então, é formidável: Llorente aguenta na área, de costas para a baliza, e abre espaço a um remate colocado de Carlitos. E atenção que o golo do espanhol também é de excelência, num remate de primeira, após cruzamento preciso de Pogba (cada vez melhor, é um dos médios-referência do futebol europeu actualmente).

8. A 2ª vida de Cassano. Depois de uma operação ao coração, muitos arriscavam que Cassano já não voltaria a brilhar ao mais alto nível. Pois bem, ele por lá continua. Este fim-de-semana, deu a vitória ao seu Parma no difícil San Paolo, jogando contra um Nápoles algo pobre. Movendo-se na sua parcela de campo (não muito extensa, pois já não consegue esforçar-se como dantes), desequilibra, toca, mexe, agita e aproveita os espaços, como se viu no lance do tal golo decisivo (displicência da defesa napolitana que o deixou correr sem pressionar com eficácia). Um carismático jogador, a conhecer uma segunda vida para o futebol. Todos agradecemos que assim seja!

9. Celso Ortiz, smooth operator. Um dos jogadores mais interessantes que tenho visto na Eredivisie. Aos 24 anos, este internacional paraguaio começa a ganhar em definitivo a titularidade no AZ Alkmaar, jogando como médio mais recuado do 4x3x3 de Dick Advocaat. Não é um trinco que arrisque muito e os seus passes são quase todos curtos, embora uma ou outra vez consiga executar passes longos com precisão. Não é de subir muito, embora já tenha um golo esta época (bom remate, no jogo frente ao Shakhter Karagandy na Liga Europa). Porém, equilibra a equipa e rouba bolas de uma maneira notável. Os últimos dois jogos (Feyenoord e Roda, este último jogando numa equipa com 9 jogadores durante 75 minutos) mostraram uma capacidade de arrumar a casa e tocar a bola de forma discreta mas eficaz. Um médio low profile, daqueles que não faz capa de jornal mas que é importantíssimo para segurar o meio-campo. Pode e deve crescer mais. Está no bom caminho.

10. Um louco tango pelo título. Incrível a luta pelo título do Torneo Inicial na Argentina. San Lorenzo, Newell´s, Arsenal e Lanús parecem aqueles com mais hipóteses (sim, depois de perder ontem para o All Boys, o Boca parece irremediavelmente afastado da contenda). Curiosamente, nenhum dos maiores candidatos venceu. Pude ver este fim-de-semana o San Lorenzo, no terreno do Atlético de Rafaela e o potencialmente decisivo Newell´s-Arsenal. Melhor o jogo do San Lorenzo, pelo menos em termos de emoção. Vera e Albertengo, dupla goleadora do Atlético, fizeram tremer o Ciclón, mas um inspirado Nacho Piatti manteve o San Lorenzo à tona. No Marcelo Bielsa, justo empate, embora o Newell´s Old Boys pudesse ter ganho. Na retina, fica o extraordinário chapéu, de primeira, do lateral-direito ofensivo Cáceres. Muito bons golos e jogos entretidos, num campeonato que ninguém parece querer arrecadar...

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

México vs Nova Zelândia: Poder local em busca do 15º Mundial



Da primeira vez que a Nova Zelândia chegou a um Campeonato do Mundo, já o México tinha participado por oito vezes, tendo recebido um Mundial (1970) e preparando-se para acolher o segundo (1986). Curiosamente, nesse quente verão espanhol de 1982, em que os neozelandeses se estreavam na alta-roda do futebol mundial, não estavam presentes os mexicanos, quiçá mais preocupados em deixar boa imagem no seu Mundial, 4 anos volvidos. Entretanto, a Tri, como é conhecida também a selecção da América Central, voltou a participar em mais seis Campeonatos do Mundo, enquanto que a Nova Zelândia teve o tão desejado regresso em 2010, conseguindo impor 3 empates na fase de grupos (contra Itália, Eslováquia e Paraguai!).

