sábado, 30 de junho de 2012

Euro 2012, Espanha vs Itália: Uma final para a história















Chegou o grande dia. Espanha e Itália reencontram-se neste Euro precisamente na final, depois de ambas se terem defrontado na 1ª jornada (1-1). Ora e o que nos disse esse jogo? O jogo de 10 de Junho mostrou uma Itália a jogar em 3x5x2, bem ousada e a colocar muitos problemas a todos os sectores espanhóis. Diria que, em parte, foi a equipa que mais bem soube travar a armada espanhola. A outra parte pertence a Portugal, claro está. Mas como será o jogo de amanhã? Será um confronto igual ao da fase de grupos ou será uma partida completamente distinta?

Obviamente que se prevê uma partida diferente da disputada na 1ª ronda. Primeiro porque se trata de uma final, logo a motivação está nos píncaros. Depois porque ambas as equipas já vêm com 5 jogos disputados, muito cansaço acumulado nas pernas, logo tudo será diferente de um jogo inaugural, onde os jogadores se procuram adaptar à competição e ainda têm outros dois jogos para compensar eventuais deslizes.

Sinceramente, espero um bom espectáculo amanhã. Ganhe quem ganhar acho que ambas as equipas se podem sentir privilegiadas por estar na final de Kiev, depois de terem derrotado adversários tão duros. Uma competição destas, curta na dimensão temporal e de jogos, requer sempre máxima concentração e o mínimo deslize pode ser fatal. Com sorte, audácia e sobretudo muito trabalho Espanha e Itália chegaram até aqui. Duas grandes equipas e dois grandes treinadores frente-a-frente. Que comece o espectáculo!


Algumas perguntas relacionadas com a final:

1. Irá Prandelli apostar na defesa a 3 como no primeiro jogo frente à Espanha? Não, pelo menos a confiar nas palavras do próprio Prandelli na conferência de antevisão ao jogo. O seleccionador italiano afirmou que, muito provavelmente, iria jogar com 4 defesas. O esquema a 3 nem correu mal na estreia. A equipa mostrou enorme flexibilidade pois os laterais têm obrigação de fazer todo o corredor nesse esquema. Houve muita pressão (em especial no 1º tempo) e a Squadra Azzurra enervou os espanhóis com a colocação de várias unidades a pressionar logo no meio-terreno recuado da equipa de Del Bosque. Apesar de tudo, este é um jogo de características diferentes por isso não vem mal ao mundo Prandelli continuar a apostar na táctica dos últimos jogos, ou seja, um 4x4x2 com variações, seja 4x3x1x2 ou 4x2x2x2.
2. Quem será o avançado-centro da Espanha? A eterna pergunta. Depois da experiência frustrada com Negredo no encontro frente a Portugal, creio que Vicente Del Bosque vai voltar a apostar em Fabregàs como "falso 9". Perante uma equipa muito consistente a defender e que fecha bem os espaços é melhor colocar o "abre-latas" Fabregàs do que um ponta-de-lança puro, do estilo Torres ou Negredo que, no fundo, são mais posicionais e não conseguem interpretar o estilo tiki-taka, estratégia essa que exige aos jogadores mobilidade permanente e futebol de toque.
3. A Espanha é mesmo favorita? Ligeiramente, sim. No entanto, muita atenção a esta Itália. Acabou de eliminar Inglaterra e Alemanha com muita autoridade e a praticar um futebol de encher o olho. Depois do jogo contra a Inglaterra falei da mudança de paradigmas nestas duas equipas. A Itália tem, de facto, praticado uma espécie de sexy football, que tanto charme tem trazido a este Euro. Quanto à Espanha continua a ser favorita sobretudo pela experiência que esta equipa leva em finais nos últimos anos, tanto ao nível de selecção como dos próprios clubes. Além disso, a essência-base continua lá, faltando, é certo, alguma acutilância ofensiva, a equipa continua a ser poderosíssima a defender. Espero um belíssimo confronto. Com sorte e sem receios podemos vir a ter o melhor jogo do Euro. Esse título pertence ao Espanha-Itália da 1ª jornada. Parece difícil repetir mas só amanhã poderemos tirar conclusões.
4. O que terá de fazer a Itália para bater a super-campeã Espanha? Receita simples: ser solidária como até aqui, nomeadamente a nível defensivo, pressionar bem a meio-campo (Pirlo, De Rossi e Marchisio têm de ganhar ou, pelo menos, empatar a difícil batalha contra o trio Busquets-Xabi Alonso-Xavi), não deixar jogar entre linhas nos últimos 30 metros (como fez tão bem frente à Alemanha) e tentar explorar a visão de jogo de craques como Pirlo e Montolivo, lançando em diagonais nas costas Cassano e Balotelli. Assim marcou à Espanha na 1ª jornada: Pirlo com um passe de ruptura perfeito, desmarcou Di Natale nas costas dos centrais, tendo este facturado depois frente a Casillas. Ficou na memória, será que conseguirão repetir?
5. Quais serão os "onzes"? Não sou bruxo, mas cá vai a minha previsão. Espanha com: Casillas; Arbeloa, Piqué, Sergio Ramos e Jordi Alba; S. Busquets, Xabi Alonso, Xavi; Iniesta, Silva e Fabregàs. Itália: Buffon; Maggio, Bonucci, Chiellini, Balzaretti; Pirlo, De Rossi, Marchisio e Montolivo; Cassano e Balotelli.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Euro 2012, Alemanha-Itália (1-2): Uma vitória "indimenticabile" da Bella Itália!














Ma che bella Italia! Uma vitória fantástica da Squadra Azzurra tirou os alemães da final que lhes parecia destinada. Uma grande alegria para os jogadores de Prandelli, que mereceram totalmente o excelente triunfo que lhes deu o passaporte para o jogo de Kiev no domingo.

Foi uma autêntica lição táctica dos italianos este jogo. Sempre bem organizados, tiveram de aguentar a pressão da equipa alemã nos primeiros 20 minutos. Ozil coordenava as tropas, no entanto, só Khedira e Kroos o acompanhavam. E foi precisamente ao fim desses 20 minutos iniciais que a Itália marcou: Pirlo soltou-se da pressão alemã, lançou longo, a bola sobrou para Chiellini que deu para Cassano rodar sobre Hummels (esteve mal o excelente central alemão neste lance) e cruzar para as costas de Badstuber, onde apareceu Balotelli a facturar, de cabeça. Simples e eficaz, a execução italiana. Alemães, de seguida, procuraram o golo mas sem sucesso: a equipa estava nervosa, faltava claramente profundidade nas alas. Muito jogo canalizado para Gomez acabou por não resultar. E assim, num lance de contra-ataque, a Itália quase despachou a contenda. Ao minuto 36, Montolivo acelerou, ainda no seu meio-campo, e descobriu Balotelli a fugir no meio de dois alemães. Este recebeu a bola, isolou-se e atirou fora do alcance de Neuer. Mais uma vez, simples e eficaz...

Na segunda parte, Joachim Low tirou Gomez e Podolski para colocar Klose e Reus. No fundo, uma tentativa de emendar os erros da escalação inicial, que resultaram numa anarquia táctica dentro da equipa no primeiro tempo. A equipa melhorou, pressionou um pouco mais, mas bater esta Itália tão bem organizada não é tarefa fácil. A dada altura, o jogo perdeu-se. Prandelli começou a substituir, Balotelli lesionou-se e fez quebrar o ritmo de jogo e os alemães pareciam ter desistido do jogo. Em contra-ataque, Marchisio desperdiçou duas ocasiões de ouro. Já antes Balotelli havia falhado uma. Com isto tudo, os desesperados alemães só marcaram no 2º minuto de compensação: mão de Balzaretti na área e Ozil a converter da marca dos 11 metros. Já era tarde de mais. A vitória e a presença na final iriam mesmo sorrir aos italianos.

Conclusões do jogo: mal Low na abordagem à partida ao decidir colocar Kroos no lugar de Muller. Pelo menos era essa ideia. Esqueceu-se que Kroos joga mais ao meio, quase como primeiro construtor de jogo. Ora isto criou uma espécie de anarquia táctica. Ozil ia aparecendo na direita, mas esse não é o seu habitat natural. Só funciona no meio. Khedira também se atreveu mas pouco. No fundo, criou-se ali um buraco autêntico, não havendo nenhuma profundidade do lado direito. Já Prandelli esteve mais uma vez muito bem ao apostar na dupla Marchisio-Montolivo para jogar nas costas dos avançados. Ambos são jogadores dinâmicos, rápidos, com bom passe e técnica e acabaram por se revelar fundamentais na estratégia da Squadra Azzurra. Ah, e depois temos o factor Balotelli, claro está. Dois excelentes golos. Para não falar num excelente Cassano, num Pirlo sempre delicioso, numa defesa muito sólida e num Buffon incrível. Estamos, portanto, perante uma verdadeira candidata ao título!

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Euro 2012, Meias-finais: Um fim inglório para uma Selecção de heróis (Portugal-Espanha 0-0, 2-4 após g.p.)



























Acabou. Foi bonito, sonhámos alto (de maneira absolutamente legítima) e acabámos por morrer na praia pela 5ª vez em 6 participações em meias-finais de grandes competições. Apesar de tudo, muita satisfação e muitas ilações positivas a tirar para o futuro. Portugal esteve muito bem, jogou futebol de alto nível e deixou um sentimento de ansiedade por 2014 (bem sei que ainda temos a fase de apuramento, mas é impensável não estarmos presentes no Mundial do Brasil...).

