quarta-feira, 17 de setembro de 2014

BATE Borisov em busca do milagre...



Participante na fase de grupos da Champions League pela quarta vez em apenas seis anos, o campeão bielorusso BATE Borisov procura, uma vez mais, dignificar o futebol daquele país, fazendo uma participação honrosa e esforçada na maior competição de clubes do Mundo. Tendo como melhor resultado da sua História europeia o triunfo sobre o Bayern (que viria a ser campeão europeu), há tão somente dois anos, o BATE tem, em teoria, uma tarefa complicada, estando incorporado num grupo bastante equilibrado entre os três principais antagonistas (FC Porto, Shakhtar e Athletic). No fundo, o objectivo da equipa orientada por Aleksandr Yermakovich passa por dificultar ao máximo a tarefa aos restantes concorrentes, ao mesmo tempo que tentará, nos jogos em casa, dar a surpresa...

Habitualmente disposta numa espécie de 4-3-2-1, com os extremos mais metidos por dentro, a equipa do BATE tem acusado, do ponto de vista ofensivo, a saída do principal craque Krivets para o futebol francês (Metz), ele que foi autor de dezena e meia de golos e assistências nos jogos oficiais disputados até aqui neste ano de 2014. Em teoria, o emblema bielorusso irá viajar até ao Dragão para jogar num bloco baixo/médio-baixo, que muitas vezes se coloca numa espécie de 4-4-1-1 em fase defensiva. Equipa organizada e disciplinada a defender, resta saber como irá lidar com a mais-valia técnica do ataque dos "dragões"...

Nas partidas até aqui disputadas (tanto em termos da Liga local como das pré-eliminatórias da Champions), os bielorussos primaram pela maneira como conseguiram não consentir muitos golos. Jogando de forma solidária e tentando ocupar ao máximo os espaços, o BATE Borisov sabe que para obter sucesso tem, acima de tudo, de defender muito e bem, partindo depois para rápidas transições ofensivas. Ainda que não seja uma equipa muito intensa na pressão, sabe, pelo menos, organizar-se bem no seu sector mais recuado. Jogando com extremos mais metidos por dentro, a profundidade é, habitualmente, dada pelos laterais, sendo que estes se conjugam bem com os médios-interiores.

Por último, resta falar das unidades mais importantes em termos individuais e também da questão das bolas paradas. Parece-me importante referenciar o possante avançado Rodionov, o vertical lateral-esquerdo Mladenovic e o experiente médio-defensivo Likhtarovich como três das unidades fundamentais desta equipa. No centro da defesa, deverão jogar Filipenko (com experiência frustrada no Spartak de Moscovo) e Polyakov, dado que o habitual titular Tubic se lesionou no último fim-de-semana. Importa ainda destacar a capacidade de trabalho e a largura que o lateral-direito Khagush dá à equipa, além da dúvida em perceber se Yermakovich irá apostar no robusto e rápido Yakovlev ou no mais técnico Pavlov para jogar no ataque, junto a Rodionov e Gordeychuk. Já em termos de bolas paradas, fica a dica: como a marcação é feita ao homem, a equipa sofre quando o adversário se torna mais perspicaz a ler o jogo e consegue antecipar o cabeceamento/remate.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Maribor: a armada "violeta" quer surpreender no regresso à Europa dos milhões


14 de Setembro de 1999. No velhinho Estádio Lobanovsky de Kiev, o Maribor, modesta equipa proveniente do campeonato esloveno, fazia a sua estreia na fase de grupos da Liga dos Campeões, depois de ter surpreendido a Europa ao afastar os franceses do Lyon na 3ª pré-eliminatória (3-0 no total das duas mãos). Foi, então, na capital ucraniana, que os eslovenos escreveram mais uma bonita página na sua história, ao vencerem o todo-poderoso Dinamo por 0-1, com um golo de Ante Simundza, avançado destro, corpulento e trabalhador. O Maribor, porém, acabaria essa fase de grupos na última posição, tendo somado apenas mais um ponto, na deslocação à BayArena de Leverkusen.

15 anos passaram e o Maribor, depois de várias tentativas, finalmente, conseguiu o regresso ao convívio com os "grandes". E não é que o herói daquela noite em Kiev volta a ser protagonista? É verdade, década e meia depois, Simundza foi o técnico responsável pelo heróico apuramento para a maior (e melhor) competição de clubes do planeta. Em Glasgow, perante o histórico Celtic, os campeões da Eslovénia puxaram dos galões e conseguiram rubricar uma vitória notável. Quis o destino que o regresso dos violetas a esta competição os colocasse, de novo, no caminho de uma equipa verde-e-branca, no caso o Sporting. Enquanto que para o Maribor este será o sétimo jogo da temporada na Champions, para os leões será um regresso às lides europeias. Apesar de tudo, é previsível que a equipa portuguesa até venha a assumir o jogo, estratégia que até poderá ter o consentimento dos eslovenos, mais interessados em pontuar do que em brilhar, neste caso...

Formatada para jogar entre um 4x4x2 e um 4x2x3x1, a equipa do Maribor vai alternando de esquema táctico, consoante os jogos e os momentos destes mesmos. Em fase defensiva, costuma organizar-se, geralmente, em 4x4x2. Quando assim é, a dupla de avançados fica adiantada, pressionando sem grande eficácia na frente, enquanto que as linhas defensiva e de meio-campo recuam um pouco mais. Porém, se quiser assumir o jogo, o Maribor faz subir um pouco mais o bloco, sendo que aí se soltam habitualmente 4 elementos: o trinco Filipovic (principal distribuidor de jogo numa primeira fase de construção) e os três homens do meio-campo ofensivo/ataque. Em Glasgow, contra o Celtic, a equipa assumiu a posse e jogou com muito atrevimento no meio-campo contrário, fazendo adiantar os alas (Vrsic e Ibrahimi) e usando bem a mobilidade e largura dos possantes Mendy e Tavares na frente do ataque. Já nos jogos caseiros (Maccabi e Celtic, por exemplo), o Maribor partiu de uma base em 4x2x3x1, apresentando um duplo-pivote mais conservador (Dervisevic-Filipovic) mas com uma segunda linha de autênticas setas (Bohar-Ibraimi-Vrsic) e só com uma referência na frente do ataque.

No fundo, é notória a tendência desta equipa do Maribor em variar entre estes dois registos. Ofensivamente, a equipa mostra uma tendência a explorar os espaços interiores, dado que tanto Vrsic como Bohar (ou até Ibraimi) gostam de fazer a diagonal em direcção à área. Apesar de tudo, a profundidade pode ser encontrada em algumas subidas destes alas e, sobretudo, na projecção que o lateral-esquerdo Viler dá em termos ofensivos. Já a defender, o Maribor exibe algumas dificuldades na protecção do espaço nas costas dos laterais (sobretudo Stojanovic) e a falta de flexibilidade e velocidade dos centrais (são rijos e defendem relativamente bem na área, apesar de tudo), algo inaptos para fazer as dobras. Nos momentos em que a equipa joga mais recuada, é necessária solidariedade, entreajuda e consistência/solidez táctica, algo que nem sempre acontece, porém...

Outro apontamento vai para as bolas paradas. Nas ofensivas, o Maribor costuma atacar, habitualmente, o primeiro poste, podendo depois haver a sequência na zona central ou no segundo poste. Há, de facto, jogadores com capacidade para criar perigo no jogo aéreo (Suler, Mendy ou Filipovic, por exemplo). Porém, nas bolas paradas defensivas, são notórias os problemas do campeão esloveno em defender à zona, algo que pode ser efectivamente explorado pelos melhores cabeceadores da equipa sportinguista.

O um-por-um do Maribor:

Jasmin Handanovic: Primo mais velho do guardião da selecção eslovena e do Inter, Samir Handanovic, Jasmin é um guarda-redes veterano, com reflexos interessantes entre os postes, embora assuma dificuldades a sair da baliza e já lhe falte alguma agilidade. Parece algo "pesadão" mas vai-se mantendo como indiscutível na baliza do Maribor.
Petar Stojanovic: Promissor lateral/médio-ala de 18 anos, tem actuado no lado direito da defesa neste início de temporada. Começou tremido, mas tem vindo a afirmar-se na posição. Os dois jogos da eliminatória frente ao Celtic e a partida caseira contra o Maccabi Tel-Aviv mostraram um jogador cada vez mais seguro de si mesmo, bem no um-para-um defensivo e a dar boa saída de bola, ainda que não arriscando muito em profundidade. Nalguns posicionamentos, pode ainda melhorar, mas o futuro tem tudo para vir a ser brilhante!
Aleksander Rajcevic: Aos 27 anos, assume-se como um dos titulares do centro da defesa. Robusto, poderoso por alto e impetuoso, peca por uma certa falta de flexibilidade e pela pouca rapidez, o que o faz ser ultrapassado facilmente no um-para-um contra jogadores virtuosos e velozes. Destro, tem já uma internacionalização no currículo pela selecção A eslovena.
Marko Suler: É o "chefão" da defesa do Maribor. Impetuoso por alto, bastante experiente e bem nas intercepções e desarmes, falta-lhe também alguma velocidade e capacidade para sair da posição em certos momentos. Quando bem colocado, revela-se um defensor praticamente intransponível. Uma lesão irá afastá-lo deste primeiro encontro na Champions.
Arghus: Durinho e com imponente estampa física, o brasileiro será, em teoria, o terceiro central do plantel do Maribor. Formado no Grémio de Porto Alegre, este gaúcho de gema será a provável alternativa ao lesionado Suler frente ao Sporting.
Mitja Viler: Tem feito um grande início de temporada, revelando segurança na hora de defender e qualidade ao nível do cruzamento. Já leva cerca de meia-dúzia de assistências esta temporada, prova de que apoia bem o ataque. Presente na recente convocatória de Srecko Katanec para o jogo contra a Estónia, pode vir a galgar terreno também na selecção eslovena, apesar da idade (28 anos).
Zeljko Filipovic: Um dos melhores jogadores do plantel violeta. Dono de um sentido táctico apurado e exímio ladrão de bolas, Filipovic revela ainda atributos ao nível do passe (curto, médio e longo), destacando-se pelas bolas que coloca em profundidade ou pelos passes precisos entre-linhas. Alto (1,94 m) e poderoso fisicamente, mostra ainda um interessante jogo por alto.
Ales Mertelj: Jogador de bastante critério ao nível do passe e com capacidade para chegar constantemente à segunda linha ou até à grande área contrária, não foi titular nos mais recentes jogos caseiros para a Champions (Maccabi e Celtic), em detrimento do mais defensivo Dervisevic. Na condução e visão de jogo, exibe atributos interessantes e poderá ser sempre uma boa opção para o "onze" inicial.
Amir Dervisevic: Trinco de 22 anos, revela-se um jogador mais defensivo e posicional que os restantes companheiros do meio-campo. Poderoso fisicamente e sem grandes atributos do ponto de vista técnico, poderá ser uma opção no "onze" para ajudar a sustentar a equipa do ponto de vista defensivo e no jogo sem bola. Elemento cumpridor.
Dare Vrsic: Canhoto talentoso e de atributos técnicos interessantes, tanto pode actuar à direita, como à esquerda e inclusive até mais por dentro. Desequilibrante do ponto de vista ofensivo, privilegia as diagonais, sobretudo quando actua sobre o lado direito. Remata bem e possui boa visão de jogo, embora se revela um jogador pouco solidário na hora de ajudar a cerrar fileiras.
Agim Ibraimi: Talentoso internacional macedónio, é, provavelmente, o jogador mais dotado do ponto de vista técnico desta plantel do Maribor. Com a bola colada ao pé esquerdo, revela-se um distribuidor de segunda linha notável, mostrando boa visão de jogo e critério nas acções. Adepto das diagonais, é mais um dos jogadores que exibe igualmente atributos ao nível do remate de meia-distância. Pode partir de uma das alas ou jogar mais na posição "10".
Damjan Bohar: Inteligente a explorar o espaço nas costas da defesa, este talentoso internacional esloveno revela argúcia na maneira como procura as zonas mais interiores, partindo do corredor lateral (sobretudo o direito, embora também possa actuar no lado esquerdo). Agressivo e dinâmico, possui um bom jogo associativo, descaramento na finta e qualidade na finalização. Promissor.
Marcos Tavares: Capitão de equipa, já se sente praticamente esloveno, dado que está há seis anos no país. Brasileiro possante e com algum samba, cai na faixa para dar largura, embora jogue bem por dentro, recebendo, tocando e procurando o remate várias vezes, embora nem sempre no melhor timing. Uma das referências do clube.
Jean-Phillipe Mendy: Poderoso, é a habitual opção quando Simundza pretende jogar com um homem mais de área. Não se revelando um finalizador excepcional, trabalha bastante e usa bem o seu físico para ganhar vários lances.
Luka Zahovic: Filho da antiga estrela do campeonato português e actual director desportivo do Maribor, Zlatko Zahovic, tem-se mostrado como uma peça importante neste início de época, pese embora só some três titularidades. No último fim-de-semana, deu a vitória no jogo caseiro frente ao Krka, ao apontar os únicos dois golos da partida (2-0). De cabeça ou pé direito, revela-se incisivo em frente à baliza adversária.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Zenit: uma imponente barreira vinda do frio mas com um toque do sangue latino


Autor de um início de temporada pujante e afirmativo, o Zenit de André Villas-Boas chega ao Estádio da Luz claramente disposto a complicar a vida aos actuais campeões nacionais. Líder destacado do campeonato russo após sete jornadas, a formação de São Petersburgo procura, além do regresso aos títulos a nível local, realizar uma boa campanha europeia, pese embora esteja colocado naquele que é considerado, em teoria, o grupo mais equilibrado e competitivo desta Liga dos Campeões. As expectativas para um dos clubes com maior orçamento desta competição são elevadas e o técnico luso sabe bem que a administração do Zenit não admite insucessos numa temporada que se quer de festa...

Depois de uma derrota (injusta, diga-se) a abrir a época oficial, no Chipre, frente ao AEL Limassol (1-0), o Zenit partiu para uma série avassaladora de dez triunfos consecutivos. A base do sucesso tem assentado no estilo de jogo posto em prática por André Villas-Boas esta temporada e que visa que a equipa possa dominar mais os jogos, embora aproveitando de igual maneira a velocidade dos seus melhores atacantes nas transições. No fundo, este Zenit representa uma mistura de características diferentes, mas que para já vai resultando bastante bem. Tacticamente formatada para jogar entre um 4x3x3 com os extremos a tenderem a fazer movimentos interiores e um 4x2x3x1 um pouco mais aberto, a equipa de São Petersburgo ataca com critério e ordem quando tem bola, usando para isso a inteligência de jogadores como Fayzulin (castigado para este encontro), Witsel ou Shatov com bola e a técnica em progressão de elementos como Hulk ou Danny. Aliás, estes dois homens revelam-se igualmente argutos a explorar situações de contra-ofensiva, visto que aliam velocidade e técnica a uma notável capacidade de remate e boa visão de jogo.

Movendo-se bem entre esses dois registos, o Zenit apresenta-se agora também um pouco mais consistente e organizado na maneira como defende. Em várias situações, organiza-se quase numa espécie de 4x4x2 com Hulk junto a Rondón numa primeira linha e com Shatov e Danny praticamente na mesma linha do duplo-pivote do meio-campo. Vai alternando entre momentos de uma pressão mais intensa e outras situações de organização defensiva mais recuada, sobretudo contra equipas que possuam criativos ao meio e gostem de assumir a posse de bola (por exemplo, o último jogo frente ao Dinamo de Moscovo). Quando recuperam a bola ou procuram sair de forma organizada, a tendência é fazê-lo pelas laterais, com o aparecimento constante de apoios interiores, extremamente úteis para ajudar a desequilibrar as estruturas adversárias. No fundo, esta é uma equipa que gosta de controlar os jogos, com e sem bola, e cuja proposta pode ser adaptável também às diferentes características dos adversários que lhe vão aparecendo pela frente...

O um-por-um:

Yuri Lodygin: Um dos melhores guarda-redes russos da actualidade. Dono de uns bons reflexos, mostra segurança entre os postes e alguma agilidade, embora possa melhorar em certas abordagens aéreas. Importante em vários jogos, embora também cometa alguns erros infantis...
Igor Smolnikov: Actual titular da selecção russa, o lateral-direito do Zenit adora projectar-se para o ataque, dando largura e profundidade à equipa em zonas mais adiantadas. Fiável a defender e rápido a empreender as suas acções, revela também qualidades ao nível do passe, cruzamento e até do remate, sempre de pé direito.
Ezequiel Garay: Um velho conhecido dos benfiquistas. Central sóbrio e extremamente eficaz no desarme, tem uma postura absolutamente impecável em quase todos os jogos. Forte no um-para-um defensivo, cumpridor ao nível do passe e capaz de antecipar-se aos atacantes em certas situações, é, sem dúvida, um dos melhores defesas-centrais da actualidade. Tem jogado como central do lado direito, ao contrário do que acontecia no emblema "encarnado". Melhor jogador do mês de Agosto para os adeptos do Zenit.
Nicolas Lombaerts: Tem aparecido a titular nos últimos jogos, devendo manter o estatuto na Luz. Central com alguma experiência, muito criterioso ao nível do passe e com bom jogo aéreo, revela ainda argumentos ao nível do desarme e da colocação. Sem ser um defensor excepcional, revela-se bastante fiável e tem mostrado um saudável entendimento com Garay.
Luís Neto: Internacional português, tem tido uma utilização intermitente no centro da defesa do Zenit. Revela qualidades no desarme e em antecipação, embora tenha algumas saídas posicionais que o deixam exposto. Jogador correcto, disponível fisicamente e capaz ao nível do passe. Provável suplente.
Domenico Criscito: Lateral que gosta de subir bastante no terreno, aparece na frente várias vezes, quer para dar cruzamentos ou para tentar, eventualmente, o remate (já leva dois golos esta época). Mostra ainda qualidades ao nível do desarme, fecha bem por dentro, embora nem sempre esteja correctamente posicionado na hora de defender...
Javi García: Outro dos ex-benfiquistas do conjunto russo. Trinco raçudo, durinho e muito forte no desarme, exibe atributos ao nível do equilíbrio defensivo e do roubo de bola. Geralmente, distribui de forma eficaz, embora não exiba credenciais técnicas notáveis. Muito útil para AVB.
Axel Witsel: Tem tido um papel mais preponderante do ponto de vista ofensivo neste início de época. Joga mais subido e mantém o mesmo critério e qualidade ao nível do passe. Dono de uma interessante visão de jogo, pode ainda aparecer em zona de remate. Equilibrado e com noções tácticas muito interessantes, é um dos indiscutíveis para o técnico português do Zenit. Outro regresso à Luz.
Anatoly Tymoschuk: Aos 35 anos, ainda se revela útil, embora a sua titularidade não se afigure muito provável. Médio de contenção com boa qualidade de passe, já não possui a mesma disponibilidade física do passado mas mantém um sentido táctico muito apurado.
Igor Shatov: Médio de grande mobilidade, pode actuar entre a ala direita e a posição "10". Internacional russo de créditos firmados e notável qualidade técnica, acrescenta largura em certos momentos, ao mesmo tempo que tende a vir por dentro para procurar o remate ou um bom passe para golo. Possui uma interessante visão de jogo e um bom remate de meia-distância. Candidato claro ao "onze".
Pavel Mogilevets: Um dos médios mais promissores do futebol russo. "8" puro, gosta de aparecer na segunda linha, jogando algunas vezes quase como "enganche", nas costas da referência do ataque. Revela atributos ao nível do passe e da visão de jogo, aliados a uma técnica vistosa em certos lances e a uma certa versatilidade sempre bastante útil.
Danny: Actua preferencialmente entre o lado esquerdo e o centro da segunda linha do meio-campo. Criativo, exibe atributos na condução em progressão, aliando velocidade a uma extraordinária capacidade para ultrapassar os adversários. Desequilibrante, é, sem dúvida, uma das grandes referências deste Zenit.
Hulk: Outro velho conhecido dos portugueses. Potente, rápido, com finta e remate fácil, Hulk é a estrela-maior da companhia. Em velocidade e no um-para-um, exibe-se como um dos melhores atacantes da actualidade. É ele o responsável pelos lances de bola parada mais próximos da área contrária, batendo habitualmente com o seu pé esquerdo. Craque puro.
Salomón Rondón: Avançado bastante possante e garantia constante de bons apoios, revela-se um belíssimo rematador, mostrando atributos, sobretudo, ao nível do jogo aéreo. Atira bem com os dois pés (embora atire preferencialmente com o direito). Bem nas recepções e nas desmarcações, mostra-se como uma opção bastante credível para o ataque do Zenit.
Aleksandr Kerzhakov: Goleador experiente, espreita a titularidade neste jogo, algo que não tem adquirido nos jogos mais recentes. Móvel, astuto a explorar o espaço nas costas da defesa contrária, revela-se um belíssimo finalizador.
Andrey Arshavin: Avançado apto a jogar em todas as posições do ataque, é rápido e gosta de atacar os espaços. Talentoso (embora lhe pareça faltar alguma confiança...), tem estado longe do nível já exibido noutros tempos da sua carreira. Provável suplente.


sábado, 6 de setembro de 2014

Albânia: a imperial águia de duas cabeças procura fazer História



País que fez parte do Império Otomano durante mais de 400 anos e que só em 1992 abandonou em definitivo o comunismo, a Albânia procura impor-se aos poucos e poucos na realidade da nova Europa, mais ocidentalizada e moderna. Também no futebol, o país se vai procurando afirmar, tendo vindo a ganhar preponderância ao longo dos últimos anos, fazendo um brilhante aproveitamento dos recursos que vão brotando por países para onde muitos albaneses emigraram nas décadas de 80 e 90 (sobretudo Suíça e Alemanha...). Misto de jogadores locais e descendentes de emigrantes, já nascidos em países economicamente mais poderosos, a nova selecção albanesa tem vindo a crescer de forma bastante palpável e sustentável ao longo dos últimos três anos. Sem somar qualquer participação numa grande prova internacional de selecções, a equipa orientada pelo experiente técnico italiano Gianni De Biasi procura agora dar a surpresa, numa fase de qualificação que, em teoria, dará mais possibilidades a alguns países com potencial mas mais periféricos e não tão habituados aos eventos grandes...

Amanhã, em Aveiro, a formação balcânica começa um trajecto que se espera difícil, mas que todos os locais esperam que seja de sucesso final, pela primeira vez na sua História. O Euro 2016 ainda não pode ser encarado como um objectivo, mas antes um sonho, uma possibilidade futura, sempre dependente das surpresas dadas nos encontros de qualificação. Na última fase de apuramento, a Albânia chegou a sonhar com os dois primeiros lugares, tendo quebrado na fase mais competitiva, prova de que ainda não estava preparada para assumir os grandes palcos. Apesar da possibilidade de recrutamento de descendentes de albaneses, ex-internacionais por selecções ditas maiores, falta ainda tarimba a uma equipa que, apesar das boas intenções, não possui um registo de jogo lá muito atractivo...

Habitualmente formatada para jogar entre um 4x5x1 e um 4x2x3x1, a Albânia pode ainda apresentar-se em variantes tácticas como o 4x1x4x1 ou o 4x4x2 (recurso utilizado do quando há necessidade de ir em busca de um resultado, juntando dois pontas-de-lança). Gianni De Biasi é um italiano puro na forma de trabalhar a sua equipa, privilegiando a organização defensiva, a solidez táctica e um jogo ofensivo mais directo. Apesar de a equipa saber preencher as zonas mais interiores quando defende, nota-se, por vezes, uma certa falta de contundência em alguns momentos da marcação, além dos espaços entre a linha defensiva e os médios mais defensivos e nas costas dos laterais. Equipa que mistura elementos experientes e outros mais imberbes, esta selecção albanesa irá procurar, certamente, aguentar os ímpetos ofensivos da selecção das Quinas, visando depois o contragolpe.

Em termos ofensivos, a Albânia é, de facto, uma equipa de contra-ataque, podendo explorar a velocidade de elementos como Gashi ou Vajushi ou de um jogo mais directo, visando a referência da frente de ataque (Kapllani, Salihi ou Cikalleshi). Sem grandes desequilibradores na zona de construção, são notórias as dificuldades desta equipa em momentos de posse e organização ofensiva. Falta um "10" mais puro, se bem que os alas até procurem explorar muitas vezes os espaços mais interiores. No fundo, esta é uma equipa talhada para jogar num registo de bloco médio-baixo, esperando a oportunidade para fazer dano através de contra-ofensivas ou de um jogo mais directo para os seus avançados. Tem as suas debilidades, mostrando-se algo vulnerável nas laterais e deixando alguns espaços entre-linhas. Porém, a solidez e experiência de jogadores como Cana ou Mavraj, aliadas à imprevisibilidade de Vajushi e ao critério de Gashi, Abrashi ou Taulant Xhaka (sim, é mesmo o irmão do internacional suíço Granit Xhaka!), podem sempre trazer dissabores para a equipa de todos nós.

A Albânia um-por-um: 

Etrit Berisha: Guarda-redes de 25 anos que assumiu a titularidade na baliza da Lazio neste início de época, deverá ser o titular nesta partida de estreia na fase de qualificação para o Europeu francês. Ágil e corajoso nas saídas, possui reflexos interessantes, além de mostrar-se poderoso nas alturas. Não é muito rápido e pode melhorar a eficácia do seu jogo de pés.

Elseid Hysaj: Jovem lateral, tanto pode actuar à direita (posição preferencial) como na esquerda. Habitual titular do Empoli, recém-promovido à Serie A, revela qualidades no desarme, em antecipação e no passe longo. Deve fazer algumas melhorias no cruzamento, habitualmente de pé direito, embora também possua créditos em acções com a canhota. Defensivamente, pode melhorar nalguns posicionamentos e em momentos de recuperação, visto que gosta de se projectar para o ataque e isso deixa-o um pouco exposto, em certas situações...

Mergim Mavraj: Um dos elementos mais experientes da defensiva albanesa. Actualmente no plantel do Colónia, para onde se transferiu no início da temporada, a custo zero, proveniente do Greuther Furth, exibe atributos ao nível do jogo aéreo (defensivo e ofensivo), mostrando-se um recurso interessante em bolas paradas, além de desarmar bem os seus adversários. Algo pesado, não é um defesa muito rápido nem ágil, o que o pode deixar num embaraço se for atacado em velocidade. Agressivo e competitivo, tornou-se num jogador verdadeiramente indispensável para De Biasi.

Debatik Curri: Central esquerdino, regressou esta temporada ao futebol albanês, depois de vários anos na Ucrânia e Turquia. Aos 30 anos, este robusto central de 1,89m é, agora, um dos nomes fortes da liga albanesa, onde actua no KF Tirana. Experiente, com bom jogo aéreo, tem perdido alguma resistência e velocidade, estando a entrar numa espécie de fase descendente da sua carreira. Pode ainda actuar como lateral-esquerdo ou médio-defensivo.

Lorik Cana: Experiente central/médio-defensivo, é ainda a referência desta selecção albanesa. Habitual titular da Lazio de Roma, revela-se um jogador maduro, completo do ponto de vista defensivo, dado que exibe argumentos no desarme, antecipação e nos duelos físicos. Agressivo no bom sentido e com boa colocação, dá também uma boa saída de bola às suas equipas, revelando atributos ao nível do passe longo. Belíssimo jogador.