Portanto, e tendo em conta o historial de presenças em Mundiais, diria que antes deste "play-off" entre México e Nova Zelândia a pressão vai toda para a formação que joga regularmente no Estádio Azteca. Os mexicanos vêm de uma fase de qualificação atribulada, na qual tiveram três treinadores, indo agora para o quarto (Miguel Herrera, técnico do América, que foi chamado para orientar, pelo menos, durante este "play-off"). O antigo internacional mexicano, conhecido pela sua compleição física algo desastrosa enquanto jogador, procurou garantir estabilidade no seio do grupo através da não-convocatória de jogadores mexicanos que joguem fora da Liga MX. Uma decisão polémica, vista por muitos como populista, mas que Herrera espera que seja eficaz durante esta semana, pelo menos.

A verdade é que temos de perspectivar esta partida tendo em conta este plantel e as ideias do treinador. Muita coisa mudou desde os últimos jogos de apuramento, com Victor Manuel Vucetich aos comandos da Tricolor. E mais ainda desde os tempos do Chepo de la Torre. Sem jogadores como Giovani, Chicharito ou Carlos Vela, percebemos como, em teoria, esta equipa fica a perder em termos ofensivos. No teste recente frente à Finlândia, vimos aquele que será, muito provavelmente, o "onze" desta noite, com uma representação de 7 jogadores do América (de um total de 10 convocados). O esquema 5x3x2 privilegia as subidas dos laterais, Aguilar e Layún, que dão bastante profundidade e são essenciais nos desequilíbrios. Ao meio, jogou o regular Medina (Club América), juntamente com Peña e Montes, dupla do Club León. A equipa teve alguns momentos de boa circulação e fluidez. O critério de Medina e as movimentações de Peña podem ser chave para desequilibrar uma Nova Zelândia que se espera fechada.

No ataque, figuram Oribe Peralta, do Santos Laguna de Pedro Caixinha e o talentoso Raúl Jímenez, goleador do Club América e provavelmente o avançado mais promissor da Tri. Peralta é um avançado robusto, inteligente, com sentido de baliza e que se sente confortável a jogar com um avançado com mobilidade, talento e excelente condição física como Raúl Jímenez. Sem Chicharito ou Vela, será Aldo de Nigris o substituto directo da dupla inicial. O avançado do Chivas tem tido um ano difícil, mas na selecção poderá, quem sabe, reencontrar-se com os golos. Miguel Herrera pretende uma equipa capaz de jogar um futebol atractivo, dominando os jogos e controlando o meio-campo. A impressão que ficou desse encontro frente à Finlândia é que há margem de progressão, sim, mas a equipa ainda não teve tempo suficiente para assimilar as ideias do treinador, se bem que boa parte do "onze" já conheça de ginjeira os métodos do treinador.



Do outro lado, estará uma Nova Zelândia desfalcada do seu principal defesa, Winston Reid, do West Ham. O seleccionador Ricki Herbert já pré-anunciou a equipa inicial, sendo que se espera um 3x4x3, onde o centro do jogo é Michael McGlinchey. O médio do Central Coast Mariners australiano é o principal distribuidor de jogo dos Kiwis, mostrando grande clarividência, tanto no passe curto como longo. Aos 26 anos, é o líder espiritual desta equipa, especialmente face à ausência de Reid. De resto, destacaria o poderoso Chris Wood, do Leicester City, jovem avançado que usa bem a sua altura para ganhar bolas aéreas, o central Tommy Smith (Ipswich Town), referência defensiva na ausência de Reid e os suplentes Smeltz e Rojas, este último, sem dúvida, o jogador mais talentoso da Nova Zelândia. Smeltz e Rojas, porém, vieram de lesões recentes logo será complicado terem muitos minutos...

No último jogo amigável que disputaram, os neozelandeses empataram em Trinidad e Tobago, jogando com alguns suplentes e num esquema essencialmente defensivo. Acredito que a equipa de Herbert entre mesmo assim hoje no temível Azteca (onde o México só perdeu 2 encontros em 78 disputados em fases de qualificação para um Mundial): linhas baixas, com o trio de centrais acompanhado de perto pelos laterais/alas Bertos e Lochhead e a tentar soltar o trio atacante, através da visão de jogo de McGlinchey. Espera-se portanto uma tarefa complicada para a 79ª selecção do último ranking FIFA. O México está completamente concentrado e unido rumo ao objectivo-Brasil. Resta saber como irá reagir depois de um ano conturbado...