Quanto ao jogo, foi emotivo mas nem sempre disputado com qualidade. Especialmente na 1ª parte, assisitimos a um confronto entre duas equipas que estavam com algum receio (para não dizer muito) de arriscar. É normal, uma meia-final, duas equipas fortes, uma um pouco mais que a outra é certo, mas ambas com grande vontade de estar presente na final. Portanto, houve, de facto, algum medo de errar e de colocar em causa a presença em Kiev no próximo domingo.

Portugal foi corajoso. Veloso, Moutinho e Meireles fizeram-se valentes e souberam equilibrar a tal "aparente" luta desigual de centro-campistas. No entanto, foram os espanhóis a criar as duas primeiras ocasiões de golo, por Arbeloa e Iniesta. Portugal, sem criar oportunidades, ia, pelo menos, aguentando muito bem a nível defensivo e equilibrando forças a meio-campo. E depois de algumas (poucas) tentativas inconsequentes, lá conseguimos criar perigo: Cristiano Ronaldo, à entrada da área, rematou perto do poste esquerdo da baliza de Casillas. Melhor ocasião da 1ª parte, já perto do fim. Portugal ganhava esperança...

No segundo tempo, Portugal muito bem de início. Incrível Moutinho a pautar o jogo a meio-campo. Fez Xavi parecer mais pequeno, o que por si só é incrível. Os espanhóis raramente conseguiam entrar no nosso espaço defensivo. E Hugo Almeida lá foi rematando, dando a sensação que se fosse Ronaldo a assumir esse papel poderíamos ter melhor sorte. Mas não... Numa belíssima jogada de contra-ataque, aos 89 minutos, jogada clara de golo para Portugal. Meireles tinha duas opções, uma à direita (se a memória não me falha Nélson Oliveira,  que entretanto havia substituído Almeida) e à esquerda o CR7. O passe não foi feito no timing certo, o madeirense não conseguiu a melhor recepção e depois rematou bem por cima. Grande oportunidade para a estocada final (literalmente final) a não resultar. Vinha o prolongamento, então....

Nos últimos 30 minutos de jogo, Espanha por cima. Duas ou três ocasiões claríssimas (grande Patrício a salvar dois golos certos). Era notório que as substituições do mestre Del Bosque (mais uma vez provou que é um treinador enorme) haviam resultado. A velocidade, drible e profundidade de Navas, à direita, e Pedro, à esquerda, e a capacidade de desestabilização de Fabregàs no centro deram outra vida à Roja. Portugal mais fatigado lá aguentou e levou o jogo para a lotaria (tal e qual) de pénaltis. E aí ganharam nuestros hermanos (4-2). Sorte? Nada disso, foi azar nosso...

Ficámos por aqui, nada de mal a dizer, só agradecimentos. Faltou-nos alguma eficácia nas poucas ocasiões que tivemos, mas todos sabemos como é difícil marcar a esta Espanha, que além do meio-campo e ataque estupendo tem ainda uma defesa praticamente insuperável. E um banco fantástico. Portanto, Portugal conseguiu bater-se com um grupo de jogadores fantástico. Del Bosque podia colocar qualquer dos 23 convocados que continuaria a ter uma equipa fenomenal. E é isto que eu quero guardar no fim deste jogo: a nossa Selecção, morta à nascença na boca de tanto médico-parteiro sem curso, mostrou ser capaz de lutar com os melhores do Mundo. E queremos mostrar mais daqui para a frente. Que chegue 2014 e bem depressa!







segunda-feira, 25 de junho de 2012

Euro 2012: Um decálogo sobre a dramática vitória da Itália sobre a Inglaterra (4-2, após g.p.)















1. Mudança de paradigmas. Deixámos de assistir, neste Euro, a uma Itália sobretudo fechada, conservadora e muito organizada tacticamente para passar a ver uma Itália pressionante, consistente defensiva e tacticamente mas sem medo de atacar e de assumir o jogo. No fundo, este Euro 2012 marcou um corte radical dos italianos com o "catenaccio". Ontem, no duelo contra os ingleses, quem teve mais bola foi sempre a Itália, quem dominou foi a Itália e quem criou mais ocasiões e teve mais remates foi a Itália. Inglaterra? Quase sempre fechada em 30 metros (linha defensiva e média muito recuadas), a equipa de Roy Hogdson raramente se soltou em jogadas de contra-ataque bem gizadas e capazes de criar muito perigo. Quiçá há uns anos a história tivesse sido contada de outra maneira. Mas agora, em 2012, verificámos uma mudança de paradigmas. O futebol tem disto...















2. Pirlo, o dono do jogo. É, nitidamente, o jogador mais influente da equipa italiana. Apesar dos 33 anos e da carreira longa, com muitos títulos e histórias para contar aos netos, continua a ser um jogador essencial. Andrea Pirlo não se consegue arrastar em campo. Mesmo quando está cansado, baixa um pouco ritmo, não consegue desparecer totalmente do jogo, aparecendo depois em maior evidência quando tiver recuperado as forças. A maneira como distribui jogo, como passa, como dribla curto, como remata, como rouba bolas sempre com a mesma classe é algo de único nesta equipa italiana e quiçá no futebol actual. Vê-lo jogar é sentir que este astro roubou ideias criativas a poetas como Dante ou Quasimodo, de tão poético que se torna o futebol quando jogado pelos seus pés de veludo. Um mago, o autêntico rei, dono e senhor do jogo para o qual entra...
3. A colocação inteligente de Montolivo. Pareceu-me, de facto, uma boa ideia a de Prandelli quando decidiu dar a titularidade a Riccardo Montolivo. O técnico italiano decidiu colocar Pirlo e De Rossi como médios-centro e jogar com Marchisio e Montolivo como interiores (uma espécie de 4x2x2x2). Notou-se, então, a presença de Montolivo neste esquema de uma maneira mais evidente durante o primeiro tempo. Através de toques simples, de grande qualidade e nota artística, foi conseguindo desequilibrar a defesa inglesa, que não pressionava tanto na zona de acção do nº18 da Squadra Azurra. Na segunda parte e prolongamento, devido ao cansaço, já não foi tão acutilante. Mas fica o registo para a decisão inteligente do seleccionador italiano.
4. Balotelli em 120 minutos! Parece algo de incrível, de facto. Balotelli jogou o tempo todo. E ainda converteu exemplarmente um dos penalties decisivos! Mas preferia cingir-me, neste caso, ao jogo do polémico avançado em 120 minutos. Depois de revisto o jogo percebo porque Mario se manteve em campo o jogo inteiro: não pareceu tão distante da equipa, mostrou mais entrosamento do que em qualquer outra ocasião se bem que tenha sido individualista e um pouco displicente em determinadas situações. Mas foi, sem dúvida, um Balotelli diferente, pela positiva. Mais sensato, mais integrado na equipa. Naturalmente que motivou-o jogar contra os ingleses, que tanto o assobiaram ao longo de todo o encontro, mas mesmo assim foi um jogador mais calmo até no confronto com os adversários. Mario Balotelli, sempre diferente até quando se porta bem!














5. Inglaterra nasceu para defender? Tão estranho ver este confronto entre uma Itália dominadora e uma Inglaterra defensiva, esperando o erro adversário e sem capacidade de criar um número elevado de ocasiões (pudera, estava a jogar contra uma Itália que além de ter bola, tem uma defesa bastante consistente). Olhando para a equipa de Roy Hodgson dou por mim a fazer a pergunta inicial inúmeras vezes. A equipa, senti durante todo o Euro, estava já mecanizada para jogar assim. Não era fácil fazer melhor. Em termos defensivos, diga-se, a equipa esteve muito bem. Saiu do Euro com 3 golos sofridos em 4 jogos bem complicados. Não é um mau registo. Mas o seu jogo ofensivo, especialmente ontem, defraudou-me um pouco. A falta de criatividade, de velocidade e, por vezes até, de capacidade de remate surpreendeu-me. Equipa que tem por prioridade defender para depois sair em contra-ataque tem que ser mais eficaz. E eficácia foi algo que faltou claramente a esta equipa na noite de ontem...
6. A dupla Terry-Lescott. Nem tudo foi mau neste Europeu para os ingleses. Como já referi anteriormente a equipa esteve muito organizada e compacta em termos defensivos. Nesse sector, destaca-se claramente a dupla de defesas-centrais: John Terry e Joleon Lescott. Em princípio, Lescott nem seria titular mas com a lesão de Cahill tudo se alterou. Gary Cahill podia ser um excelente titular, é certo, mas Lescott cobriu a ausência na perfeição. Junto com Terry, formaram uma dupla temível, forte nos duelos pelo ar e na intercepção de diversos lances da equipa adversária. No fundo, foram um dos principais esteios desta equipa inglesa neste Euro. Do outro vou falar já de seguida...
7. A outra dupla importante dos Três Leões: Gerrard-Parker. Na ausência de Lampard, creio que Scott Parker foi um companheiro à altura do capitão Steven Gerrard no meio-campo inglês. Muito sólidos defensivamente, mostraram-se a dupla perfeita. Complementaram-se bem durante os 4 jogos da Inglaterra nesta competição. Gerrard esteve em foco pela sua capacidade de ajudar a defesa, de lançar o ataque e, sobretudo, pelas duas assistências para golo que efectuou. Já Parker mostrou toda a sua raça, combatividade e capacidade de roubar bolas a meio-campo. Dois jogadores enormes, um mais cerebral, o outro mais raçudo, mas que se mostraram absolutamente fundamentais para que a estratégia de Hogdson resultasse.
8. Onde andou Ashley Young? Esperava muito de Young para o jogo de ontem, confesso. Mas não esteve lá muito bem, na verdade. A minha expectativa era que o confronto com Abate fosse intenso e o jogador inglês ganhasse boa parte dos duelos. Durante o primeiro tempo, foi durante algum tempo um jogador difícil de parar (como é habitual) para os defesas italianos. Mas com o tempo foi desaparecendo e a equipa ressentiu-se da sua perda de influência. Muitas vezes víamo-o desesperado tentando ajudar Ashley Cole em tarefas defensivas. Não foi uma noite terrível, simplesmente esperava mais de um jogador habitualmente decisivo.
9. As revelações Hart e Glen Johnson. Este Europeu teve o condão de mostrar ao mundo dois excelentes jogadores da equipa inglesa, que afirmaram-se na Ucrânia, em definitivo, como jogadores fundamentais no "onze" dos Three Lions. Falo-vos do guarda-redes Joe Hart e do lateral-direito Glen Johnson. O primeiro mostrou todas as suas qualidades, verdadeiro guarda-redes elástico, tão bons são os seus reflexos. Tem estatura de grande guarda-redes, claramente. Desde Seaman que a Inglaterra buscava o guardião ideal. Aí está ele. Já Glen Johnson é jogador de grande equipa. Vê-lo no actual Liverpool, com todo o respeito por um dos clubes mais importantes da história do futebol mundial, custa-me um pouco. É uma equipa "pequena" para ele. Defensivamente imbatível e forte no apoio ao ataque, Johnson tem tudo para se tornar numa referência, a nível mundial, na posição que ocupa. Aliás, para mim já é uma referência. Falta só o salto para uma equipa mais competitiva.
10. Por último, fazendo jus ao número: Wayne Rooney. Rooney foi o jogador mais combativo da equipa inglesa frente à Squadra Azzurra. Forte, explosivo e com a bola bem colada aos pés foi o elemento mais desestabilizador para a defesa italiana nos primeiros 20 minutos de jogo, principalmente. Na segunda parte, quando a Inglaterra, finalmente, conseguia perfurar o espaço defensivo italiano, dava sempre a sensação de poder ser Rooney a tornar-se no homem decisivo. Aos 92´, esteve perto disso: atirou por cima da baliza de Buffon, num pontapé de bicicleta extraordinário. Despediu-se do Euro com 2 jogos realizados. A decepção do craque foi evidente no fim da lotaria de grandes penalidades. É, de facto, uma pena para ele, não tanto pela ausência nos primeiros 2 jogos da fase de grupos (a equipa aguentou-se bem sem ele), mas sobretudo pela derrota de ontem...