Ansi Agolli: Internacional albanês em quase 50 ocasiões, deverá jogar como lateral-esquerdo nesta partida, embora também mais adiantado como médio-ala ou até como médio mais interior. Jogador dos azeris do Qarabag (equipa que estará presente na fase de grupos da Liga Europa), exibe qualidades do ponto de vista da combatividade e do apoio ofensivo, dando alguma profundidade e largura à equipa. Robusto e adepto das movimentações verticais, sabe jogar bem com os dois pés.

Andi Lila: Outro dos jogadores polivalentes desta formação albanesa. Tanto pode actuar nas duas laterais, como médio-defensivo. Actualmente nos gregos do PAS Giannina, sabe dar largura à equipa, tanto quando joga como lateral como quando aparece mais como médio-interior. Criterioso com bola, aporta qualidades do ponto de vista ofensivo, embora possa melhorar nalguns posicionamentos defensivos. Pode ser uma arma nas bolas paradas ofensivas, dado que possui um bom jogo aéreo.

Emir Lenjani: Lateral/ala esquerdo, fala-se que poderá jogar um pouco mais adiantado, à frente de Agolli. Titular dos suíços do Saint Gallen, soma já duas assistências em 5 jogos completos no campeonato esta temporada. Canhoto robusto e seguro, apoia o ataque quanto baste, jogando perto da linha e arriscando subidas sempre de forma bastante cuidadosa. Jogador interessante.

Taulant Xhaka: Médio-defensivo que também pode actuar nas laterais, este ex-internacional jovem pelas selecções suíças revela sentido táctico, rapidez, uma agressividade moderada sempre necessária, além de poder subir no terreno e aparecer em zonas de finalização (algo que, porém, não tem feito muito esta época). Titularíssimo no Basileia neste início de temporada, parece ter caído no goto de Paulo Sousa logo de imediato. Fará, muito provavelmente, a sua estreia pela selecção albanesa em Aveiro.

Ergys Kaçe: Médio de perfil defensivo, pode ainda jogar como defesa-central. Jogador robusto e combativo, mostra atributos no um-para-um defensivo e sabe equilibrar bem a equipa no meio-campo. Ofensivamente, destaca-se por uma distribuição de bola bastante criteriosa e pela maneira como sobe no terreno de jogo, podendo fazer uso do seu disparo de meia-distância. Como central, fica mais exposto ao erro. Candidato a titular no jogo de amanhã.

Amir Abrashi: Ex-internacional suíço, este médio de 24 anos é uma das referências do Grasshopper. Baixinho mas combativo, sabe equilibrar bem no meio-campo, possuindo atributos na recuperação de bola e sabendo como a distribuir posteriormente. Com qualidade no passe (curto, médio e longo) e boa visão de jogo, pode ainda melhorar o seu registo ao nível da eficácia no remate. Provável titular na partida de Aveiro.

Burim Kukeli: Médio-defensivo do FC Zurich, é mais um dos jogadores com passado ligado às selecções jovens suíças. Robusto e experiente, é um jogador sem atributos notáveis e que serve sobretudo de tampão às investidas ofensivas dos adversários. Criterioso no passe e bastante trabalhador, especula-se que possa vir a ser uma das apostas no "onze" que o seleccionador albanês lançará para este encontro.

Emiljano Vila: Médio-ofensivo, pode jogar a toda a largura na segunda linha do meio-campo, embora o faça preferencialmente a partir da ala direita. Actualmente no Partizani Tirana, já passou, entre outros, pelo Dinamo Zagreb. Dono de um remate potente de pé direito, pode ainda jogar como segundo-avançado. Elemento útil para De Biasi.

Shkelzen Gashi: Um dos melhores jogadores e provavelmente também um dos mais tecnicamente evoluídos desta selecção. Autor de algumas épocas interessantes no Grasshopper, deu o salto para o rival Basileia, onde tem tido um rendimento bem interessante junto do técnico português Paulo Sousa, que lhe tem dado utilização regular. Médio-ofensivo de grande qualidade, alia velocidade na condução a uma excelente visão de jogo e capacidade de remate (sobretudo de pé esquerdo). Eficaz a bater bolas paradas, costuma partir da ala esquerda, mas pode também jogar mais na direita, privilegiando as diagonais ou até mais por dentro. Craque.

Odise Roshi: Ala-direito do FSV Frankfurt, pode ser uma das surpresas do "onze" albanês. Alto, robusto, rápido e dotado do ponto de vista técnico, Roshi revela-se um jogador forte no drible, imprevisível no um-para-um, embora possa melhorar na definição de certos lances. Capaz de dar profundidade nos corredores laterais, pode jogar também mais por dentro ou no lado esquerdo. Opção interessante e sempre a ter em conta!

Armando Vajushi: Talentoso extremo/segundo-avançado, é um dos mais dotados jogadores desta equipa. Rápido, tecnicamente evoluído, com boa finta e atrevimento no um-para-um, patenteia argumentos na finalização e no cruzamento, embora possa evoluir nalguns momentos, sobretudo a soltar a bola ou a atirar à baliza. Actualmente no Litex Lovech, está talhado para atingir grandes palcos, assim que potencie as qualidades e erradique alguns defeitos.

Sokol Cikalleshi: Avançado do RNK Split, pode jogar a toda a largura do ataque. Poderoso fisicamente e bastante móvel, revela uma interessante capacidade para finalizar com os dois pés, procurando muitas vezes o melhor espaço para o remate. Rápido, torna-se num jogador útil para explorar situações de contra-ataque. Dotado e com boa visão de jogo, era provavelmente o melhor jogador do campeonato albanês até à saída para a Croácia. Para já, a adaptação a uma nova realidade não tem corrido lá muito bem...

Edmond Kapllani: Avançado com bastante experiência nas divisões secundárias do futebol alemão, revela-se um interessante predador de área. Recurso habitual quando De Biasi pretende jogar com dois avançados, sabe usar o seu imponente físico (1,85m) na área, embora também saiba jogar fora dela. Destro, atira bem e tem uma boa média de golos para já esta temporada. Típico goleador de equipas médias.

Hamdi Salihi: Autêntico globe-trotter, encontra-se actualmente ao serviço do Hapoel Akko israelita. Goleador experiente, pode ser uma das eventuais opções no "onze" para o desafio frente a Portugal. Destro, sabe também finalizar de pé esquerdo e, naturalmente, de cabeça. Astuto, tem fases nas quais se vai abaixo e pode ficar sem facturar durante algum tempo...

Bekim Balaj: Início de época promissor no Sparta de Praga pode levá-lo, inclusive, a uma surpreendente entrada directa no "onze" de De Biasi. Alto (1,86m) e poderoso, remata bem e exibe atributos no jogo aéreo. Agressivo, intenso e astuto na disputa dos lances, sabe habitualmente encontrar o melhor espaço para o remate. Bela opção de ataque!

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Decálogo do fim-de-semana futebolístico internacional