Onzes prováveis:

MÉXICO: Muñoz; Aguilar, Rafa Márquez, Maza Rodríguez, Valenzuela, Layún; Medina, Peña, Montes; Peralta e Jiménez.
NOVA ZELÂNDIA: Moss; Vicelich, Smith, Durante; Bertos, McGlinchey, Christie, Lochhead; Brockie, Wood, Barbarouses.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

10 apontamentos do fim-de-semana de futebol internacional

1. Juventus com ares de maior candidata. Os primeiros 30 minutos da Juve na recepção ao Nápoles terão sido, porventura, o melhor período futebolístico da equipa de Conte nesta temporada. A equipa jogou com intensidade, assumiu o controlo e massacrou a defensiva napolitana logo de início. Llorente marcou, apoiado por um Tévez muito disponível e por um meio-campo de muito labor (Pirlo brutal) e constante chegada (através de Pogba e Vidal). Na 2ª parte, a equipa de Rafa Benítez respondeu, com um Insigne bastante participativo e perigoso, mas a Juve resolveu rapidamente, graças a dois momentos de génio: o primeiro de Pirlo, numa cobrança de livre directo eficaz, marca do "21" bianconero e o segundo, da autoria de Paul Pogba, num remate de primeira, colocado mesmo ao cantinho e de fora da área. A resposta napolitana havia sido liquidada e nem a expulsão de Ogbonna fez abalar a formação bicampeã de Itália. Uma grande vitória para a Juve, potencialmente motivadora para os próximos (importantes) compromissos.

2. O regresso de Zanetti. O jogo em si foi fraco. O Inter bateu o Livorno (2-0) mas esteve longe de ser brilhante. Porém, o regresso do Capitano Javier Zanetti aos relvados, depois de debelar lesão complicada, tornou esta partida relevante. O arranque potente no início da jogada do 2-0 (com participação posterior genial de Kovacic, na assistência para Nagatomo) mostra como este autêntico animal (no bom sentido da palavra) consegue ser competitivo. 40 anos e as ganas que possui de jogar são imensas. Exemplo para muitos, oxalá prossiga mais uns aninhos ao mais alto nível. Seria impressionante, a todos os níveis!

3. Um razoável Man.United bateu um fraco Arsenal. Mau jogo em Old Trafford, em mais um reencontro de van Persie com o seu ex-clube. Logo por azar para os gunners foi mesmo o holandês a decidir, num cabeceamento imparável após canto. Creio que podemos considerar a vitória do United justa, apesar de não terem feito uma grande exibição Valeu mesmo a inspiração de RvP e a qualidade de movimentos e decisões de Wayne Rooney, hoje em dia elemento fundamental do onze de Moyes. Do outro lado, o Arsenal acreditou que sendo pragmático como em Dortmund poderia acabar também com uma vitória. Wrong thought, devem ter pensado os adeptos do clube do Norte de Londres. A equipa teve algumas fases de domínio, sim, mas foi inócuo, em geral. Ozil e Cazorla decepcionaram e só com Wilshere em campo a equipa deu algum ar da sua graça. Meus amigos, ganhar em Old Trafford é tarefa quase hercúlea. O Arsenal esteve muito longe dos momentos de brilhantismo que já atingiu durante esta época, logo, ainda mais difícil ficou.

4. "Cristiano, Balón de Oro". Mais uma vez, o cântico foi entoado de forma pujante no Santiago Bernabéu. De forma muito justa, diga-se. O início de época de Cristiano Ronaldo pode-se comparar ao de Messi na última temporada, sendo que esse foi factor decisivo na atribuição da quarta Bola de Ouro ao argentino. Cristiano fez mais um "hat-trick" (e vão 19 desde que chegou à Liga espanhola!) e mostrou que está, quiçá, no melhor momento da carreira. Tremendo mesmo. E tremenda foi também a exibição do Real Madrid, com uma primeira parte de turbo ligado, procurando o ataque em permanência, dominando e esmagando até uma pobre e indefesa Real Sociedad, 4ª classificada da última época (a sério?...). Xabi Alonso e Modric distribuíram as cartas, Ronaldo, Bale e Benzema fizeram all-in e obtiveram um resultado (5-1) e uma exibição de futebol ofensivo brutal. O título continua a ser possível se a máquina carburar sempre desta forma...