domingo, 24 de junho de 2012

Euro 2012, 1/4 de final, Espanha-França (2-0): Duelo ibérico nas "meias"














Portugal ficou ontem a conhecer o adversário da próxima quarta-feira nas meias-finais do Euro 2012: trata-se da Espanha, actual campeã europeia e mundial, melhor selecção do Mundo. Uma tarefa só ao alcance de autênticos gigantes. Por isso mesmo eu acredito que, se continuarmos a jogar com esta atitude, podemos bater a forte equipa espanhola e seguir para a final de Kiev.

O jogo de ontem foi claramente dominado pela Roja. Como sempre tiveram mais posse de bola, perante uma França que me pareceu desde início muito atordoada, quase que sem saber o que estava ali a fazer. Pois bem, eu explico: estavam ali para disputar um jogo de futebol. Só que decidiram entrar a medo, vacilando e tremendo a cada momento em que génios irreverentes como Iniesta, Silva ou Xavi pegavam na bola.

A estratégia de Blanc não resultou: a equipa, em termos defensivos, desmoronou-se, qual castelo de cartas numa tarde ventosa. Clichy esteve sempre muito desapoiado e Silva, Cesc Fabregàs e até Arbeloa fizeram o que queriam do lateral-esquerdo francês. Do outro lado, dois laterais, supostamente um à frente do outro: Reveillère e Debuchy. Pois bem, acabaram várias vezes lado a lado, o que deixava um espaço para que Alba pudesse progredir. E assim surgiu o primeiro golo, aos 19 minutos. Iniesta lançou Alba, o jovem do Valência ganhou a frente a Debuchy e cruzou para a área, onde apareceu ,vindo de bem longe, o médio Xabi Alonso para cabecear, sem hipóteses para Lloris. A Espanha em vantagem, o inevitável acontecia.

Até ao intervalo, só se viu França numa tentativa de livre por Cabaye (excelente intervenção de Casillas). Blanc tinha de alterar muito na sua equipa para o segundo tempo. Talvez mexer com o jogo e colocar Nasri, Valbuena ou outro elemento desequilibrador. No entanto, de início, tudo igual. Laurent Blanc mantinha o medo, o que era uma espécie de convite à vitória espanhola...

O jogo foi continuando sob domínio espanhol. Por volta dos 60 minutos, acontece uma das jogadas do encontro: Xavi, depois de uma troca de bola paciente com Silva e Iniesta, descobriu Fabregàs, num excelente movimento vertical, a isolar-se e a atirar contra Lloris (bela saída do guarda-redes francês, diga-se de passagem). Um desenho fantástico, com o passe de ruptura de Xavi e o movimento excepcional de Fabregàs para ver e rever (atenção Paulo Bento!).

Entretanto, aos 65 minutos, finalmente Blanc dar um arzinho da sua graça e decide arriscar: tira Debuchy e Malouda colocando no lugar destes Menez e Nasri. Ao que Del Bosque respondeu com as entradas de Pedro e Torres para os lugares de Silva e Fabregàs (a gerir muito bem a equipa o técnico espanhol). Certo é que os franceses, que já tinham subido um pouco mais as linhas no 2º tempo, se agitaram um pouquinho. Os espanhóis, por outro lado, mantinham-se muito sérios no trabalho defensivo e na prática do seu maravilhoso tiki-taka. Ribéry ainda deu um ar da sua graça em duas arrancadas que puseram Arbeloa (claramente o elo mais fraco do "onze" espanhol) em sobressalto. Valeu a atenção de Casillas, o melhor guarda-redes até agora neste Europeu...

O jogo só ficaria definitivamente fechado já no tempo de compensação. Pedro soltou-se da marcação, dentro da área, e foi derrubado por Reveillère. Pénalti inequívoco, superiormente convertido por Xabi Alonso. Estava tudo resolvido. Vitória claramente justa da Espanha. Pena que a França tivesse dado tanto pouco de si. Já dizia Daniel Defoe: o medo do perigo é mil vezes pior que o perigo real. Parece que esta foi feita a pensar no "Presidente" Blanc e na sua armada...

sábado, 23 de junho de 2012

Euro 2012, Quartos-de-final: Alemanha-Grécia (4-2)














Ficou pelos quartos-de-final a bela travessia dos gregos, treinados por Fernando Santos, neste Euro 2012. Sinceramente já esperava este desfecho. A probabilidade de surpresa frente a uma selecção como a alemã era muito reduzida. O que se veio a confirmar durante os 90 minutos disputados no relvado (mau, por sinal) do estádio de Gdansk.

A Alemanha foi sempre superior ao longo de todo o jogo. Joachim Low fez descansar, aliás, algumas unidades importantes tendo colocado na frente Klose, com o apoio de Reus e Schurrle nas alas. A equipa germânica começou muito forte, com um golo anulado e vários lances de perigo, um dos quais numa jogada brilhante com Ozil a atirar contra Sifakis. Só que o tempo passava e faltava o golo...

Até que perto dos 40 minutos, Lahm veio da esquerda e rematou à entrada da área, sem hipóteses para o guardião grego. Um belo golo a coroar o domínio germânico no primeiro tempo. No entanto, no início do segundo tempo, a história iria mudar. Os alemães entraram demasiado relaxados e a Grécia aproveitou para empatar numa excelente jogada de contra-ataque, finalizada por Samaras. Só que o empate não durou muito: acabados de entrar na última meia-hora de jogo, os alemães voltam a colocar-se em vantagem, uma fantástica execução de primeira de Khedira na área grega. Alemanha parecia novamente mais perto da vitória...

O segundo golo foi, sem dúvida, o click de que os germânicos necessitavam para resolver o jogo. Logo de seguida, aos 68 minutos, Klose "matou" o jogo, de cabeça, após livre de Ozil. A partir daqui, Joachim Low poderia, inclusive, poupar mais alguns jogadores. Algo que não fez, pois colocou em campo um habitual titular (Muller) no lugar de Schurrle (boa partida do jovem atacante do Bayer Leverkusen). E 6 minutos depois dessa substituição, lá surgiu mais um: Marco Reus, com um disparo imparável, fez o quarto golo. O festival continuava...

