terça-feira, 12 de novembro de 2013

10 apontamentos do fim-de-semana de futebol internacional

1. Juventus com ares de maior candidata. Os primeiros 30 minutos da Juve na recepção ao Nápoles terão sido, porventura, o melhor período futebolístico da equipa de Conte nesta temporada. A equipa jogou com intensidade, assumiu o controlo e massacrou a defensiva napolitana logo de início. Llorente marcou, apoiado por um Tévez muito disponível e por um meio-campo de muito labor (Pirlo brutal) e constante chegada (através de Pogba e Vidal). Na 2ª parte, a equipa de Rafa Benítez respondeu, com um Insigne bastante participativo e perigoso, mas a Juve resolveu rapidamente, graças a dois momentos de génio: o primeiro de Pirlo, numa cobrança de livre directo eficaz, marca do "21" bianconero e o segundo, da autoria de Paul Pogba, num remate de primeira, colocado mesmo ao cantinho e de fora da área. A resposta napolitana havia sido liquidada e nem a expulsão de Ogbonna fez abalar a formação bicampeã de Itália. Uma grande vitória para a Juve, potencialmente motivadora para os próximos (importantes) compromissos.

2. O regresso de Zanetti. O jogo em si foi fraco. O Inter bateu o Livorno (2-0) mas esteve longe de ser brilhante. Porém, o regresso do Capitano Javier Zanetti aos relvados, depois de debelar lesão complicada, tornou esta partida relevante. O arranque potente no início da jogada do 2-0 (com participação posterior genial de Kovacic, na assistência para Nagatomo) mostra como este autêntico animal (no bom sentido da palavra) consegue ser competitivo. 40 anos e as ganas que possui de jogar são imensas. Exemplo para muitos, oxalá prossiga mais uns aninhos ao mais alto nível. Seria impressionante, a todos os níveis!

3. Um razoável Man.United bateu um fraco Arsenal. Mau jogo em Old Trafford, em mais um reencontro de van Persie com o seu ex-clube. Logo por azar para os gunners foi mesmo o holandês a decidir, num cabeceamento imparável após canto. Creio que podemos considerar a vitória do United justa, apesar de não terem feito uma grande exibição Valeu mesmo a inspiração de RvP e a qualidade de movimentos e decisões de Wayne Rooney, hoje em dia elemento fundamental do onze de Moyes. Do outro lado, o Arsenal acreditou que sendo pragmático como em Dortmund poderia acabar também com uma vitória. Wrong thought, devem ter pensado os adeptos do clube do Norte de Londres. A equipa teve algumas fases de domínio, sim, mas foi inócuo, em geral. Ozil e Cazorla decepcionaram e só com Wilshere em campo a equipa deu algum ar da sua graça. Meus amigos, ganhar em Old Trafford é tarefa quase hercúlea. O Arsenal esteve muito longe dos momentos de brilhantismo que já atingiu durante esta época, logo, ainda mais difícil ficou.

4. "Cristiano, Balón de Oro". Mais uma vez, o cântico foi entoado de forma pujante no Santiago Bernabéu. De forma muito justa, diga-se. O início de época de Cristiano Ronaldo pode-se comparar ao de Messi na última temporada, sendo que esse foi factor decisivo na atribuição da quarta Bola de Ouro ao argentino. Cristiano fez mais um "hat-trick" (e vão 19 desde que chegou à Liga espanhola!) e mostrou que está, quiçá, no melhor momento da carreira. Tremendo mesmo. E tremenda foi também a exibição do Real Madrid, com uma primeira parte de turbo ligado, procurando o ataque em permanência, dominando e esmagando até uma pobre e indefesa Real Sociedad, 4ª classificada da última época (a sério?...). Xabi Alonso e Modric distribuíram as cartas, Ronaldo, Bale e Benzema fizeram all-in e obtiveram um resultado (5-1) e uma exibição de futebol ofensivo brutal. O título continua a ser possível se a máquina carburar sempre desta forma...