5. Uma noite árabe em Granada. Já sabemos como Granada é uma cidade de forte influência árabe, algo que aliás continua bem visível nas muralhas e casas locais. Talvez por isso dois rapazes do Norte de África se sintam tão confortáveis a jogar no clube de futebol local. Brahimi e El-Arabi, um argelino, o outro marroquino, têm rubricado exibições muito interessantes nos últimos tempos. Brahimi, desequilibrador que veste a camisola "10", tem uma condução de bola e visão de jogo que faz sobressair o melhor de El-Arabi, avançado robusto e de movimentação coordenada e que aparece bem em zona de finalização. Apontou um hat-trick na última jornada, sendo que Brahimi foi o responsável por duas das três assistências. Uma dupla de sucesso a aparecer na maravilhosa cidade andaluza de toque magrebino. Podem deixar marca por lá, tal qual fizeram os seus antepassados.

6. Revelações da Bundesliga. Este fim-de-semana pude observar alguns jogos da Bundesliga, onde saltaram à vista alguns jovens jogadores que podem muito bem tornar-se em estrelas deste espectacular campeonato num futuro próximo. Sexta-feira, reparei em Andre Hoffmann, central do Hannover, de 20 anos. Sem ter tido muito trabalho, revelou enorme maturidade em algumas decisões e deu uma saída de bola bem decente. Forte do ponto de vista físico, está ainda num processo de adaptação ao principal escalão. No sábado, no mesmo duelo mas em pólos opostos, brilharam dois avançados sub-23 muito interessantes: do lado do Bayer Leverkusen, o já conhecido Heung-Min Son, internacional sul-coreano que não teve qualquer tipo de contemplações para com a sua ex-equipa, Hamburgo, tendo apontado três golos. Son, jogando algo descaído na ala mas com tendência a vir para dentro, é um jogador de grande mobilidade e que tem melhorado imenso na definição. Do outro lado, está o internacional sub-21 alemão Pierre-Michel Lasogga. Apontou dois golos, insuficientes porém para que o Hamburgo levasse pontos de Leverkusen (5-3). Aos 21 anos, este poderoso ponta-de-lança tem firmado um início de época tremendo (8 golos em 8 jogos). E promete não parar! Ainda no sábado, fiquei bem impressionado, mais uma vez, com a qualidade de Christoph Kramer, médio associado em tempos ao Benfica, como possível substituto de Matic. Este gigante de 1,91m, 22 anos, emprestado pelo Bayer Leverkusen ao Borussia Moenchengladbach, é um jogador robusto, capaz de sair a jogar com confiança, porque tem destreza e com o estofo para segurar bem o meio-campo. Pode-se considerar um jogador equilibrado e acertado ao nível do passe. Pode fazer as posições "6", "8" e até já chegou a aparecer a "10". Por último, a revelação baby do fim-de-semana. Confesso que dele só havia visto meros resumos. Entretanto vi a repetição do jogo entre Friburgo e Estugarda e fiquei encantado. Técnica, velocidade e uma capacidade de finalização notável. Apontou dois golos, numa tarde única. Aos 17 anos, e depois de uma infinidade de golos no último ano entre os juvenis do Estugarda e a selecção sub-17 da Alemanha, parece ter assentado na Bundesliga. Sem dúvida, uma das maiores promessas alemãs dos últimos tempos. Entre muitas outras, como podemos ver...