E continuou: Low tirou Klose e Reus (o tal duo surpreendentemente titular que mostrou qualidades ontem) para colocar a jovem pérola Gotze e o goleador Gomez. Assim foram os últimos 10 minutos: Alemanha a gerir tranquilamente resultado tão belo e confortável, Grécia aguentando e conseguindo mais um tento de honra, por Salpingidis, aos 89´, de grande penalidade. Resultado justo, creio que o inevitável aconteceu. Alemanha claramente mais forte espera agora, ansiosamente, pela partida de quinta-feira, em Varsóvia, contra o vencedor do Inglaterra-Itália. Quanto aos gregos, que lhes sirva de consolo a chegada aos "quartos" quando toda a gente, à entrada para a última jornada, os colocava fora deste Euro 2012.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Euro 2012, Quartos-de-final: A vitória portuguesa sobre os checos em 6 perguntas














1. Será esta Selecção capaz de atingir o título? Bom, agora que estão entre as 4 melhores, tudo é possível. No entanto, é bom que mantenham os pés assentes na terra e que só pensem no jogo das meias-finais. Apesar do entusiasmo, do bom futebol e da atitude desta equipa, também convém recordar que ainda não estão no ponto no que concerne à concretização. Muitos golos continuam por marcar. E como sabemos (e já vimos este ano frente à Alemanha...) o desperdício contra "gigantes" costuma significar a morte do artista...Esperemos que não...
2. Porque é que a Selecção entrou tão cautelosa de início e tão vigorosa na 2ª parte? Parece-me uma questão relativamente simples de se responder: na 1ª parte, imperou o respeito entre ambas as equipas. Os checos não quiseram expor-se ao perigo da velocidade e verticalidade do ataque luso e os portugueses temeram avançar demais e desguarnecer o sector recuado, podendo sofrer um golo que complicaria as coisas. No entanto, acho que a mudança de atitude da equipa portuguesa começou no último quarto-de-hora da 1ª parte, quando entendeu, sobretudo após o remate de Ronaldo ao poste, que podia criar perigo e com mais algumas unidades a apoiar o ataque podiam desequilibrar o jogo a seu favor. E foi isso que se viu precisamente no segundo tempo: mais vontade, linhas mais avançadas, maior pressão sobre a defesa checa e mais oportunidades a surgir. Assim se construiu a vitória...
3. Portugal não cria demais para os (poucos) golos que faz? Ainda bem que Portugal cria muitas oportunidades, é sinal de criatividade e capacidade de chegar às zonas de finalização. Falta, como eu já disse, melhorar a eficácia. Continuam a ser desperdiçadas algumas oportunidades claras que permitiriam que, no jogo de ontem por exemplo, a Selecção tivesse resolvido a questão mais cedo.
4. Quais serão os jogadores destas duas selecções que podem sair mais valorizados deste Europeu? Olhando para Portugal temos vários: Rui Patrício ganha muito mercado porque se tem revelado um guarda-redes muito seguro. No meio-campo, Veloso e Moutinho estão a revelar-se e a sua cotação tem disparado em flecha. Podem valer grandes negócios para os seus clubes este Verão. Quanto à equipa checa apontaria também alguns nomes: o inevitável Gebre Selassie, lateral-direito revelação deste campeonato (sobe bem, defende com critério, belo jogador), apontado já a Werder Bremen e Chelsea, por exemplo; os médios Jiracek e Pilar, ambos recém-chegados ao Wolfsburgo, é certo, mas que vão ficar em definitivo nas listas de prospecção dos melhores da Europa. Por último, importa referir a valorização pessoal: Cristiano Ronaldo, autor do golo da vitória ontem, por exemplo, pode muito bem vencer a Bola de Ouro este ano. Já é o grande candidato. Se for campeão, então, parece-me um dado adquirido.
5. Quem é o ponta-de-lança ideal para substituir Postiga nas meias-finais? Eu diria Hugo Almeida, apesar de não me parecer muito confiante. No entanto, é mais experiente e possante do que Nélson Oliveira, que me parece mais útil para entrar a meio do jogo, para desbloquear jogo e perturbar os centrais contrários com a sua velocidade.
6. Qual o melhor adversário para as "meias": Espanha ou França? Teoricamente é a França, claro está. Embora o historial não seja lá muito bom, especialmente em semi-finais. Acho que contra os gauleses seria um jogo mais equilibrado. Contra nuestros hermanos, a tarefa seria muito provavelmente mais complicada. O seu jogo apoiado, cheio de criatividade e magia do meio-campo para a frente, pode tornar-se numa complicação para a equipa nacional. Embora a última amostra em termos oficiais (Mundial-2010) não tenha sido má de todo...

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Dia 12 do Euro, Grupo D: O sprint final de Rooney e Ibra mandou a França para a zona Roja














Inglaterra-Ucrânia 1-0

Vitória bem difícil dos ingleses. O golo de Rooney, aos 48 minutos, salvou a equipa de Roy Hogdson de um resultado que poderia ser embaraçoso. Bom jogo dos ucranianos, sempre com muita atitude e muito acutilantes do ponto de vista ofensivo. Ingleses fechadinhos atrás, sentiram dificuldades perante o quarteto-maravilha dos "amarelos" na noite de ontem: Yarmolenko, Konoplyanka, Milveskiy e Devic. Resultado injusto, embora o apuramento inglês seja justíssimo.















Suécia-França 2-0

Mal a equipa francesa neste último encontro, acabando por perder um 1º lugar que parecia quase garantido. Já deu para ver que esta França sofre para ultrapassar defesas bem cerradas. E esta equipa sueca foi, efectivamente, melhor a este nível. Pelo menos em comparação com os outros jogos. Ah, e outra coisa! Finalmente teve extremos. E mais uma vez um Ibrahimovic do outro mundo, a apontar um golo igualmente do outro mundo (ver foto em cima). O outro foi de Larsson, já no tempo de compensação. Voltando aos franceses, agora vem a Espanha nos "quartos". Medo, muito medo, mas espero um grande jogo, apesar de tudo de desfecho imprevísivel...

terça-feira, 19 de junho de 2012

Dia 11 do Euro, Grupo C: As favoritas deixaram a gigante Croácia a chorar















Croácia-Espanha 0-1

Foi um fim inglório para os croatas. Jogaram futebol de qualidade, mostraram carácter, raça e grande capacidade de choque. Não costumo falar em arbitragens, mas ontem se o senhor Stark tivesse estado mais acertado porventura a Croácia estaria no lugar onde merecia. Embora, diga-se, os espanhóis, futebolisticamente falando, mereçam sempre seguir em frente.

Apesar de tudo, o jogo não correu de feição à Roja. Muitos passes falhados, dificuldades acrescidas em entrar na área croata, em suma, uma partida difícil, fechada, muito graças ao belo esforço e organização táctica da equipa de Bilic. Da primeira parte, destacam-se alguns remates de meia-distância, geralmente parados por Pletikosa. Não houve muito mais...

No segundo tempo, os espanhóis conseguiram criar mais perigo, sobretudo depois da entrada de Navas, que soltou mais a equipa do ponta de vista ofensivo, se bem que lhe tenha retirado o poder ofensivo de ter um "9" ( Navas entrou aos 61´ , para o lugar de Torres). No entanto, os homens dos Balcãs tiveram excelentes oportunidades, por Rakitic e Perisic. Este último entrou a meio da 2ª parte, assim como Jelavic, regressando então a Croácia ao esquema apresentado nos dois primeiros jogos. Slaven Bilic arriscava tudo e a equipa de Del Bosque tremia um pouco, especialmente na zona mais recuada.

O jogo só ficou resolvido aos 88 minutos. Antes mais uma excelente substituição de Del Bosque, ao colocar Cesc Fabregàs no lugar de um desinspirado David Silva (minuto 73). Fabregàs viria, aliás, a ajudar a resolver o jogo, numa excelente jogada em que isolou Iniesta e este assistiu Jesus Navas que, de baliza aberta, não perdoou. Resultado injusto, apesar da estatística mostrar uma Espanha com mais bola (64% de posse) e com mais remates perigosos. Nos últimos minutos, os croatas procuraram desesperdamente o golo do apuramento, sem sucesso. Ficam pelo caminho, para mim injustamente, dado que revelaram qualidade suficiente para estar nos quartos-de-final. Em especial, ontem. Fizeram tremer, e muito, a campeã da Europa e do Mundo.



























Itália-Rep.Irlanda 2-0

Não gostei da exibição italiana. A avaliar pelo jogo de ontem, acho que teria sido mais justo os croatas seguirem em frente que os italianos. Estes últimos só me deixaram água na boca na estreia frente à Espanha e durante parte do 1º tempo frente à Croácia. De resto, jogaram o suficiente para passar mas sem fascinar.

Há uma tentação, diria, quase suicida dos italianos para se fecharem em copas quando estão a vencer por 1-0. Como disse aqui há uns dias o comentador Luis Freitas Lobo, numa análise bastante pertinente, para os italianos o 1-0 é como se fosse uma goleada. Nos últimos 2 jogos tive essa impresão. E não me agradou, de facto.

Mas, cingindo-me ao jogo de ontem, aquilo que se viu foi uma Itália q.b., que entrou em campo esperando que o jogo se resolvesse por si só. Não aceleraram muito o jogo, jogaram a passo e lá chegaram ao golo, a caminho do intervalo, após canto de Pirlo, através da cabeça de Antonio Cassano. Vantagem à italiana, portanto.

Depois, chegou o vírus do adormecimento das segundas partes. Os resultados em ambos os campos (1-0 neste jogo, 0-0 no outro) eram suficientes para levar a Itália a um incrível 1º lugar no grupo. E eles, sabendo ou não, lá se deixaram arrastar, suavemente, qual turista num fim de tarde de ondas calmas numa praia qualquer. E com isto ganharam algum entusiasmo os irlandeses, com vontade de estragar as contas aos italianos. Pelo menos pareceu, num livre que Buffon defendeu para a frente com dificuldade. "Mamma mia", suspiravam os italianos (e não suspiravam pelos ABBA, seguramente).

Só que a 15 minutos do fim, Prandelli tirou Di Natale (que até estava a ser o melhor elemento do ataque), para colocar o irreverente e ao mesmo tempo irritante Mario Balotelli. Que viria a resolver o jogo num meio-pontapé de bicicleta, após canto. Os especialistas chamam-lhe pontapé de triciclo, dado que não executou o movimento completo. Interessante definição, tendo em conta que o ar de menino mimado do italiano de origem ganesa me faz imaginá-lo mais facilmente num triciclo do que numa bicicleta...

Entretanto, chegou o fim do jogo. Italianos esperavam ansiosos pelo final em Gdansk. E lá terminou com vitória espanhola. Grande festa (curiosamente, os italianos lideraram o grupo durante boa parte do tempo e acabaram a festejar o 2ª lugar). Não só dos italianos, como também dos irlandeses (e aqui aperta-se-nos o coração. Lá vão eles para casa. Falo, claro está, dos fantásticos adeptos dos Boys in Green. Ontem apesar da derrota lá voltaram a sair em festa. São mesmo assim e nós só lhes temos que agradecer os bons momentos que proporcionaram!).