1. A estreia em grande do Super-Pippo. Boas entradas na Serie A para o renovado AC Milan. A equipa, agora orientada pelo ex-goleador Filippo Inzaghi, fez uns 65 minutos iniciais bastante interessantes, movendo-se num 4x3x3 de muito trabalho ao meio e criatividade e velocidade na frente. Jo gando com uma espécie de falso 9 (Ménez) ao centro, o Milan teve critério e profundidade nas saídas, sendo que o francês se foi coordenando bastante bem com Honda e El Shaarawy. Na fase final, os rossoneri sofreram com a pressão da Lazio, entretanto reforçada com as entradas de Felipe Anderson e Djordjevic, mas conseguiu aguentar o 3-1 até ao derradeiro apito do árbitro. Para já, as sensações foram, em termos gerais, positivas.
2. Roma, candidata ao Scudetto. Quem também entrou em grande estilo foi a Roma de Rudi Garcia, com um sólido triunfo sobre a Fiorentina (2-0), no jogo grande da jornada. Apesar de terem sofrido algo nos últimos 45 minutos, os giallorossi mereceram completamente a vitória, mostrando uma cadência de jogo interessante em alguns períodos do encontro. Mantém-se o 4x3x3, com um trio muito sólido no meio-campo (De Rossi, Nainggolan-Pjanic, todos com capacidade para aparecer na segunda linha e até arriscar o remate) e uma frente que impõe respeito e que possui bastante velocidade, embora não esteja ainda totalmente calibrada (Iturbe-Totti-Gervinho). Com o nível superior do plantel e a sagacidade táctica do seu treinador, são claros candidatos ao título italiano.
3. O eterno Di Natale. Os anos passam, mas um jogador parece querer ficar para sempre (literalmente) na Serie A. Falo, naturalmente, de Antonio Di Natale. O ano passado bem tinha pré-anunciado uma espécie de reforma mas a vontade de jogar falou mais alto. Logo a abrir a época, fez os dois golos que valeram a vitória da Udinese sobre o Empoli. E vão 194 golos no principal campeonato de Itália, números absolutamente escandalosos para um só jogador...
4. Espectacular Everton-Chelsea. Foi um dos melhores jogos de todo o fim-de-semana, quiçá de toda a época. Um jogo aberto, feito de emoção e de um desejo louco de golos acima do habitual discernimento táctico exigido pelos treinadores. Grande arranque do Chelsea, com dois golos nos primeiros 5 minutos, aos quais os toffees foram respondendo progressivamente, com bom futebol e oportunidades (sempre com Coleman e Naismith em destaque). No segundo tempo, o jogo virou louco e as oportunidades sucederam-se em catadupa até chegarmos a um impensável resultado final de 3-6. O facto do Everton ter desligado do ponto de vista defensivo, aliado a uma eficácia notável da equipa de José Mourinho, valeu um espectáculo muito digno e bonito mas certamente dramático para os técnicos das duas formações!
5. Desesperante Man.United. Não tem fim à vista a saga de maus resultados do Manchester United. Apesar dos fantásticos reforços de última hora, o plantel parece-me desequilibrado. No último sábado, na estreia a titular do sonante Di María, os red devils não foram além de um empate no terreno do modesto Burnley. É um facto que jogar em Turf Moor não pode ser considerado fácil mas a equipa de van Gaal mostrou várias debilidades, sobretudo ao nível da saída de bola, do ataque organizado, da construção de jogo e da organização/transição defensiva. O inovador 3x4x1x2 não foi, nem de perto, nem de longe, assimilado pela equipa e a coisa pode levar ainda o seu tempo...
6. Um Liverpool pujante. Depois do 0-5 da última temporada em White Hart Lane, o Liverpool voltou a realizar mais uma grande empresa no estádio do Tottenham. Desta feita, marcou menos 2 golos, é certo, e não foi tão superior como nessa ocasião, mas tendo em conta a diferença de circunstâncias (o Tottenham era um dos líderes à partida para esta jornada...), acabou por ser um feito. Um Liverpool eficaz, muito móvel no ataque e com um jogo exterior excepcional (Alberto Moreno!), soube inclusive aguentar os deslizes da nova dupla Lovren-Sakho e saiu imaculado de um campo bem complicado. Do outro lado, os spurs pareceram resignar-se a partir do momento em que sofreram o terceiro golo e perceberam que aquela não era a tarde deles. Era de Brendan e dos seus rapazes (uma vez mais...).
7. Quem tem Ibra, tem tudo. Verdade inquestionável. Pode ser trintão, estar a caminhar para a fase descendente da carreira, mas não deixa de ser um dos melhores do Mundo, na actualidade. O melhor, pelo menos acima do 1,90m, parafraseando o famoso comentador Luís Freitas Lobo. O PSG nem estava a fazer um grande jogo frente ao Saint-Étienne, mas quando o sueco (em parceria com um desastrado Stéphane Ruffier) decidiu pegar na bola, tudo mudou. E lá foram os bicampeões lançados rumo a um fácil 5-0, quase sem dar por ela...
8. A potência ofensiva de Roger Schmidt. Para já, grande arranque de temporada para o Bayer Leverkusen, somando por vitórias todos os jogos oficiais disputados até aqui. Uma equipa que vai procurando ainda o melhor equilíbrio atrás mas que à frente tem uma qualidade e uma diversidade de opções absolutamente extraordinária. O talento de jogadores como Bellarabi, Çalhanoglu ou Son, junto à eficácia e trabalho de Kiessling ou a irreverência do jovem Brandt podem elevar esta equipa para patamares muito altos. Neste momento, lideram a Bundesliga e estarão presentes na fase de grupos da Liga dos Campeões. O hábil Roger Schmidt, dono de uma filosofia que privilegia uma pressão alta e jogadas em velocidade, é o mestre de uma equipa que pode vir a surpreender muito durante esta época.
9. Hamburgo 0-3 Paderborn. Um dos resultados do fim-de-semana. A viver a sua primeira experiência no principal escalão do futebol alemão, o Paderborn pode para já sorrir. Com um plantel de baixo custo, a resposta tem sido bastante positiva, sendo que neste jogo ficou confirmado todo o potencial desta equipa. Vrancic, Kachunga ou Stoppelkamp são claramente nomes a acompanhar no que resta de Bundesliga. Fica a certeza de que nos vamos divertir com esta equipa, porque vertigem e golos não lhe têm faltado!
10. Boca e River, 3-1. Ambos passam por momentos diferentes na tabela, mas coincidiram nos números, na vitória e no bom futebol no último fim-de-semana. O Boca, na estreia de Arruabarrena, apareceu de cara lavada e bateu o Vélez na Bombonera, com direito a reviravolta. Acosta, Meli ou Carrizo brilharam, numa tarde/noite na qual o mítico estádio de Buenos Aires voltou, finalmente, a ver bom futebol. Parece ter passado, em definitivo, a depressão pós-Bianchi. Já o histórico rival do Boca, o River Plate, segue de vento em popa neste Torneio Transición, tendo ganho no terreno do campeão sul-americano, San Lorenzo. Tremenda exibição de Pisculichi, numa noite onde também Carlos Sánchez, Teo ou Rojas estiveram em plano de evidência. O River de Marcelo Gallardo é uma equipa dominadora, sólida com bola, segura no meio-campo pelo polvo Kranevitter (irá merecer um texto, num destes dias!), soltando as unidades mais criativas na frente. Atrás, tem estado sólida e o facto de conseguir recuperar, muitas vezes, em zonas mais adiantadas, permite que não passe por muitos apuros no sector mais recuado. Dois grandes rivais em latitudes diferentes na tabela, mas muito parecidos nas boas sensações deixadas nesta quinta ronda do campeonato.

quinta-feira, 31 de julho de 2014

IFK Gotemburgo: uma breve análise técnico-táctica e o um-por-um do plantel


Finalmente, chegou o dia! A tão ansiada estreia do Rio Ave na Liga Europa chega numa quinta-feira de Verão, ao som do Snart Skiner Poseidon, o hino do adversário Gotemburgo, criado em 2009 pelo ex-jogador do clube Joel Alme. É verdade, será na Suécia que será dado o pontapé de saída para a época oficial das equipas portuguesas na Europa. Pela frente, os vilacondenses terão um adversário que ocupa, actualmente, a 6ª posição da Allsvenskan, o principal campeonato de futebol sueco e que vem já de duas eliminatórias europeias, ambas ultrapassadas com sucesso, perante os luxemburgueses do Fola Esch e os húngaros do Gyori ETO.

Este Gotemburgo é, de facto, um oponente difícil e que leva uma cadência de jogo e uma disponibilidade física muito superiores às que o Rio Ave apresentará por estas alturas. Treinada por Mikael Stahre, a formação sueca apresenta como desenho táctico habitual o 4x4x2, sendo que tem como variante principal o 4x2x3x1 (que se pode desdobrar num 4x4x1x1 ou num 4x5x1). Equipa perfilada para jogar em contra-ataque, caracteriza-se pela velocidade dos seus homens mais adiantados, aos quais se acrescenta o talento do jovem Sam Larsson e o critério com bola dos médios Mahlangu e Jakob Johansson. Este é o registo preferido dos suecos, embora tenham vários momentos em organização ofensiva, no qual a velocidade no último terço, as bolas em profundidade e as diagonais dos alas/extremos se revelam verdadeiramente essenciais. Nas laterais, encontram sempre saída, quer em largura quer em profundidade. Por dentro, reina a ordem e o critério no momento de saída, se bem que em transição defensiva a equipa possa ficar um pouco exposta em determinados momentos do jogo.

Naturalmente, o Gotemburgo tem os seus pontos negativos, dos quais se destacam a reduzida flexibilidade dos centrais, o espaço nas costas dos laterais e as brechas que podem existir entre a linha mais recuada e a linha do meio-campo. As coberturas defensivas dos médios-centro nem sempre são as melhores, o que aliado à falta de agilidade dos centrais pode criar um "buraco" a ser explorado pelos rioavistas. Já em termos de bolas paradas, a formação sueca apresenta qualidades do ponto de vista ofensivo, dado que possui jogadores habilitados em termos do jogo aéreo e do aproveitamento de segundas bolas. No entanto, neste tipo de situações mas em termos defensivos, a equipa revela algumas fragilidades, sobretudo quando opta por acções de marcação individual.

Passemos então a uma breve análise individual dos principais jogadores deste Gotemburgo:

Marcus Sandberg: Guarda-redes jovem e com boa compleição física, não atravessa, porém, o seu melhor momento de forma. Algo inseguro e pouco prudente em certas abordagens fora da área, falta-lhe alguma velocidade de reacção a determinado tipo de lances. Ainda assim, já teve exibições interessantes este ano, apesar de ter tido falhas graves recentemente. Talvez fosse mais indicado lançar o experiente Alvbage nesta eliminatória...

Adam Johansson: Lateral já trintão, irá discutir a titularidade na direita com Salomonsson. Internacional sueco, apoia o ataque com algum critério e mostra atributos no desarme. Destro, é razoavelmente rápido e apresenta alguns atributos ao nível do passe e do cruzamento, embora esteja longe de ser um jogador perfeito...

Emil Salomonsson: A outra alternativa para a lateral-direita. Jogador robusto e dinâmico, pode ainda actuar como ala. Rápido, pode melhorar os seus predicados ao nível do cruzamento.

Mattias Bjarsmyr: Central rotinado e experiente, é a principal referência defensiva deste Gotemburgo. Destro, costuma dar uma saída de bola interessante, tentando até abrir jogo através de passes longos. Não é muito rápido, mas costuma ter uma colocação interessante. Apresenta qualidades no desarme, embora não se revele particularmente ágil...