7. Feyenoord-AZ Alkmaar: o poder de encantamento da Eredivisie. Se calhar é só impressão minha, mas acho que o Feyenoord-AZ deste fim-de-semana foi dos jogos mais entretidos a que assisti nas últimas semanas. Não foi espectacular, mas foi bem disputado e, tanto colectiva como individualmente, deu para avaliar o rendimento de vários jogadores interessantes que estão a despontar no campeonato holandês. Gostei de ver como tem evoluído Vilhena, interventivo na construção de jogo e a tentar equilibrar a equipa do Feyenoord. Com Clasie a organizar desde trás, é Vilhena quem, por norma, assume a condução em transição. A equipa de Koeman teve mais bola e jogou mais organizada perante AZ mais vocacionado para o contragolpe. Interessantes ainda as exibições de Te Vrede, pinheiro do ataque, recebendo várias bolas de costas para a baliza e garantindo constantes apoios interiores e de Immers, médio-ofensivo que foi entrando muitas vezes na sua zona, fazendo quase de 2º avançado e de apoio permanente. Em termos defensivos, o Feyenoord sofreu algo em transição. Janmaat vem evoluindo bem, sempre muito ofensivo e a fechar um pouco melhor. Do outro lado, gostei bastante do smooth operator Celso Ortiz, essencial a serenar os ânimos a meio-campo e a interceptar bolas, do médio Gudelj, disponível para subir e ajudar a defender, do lateral Johansson, cada vez mais assertivo a defender, do central Gouweleeuw, sereno e geralmente bem posicionado e do perigoso trio de ataque composto por Gudmundsson, Johannsson e Beerens. O resultado final foi 2-2. Justo, embora o Feyenoord, pelas ocasiões criadas, pudesse ter merecido melhor sorte.

8. Spartak-Zenit. Estranho jogo do Zenit. Depois de meia-hora autoritária, onde poderia ter resolvido em jogo em várias transições rápidas, o vice-campeão russo deixou-se ir abaixo e revelou lacunas defensivas gravíssimas, sofrendo 3 golos de um inspiradíssimo Movsisyan. Aliás, estas falhas defensivas continuam a ser a grande pecha deste Zenit, que até vinha de um período bastante longo sem derrotas no campeonato. Cedeu, porém, perante um Spartak que depois do mau início se soube agarrar aos erros do adversário, apoiado na eficácia de Movsisyan e na criatividade e labor de jogadores como Tino Costa, Glushakov e McGeady.

9. Al Ahly e Guangzhou, últimos passageiros rumo a Marrocos. Ficaram definidos os últimos dois clubes a marcar presença no Mundial de Clubes do próximo mês de Dezembro. O Al Ahly, campeão africano e o Guanghzou Evergrande, campeão asiático, vão tentar a surpresa contra tubarões como o Bayern e o Atlético Mineiro. Tarefa difícil mas só o facto de poderem competir a este nível já valerá a pena. Em África, Aboutreika foi rei, ele que não vai poder jogar o Mundial depois de um festejo com conotação política. Lamentável, porém há outros nomes para seguir com atenção (Said, Fathi, Soliman ou Gomaa, entre outros). Já na Ásia, apesar do pressing final do Seoul de Damjanovic, o Guanghzou aguentou a vantagem que tinha e segurou a Champions. Marcelo Lippi está, assim, de regresso aos grandes palcos, com um conjunto que promete luta. Conca, Elkeson, Muriqui, Zheng Zhi ou Linpeng estão prontos para o desafio.

10. Cruzeiro imenso. A terminar o decálogo de fim-de-semana, tempo para o enorme Cruzeiro de Belo-Horizonte. O título está a caminho e a festa, aliás, até já foi feita após tremenda vitória sobre o Grémio no Mineirão (3-0), no passado domingo. O jogo até foi complicado, visto que o goleiro Fábio teve de realizar umas quantas paradas dignas de aplauso. Porém, na frente, este Cruzeiro é letal. Mesmo sem o melhor Éverton Ribeiro (clara figura deste Brasileirão), apareceram outros nomes, como Borges, Ricardo Goulart ou Willian a decidir. Isto numa equipa que conta ainda com Dagoberto e Júlio Baptista na zona ofensiva, entre outros. Mais atrás, grande dupla de centrais chefiada pelo possante e implacável Dedé, dois laterais que apoiam bem (sobretudo Egídio) e um duplo-pivote sólido como uma rocha (o robusto Nilton e o clarividente Lucas Silva). Em suma, uma equipa imensa, claramente das melhores dos últimos anos no futebol brasileiro. Merecem o Tri!