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Dia 10 do Euro, Grupo B: Rei Cristiano leva Portugal aos "quartos" do aposento










































Portugal-Holanda 2-1

A primeira parte da história está escrita, rapazes. Tudo o que vier agora é acrescento a uma bela história, a fazer lembrar gloriosas epopeias como 1984, 2000 ou 2004. Portugal derrotou os seus "fantasmas" e conseguiu uma justíssima qualificação para os quartos-de-final do Euro 2012, onde irá defrontar a República Checa (e logo volta um outro fantasma, com 1996 na memória, mas que terá de ser igualmente derrotado).

O jogo contra a Holanda só não foi perfeito porque os avançados continuam a desperdiçar muitos golos (podíamos ter goleado o nosso "modesto" adversário de ontem) e porque a defesa, em termos de bolas paradas, não está ainda bem afinada. Mas para quê lamentarmo-nos se tudo correu bem, perguntar-me-ão vocês? E correu tudo tão bem, que até o nosso maior craque decidiu voltar às exibições de sonho! Ainda há quem critique os críticos, passo a redundância. Eles existem também para mexer com o ego ferido. Ainda bem...

Quanto ao desafio, foi quase totalmente dominado por Portugal. No entanto, os primeiros 15 minutos foram laranjas. Concentração, posse de bola e um excelente remate de Van der Vaart, de fora de área, a bater Patrício, aos 11 minutos. Portugal tremeu... Mas havia muito para se jogar, como se viria a confirmar. Portugal não teve medo e ,de seguida, Ronaldo e Postiga tiveram duas incríveis ocasiões de golo. Portugal pressionava mais alto, o meio-campo luso esteve brilhante e não deu tréguas aos holandeses, que, de repente, se viram amarrados numa teia armada inteligentemente pela equipa de Paulo Bento.

E, depois de tantas ocasiões, lá chegou finalmente o primeiro momento de euforia portuguesa. João Pereira rompe da direita e isola magistralmente o CR7, nas costas da defesa holandesa. À saída de Stekelenburg, o craque não vacilou (como, infelizmente, havia acontecido frente à Dinamarca). Um golo dedicado ao filho, que fazia 2 anos. Tinham passado 28 minutos de jogo. Portugal não mais quis largar o controlo do jogo.

Só que no início do segundo tempo, os holandeses subiram linhas, pressionaram mais um pouco, tentando colocar-se de novo a um golo do resultado necessário. Portugal aguentou-se, firme. Foi criando mais oportunidades em contra-ataque (Nani, Coentrão...). 1-1 mantinha-se. Em Kharkiv e em Lviv, no Dinamarca-Alemanha. Era suficiente, mas perigoso...

Até que, pelo menos para mim, acontece um dos momentos-chave do jogo. Um golo, perguntam vocês? Nada disso, uma substituição. Simples e ineficaz, no caso. Bert van Marwijk foi tão simpático que decidiu tirar o lateral, entretanto amarelado, Willems para arriscar tudo e colocar Afellay na frente, junto a Robben, Huntelaar e Van Persie. No entanto o que aconteceu foi que Portugal aproveitou a defesa a 3 para "matar" o jogo. Aos 74 minutos, grande roubo de bola de Pepe junto à grande-área nacional, Moutinho lança Nani em correria desenfreada do lado direito e este descobre Ronaldo solto do outro lado. Este executa tão brilhante quanto friamente. Lindo momento! Cristiano sentou o defesa e com toda a calma deste e doutro Mundo colocou fora do alcance de Stekelenburg. Enfim, os bravos lusitanos estavam na frente do marcador! Depois disso, ainda assistimos aos remates ao poste de Van der Vaart e Cristiano Ronaldo. Últimos lances de emoção num jogo de quase um só sentido.

Até que chegou o apito final de Nicola Rizzoli. O primeiro passo estava dado. Faltam os próximos capítulos. Com esta vontade, determinação, carácter, qualidade e crença podemos chegar longe! E quinta-feira, no bonito Nacional de Varsóvia, temos umas contas a ajustar com uns checos (faço um parênteses para falar nos holandeses: 3 derrotas em 3 jogos mostram, de facto, uma equipa com carências defensivas, mau aproveitamento ofensivo e, sobretudo, desorientação táctica. Bert van Marwijk perdeu a guerra dos egos na selecção. Fim inglório para uma selecção que chegava a este Europeu como vice-campeã mundial. Chegaram assim, partiram sendo menos que a sombra dessa equipa).















Dinamarca-Alemanha 1-2

Concentrado no Portugal-Holanda, só tive oportunidade de ir escutando o que se passava no outro jogo do grupo. Em Lviv, a Alemanha foi superior em termos de resultado mas o jogo foi um pouco abaixo das expectativas. Alemães adiantaram-se por Podolski, por volta do minuto 19. Só que os dinamarqueses responderam bem, com o empate, pela cabeça de Krohn-Dehli, ao minuto 24. Resultado aceitava-se ao intervalo.

Na segunda parte, dinamarqueses entraram com vontade e tiveram excelente ocasião, nos pés de Jakob Poulsen. De repente, quase a entrar no último quarto-de-hora, Portugal marca em Kharkiv. A Alemanha ficava a um golo da eliminação. O susto passou, quase de seguida, com o tento de Bender(ontem muito bem na posição de lateral-direito), a 10 minutos dos 90´. Suspiraram de alívio os germânicos. O apuramento e o primeiro lugar estavam garantidos. Dinamarqueses, apesar de tudo, decepcionaram um pouco ontem. Na altura chave faltou claramente coragem. Ainda bem para Portugal...

domingo, 17 de junho de 2012

Dia 9 do Euro, última jornada do Grupo A: E o improvável aconteceu...














Rep.Checa-Polónia 1-0

Reviravolta épica neste grupo A. Não é que os checos, goleados na 1ª jornada, conseguiram no final desta fase de grupos o 1º lugar? Foi uma noite emocionante, cheia de momentos para mais tarde recordar.

Em Wroclaw melhor a Polónia na 1ª parte, mais dinâmica, com mais bola e oportunidades. Os checos iam aguentando o empate, que lhes servia tendo em conta o empate que se registava no outro jogo do grupo. Já este jogo havia ido para intervalo, quando a Grécia marcou em Varsóvia. Nesta altura, polacos e checos estavam fora do Euro.

No segundo tempo, ficou bem explícito quem era a equipa mais forte, mais experiente e que carregava às suas costas o peso da maior dimensão futebolística em termos históricos. Obviamente falo-vos da selecção da República Checa. Carregada por um excelente médio de transição (Jiracek), a equipa de Michal Bilek dominou os últimos 45 minutos e mostrou vontade de conseguir o apuramento. Apuramento esse que ficou garantido ao minuto 72, quando Jiracek, homem do jogo para a UEFA, finalizou de maneira sublime dentro da grande área polaca.

Até ao fim, checos controlaram, polacos desesperaram com as ocasiões desperdiçadas. A sorte também faz parte do jogo. Mereceu a vitória a equipa mais experiente destas duas. Está nos quartos-de-final, com todo o mérito. Quem diria depois da derrocada defensiva da 1ª jornada?














Grécia-Rússia 1-0

Aconteceu mesmo o improvável em Varsóvia. Karagounis, no tempo de compensação da 1ª parte, fez o golo do sonho helénico. Afinal eles não estavam assim tão mal, pois bastava-lhes vencerem a Rússia para se apurarem. O que aconteceu. Justiça feita a uma equipa grega que tanto neste como no primeiro jogo batalhou contra todas as adversidades. Russos saem pela porta traseira, a porta da vergonha. Dick Advocaat não teve controlo sobre os seus jogadores, que entraram neste encontro tremendamente displicentes, pensando que o apuramento já estava garantido. Enganaram-se redondamente. Os gregos jogaram as fichas todas neste jogo e conseguiram um lugar entre as 8 melhores do Euro 2012. Parabéns a Fernando Santos!

sábado, 16 de junho de 2012

Dia 8 do Euro, Grupo D: França e Inglaterra na frente, Suécia sai pela porta de trás















Suécia-Inglaterra 2-3

Um dos jogos mais emocionantes, senão mesmo o emocionante de todos até agora neste Euro 2012. Inglaterra mandou a Suécia para casa, numa partida onde esteve a vencer, sofreu reviravolta e conseguiu de novo colocar-se na frente do marcador.

Efectivamente, os ingleses acabaram por merecer a sorte. Sempre muito compactos na zona recuada e sem permitirem que os suecos penetrassem nas zonas de finalização, os Hogdson Boys fizeram uma boa 1ª parte e chegaram ao intervalo a vencer, graças a um golo de cabeça de Andy Carroll (sim, ontem foi titular e fez um belo jogo), ao minuto 23, após grande assitência de Steven Gerrard, de perto do meio-campo. Já a equipa escandinava foi sentindo dificuldades em criar perigo. Nota-se a falta de extremos rápidos e sobretudo de um médio organizador de jogo neste "onze".

No segundo tempo, em menos de 15 minutos, porém, tudo mudou. Logo ao quarto minuto, Mellberg aproveitou bola solta na área, após livre e recarga de Ibrahimovic, para atirar à baliza. A bola desviou em Hart e Glen Johnson, e acabou por entrar, caprichosamente, na baliza dos Três Leões. Estava feito o empate, o resultado mínimo necessário para garantir a sobrevivência dos suecos no Euro (pelo menos até à última jornada). Depois, volvidos 10 minutos, novo balde de água fria para os ingleses. Livre exemplarmente cobrado, na direita, por Sebastian Larsson com Olof Mellberg a aparecer, de novo (agora de cabeça), a desviar para o golo da reviravolta. Incrível queda dos ingleses, que ficaram atónitos com o golo sofrido.

