terça-feira, 5 de novembro de 2013

10 apontamentos do fim-de-semana de futebol internacional

1. Um Arsenal com ares de candidato. Mais uma prova de como os gunners estão mesmo na luta pelo título da Premier League. A vitória deste fim-de-semana sobre o Liverpool teve vários momentos a fazer lembrar os melhores períodos deste Arsenal na temporada presente (primeiros 20 minutos frente ao Nápoles): a equipa conseguiu ser intensa, recuperou a bola com facilidade e quando a tinha dominava com uma clareza impressionante. Essencial Arteta a equilibrar, roubando e entregando em dois magos, Cazorla e Ramsey, que além de terem resolvido o jogo com dois golos, tiveram momentos de criação pura e de desequilíbrio. Na ausência do melhor Ozil, apareceram os outros dois criativos da 2ª linha. Ao Liverpool, faltou Coutinho a tempo inteiro. E, no fundo, tivemos a confirmação de que este 3x5x2 não é a melhor opção para o actual plantel e para este tipo de jogos, se bem que até reforce a linha intermediária.

2. O pior Chelsea da época. Sim, creio que até pior do que aquele que perdeu frente ao Basileia, em pleno Stamford Bridge, na Liga dos Campeões. A derrota em St.James´Park no último sábado mostrou a pior face do Chelsea de Mourinho: uma equipa à espera de que o jogo se resolvesse por si, sem muita ambição, tendo posse de bola, é verdade, mas não encontrando os espaços para desequilibrar. Hazard e Torres eram os únicos que mexiam na 1ª parte. Nos últimos 45 minutos, porém, foi ainda pior: o Newcastle foi mais atrevido, apanhou os blues desequilibrados em várias situações e chegaram a 2-0. As entradas de Eto´o e Willian agitaram o jogo, mas era impossível sacar os 3 pontos deste encontro. Sim, porque do outro lado estavam jogadores como Rémy, Cabaye ou Gouffran, prontos para aproveitar as desconcentrações defensivas do vencedor da última Liga Europa.

3. AVB e a meia-hora à Porto. Os 30 primeiros minutos do Everton-Tottenham (0-0) mostraram um Tottenham muito à imagem do que era o FC Porto de André Villas-Boas: pressão alta, recuperação no meio-campo contrário e laterais/alas verticais e dinâmicos. As conexões Walker-Townsend, à direita, e Vertonghen-Lennon, à esquerda, deram dores de cabeça aos laterais dos toffees. Atrás, Chiriches e Sandro antecipavam e arrumavam a casa, enquanto que Paulinho procurava subidas até à 2ª linha e até à área contrária. 7 remates na fase inicial, como se diz, muita parra mas pouca uva. A intensidade incrível foi baixando, até que o Everton, já na 2ª metade, começou a ter bola e controlou melhor as operações. O que falhou então, perguntam os adeptos dos Spurs? Simples: faltou definir melhor, quer nos cruzamentos como nos remates. E sabemos como a este nível, a eficácia é uma exigência...

4. O PSG não é só de Ibra e Cavani: é também de Verratti! Que jogador soberbo é Verratti. Na última sexta-feira, mais um recital de futebol que só ele sabe dar: visão de jogo notável (esteve na origem de dois golos), destreza notável no passe longo e curto, movimentações soberbas em espaços curtos, aguentando a pressão adversária, roubo de bola, equilíbrio... Falta-lhe só refrear um pouco mais os ânimos nalguns momentos e deixar de recorrer à falta com tanta facilidade, o que lhe pode ir valendo uns perigosos cartões amarelos. Foi ele, na ausência de Ibra, o principal artífice de uma goleada do PSG (4-0 ao Lorient), em que outras estrelas também brilharam (Cavani, Lucas Moura ou os meninos Marquinhos e Rabiot).