terça-feira, 5 de novembro de 2013

10 apontamentos do fim-de-semana de futebol internacional

1. Um Arsenal com ares de candidato. Mais uma prova de como os gunners estão mesmo na luta pelo título da Premier League. A vitória deste fim-de-semana sobre o Liverpool teve vários momentos a fazer lembrar os melhores períodos deste Arsenal na temporada presente (primeiros 20 minutos frente ao Nápoles): a equipa conseguiu ser intensa, recuperou a bola com facilidade e quando a tinha dominava com uma clareza impressionante. Essencial Arteta a equilibrar, roubando e entregando em dois magos, Cazorla e Ramsey, que além de terem resolvido o jogo com dois golos, tiveram momentos de criação pura e de desequilíbrio. Na ausência do melhor Ozil, apareceram os outros dois criativos da 2ª linha. Ao Liverpool, faltou Coutinho a tempo inteiro. E, no fundo, tivemos a confirmação de que este 3x5x2 não é a melhor opção para o actual plantel e para este tipo de jogos, se bem que até reforce a linha intermediária.

2. O pior Chelsea da época. Sim, creio que até pior do que aquele que perdeu frente ao Basileia, em pleno Stamford Bridge, na Liga dos Campeões. A derrota em St.James´Park no último sábado mostrou a pior face do Chelsea de Mourinho: uma equipa à espera de que o jogo se resolvesse por si, sem muita ambição, tendo posse de bola, é verdade, mas não encontrando os espaços para desequilibrar. Hazard e Torres eram os únicos que mexiam na 1ª parte. Nos últimos 45 minutos, porém, foi ainda pior: o Newcastle foi mais atrevido, apanhou os blues desequilibrados em várias situações e chegaram a 2-0. As entradas de Eto´o e Willian agitaram o jogo, mas era impossível sacar os 3 pontos deste encontro. Sim, porque do outro lado estavam jogadores como Rémy, Cabaye ou Gouffran, prontos para aproveitar as desconcentrações defensivas do vencedor da última Liga Europa.

3. AVB e a meia-hora à Porto. Os 30 primeiros minutos do Everton-Tottenham (0-0) mostraram um Tottenham muito à imagem do que era o FC Porto de André Villas-Boas: pressão alta, recuperação no meio-campo contrário e laterais/alas verticais e dinâmicos. As conexões Walker-Townsend, à direita, e Vertonghen-Lennon, à esquerda, deram dores de cabeça aos laterais dos toffees. Atrás, Chiriches e Sandro antecipavam e arrumavam a casa, enquanto que Paulinho procurava subidas até à 2ª linha e até à área contrária. 7 remates na fase inicial, como se diz, muita parra mas pouca uva. A intensidade incrível foi baixando, até que o Everton, já na 2ª metade, começou a ter bola e controlou melhor as operações. O que falhou então, perguntam os adeptos dos Spurs? Simples: faltou definir melhor, quer nos cruzamentos como nos remates. E sabemos como a este nível, a eficácia é uma exigência...

4. O PSG não é só de Ibra e Cavani: é também de Verratti! Que jogador soberbo é Verratti. Na última sexta-feira, mais um recital de futebol que só ele sabe dar: visão de jogo notável (esteve na origem de dois golos), destreza notável no passe longo e curto, movimentações soberbas em espaços curtos, aguentando a pressão adversária, roubo de bola, equilíbrio... Falta-lhe só refrear um pouco mais os ânimos nalguns momentos e deixar de recorrer à falta com tanta facilidade, o que lhe pode ir valendo uns perigosos cartões amarelos. Foi ele, na ausência de Ibra, o principal artífice de uma goleada do PSG (4-0 ao Lorient), em que outras estrelas também brilharam (Cavani, Lucas Moura ou os meninos Marquinhos e Rabiot).

5. Um portento chamado Atlético de Madrid. Continua imparável o Atleti de Simeone. Diego Costa numa forma tremenda (13 golos). Não me lembro de um avançado tão potente e poderoso a atacar os espaços em algum tempo. A vitória sobre o Athletic (2-0) assentou numa base de bom jogo, com mais bola na 2ª parte, controlando o jogo, depois de um 1º tempo de uma intensidade sublime. Koke, os laterais e a dupla Guaje-Diego Costa brilharam intensamente. Sem dúvida, a melhor equipa em termos de qualidade de jogo na Liga espanhola 13/14. E atenção: Simeone já pulverizou os recordes dos melhores anos de Pep e Mou, algo a ter em conta, claramente...´