Hjálmar Jónsson: Aos 34 anos, este central islandês tem sido aposta de Mikael Stahre no "onze" inicial, por norma. Possante, este esquerdino pode ainda actuar como lateral. Razoável em termos gerais, apresenta alguns atributos quando bem posicionado, mas falta-lhe alguma flexibilidade e velocidade.

Kjetil Waehler: Muito experiente, é um internacional norueguês já consagrado. Poderoso e com atributos no jogo aéreo, já não dá a mesma resposta em termos físicos (pouco ágil). Provável suplente.

Ludwig Augustinsson: Lateral-esquerdo muito promissor, formou-se no Brommapokjarna (outra das equipas suecas presente nesta Liga Europa) e irá sair em Janeiro para o Copenhaga. É um jogador de propensão ofensiva, subindo com critério no terreno, aliando rapidez à capacidade de dar cruzamentos/assistências. No momento de recuperação defensiva, deve progredir, assim como em algumas colocações. Um dos jogadores com mais futuro desta equipa, pelo menos em teoria...

Jakob Johansson: Um dos elementos-chave desta equipa. Aos 24 anos, parece pronto para dar o salto para outro patamar competitivo, embora saiba bem vê-lo na Allsvenskan por possuir qualidades que muitos outros não têm. Jogador forte em termos físicos, possui uma boa saída de bola, além de conferir equilíbrio táctico à equipa. Desarma com qualidade e sobe no terreno, revelando atributos ao nível da meia-distância, de pé direito. Pode ainda jogar como defesa-central, embora não renda tanto aí...

Gustav Svensson: Médio-defensivo com passagens recentes pelo futebol turco e ucraniano, pode ainda jogar em posições mais recuadas, como as de defesa-central ou até lateral-direito. É um jogador correcto, com qualidades ao nível do passe mas por vezes parece-lhe faltar alguma intensidade defensiva e nem sempre faz bem as coberturas. No entanto, é um dos jogadores regulares do "onze" de Mikael Stahre.

May Mahlangu: Outra das figuras desta equipa. Coroado campeão em 2012 ao serviço do Helsingborgs, é um dos elementos fundamentais do IFK na actualidade. Médio completo do ponto de vista físico, transporta bem a bola e revela-se um belo condutor de transições ofensivas. Joga sobre a zona central, actuando preferencialmente a "8", embora possa aparecer na posição "6", "10" ou até como uma espécie de segundo avançado. Remata bem e marca grandes penalidades. Essencial.

Martin Smedberg-Dalence: Ala-direito experiente, revela atributos ao nível do cruzamento e costuma ser opção quando é preciso um jogador que revele capacidade de recuperar posição e ajude a defender. Cumpridor, tem como alternativa o experiente Daniel Sobralense.

Sam Larsson: O maior talento desta formação. Destro, embora actue geralmente a partir da ala esquerda, é um jogador rápido, com boa passada, hábil com bola, apresentando argumentos credíveis no drible e no um-para-um. Pode jogar mais encostado à linha, embora prefira vir por dentro, de forma a potenciar o seu bom remate de pé direito. É um dos jogadores com mais assistências no campeonato sueco. Craque.

Lasse Vibe: O goleador desta equipa. Avançado rápido, móvel e exímio a aproveitar espaços livres, revela uma enorme facilidade em desmarcar-se de forma a ficar em posição privilegiada para atirar à baliza contrária. Pode actuar como referência única do centro do ataque ou mais descaído numa das alas, dado que tem mobilidade e sabe fazer bem as diagonais. Atira com os dois pés e quando joga como ponta-de-lança, revela-se um jogador rápido e vertical, aproveitando o espaço nas costas dos centrais adversários. Como concorrentes, costuma ter Robin Soder (ex-avançado do Leiria, rápido e com interessante jogo aéreo) e o poderoso e veloz Malick Mané.





terça-feira, 29 de julho de 2014

3ª pré-eliminatória da Liga dos Campeões: 15 equipas à procura de um lugar ao sol (que é como quem diz, no "play-off"...)

Esta terça-feira começa-se a disputar uma das eliminatórias mais emocionantes, entretidas e bonitas da Liga dos Campeões, a 3ª pré-eliminatória, aquela cujo prémio é sempre uma das fases de grupos, quer seja da Champions ou da Liga Europa. Logo, estamos perante a primeira grande eliminatória, na verdade, desta competição, onde já entram alguns nomes respeitáveis e que poderão vir a rubricar boas campanhas durante a temporada europeia. Equipas como Zenit, Besiktas, Lille, Dnipro ou Feyenoord, além de campeões como o Celtic, Steaua ou Dinamo Zagreb, procuram aqui dar os primeiros passos rumo a um dos objectivos prioritários da época: o acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões, conquistando assim também os cerca de 8 milhões de euros, oferecidos pela UEFA a quem atinge essa fase da prova.

Mais do que o dinheiro, para muitas equipas (a maioria ou todas mesmo, diria...), o importante mesmo é o prestígio e a possibilidade de estar debaixo dos focos do mundo futebolístico. A Liga milionária é uma competição que dá, efectivamente, essa oportunidade aos jogadores que a disputam. Para começar esta ronda, temos três partidas do "caminho dos campeões", jogos, em teoria, equilibrados e de desfecho relativamente imprevisível. A abrir, o campeão checo Sparta Praga recebe os suecos do Malmo (18h30), num confronto entre dois habitués destas andanças. O Sparta, com o seu plantel composto maioritariamente por checos (como é normal naquele país, aliás), vem de um início de época potente, tendo ultrapassado facilmente o Levadia Tallin na 2ª pré-eliminatória, conquistado a Supertaça checa (frente ao Viktoria Plzen) e iniciado o périplo na Gambrinus Liga com um triunfo sobre o Bohemians 1905. Mantém uma base interessante e um registo de futebol coordenado, dinâmico e onde a boa interacção entre médios e atacantes se revela fundamental. Matejovsky, Husbauer (sobre o qual escrevi recentemente), Dockal, Krejcí ou o goleador Lafata parecem prontos para enfrentar uma equipa que está a meio da sua época, lidera confortavelmente a Allsvenskan mas tem deixado algumas dúvidas nas suas últimas exibições...

Hoje ainda, disputam-se mais duas partidas: Slovan Bratislava-Sheriff (19h15) e Debrecen-BATE Borisov (19h30). No confronto entre eslovacos e moldavos, parece-me que tudo mesmo poderá acontecer. O Slovan começou bem a época, com destaque para o esquerdino sérvio Marko Milinkovic, criativo dono de uma capacidade extraordinária de atirar à baliza, mas com os jovens Ninaj ou Soumah a quererem-se lançar na alta roda. Pela frente, estará um adversário cheio de sangue latino, de onde se destacam nomes com ligação ao futebol português (Degra, Joãozinho ou Leonel Olímpio) e outros jogadores que têm rubricado um excelente arranque de competição (o criativo Elkin Blanco ou os avançados Isa e Benson, além da alternativa Juninho Potiguar). Quanto ao confronto da Hungria, será interessante ver o nível actual de uma equipa habituada à Champions, o BATE Borisov, perante um campeão húngaro que sentiu dificuldades para ultrapassar um adversário da Irlanda do Norte, mas que conta com o talento e critério com bola de jogadores como Mihelic ou Varga, além da pujança do gigante de área Sidibé.

Para quarta-feira, temos um quadro de jogos bem mais completo e atractivo. Digamos que a "nata" dos jogos desta eliminatória estará aqui. A jornada começa às 16 horas, no Cazaquistão, com a recepção do Aktobe a um ex-campeão europeu, o Steaua de Bucareste. Os campeões romenos ultrapassaram o competitivo Stromsgodset na última ronda e pretendem dar um passo de gigante rumo à fase de grupos eliminando uma equipa compacta e com atacantes muito perigosos. Para isso, contam com a energia e talento de jogadores como Iancu, Chipciu, Stanciu, Keseru ou do experiente "tanque de área" Lemmaru, além de jovens como Vilceanu ou Gradinaru que têm dado conta do recado neste início de temporada. Meia-hora depois, joga uma das equipas que me cria maiores expectativas para esta eliminatória: o Red Bull Salzburgo. Depois do brilharete na última edição da Liga Europa, já é tempo dos austríacos finalmente conseguirem atingir uma fase de grupos da Liga dos Campeões. Para isso, continuam, para já, a dispor do talento de jogadores como Kampl, Sadio Mané, Jonathan Soriano ou Alan, tendo ainda acrescentado reforços de mais-valia como Peter Ankersen, Massimo Bruno ou o promissor médio-ofensivo francês Naby Keita. O adversário é o Qarabag, campeão de uma Liga que tem evoluído bastante ao longo dos últimos anos, muito por culpa do crescimento económico do próprio país (Azerbaijão).

