segunda-feira, 25 de novembro de 2013

10 apontamentos do fim-de-semana de futebol internacional

1. Bayern imperial numa tarde de variantes. Imenso Bayern na maneira como resolveu o difícil compromisso em Dortmund. Porém, o jogo não foi fácil: durante a 1ª parte, Lahm tentava dar saída de bola, com Kroos como elemento mais próximo e Javi Martínez numa surpreendente função de médio-ofensivo. Não houve muita fluidez e só quando jogadores como Muller ou Robben agarravam na bola, os bávaros criavam sensação de perigo. Na 2ª parte, porém, com o recuo de Javi e a entrada de Thiago, o jogo fluiu doutra maneira e o campeão europeu construiu robusta vitória. Muito mérito de Guardiola, ao emendar alguns erros iniciais, colocando a equipa num perfil mais objectivo no segundo tempo. O título está, em teoria, mais próximo...

2. A importância de Lewandowski. O Borussia Dortmund não fez um jogo excepcional mas teve várias chances, antes e até depois do golo de Gotze. Muitas delas tiveram um denominador comum: Robert Lewandowski. O polaco ganhou várias bolas a Boateng, mexeu-se bastante bem, recebendo várias bolas de costas para a baliza e rodando para tentar o remate ou dando um passe. Não marcou, mas merecia.

3. Fogo de artífico nas margens do Mersey. Grande dérbi de Liverpool este fim-de-semana. Creio que o resultado (3-3) diz quase tudo. O jogo foi intenso, bem disputado e ambas as equipas tiveram chances de vitória. O jogo foi quase sempre dominado pelo Everton, mas os reds responderam bem, aproveitando as bolas paradas (todos os golos foram na sequência desse tipo de jogadas). Destacaria mais um jogo abnegado de Suárez (e com golaço, de livre!), do jovem Flanagan (lateral adaptado à esquerda com relativo sucesso), do criativo Barkley e as grandes entradas dos suplentes Deulofeu, do lado dos toffees, e de Sturridge na equipa do Liverpool. Isto sem esquecer a grande 2ª parte da, quiçá, figura do jogo, Romelu Lukaku (2 golos). Ritmo e emoção num jogo aberto. Pura Premier League.

4. Um Arsenal cada vez mais sólido. Solidez é a chave deste Arsenal 2013/2014. O surpreendente Southampton foi mais uma vítima de uma equipa capaz de jogar com maior pragmatismo do que noutros anos e com a criatividade e eficácia necessária para resolver os jogos no último terço. Belíssimos momentos do trio Ozil-Wilshere-Ramsey nos primeiros 25 minutos e mais uma exibição de goleador de Giroud (se bem que aproveitando uma falha alheia e convertendo um pénalti). Onde este Arsenal evoluiu, nitidamente, foi no sector defensivo: a equipa falha menos, não se expõe tanto e o rendimento individual de vários elementos tem sido melhor (Mertesacker, Koscielny ou Gibbs). Um candidato na verdadeira acepção da palavra!

5. City esmagador. Impressionante a intensidade da equipa do Manchester City. 6-0 ao Tottenham é notável, ainda para mais da maneira como foi construído o resultado. Os spurs foram trucidados por uma máquina ofensiva difícil de parar quando engrenada. A verticalidade e talento de Jesús Navas, a criatividade de Nasri, a mobilidade à Romário de Aguero e o jogo inteligente, em termos de recepções de bola e remate, de Negredo, tornam esta equipa num hino ao futebol ofensivo. E com a devida protecção do duplo-pivote Fernandinho-Yaya Touré tudo fica mais simplificado na frente. Mobilidade, velocidade e golo, muito golo. Não nos pode presentear mais espectáculos destes, senhor City?...