No entanto, reagiram muito bem. Todos. Os que estavam em campo e o comandante das tropas, um senhor de 64 anos chamado Roy Hogdson, que decidiu tirar Milner e colocar o irreverente e irrequieto Theo Walcott. Pois bem, substituição feita (minuto 61), substituição ganha (minuto 64). Canto na esquerda, bola sobrou para fora da área, na zona frontal, de onde Walcott atirou para o fundo das redes de um surpreendido Andreas Isaksson. Inglaterra reentrava na partida!

O empate não assentava nada mal, de facto, a um jogo e especialmente a uma segunda parte (20 minutos, vá...) verdadeiramente emocionantes. Mas logo os suecos trataram de voltar a pressionar e lançaram-se numa busca imediata pelo terceiro golo. Martin Olsson e Ibrahimovic estiveram bem próximos de concretizar. Até que, ao minuto 77, ruiu em definitivo o sonho sueco. Walcott arrancou na direita e cruzou para Welbeck desviar com um toque de calcanhar tão súbtil quanto mágico. Estava completada a reviravolta ( a segunda no jogo e a segunda sofrida pela Suécia neste Euro). Até ao fim, os suecos desesperados já não encontraram maneira de restabelecer a igualdade. Pelo contrário, os comandados de Hogdson ainda tiveram oportunidade para aumentar, por Gerrard.

No final, festa inglesa a contrastar com a tristeza dos suecos. Justiça feita, Roy Hogdson foi o vencedor máximo da noite de ontem. Afinal, os treinadores também ganham jogos...
















Ucrânia-França 0-2

Vitória convincente dos franceses, que lhes permite segurar o primeiro lugar do grupo, embora em igualdade pontual com a selecção inglesa. Grande exibição de peças-chave como Nasri, Ribéry, Benzema e excelentes jogos dos "novos" titulares como Cabaye e Menez. Precisamente estes dois últimos apontaram os golos da vitória francesa.

Vamos por partes: primeiro tempo, França superior mas a sofrer defensivamente com a velocidade de jogadores como Konoplyanka, Yarmolenko ou o "veterano" Shevchenko. Merecia, apesar de tudo, a vantagem ao intervalo porque tinha tido mais bola e as melhores oportunidades.

Segunda parte, começa com remate perigoso, ao lado, de Andriy Shevchenko. Estava dado o aviso pelos donos da casa. Ainda assim, logo de seguida e rapidamente, os franceses resolveram a contenda. Primeiro Menez e depois Cabaye, após assistências de Benzema, aos 53 e 56 minutos, resolveram o encontro.

Os ucranianos desapareceram do jogo depois disso. Cabaye ainda viria a desperdiçar o "bis", num remate ao poste, após boa jogada colectiva. No entanto, o essencial estava conseguido: uma vitória importante aliada a uma boa exibição, assente num jogo apoiado, de pé para pé e com movimentos, tanto colectivos quanto individuais, deveras interessantes. Conclusão: França continua a ser candidata a boa surpresa deste Euro 2012.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

7ºdia de Euro, Grupo C: Espanha e Croácia na linha da frente















Espanha-Rep.Irlanda 4-0

Os poetas do futebol voltaram a atacar. Exibição consistente e divertida da Roja. Irlanda eliminada do Euro, sem dó nem piedade (valeu a sua presença só pela atmosfera criada pelos seus incríveis adeptos). Golos do "9" Torres (um bis no regressao ao "onze"), de Silva ( um golo de recreio, algo incrivelmente bonito e que pareceu de fácil execução) e ainda de Fabregàs.














Itália-Croácia 1-1

Grande jogo em perspectiva em Poznan e, de facto, os protagonistas de ambas as partes, no geral, não decepcionaram. Duas equipas totalmente entregues ao jogo e capazes de criar perigo a qualquer momento.

Itália teve mais bola e oportunidades no 1º tempo, enquanto que a Croácia ia tentando lançar-se em velocidade pelas alas, no entanto, sem efeito devido ao grande trabalho defensivo dos italianos. Italianos esses que foram tendo várias oportunidades ( Balotelli, Marchisio por duas vezes ou Cassano...), até que ao minuto 39 o mago Pirlo fez balançar as redes croatas, na cobrança irrepreensível de um livre directo.

No segundo tempo, menos Itália e mais Croácia. A batuta do jogo passou do "maestro" Pirlo para o "maestro" Modric. E eis que, aos 72 minutos, surgiu o golo dos balcânicos. Lançamento para Mandzukic atirar contra o poste com a bola a resvalar para a baliza. 3º golo do avançado croata neste Euro. E assim se manteria o resultado até final. Excelente para a Croácia, interessante para a Squadra Azzurra.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Dia 6 do Euro, Grupo B: E tudo Varela levou no dia em que Gomez voltou a ser rei














Dinamarca-Portugal 2-3

Uf!, suspirei no final da partida. Portugal conseguiu superar a primeira de duas batalhas rumo aos quartos-de-final, isto numa partida que aos 35 minutos parecia muito bem encaminhada para as nossas cores.

Curiosamente os primeiros 10 minutos nem foram famosos. Dinamarca a pressionar, equipa portuguesa a sentir dificuldades em soltar-se da pressão e a cometer alguns erros. Depois desse início algo encravado, o meio-campo e por consequência o jogo português, começaram a fluir (finalmente!). Primeiro remate com algum perigo foi aos 13 minutos, da autoria de Miguel Veloso, para defesa apertada de Andersen.  A equipa estava a soltar-se, no entanto, eram os dinamarqueses quem tinham mais bola.

Portugal estava a progredir e ao minuto 25 surgiu a primeira explosão de alegria na Arena de Lviv. Canto cobrado por João Moutinho e Pepe, num movimento "à Shevchenko", a desviar, ao primeiro poste, para o fundo das redes. Estava feito o primeiro golo neste Euro para Portugal! A equipa começou a ganhar ânimo, ascendente e a desquilibrar melhor o esquema sempre bem desenhado por Morten Olsen. E eis que aos 36 minutos, a nossa Selecção aumenta. Nani na direita assiste Postiga, que solta-se da pressão na área e atira com precisão, fazendo assim o segundo de Portugal. A vitória estava mais próxima...

Ou não...volvidos 5 minutos, a defesa portuguesa é apanhada em contra-pé, após cruzamento de Jakob Poulsen, ao qual Krohn-Dehli corresponde com uma assistência perfeita para o golo fácil de Bendtner. Este último movimento, especialmente, executado com a maior das facilidades. Um erro que poderia custar caro. Até ao intervalo Portugal ainda tentou aproximar-se do terceiro mas não conseguiu.

A segunda parte fica inapelavelmente marcada pelos falhanços de Cristiano Ronaldo (dois lances desperdiçados isolado, a prova de que o CR7 tem acusado a pressão de marcar), pelo segundo golo de Bendtner (desta feita Pepe, que estava a realizar uma exibição soberba, não esteve tão bem) e pela entrada do herói Silvestre Varela, que aproveitou cruzamento de Fábio Coentrão para marcar o golo da vitória (minuto 87) e colocar todos os lusitanos em delírio absoluto. Um jogo sofrido, com erros, mas no qual se viu um meio-campo claramente mais consistente (desta vez não jogou só Moutinho, também Meireles apareceu em bom plano). Venha a Holanda, venha a vitória e venham os "quartos"!














Holanda-Alemanha 1-2

Alemanha jogou no seu "quintal" claramente. Vitória que mostra a superioridade inequívoca dos germânicos neste grupo, equipa matreira, calculista, mas com momentos de futebol que deliciam qualquer espectador.

No primeiro tempo, a Holanda teve sempre mais bola mas nunca soube bem o que fazer com ela. Já os alemães foram tremendamente incisivos. Em 3 ou 4 oportunidades aproveitaram duas, sempre com os mesmos protagonistas: Schweinsteiger a assistir, Mario Gomez a facturar (minutos 24 e 38). A Holanda esticava pouco o jogo, os talentos desesperavam com este estranho desenho táctico de van Marwijk.

Já na segunda parte, finalmente o seleccionador holandês deu ânimo e largura ao jogo, colocando Van der Vaart e Huntelaar. Ainda assim, a defesa alemã continuava impenetrável. E o resto da equipa ia tendo cada vez mais bola, posse segura, jogo seguro, uma Alemanha competente e muito sábia. Que, de vez em quando, ia tentando também molhar a sopa. No entanto, ao minuto 73, Van Persie aproveitou ligeiro desequilíbrio na defesa alemã para marcar. Pensava-se que os holandeses iriam ganhar novo ânimo. Nada disso, o jogo permaneceu sob controlo alemão e o resultado não mais se alterou.

E sendo assim fica tudo para a última. Apesar de tudo a Holanda continua a ter hipóteses de apuramento e a própria Alemanha pode cair eliminada. Assim como Portugal, mesmo goleando os holandeses, desde que os dinamarqueses ganhem 3-2, 4-3, 5-4, por aí em diante. Contas estranhas estas, mas fica um desejo: em primeiro ou segundo lugar, queremos é a Selecção Nacional nos "quartos"!

quarta-feira, 13 de junho de 2012

5ºdia do Euro em notas curtas: Tudo em aberto para a última no grupo A!

















Polónia-Rússia 1-1

Empate justo. Rússia teve sempre mais bola, mas a Polónia conseguiu colocar verticalidade e velocidade no último terço, factores decisivos para ter conseguido o empate. Para os russos, marcou Dzagoev, numa grande entrada na área após livre marcado da esquerda (minuto 37). Do outro lado, Blaszczkykowski, num movimento perfeito, da ala para o centro, concluiu muito bem à entrada da área com um excelente remate cruzado (minuto 59).
