De seguida, no horário das 17 horas, temos três partidas: AEL Limassol-Zenit, Dnipro-Copenhaga e HJK Helsínquia-APOEL. A equipa russa, orientada por André Villas Boas, tenta chegar onde habitualmente costuma estar, a fase de grupos, sendo que, pelo segundo ano consecutivo, terá de começar nesta eliminatória. Este será o primeiro jogo oficial da equipa de São Petersburgo na temporada 2014/2015, perante um adversário com vários portugueses ou jogadores com ligação ao futebol luso (Cadú, os dois Carlitos, Zezinho ou os brasileiros Diego Barcellos e Luciano Bebê). Interessante também ver o arranque "milionário" para o Dnipro, uma equipa habituada à Liga Europa, mas sem grande experiência de Champions. Os ucranianos não poderão jogar em casa (por força da instabilidade política na região), actuando no "emprestado" Olímpico de Kiev. O arranque de campeonato do Dnipro no último fim-de-semana foi convincente (vitória por 2-0, fora, frente ao Metalurg Donetsk) e a base da última época mantém-se, pelo menos para esta eliminatória. Pela frente, terão o rotinado Copenhaga, que manteve craques como Claudemir, Nicolai Jorgesen ou Cornelius e acrescentou ainda ao seu plantel nomes de respeito como Zanka (formado precisamente no Copenhaga) ou de Ridder. Já na Finlândia, defrontam-se HJK e APOEL, dois acrónimos habituados às lides europeias nesta fase da temporada. Os finlandeses estão a meio da época e já jogaram uma ronda (eliminaram o Rabotnicki da Macedónia), enquanto que os cipriotas estão no arranque, embora apresentem, em boa verdade, um conjunto mais experiente e de maior qualidade. Por lá se mantêm nomes bem conhecidos como Manduca, Nuno Morais, Tiago Gomes, João Guilherme ou Kaká.

Entretanto, entre as 18 e as 19 horas, temos quatro dos jogos certamente mais intensos desta ronda. Para começar, um interessante Grasshoppers-Lille em Zurique. Tal como há um ano, os suíços voltam a defrontar uma formação francesa nesta fase da prova (na altura, foram eliminados pelo Lyon). Para que a história não se repita, contam com a potência e eficácia de jogadores como Dabbur, Caio ou Ngamukol, além do critério dos médios Salatic, Abrashi e Sinkala e do talento do reforço Merkel. Do outro lado, vai estar um Lille ainda sem o português Marcos Lopes mas com nomes importantes como Kalou ou Roux. Uma hora mais tarde, iniciam-se três outras partidas de destaque: Feyenoord-Besiktas, Standard de Liège-Panathinaikos e Ludogorets-Partizan. Na Banheira de Roterdão, vulgo de Kuip, os donos da casa, desfalcados pelas saídas de jogadores como Janmaat, Martins Indi ou Pellè, defrontam um Besiktas que até pode ter perdido os portugueses Manuel Fernandes e Hugo Almeida mas recrutou o possante goleador Demba Ba, juntando-o a um conjunto razoavelmente equilibrado e bem construído pelo "louco" treinador croata Slaven Bilic. Em Liège, no Maurice Dufrasne, um Standard animado pelo grande arranque no campeonato (vitória caseira sobre o Charleroi, por 3-0), recebe um Panathinaikos ainda a necessitar de ritmo competitivo e com um plantel constituído essencialmente de peças que já transitam da época passada. Já em Razgrad, duelo intenso, por certo, entre búlgaros e sérvios, sendo que tanto Ludogorets como Partizan ultrapassaram os rivais da 2ª pré-eliminatória sem qualquer tipo de problemas...

Depois, teremos mais três encontros super-entusiasmantes a finalizar uma primeira mão de grandes emoções. A partir das 19h15, na Dinamarca, defrontam-se Aalborg, campeão da Superligaen e o campeão croata Dinamo Zagreb, este ano bem apetrechado de reforços portugueses (ao todo cinco: Eduardo, Ivo Pinto, Gonçalo Santos, Paulo Machado e, mais recentemente, Wilson Eduardo). Veremos se os dinamarqueses não irão acusar em demasia a perda de Kasper Kusk (grande figura da última época) para o Twente. Entretanto, quinze minutos depois, inicia-se o Maribor-Maccabi Tel-Aviv. Ainda a viver a ressaca da saída do português Paulo Sousa e com Óscar García de novo ao leme da equipa, vem aí eliminatória certamente dura, perante um adversário que esteve na fase de grupos da Liga Europa nas últimas três temporadas. Finalmente, no horário-Champions League, o campeão polaco Legia, com os portugueses Hélio Pinto e Orlando Sá, recebe o Celtic, agora treinado pelo norueguês Ronny Deila. Uma eliminatória que promete entretenimento, pelo nível e qualidade técnica dos polacos e pela maior experiência (agora, é certo, com muita juventude à mistura) dos escoceses.

Serão, portanto, dois dias de entusiasmo e, seguramente, de bons espectáculos, ainda que, para muitas destas equipas, estejamos no início de uma nova temporada. O caminho rumo a Berlim (onde se jogará a final da Champions, a 9 de junho do próximo ano) começa aqui, sejam bem-vindos a mais um grande ano da Liga dos Campeões!

segunda-feira, 21 de julho de 2014

O que fazer sem Enzo e Gaitán?

Num Verão muito movimentado para os lados da Luz em termos de mercado (sobretudo saídas), dois nomes saltam à vista como possíveis vendas do clube até 31 de Agosto: Enzo Pérez e Nicolas Gaitán. Sendo os dois argentinos peças fundamentais do clube encarnado, serão precisos substitutos à altura, numa época em que o Benfica ambiciona chegar ao bicampeonato. Posto isto, decidi fazer um exercício, equacionando possíveis substitutos para ambos os jogadores...

Médios-centro:

Mario Vrancic: Eleito pela revista Kicker o melhor jogador da 2.Bundesliga na época passada, o médio bósnio de 25 anos (internacional pela Alemanha nas camadas jovens) procura este ano a afirmação no principal escalão do futebol alemão, ao serviço do recém-promovido Paderborn. Jogador disponível do ponto de vista físico, conduz bem a bola e gosta de romper vindo de trás, aparecendo na segunda linha ou na área para finalizar, habitualmente de pé esquerdo, embora também possua atributos com o pé direito. Diria que é uma espécie de "box-to-box", rápido, forte fisicamente, capaz de equilibrar a equipa em fase defensiva e de sair a jogar com relativa facilidade. Jogador de processos simples e eficazes, revela-se assertivo ao nível do passe e disciplinado em termos tácticos. Perfil interessante, nota-se que tem boa escola (Mainz 05). Preço estimado: entre 1,5 e 5 milhões de euros.

Charles Aránguiz: Autor de um Mundial muito interessante no Brasil, este médio formado no Cobreloa poderia vir a ser uma das boas opções para reforçar o meio-campo encarnado neste defeso. Contratado em definitivo pelo Internacional de Porto Alegre antes do Campeonato do Mundo (onde se valorizou...), nunca sairá por menos de 10 milhões de euros, em teoria. Jogador completo do ponto de vista táctico, destaca-se pela qualidade de passe, visão de jogo e maneira como se desmarca na segunda linha, lendo o jogo e atacando os espaços livres com muita astúcia. Vertical e dinâmico, aparece inclusive na área contrária a finalizar, por norma de pé direito. Nos momentos defensivos, revela-se um jogador célere e equilibrado, conseguindo interceptar bolas e desarmando algumas vezes os seus oponentes. Aos 25 anos, já merece pisar os palcos europeus e jogar na Liga dos Campeões! Preço estimado: entre 10 e 15 milhões de euros.

Carlos Peña: Indiscutivelmente, um dos jogadores mais destacados do campeonato mexicano no último ano. Médio-centro todo-o-terreno, Peña destaca-se pela sua rapidez, verticalidade e pela pujança que coloca em cada acção. Quase parecendo um extremo a jogar por dentro, rompe bem na segunda linha e aparece na área adversária em posição de finalização, quer seja com o pé ou de cabeça. Ao longo dos últimos meses, conheceu uma evolução técnico-táctica, progredindo imenso, ao ponto de ter sido observado pelo Manchester United. Jogador com uma notável visão de jogo, faz imensos passes a rasgar ao longo de um jogo, além de possuir também uma boa meia-distância. Não sendo primoroso em termos técnicos, revela-se muito criterioso em todas as suas acções. Mais do que pronto para dar o salto para a Europa, quer-me parecer... Preço estimado: entre 5 e 7 milhões de euros.

Lucas Romero: Indiscutivelmente, um dos "box-to-box" mais interessantes do futebol argentino, demonstrando uma maturidade impressionante para um jogador com apenas 20 anos de idade. Tendo começado como médio mais ofensivo com Gareca, foi recuando no terreno com Flores no último ano, tendo-se destacado pela sua saída de bola, visão de jogo, capacidade de desarme e colocação defensiva. Disponível do ponto de vista físico e rápido nas suas acções, aparece bem em zona de construção, distribuindo jogo com precisão e eficácia, quer através de passes curtos, quer dando passes mais longos. Defensivamente, revela-se um jogador bastante astuto e com velocidade suficiente para ganhar em antecipação. Ofensivamente, é criterioso ao nível do passe, revela inteligência a ler o jogo e sabe aproveitar os melhores espaços livres. Condução, passe, desarme, velocidade, inteligência e dinamismo reunidos num só jogador. Pode assumir mais riscos em alguns momentos e deve melhorar o remate, de forma a tornar-se num jogador ainda mais decisivo. Preço estimado: entre 5 e 10 milhões de euros.