6. O fim da série romanista. Depois de uma série de vitórias incrível, a Roma foi parada por um imponente sinal STOP, construído por Giampiero Ventura e posto em prática por um jogador formado na cantera giallorossa (Alessio Cerci). Curiosamente, a formação de Rudi Garcia até entrou bem no jogo e fez uma 1ª parte interessante, dominando e fazendo uso do bom jogo ofensivo dos seus laterais (em especial, Balzaretti). Strootman e Pjanic mantiveram o nível no centro e assim a equipa chegou ao golo (assistência do segundo para finalização do primeiro). No 2º tempo, porém, tudo mudou: o Torino atacou mais, foi incisivo e aproveitou talvez o único erro grave de Benatia neste início de época. Resultado justo, embora tenha ficado a sensação de que se Ljajic tivesse entrado mais cedo a coisa poderia ter sido um pouco diferente...

7. Pogba a crescer. Mais um jovem médio que se vai destacando neste início de temporada. Paul Pogba tem vindo a ganhar preponderância no "onze" juventino e uma ausência sua já seria questionada como se de Pirlo ou Vidal se tratasse. Curiosamente, até nem está na melhor forma, do meu ponto de vista, mas este fim-de-semana foi decisivo no terreno do Parma ao aproveitar uma recarga a uma "bomba" ao poste de Quagliarella. Pogba começou ao centro mas depois da mudança para interior-direito subiu de rendimento. Quando joga na posição de Pirlo, parece que se esconde do jogo (assim como Vidal, em algumas situações). Digamos que o francês é jogador de subir e participar no processo de construção e não ficar atrás. Quando isso acontece, têm de ser os centrais a dar saída de bola. À atenção de Conte: Pogba como interior, com Pirlo ou outro trinco atrás, rende muito mais!

8. Conexão Reus-Lewandowski. Grande vitória do BvB sobre o Estugarda (6-1), mais na dimensão do resultado e da qualidade dos contra-ataques do que propriamente pela qualidade do futebol praticado. O Borussia não foi brilhante mas teve momentos de algum brilhantismo. Reus e Lewandowski foram o diabo à solta no relvado do Westfalenstadion, combinando formas de desbaratar a pobre defesa do Estugarda. Entre eles decidiram o jogo e ainda houve um espacinho para Aubameyang deixar uma daquelas lembranças que todos nós gostamos de rever, com um chapéu sublime, do lado direito da área.

9. Correa, o pibito do Boedo. Médio-ofensivo ou 2º avançado, como jogou frente ao Boca este fim-de-semana, com grande mobilidade, Correa, jovem de 18 anos do San Lorenzo, promete ser uma das próximas aparições do futebol argentino. O seu estilo potente e a sua destreza fazem-me lembrar Aguero no princípio da carreira. Tem técnica, trabalha bem com os dois pés, move-se bem em espaços curtos e sem ser demasiado rápido é um jogador com poder de arranque. O golo ao Boca no último domingo, recebendo com o pé direito para rematar com o esquerdo, em plena área, é de craque. Claramente a seguir nos próximos tempos!

10. A final da Champions africana. Orlando Pirates e Al Ahly jogaram no sábado a 1ª mão da final da Liga dos Campeões africanos. Empataram 1-1 (Aboutreika para os egípcios e Matlaba, aos 93´, para os sul-africanos) mas a sensação que ficou, no geral, é que os eternos campeões egípcios são superiores. Em termos gerais, mas importa recordar que o Al Ahly-Orlando Pirates de Agosto terminou 0-3. Grande entrada do conjunto do Norte de África, chegando à vantagem sendo que os Pirates terminaram bem a 1ª parte. No 2º tempo, o Al Ahly poderia ter resolvido a contenda, teve um golo mal anulado e no fim acabou por sofrer o empate, num excelente remate de Matlaba. Um jogo onde pude rever alguns jogadores de quem eu gosto particularmente e até conheço melhor das suas selecções: Andile Jali, Matlaba ou Segolela do lado sul-africano; no Al Ahly, o veterano Aboutreika, Said ou Soliman. Esperemos então pela decisão no Cairo para saber qual será a última equipa a assegurar presença no Mundial de Clubes de Marrocos.