Grécia-R.Checa 1-2

Triunfo super-importante dos checos, que assim chegam à última jornada com francas hipóteses de apuramento. Aos 5 minutos, já tinham o jogo bem encaminhado, após golos de Jiracek e Pilar. No início da segunda parte, no entanto, Gekas aproveitou erro de Cech para reduzir (minuto 53). Sendo assim, Rússia lidera com 4 pontos, República Checa em 2º com 3 e depois Polónia com 2 e Grécia no último lugar com 1 ponto. Tudo para resolver sábado!

PS: Desculpem-me a análise tão resumida, mas a falta de tempo ditou as leis deste 5ºdia. Amanhã ( ou quiçá mais logo) regressarei com a análise completa do Dinamarca-Portugal e do Alemanha-Holanda.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Dia 4 do Euro, grupo D: O derby da Mancha em 8 pontos e ainda o Ucrânia-Suécia


















França-Inglaterra 1-1


1. Ter a bola ou não ter: eis a questão. Olhando para este França-Inglaterra o que saltou mais à vista foi a maneira como a França com bola, jogando de pé para pé, procurando espaços onde estes não existiam ( e eram quase impossíveis de encontrar...), não conseguiu criar perigo a não ser de fora da área e mesmo assim não foram muitas as jogadas. Acho que faltou aos franceses, sobretudo, capacidade de jogar mais directo, colocando Benzema mais próximo dos centrais ingleses. Benzema jogou praticamente todo o jogo fora da área, algo impensável para a referência ofensiva do centro do ataque de uma equipa. Benzema, é certo, prefere procurar outras zonas, onde se sente mais confortável. Ontem mal se notou, a não ser em dois remates. E de onde foram rematadas essas bolas? Pois, de fora da área...
2. A "nova" Inglaterra de Hogdson. É uma equipa que joga com as linhas recuadas, parecendo que joga com dois laterais de cada lado. Hogdson optou pelo jovem Chamberlain do lado esquerdo, um jogador que se revelou muito útil pois deu-se ao sacrifício de apoiar Ashley Cole no trabalho de parar Debuchy e Nasri. Do outro lado também Milner apoiou várias vezes o lateral-direito Glen Johnson. Foi uma equipa defensiva, a jogar em bloco baixo, mas que conseguiu apesar de tudo desequilibrar, sobretudo nas saídas rápidas de Chamberlain e nas combinações venenosas entre Young e Welbeck (belíssima dupla de ataque, diga-se). Foi uma estreia convincente de uma equipa que, já se sabe, irá ser diferente das Inglaterras de outras competições.
3. A importância da dupla Parker-Gerrard. Um é o pulmão da equipa, jogador de grande resistência e exímio passador. O outro é o líder, o capitão, o cérebro da equipa, quando a bola passa pelos seus pés é tratada com uma leveza e um carinho próprios de um jogador de classe. Além disso assistiu para o golo, com uma sublime execução de livre que encontrou a cabeça de Lescott, colocando assim a Inglaterra em vantagem. Falo-vos, claro está, de Scott Parker e Steven Gerrard, respectivamente. Uma dupla indispensável para esta "nova" Inglaterra.
4. Nasri: magia em estado puro. Samir Nasri é um jogador do outro mundo e isso já o sabemos há muito. Voltou a prová-lo ontem à tarde. Destreza incrível, toque macio na bola, grande técnica e rapidez na execução de movimentos são algumas das qualidades deste pequeno génio da Gália. O golo de ontem prova que é um jogador inteligente e que não sabe desaproveitar oportunidades: apanha a bola fora da área, aponta à mira ao canto inferior direito, sem hipóteses para Hart, e está feito o empate. Os magos são assim: quando menos se espera, sacam um coelho da cartola...
5. Agora, o meio-campo da França. O meio-campo francês ontem foi constituído por um trinco mais posicional, jogador mais físico (Alou Diarra), por um médio criativo, com grande visão de jogo e capacidade de passe (Cabaye) e por um jogador mais rápido e capaz de dar progressão imediata ao jogo francês (Malouda). Diarra recuperou imensas bolas e é um jogador essencial nas bolas paradas ofensivas. No entanto, esteve muito mal no lance do golo inglês, ao deixar Lescott saltar à vontade nas suas costas. Cabaye é um jogador de grande qualidade. Fez uma 1ª parte muito boa, recheada de grandes passes a desmarcar Ribery, Benzema ou Nasri e uma 2ª parte menos conseguida, com mais passes falhados, embora tenha tido nos pés uma das melhores ocasiões francesas nesse período. Já Malouda nunca foi capaz de ser o jogador influente de outras ocasiões porque a defesa inglesa quase não deu espaço para grandes correrias aos jogadores franceses.
6. Tempo para algumas questões: deveria Blanc ter optado por outros jogadores de início? Acho que para começo de jogo não estava nada mal aquele "onze". A equipa nem se portou mal nos primeiros 10/15 minutos. O problema foi quando se começou a percepcionar, especialmente a partir do 2ºtempo, que a equipa francesa parecia estar a ir contra um muro. Blanc poderia porventura ter apostado em Menez de início, jogando com Nasri um pouco mais recuado e com Malouda no banco. Até podia mas, como se viu, Nasri rendeu bem na sua posição. Agora uma coisa é indubitável: o seleccionador francês deveria ter substituído mais cedo. Fazer a primeira substituição aos 84 minutos revelou alguma falta de ambição e, quiçá, conformismo de Laurent Blanc. Só arriscou quando viu que os ingleses estavam de rastos fisicamente. No entanto, foi tarde de mais.
7. O que irá fazer Hogdson à equipa quando Rooney regressar? Rooney é claramente um elemento fundamental desta equipa. Possante a nível físico, rápido e com um remate letal, o avançado do Manchester United é dos melhores do Mundo na sua arte. Escusado será dizer que a Inglaterra ganha outra dimensão ofensiva com ele em campo. Mas, e pelo que tenho visto da dupla Welbeck-Young, pode até nem entrar para titular no imediato. A dupla actual, companheira de Rooney no United, tem dado bem conta do recado e parece-me que ambos se complementam bastante bem. Solução? A natural. Recuar Ashley Young para a sua posição habitual (médio-ala esquerdo) e juntar Rooney a Welbeck. Nada mais simples...
8. Por último, como estarão as duas selecções nos próximos jogos? Apesar da vitória da Ucrânia, acredito que França e Inglaterra continuam a ser as duas principais candidatas ao apuramento. No entanto, muita coisa pode ainda mudar. Como, por exemplo, a Suécia ainda conseguir entrar na luta. Muito está dependente já da próxima jornada: os franceses defrontam os anfitriões, que, surpreendentemente, lideram o grupo. Jogo difícil, onde a equipa de Blanc não pode perdoar. Já os ingleses defrontam os desesperados suecos, que não podem falhar mais nesta fase. Portanto, serão dois jogos muito complicados para os irmãos da Mancha. Em termos exibicionais, espero os franceses a tomarem a iniciativa nos dois encontros e os ingleses, um pouco como ontem, mas arriscando um pouco mais e com as linhas um pouco menos recuadas. Cá estaremos para descortinar e tirar conclusões.
















Ucrânia-Suécia 2-1

Não tendo sido um jogo extraordinário, pelo menos, teve emoção até ao fim. Os ucranianos mereceram a sorte, sobretudo por dois aspectos: a consistente primeira parte, onde tiveram mais posse e foram mais capazes de desequilibrar o jogo e a maneira como responderam à vantagem sueca(golo de Ibrahimovic), com dois excelentes golos do veterano Andriy Shevchenko.

Em termos individuais destacaria, do lado dos ucranianos, as grandes exibições de Shevchenko (após uma semana com dores de costas, o avançado de 35 anos provou ainda estar para as curvas), Yarmolenko ( talentoso, arrancou grande cruzamento para o empate), Gusev ( um lateral que atacou imenso mas que defendeu com muito critério) e Konoplyanka ( grande promessa ucraniana, rápido, flecte muitas vezes para o centro e faz lembrar um pouco o próprio seleccionador Blokhin, grande estrela do futebol soviético nos anos 70 e 80, na projecção que dá ao jogo ofensivo).

Do lado sueco, pouca coisa a dizer. Foram lutadores, até nem jogaram mal, mas a falta de uma defesa realmente consistente revelou-se uma catástrofe. Lustig e Olsson, os dois laterais, são lentos a defender e com jogadores rápidos como Yarmolenko ou Konoplyanka pela frente sentiram imensas dificuldades. Ibrahimovic fez o golo e é sempre um jogador disposto a causar perigo. No entanto, para mim, o melhor foi Kallstrom. Belo jogo, tanto a defender como a atacar, e com uma assistência para golo no pecúlio.

domingo, 10 de junho de 2012

Dia 3 do Euro, Grupo C: Croácia líder após um empate no clássico do Sul

















Espanha-Itália 1-1

Claramente o melhor jogo até agora neste Euro 2012. Espanha e Itália proporcionaram um espectáculo emocionante para os quase 40.000 entusiastas do desporto-rei que se deslocaram à arena de Gdansk e para uns quantos milhões que acompanharam a partida através da televisão, em todo o mundo. Um excelente encontro, recheado de emoções, oportunidades e bons (para não dizer excelentes) momentos de futebol!