6. Sevilha-Betis. Boa exibição do Sevilha, num dos derbies mais apaixonantes do futebol europeu. Unai Emery apostou, definitivamente, no 4x2x3x1, que parece, de facto, a estratégia certa para esta equipa. O duplo-pivote Iborra-Mbia deu outra consistência e liberdade a um Rakitic preocupado somente em desequilibrar na 2ª linha. Muito equilíbrio na 1ª parte, com combinação Reyes-Bacca e precipitação de Paulão a ajudarem à debacle bética. Nos últimos 45 minutos, tudo mais fácil para um Sevilha que cedo deixou a questão resolvida (golo do talentoso Víctor Machín). Destacaria neste jogo, Reyes, Bacca (tremendo a atacar os espaços nas costas da defesa), o imperial Fazio (limpou quase tudo por alto) e o português Diogo Figueiras, cada vez mais consolidado na direita da defesa sevilhista. Do outro lado, pobre Betis. Só se destaca o remate de Nono à trave, no primeiro tempo, e um ou outro lance de Juanfran ou Verdú. Muita pobre a exibição, mais uma nesta Liga. Pepe Mel está em apuros.

7. Tévez-Llorente, uma espécie de dupla perfeita. A crítica está rendida e Conte também parece. Finalmente, Tévez e Llorente parecem ter atinado juntos. A demonstração perfeita foi dada ontem, em Livorno. Cada um com um golo, resolveram contenda que ameaçava tornar-se difícil. A combinação no lance do 0-2, então, é formidável: Llorente aguenta na área, de costas para a baliza, e abre espaço a um remate colocado de Carlitos. E atenção que o golo do espanhol também é de excelência, num remate de primeira, após cruzamento preciso de Pogba (cada vez melhor, é um dos médios-referência do futebol europeu actualmente).

8. A 2ª vida de Cassano. Depois de uma operação ao coração, muitos arriscavam que Cassano já não voltaria a brilhar ao mais alto nível. Pois bem, ele por lá continua. Este fim-de-semana, deu a vitória ao seu Parma no difícil San Paolo, jogando contra um Nápoles algo pobre. Movendo-se na sua parcela de campo (não muito extensa, pois já não consegue esforçar-se como dantes), desequilibra, toca, mexe, agita e aproveita os espaços, como se viu no lance do tal golo decisivo (displicência da defesa napolitana que o deixou correr sem pressionar com eficácia). Um carismático jogador, a conhecer uma segunda vida para o futebol. Todos agradecemos que assim seja!

9. Celso Ortiz, smooth operator. Um dos jogadores mais interessantes que tenho visto na Eredivisie. Aos 24 anos, este internacional paraguaio começa a ganhar em definitivo a titularidade no AZ Alkmaar, jogando como médio mais recuado do 4x3x3 de Dick Advocaat. Não é um trinco que arrisque muito e os seus passes são quase todos curtos, embora uma ou outra vez consiga executar passes longos com precisão. Não é de subir muito, embora já tenha um golo esta época (bom remate, no jogo frente ao Shakhter Karagandy na Liga Europa). Porém, equilibra a equipa e rouba bolas de uma maneira notável. Os últimos dois jogos (Feyenoord e Roda, este último jogando numa equipa com 9 jogadores durante 75 minutos) mostraram uma capacidade de arrumar a casa e tocar a bola de forma discreta mas eficaz. Um médio low profile, daqueles que não faz capa de jornal mas que é importantíssimo para segurar o meio-campo. Pode e deve crescer mais. Está no bom caminho.

10. Um louco tango pelo título. Incrível a luta pelo título do Torneo Inicial na Argentina. San Lorenzo, Newell´s, Arsenal e Lanús parecem aqueles com mais hipóteses (sim, depois de perder ontem para o All Boys, o Boca parece irremediavelmente afastado da contenda). Curiosamente, nenhum dos maiores candidatos venceu. Pude ver este fim-de-semana o San Lorenzo, no terreno do Atlético de Rafaela e o potencialmente decisivo Newell´s-Arsenal. Melhor o jogo do San Lorenzo, pelo menos em termos de emoção. Vera e Albertengo, dupla goleadora do Atlético, fizeram tremer o Ciclón, mas um inspirado Nacho Piatti manteve o San Lorenzo à tona. No Marcelo Bielsa, justo empate, embora o Newell´s Old Boys pudesse ter ganho. Na retina, fica o extraordinário chapéu, de primeira, do lateral-direito ofensivo Cáceres. Muito bons golos e jogos entretidos, num campeonato que ninguém parece querer arrecadar...

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