5. Uma noite árabe em Granada. Já sabemos como Granada é uma cidade de forte influência árabe, algo que aliás continua bem visível nas muralhas e casas locais. Talvez por isso dois rapazes do Norte de África se sintam tão confortáveis a jogar no clube de futebol local. Brahimi e El-Arabi, um argelino, o outro marroquino, têm rubricado exibições muito interessantes nos últimos tempos. Brahimi, desequilibrador que veste a camisola "10", tem uma condução de bola e visão de jogo que faz sobressair o melhor de El-Arabi, avançado robusto e de movimentação coordenada e que aparece bem em zona de finalização. Apontou um hat-trick na última jornada, sendo que Brahimi foi o responsável por duas das três assistências. Uma dupla de sucesso a aparecer na maravilhosa cidade andaluza de toque magrebino. Podem deixar marca por lá, tal qual fizeram os seus antepassados.

6. Revelações da Bundesliga. Este fim-de-semana pude observar alguns jogos da Bundesliga, onde saltaram à vista alguns jovens jogadores que podem muito bem tornar-se em estrelas deste espectacular campeonato num futuro próximo. Sexta-feira, reparei em Andre Hoffmann, central do Hannover, de 20 anos. Sem ter tido muito trabalho, revelou enorme maturidade em algumas decisões e deu uma saída de bola bem decente. Forte do ponto de vista físico, está ainda num processo de adaptação ao principal escalão. No sábado, no mesmo duelo mas em pólos opostos, brilharam dois avançados sub-23 muito interessantes: do lado do Bayer Leverkusen, o já conhecido Heung-Min Son, internacional sul-coreano que não teve qualquer tipo de contemplações para com a sua ex-equipa, Hamburgo, tendo apontado três golos. Son, jogando algo descaído na ala mas com tendência a vir para dentro, é um jogador de grande mobilidade e que tem melhorado imenso na definição. Do outro lado, está o internacional sub-21 alemão Pierre-Michel Lasogga. Apontou dois golos, insuficientes porém para que o Hamburgo levasse pontos de Leverkusen (5-3). Aos 21 anos, este poderoso ponta-de-lança tem firmado um início de época tremendo (8 golos em 8 jogos). E promete não parar! Ainda no sábado, fiquei bem impressionado, mais uma vez, com a qualidade de Christoph Kramer, médio associado em tempos ao Benfica, como possível substituto de Matic. Este gigante de 1,91m, 22 anos, emprestado pelo Bayer Leverkusen ao Borussia Moenchengladbach, é um jogador robusto, capaz de sair a jogar com confiança, porque tem destreza e com o estofo para segurar bem o meio-campo. Pode-se considerar um jogador equilibrado e acertado ao nível do passe. Pode fazer as posições "6", "8" e até já chegou a aparecer a "10". Por último, a revelação baby do fim-de-semana. Confesso que dele só havia visto meros resumos. Entretanto vi a repetição do jogo entre Friburgo e Estugarda e fiquei encantado. Técnica, velocidade e uma capacidade de finalização notável. Apontou dois golos, numa tarde única. Aos 17 anos, e depois de uma infinidade de golos no último ano entre os juvenis do Estugarda e a selecção sub-17 da Alemanha, parece ter assentado na Bundesliga. Sem dúvida, uma das maiores promessas alemãs dos últimos tempos. Entre muitas outras, como podemos ver...