No geral, a Itália foi melhor na primeira parte. Grande atitude da selecção de Prandelli, que, como eu esperava, entrou com vontade de mostrar que o futebol italiano é muito mais que um mundo de escândalos e de suspeitas de cariz quase mafioso. O futebol italiano assim, como hoje foi jogado, torna-se bellissimo, misto de consistência defensiva, grande pressão no meio-campo e velocidade e verticalidade no último terço do terreno. E foram esses os factores que fizeram tremer a campeã mundial e europeia. A Espanha raramente se encontrou ao longo dos primeiros 45 minutos: um pouco trémula,perdia bolas facilmente a meio-campo e, pasme-se, no seu último reduto, muito graças à pressão fantasticamente exercida pela linha média italiana. Os bons momentos da Roja só apareceram quando se soltava magia das botas de jogadores como Iniesta ou Silva, depois de passada a forte linha de meio-campo italiano. Em suma, 0-0 ao intervalo, embora justiça seja feita, o resultado deveria ser de 2-1 para os italianos, que criaram 4 ou 5 excelentes ocasiões, enquanto que nuestros hermanos se ficaram pelas 3 boas ocasiões. A segunda parte prometia...

Tanto prometeu que se cumpriu e, finalmente, chegaram os golos. Antes, 15 minutos iniciais muito fortes da Espanha. A meter velocidade no último terço do campo, a apostar numa pressão mais alta e, sobretudo, a falhar menos passes do que na primeira parte. Só que, entretanto, Prandelli decidiu trocar o distraído Balotelli (claramente um ser que parece à parte do jogo) para colocar o veterano goleador Antonio Di Natale. E não é que resultou? No imediato! Minuto 61, passe perfeito do maestro Pirlo, para as costas da defesa, onde surgiu fugídio o ponta-de-lança da Udinese, que à saída de Casillas atirou sem hipóteses para o fundo das redes espanholas. Itália em vantagem! Surpreendente? Nem por isso, o jogo tinha sido quase todo deles na primeira parte e tinham aguentado a avalanche espanhola no iníco do segundo tempo...

Mas, meus amigos, a contenda não iria ficar por aqui. 3 minutos volvidos, grande desenho ofensivo da equipa espanhola, com passe final magistral de David Silva a encontrar um Fabregàs solto em frente a Buffon. O jogador "culé" não desperdiçou! Durava pouco a vantagem da Squadra Azzurra... Logo de seguida Del Bosque tira o autor de magistral passe ( o mago Silva) e coloca o velocista Navas. Nem o golo alterou os planos do seleccionador espanhol para tentar dar vertigem ao jogo. Certo é que as forças começaram a faltar ao meio-campo italiano e a Espanha foi galgando algum terreno. Lá pelo meio Di Natale falha ocasião incrível na área, após grande cruzamento do recém-entrado Giovinco. Entretanto, também Torres havia entrado para o lado espanhol. Entrou bem, era notório que necessitavam de um "9" puro. "El Niño" acabou por desperdiçar também grande chance, num chapéu sobre Buffon. Passado algum tempo o jogo acabava. Grande partida de futebol, ambos mereciam os três pontos. Justiça feita, seja repartido o mal pelas aldeias, como se costuma dizer. O empate assenta muito bem a este jogo de verdadeiros campeões!




















Rep.Irlanda-Croácia 1-3

O grito de revolta dos rapazes de Bilic! Já lideram num grupo super-complicado e confirmam-se como potenciais candidatos aos "quartos". Apesar da superior demonstração de futebol dos maiores rivais, no jogo citado acima, são os croatas quem têm a vantagem pontual neste momento.

Ora bem, vamos então ao jogo. Uma história que se começou a escrever bem cedo. Mais precisamente ao minuto 3. Após um canto e alguns ressaltos na área, a bola vai parar à cabeça de Mandzukic que lhe dá um subtil toque, tão subtil quanto sublime, mesmo na "gaveta", deixando Shay Given um pouco mal na fotografia. Cedo começava a festa croata ( abra-se o parênteses: e que bonita festa foi! Croatas e irlandeses, exemplo de como dois pequenos países podem ter duas falanges tão grandes e apaixonadas no apoio). Bom início dos homens dos Balcãs. Organizados, iam pressionando bem uma atabalhoada mas esforçada equipa irlandesa. Equipa essa que, aos 14 minutos, alcançou a igualdade! Lance novamente com origem numa bola parada. Livre descaído para o lado esquerdo a encontrar a cabeça do central St.Ledger, que repunha assim a igualdade. Momento de festa verde ( que bonito, pensei naquele momento. O que dava para estar em Poznan...).

Jogo empatado e assim esteve durante grande parte do 1º tempo. Croácia sempre mais perigosa, quer através das incursões de Modric pelo meio quer pelas subidas de Srna à direita e Perisic à esquerda. No centro do ataque estavam duas unidades perigosíssimas: Jelavic e Mandzukic. Por curiosidade, os homens do jogo. E foi mesmo o primeiro que, aos 43 minutos, aproveitou ligeira posição de offside, após enorme atrapalhação defensiva irlandesa, para ser letal e colocar novamente os balcânicos em vantagem ( mais um momento de delírio, com direito a material pirotécnico e tudo...). Vantagem essa que seria aumentada logo no início da segunda parte. De novo Mario Mandzukic. Cabeceamento ao poste, com a bola a desviar traiçoeiramente na cabeça do guardião Given ( e aqui os croatas, assim como eu, sentiram que o jogo estava meio resolvido, para não dizer a 80% ou a 90%).

( E estava mesmo resolvido!). Embora os irlandeses tivessem tido algumas tentativas a vitória croata nunca havia perigado. Foi, sem dúvida, a melhor equipa. Compacta, inteligente e letal no ataque. Três golos e uma bela exibição. Já os irlandeses sabem que as suas hipóteses de sucesso neste Campeonato da Europa se reduziram imenso ( ainda assim volto ao público: foram 40.000 na bonita casa do respeitável Lech Poznan. Tanto croatas como irlandeses aplaudiram, orgulhosos, no fim. Um hino ao patriotismo e à paixão pelo desporto-rei).

sábado, 9 de junho de 2012

Dia 2 do Euro: A "sorte" dos alemães e "surpresa" dos dinamarqueses

















Alemanha- Portugal 1-0

Esteve quase. A sensação que fica no fim é a de sempre para quem perde neste tipo de jogos tão equilibrados. Portugal foi derrotado em Lviv pela selecção alemã, com um cabeceamento fulminante de Mario Gomez, ao minuto 72. Foi, de facto, a única vez que o avançado se superiorizou à dupla de centrais portugueses durante todo o jogo. Infelizmente para as nossas cores foi suficiente...

Selecções como a Alemanha (também) vivem do aproveitamento do mínimo deslize do adversário. Há que ser astuto para vencer uma grande competição, mandam as regras da competência futebolística. A diferença, no fundo, foi essa. Mas a nossa Selecção até nem esteve nada mal...

Primeira parte deveras equilibrada. Deu-me a impressão que nem alemães nem portugueses quiseram arriscar em demasia. Germânicos sem serem cautelosos não puseram a velocidade devida no jogo. Portugal aguentou-se bem na defesa e mal conseguiu construir boas jogadas de ataque. Os alemães, apesar de terem mais bola, também não conseguiam criar perigo. E é neste estilo de jogo dividido e sem oportunidades que surge, de repente e numa bola parada,a grande ocasião do primeiro tempo. Canto marcado por Moutinho e Pepe , solto na área, remata contra a trave, sendo que o esférico bateu caprichosamente na linha ( Sorte Alemã 1-0 Portugal...). Passado 1 minuto acabava a primeira parte. Resultado justo mas sensação de amargo de boca depois de lance tão excitante.

Para a segunda parte, Portugal entrou corajoso. Mais afoito e dinâmico, obrigou os favoritos do grupo a recuar. No entanto faltou nesse momento a criação de boas oportunidades para marcar. E sendo assim, naturalmente, os germânicos voltaram ao jogo. E de que maneira: no tal fatídico minuto 72, cruzamento de Muller, bola desvia ligeiramente no braço de Moutinho e tira Pepe do lance. Gomez mais elevado aproveitou. Alemães em vantagem (lá está, a mal-fadada Sorte Alemã 2-0 Portugal...) Faz sentido relembrar a mítica frase do inglês Gary Lineker: "O futebol são 11 contra 11 e no fim ganha a Alemanha".

Apesar de tudo, Portugal reagiu muito bem. Lutou, criou ocasiões, fez tudo para marcar. Tarde de mais? Se tivessem marcado não seria certamente. E tiveram excelentes ocasiões para o fazer: Ronaldo para defesa de Neuer, Varela para mancha enorme de Neuer, Nani contra Badsuber e finalmente, no último assomo, tentativa frustrada da cabeça de Bruno Alves, após canto. Uff...

21h35 (sensivelmente, estou a escrever o texto umas horas depois): acabou. Alemães aliviados festejam, portugueses tristes mas orgulhosos com a exibição retribuem os aplausos dos 4.000 bravos lusitanos nas bancadas do pequeno mas bonito e confortável estádio de Lviv. Foi boa a atitude, foi boa a exibição. Mas temos de pensar nos erros. Ainda que aparentemente poucos pareceram-me enormes ( finalização, sempre...). Triste sina a nossa ( podíamos ainda lá estar a esta hora que a baliza de Neuer se mantinha inviolada. Resultado final: Sorte Alemã 10-0 Portugal).


















Holanda-Dinamarca 0-1

Em Kharkiv, péssima Holanda. Van Marwijk a apostar no duplo-pivot defensivo De Jong-Van Bommel (paradoxo dos paradoxos numa selecção que se quer ofensiva). Dinamarca a aproveitar uma das poucas (senão mesmo única...) ocasião, por Krohn-Dehli, aos 24 minutos. Holandeses perdulários, desperdiçaram mais de 20 remates. Mas mereceram o castigo. Quem não marca e defende mal arrisca-se a perder. E, sendo assim, temos aqui a primeira grande surpresa do Euro 2012. Holanda vacilou e agora não pode perder mais terreno. Dinamarca assume-se candidata. Temos grupo!