5. Um portento chamado Atlético de Madrid. Continua imparável o Atleti de Simeone. Diego Costa numa forma tremenda (13 golos). Não me lembro de um avançado tão potente e poderoso a atacar os espaços em algum tempo. A vitória sobre o Athletic (2-0) assentou numa base de bom jogo, com mais bola na 2ª parte, controlando o jogo, depois de um 1º tempo de uma intensidade sublime. Koke, os laterais e a dupla Guaje-Diego Costa brilharam intensamente. Sem dúvida, a melhor equipa em termos de qualidade de jogo na Liga espanhola 13/14. E atenção: Simeone já pulverizou os recordes dos melhores anos de Pep e Mou, algo a ter em conta, claramente...´

6. O fim da série romanista. Depois de uma série de vitórias incrível, a Roma foi parada por um imponente sinal STOP, construído por Giampiero Ventura e posto em prática por um jogador formado na cantera giallorossa (Alessio Cerci). Curiosamente, a formação de Rudi Garcia até entrou bem no jogo e fez uma 1ª parte interessante, dominando e fazendo uso do bom jogo ofensivo dos seus laterais (em especial, Balzaretti). Strootman e Pjanic mantiveram o nível no centro e assim a equipa chegou ao golo (assistência do segundo para finalização do primeiro). No 2º tempo, porém, tudo mudou: o Torino atacou mais, foi incisivo e aproveitou talvez o único erro grave de Benatia neste início de época. Resultado justo, embora tenha ficado a sensação de que se Ljajic tivesse entrado mais cedo a coisa poderia ter sido um pouco diferente...

7. Pogba a crescer. Mais um jovem médio que se vai destacando neste início de temporada. Paul Pogba tem vindo a ganhar preponderância no "onze" juventino e uma ausência sua já seria questionada como se de Pirlo ou Vidal se tratasse. Curiosamente, até nem está na melhor forma, do meu ponto de vista, mas este fim-de-semana foi decisivo no terreno do Parma ao aproveitar uma recarga a uma "bomba" ao poste de Quagliarella. Pogba começou ao centro mas depois da mudança para interior-direito subiu de rendimento. Quando joga na posição de Pirlo, parece que se esconde do jogo (assim como Vidal, em algumas situações). Digamos que o francês é jogador de subir e participar no processo de construção e não ficar atrás. Quando isso acontece, têm de ser os centrais a dar saída de bola. À atenção de Conte: Pogba como interior, com Pirlo ou outro trinco atrás, rende muito mais!

8. Conexão Reus-Lewandowski. Grande vitória do BvB sobre o Estugarda (6-1), mais na dimensão do resultado e da qualidade dos contra-ataques do que propriamente pela qualidade do futebol praticado. O Borussia não foi brilhante mas teve momentos de algum brilhantismo. Reus e Lewandowski foram o diabo à solta no relvado do Westfalenstadion, combinando formas de desbaratar a pobre defesa do Estugarda. Entre eles decidiram o jogo e ainda houve um espacinho para Aubameyang deixar uma daquelas lembranças que todos nós gostamos de rever, com um chapéu sublime, do lado direito da área.

9. Correa, o pibito do Boedo. Médio-ofensivo ou 2º avançado, como jogou frente ao Boca este fim-de-semana, com grande mobilidade, Correa, jovem de 18 anos do San Lorenzo, promete ser uma das próximas aparições do futebol argentino. O seu estilo potente e a sua destreza fazem-me lembrar Aguero no princípio da carreira. Tem técnica, trabalha bem com os dois pés, move-se bem em espaços curtos e sem ser demasiado rápido é um jogador com poder de arranque. O golo ao Boca no último domingo, recebendo com o pé direito para rematar com o esquerdo, em plena área, é de craque. Claramente a seguir nos próximos tempos!

10. A final da Champions africana. Orlando Pirates e Al Ahly jogaram no sábado a 1ª mão da final da Liga dos Campeões africanos. Empataram 1-1 (Aboutreika para os egípcios e Matlaba, aos 93´, para os sul-africanos) mas a sensação que ficou, no geral, é que os eternos campeões egípcios são superiores. Em termos gerais, mas importa recordar que o Al Ahly-Orlando Pirates de Agosto terminou 0-3. Grande entrada do conjunto do Norte de África, chegando à vantagem sendo que os Pirates terminaram bem a 1ª parte. No 2º tempo, o Al Ahly poderia ter resolvido a contenda, teve um golo mal anulado e no fim acabou por sofrer o empate, num excelente remate de Matlaba. Um jogo onde pude rever alguns jogadores de quem eu gosto particularmente e até conheço melhor das suas selecções: Andile Jali, Matlaba ou Segolela do lado sul-africano; no Al Ahly, o veterano Aboutreika, Said ou Soliman. Esperemos então pela decisão no Cairo para saber qual será a última equipa a assegurar presença no Mundial de Clubes de Marrocos.

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