7. Feyenoord-AZ Alkmaar: o poder de encantamento da Eredivisie. Se calhar é só impressão minha, mas acho que o Feyenoord-AZ deste fim-de-semana foi dos jogos mais entretidos a que assisti nas últimas semanas. Não foi espectacular, mas foi bem disputado e, tanto colectiva como individualmente, deu para avaliar o rendimento de vários jogadores interessantes que estão a despontar no campeonato holandês. Gostei de ver como tem evoluído Vilhena, interventivo na construção de jogo e a tentar equilibrar a equipa do Feyenoord. Com Clasie a organizar desde trás, é Vilhena quem, por norma, assume a condução em transição. A equipa de Koeman teve mais bola e jogou mais organizada perante AZ mais vocacionado para o contragolpe. Interessantes ainda as exibições de Te Vrede, pinheiro do ataque, recebendo várias bolas de costas para a baliza e garantindo constantes apoios interiores e de Immers, médio-ofensivo que foi entrando muitas vezes na sua zona, fazendo quase de 2º avançado e de apoio permanente. Em termos defensivos, o Feyenoord sofreu algo em transição. Janmaat vem evoluindo bem, sempre muito ofensivo e a fechar um pouco melhor. Do outro lado, gostei bastante do smooth operator Celso Ortiz, essencial a serenar os ânimos a meio-campo e a interceptar bolas, do médio Gudelj, disponível para subir e ajudar a defender, do lateral Johansson, cada vez mais assertivo a defender, do central Gouweleeuw, sereno e geralmente bem posicionado e do perigoso trio de ataque composto por Gudmundsson, Johannsson e Beerens. O resultado final foi 2-2. Justo, embora o Feyenoord, pelas ocasiões criadas, pudesse ter merecido melhor sorte.

8. Spartak-Zenit. Estranho jogo do Zenit. Depois de meia-hora autoritária, onde poderia ter resolvido em jogo em várias transições rápidas, o vice-campeão russo deixou-se ir abaixo e revelou lacunas defensivas gravíssimas, sofrendo 3 golos de um inspiradíssimo Movsisyan. Aliás, estas falhas defensivas continuam a ser a grande pecha deste Zenit, que até vinha de um período bastante longo sem derrotas no campeonato. Cedeu, porém, perante um Spartak que depois do mau início se soube agarrar aos erros do adversário, apoiado na eficácia de Movsisyan e na criatividade e labor de jogadores como Tino Costa, Glushakov e McGeady.

9. Al Ahly e Guangzhou, últimos passageiros rumo a Marrocos. Ficaram definidos os últimos dois clubes a marcar presença no Mundial de Clubes do próximo mês de Dezembro. O Al Ahly, campeão africano e o Guanghzou Evergrande, campeão asiático, vão tentar a surpresa contra tubarões como o Bayern e o Atlético Mineiro. Tarefa difícil mas só o facto de poderem competir a este nível já valerá a pena. Em África, Aboutreika foi rei, ele que não vai poder jogar o Mundial depois de um festejo com conotação política. Lamentável, porém há outros nomes para seguir com atenção (Said, Fathi, Soliman ou Gomaa, entre outros). Já na Ásia, apesar do pressing final do Seoul de Damjanovic, o Guanghzou aguentou a vantagem que tinha e segurou a Champions. Marcelo Lippi está, assim, de regresso aos grandes palcos, com um conjunto que promete luta. Conca, Elkeson, Muriqui, Zheng Zhi ou Linpeng estão prontos para o desafio.

10. Cruzeiro imenso. A terminar o decálogo de fim-de-semana, tempo para o enorme Cruzeiro de Belo-Horizonte. O título está a caminho e a festa, aliás, até já foi feita após tremenda vitória sobre o Grémio no Mineirão (3-0), no passado domingo. O jogo até foi complicado, visto que o goleiro Fábio teve de realizar umas quantas paradas dignas de aplauso. Porém, na frente, este Cruzeiro é letal. Mesmo sem o melhor Éverton Ribeiro (clara figura deste Brasileirão), apareceram outros nomes, como Borges, Ricardo Goulart ou Willian a decidir. Isto numa equipa que conta ainda com Dagoberto e Júlio Baptista na zona ofensiva, entre outros. Mais atrás, grande dupla de centrais chefiada pelo possante e implacável Dedé, dois laterais que apoiam bem (sobretudo Egídio) e um duplo-pivote sólido como uma rocha (o robusto Nilton e o clarividente Lucas Silva). Em suma, uma equipa imensa, claramente das melhores dos últimos anos no futebol brasileiro. Merecem o Tri!

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