Saúl Ñíguez: Uma das revelações da Liga espanhola na última temporada, tendo sido uma das peças-chave da boa recuperação do Rayo Vallecano de Paco Jémez ao longo do campeonato. Médio de formação ofensiva, destacou-se numa posição mais central em 2013/14, revelando-se um jogador mais maduro e esclarecido. O seu passe pertence ao Atlético de Madrid e, na perspectiva de fazer negócios, uma vez mais, com os colchoneros, esta seria uma opção interessante num quadro de cedência temporária ou definitiva de jogadores. Médio intenso, rápido e com bom jogo aéreo, revela qualidades em antecipação, no desarme e no início de construção. Embora ainda se notem ainda algumas imprecisões na hora de fechar atrás, mostra-se um jogador agressivo e com sentido de equipa. Ofensivamente, revela qualidades ao nível do passe e também do remate de meia-distância, atirando bem com o pé canhoto. Internacional pelas camadas jovens espanholas, seria uma opção interessante para o meio-campo encarnado. Preço estimado: entre 5,5 e 8 milhões de euros.

Josef Husbauer: Interessante médio do Sparta Praga, demonstra já um nível para palcos maiores. Aos 23 anos, este internacional checo tem despertado o interesse de alguns clubes de grandes ligas, como o Marselha, Lazio ou Cagliari. Versátil e dinâmico, Husbauer é um médio de características ofensivas, técnica apurada e interessante visão de jogo. Inteligente a entrar no espaço, revela-se ainda um rematador nato, tanto na segunda linha como na grande área. Destro, embora saiba atirar de pé esquerdo, revela eficácia na hora de atirar à baliza contrária, além de ser um assistente notável. Como possui um bom remate e qualidade de cruzamento, pode ainda bater livres, directos e indirectos. Defensivamente, não é um jogador vistoso, sendo mais prudente actuar junto de um médio de perfil mais defensivo e fixo. Preço estimado: entre 3,5 e 5,5 milhões de euros.


Médio-ala esquerdo (ou direito):

Maxime Lestienne: Há muito que se questiona o porquê deste rapaz ainda não estar numa liga maior. Na verdade, parece-me que esta terá de ser a época do salto, caso contrário poderá correr o risco de estabilizar na Liga belga. Versátil, Lestienne tanto pode jogar na esquerda como na direita e apresenta-se como um jogador veloz, de boa técnica e capaz de criar desequilíbrios em progressão. Hábil com bola e forte a explorar diagonais, revela qualidades no um-para-um, usando o drible que tanto o caracteriza. Esquerdino com boa visão de jogo, dá várias assistências, além de revelar facilidade no remate com ambos os pés. É um jogador de ataque, desequilibrante e capaz de virar um jogo de pernas para o ar graças à inteligência e percepção de entrada nos espaços e à capacidade de definição. Seria uma adição de qualidade ao plantel benfiquista. Preço estimado: entre 10 e 15 milhões de euros.

Óscar Romero: Muito falado recentemente para o Corinthians (onde já joga o seu irmão gémeo Ángel, diga-se), seria uma alternativa para potenciar, algo que Jorge Jesus já revelou, várias vezes, ser capaz de fazer. Médio-ala/extremo esquerdo recentemente chamado à selecção paraguaia, é uma jóias mais recentes do futebol daquele país. No primeiro semestre do ano, foi uma das figuras de um Cerro Porteño que realizou exibições muito interessantes na Copa Libertadores. Esquerdino, revela acutilância no um-para-um ofensivo, algo que está naturalmente aliado à sua boa técnica e velocidade nas acções. Capaz de vir mais por dentro ou de jogar mais junto à linha, executa remates com potência, além de possuir um interessante jogo associativo. Em fase defensiva, revela-se igualmente um jogador útil e bastante cumpridor. Poderá vir a ter um futuro brilhante pela frente, se encontrar o treinador certo para lhe trabalhar virtudes e defeitos. Quem sabe se esse treinador não poderá vir a ser Jorge Jesus... Preço estimado: entre 2 e 5 milhões de euros.

Douglas Costa: Em aparente conflito com o Shakhtar (assim como outros jogadores, que se recusam em regressar à Ucrânia por causa do ambiente instável que se vive por lá...), tem como empresário Kia Joorbachian, amigo de longa data do presidente Luís Filipe Vieira. Posto isto, importa referir que esta seria uma aposta justificada devido à circunstância. Médio-ofensivo versátil, pode jogar em todas as posições da segunda linha do meio-campo. Esquerdino talentoso e com qualidade no um-para-um, evoluiu imenso nos últimos dois anos, associando velocidade, técnica e capacidade de finalização. Forte na condução e no drible, revela-se um assistente arguto, além de atirar bem à baliza. Por vezes, até de cabeça pode criar perigo na área contrária. Jogador de vocação marcadamente ofensiva, seria um reforço de luxo para este Benfica, que não restem dúvidas acerca disso... Preço estimado: entre 12 a 18 milhões de euros.

Lucas Ocampos: Jogador que ainda não conseguiu encontrar o seu espaço no Mónaco, seria uma alternativa interessante para fazer crescer, sem dúvida. Aos 20 anos, pode actuar em qualquer posição no meio-campo ofensivo, embora as suas prestações sejam mais sólidas na ala direita. Embora ainda algo irregular, Ocampos é um ala/extremo à moda antiga, com uma técnica e uma velocidade notáveis. A sua capacidade de desembaraço no um-para-um é digna de nota, assim como o domínio e controlo de bola. Além disso, revela-se um rematador interessante, qualidade que, aliada à sua visão de jogo, o pode catapultar para outros palcos. No entanto, tem um pecúlio algo pobre em termos de golos e assistências. Na Luz, sendo bem trabalhado, creio que poderia crescer muito. No entanto, não deixaria de ser uma aposta de risco... Preço estimado: entre 6 e 10 milhões de euros.

Sadio Mané: Mais um jogador versátil e que poderia encaixar que nem uma luva no plantel encarnado. Ala/extremo que tanto pode actuar nas duas faixas, como até mais por dentro, Mané revela atributos ao nível da finta, no um-para-um, na condução em progressão e no remate. É um jogador robusto, rápido, muito activo e perspicaz a explorar os espaços dados pelos laterais contrários. Destro, mostra ainda atributos ao nível do passe e do cruzamento. Mesmo em fase defensiva, mostra critério e capacidade de entreajuda, embora caia algumas vezes na tentação da falta. Aos 22 anos, pode e deve dar o salto, sempre tendo em conta que deve fazer o upgrade competitivo de um campeonato como o austríaco para um de maiores dimensões. Preço estimado: entre 7,5 e 12 milhões de euros.

Éverton Ribeiro: Figura maior do último Brasileirão, este ala seria sempre um reforço-estrela para o emblema encarnado. Apto para jogar tanto na direita como na esquerda, Éverton Ribeiro é um canhoto de grande qualidade técnica, forte a explorar diagonais e de remate fácil e colocado. Hábil, empresta sempre grande destreza ao jogo ofensivo da sua equipa, além de demonstrar uma visão de jogo e uma qualidade de passe notáveis. No um-para-um ofensivo, revela-se um jogador muito forte, superando geralmente sem grandes problemas os defesas contrários. Capaz de ser decisivo, seria, em teoria, um reforço brutal para qualquer equipa do campeonato português. Preço estimado: entre 8,5 e 15 milhões de euros.









sexta-feira, 4 de julho de 2014

Battiston, a trave de Amoros, a louca correria de Giresse e o "vilão" Schumacher condensados numa tarde no Maracanã

Os livros de História contam-nos sempre um passado bélico e de rivalidade entre França e Alemanha. Essa constatação de ambiente tenso e de grande rivalidade, em termos futebolísticos, leva-nos sempre à noite de 8 de Julho de 1982. No Sánchez Pizjuán, em Sevilha, numa noite quente em todos os sentidos, assistimos a um dos confrontos mais épicos da História dos Campeonatos do Mundo. E se foram tantos os momentos marcantes, daqueles que ficarão para sempre gravados na memória de quem presenciou e de quem assistiu (em directo ou anos mais tarde) a esse encontro. Desde a quase morte de Battiston ao minuto 62, depois de um choque com o assassino (assim ficou conhecido para os franceses, a partir daquele momento) Schumacher, até a uma dramática lotaria de grandes penalidades (onde Schumacher se revelou novamente o vilão francês), passando pela bola na barra de Amoros, a uns bons 35 metros da baliza, já no minuto 90, lance esse que, além de um golo espectacular, teria resultado no provável apuramento francês para a final da prova ou pela louca correria de Giresse ao minuto 98 (imitada, dias mais tarde por Tardelli no Santiago Bernabéu), depois de ter apontado um 1-3, que parecia destinado a colocar os franceses na decisão de 11 de Julho contra os vizinhos do Sudeste, a Itália. 4 anos volvidos, em Guadalajara, México, a história repetir-se-ia, embora com uma vitória mais clara (2-0 para os germânicos, golos dos mitos Brehme e Voller).

Quase 3 décadas depois do último confronto entre França e Alemanha num Campeonato do Mundo, temos reedição deste mítico duelo, desta feita num dos palcos mais propícios a que um jogador de futebol se transcenda e faça história: o estádio do Maracanã. Frente-a-frente, estarão uma França de contra-ataque, bem organizada, com um meio-campo que é misto de trabalho e talento e uma Alemanha bem diferente da da "Antiguidade", com um estilo de posse e recheada de jogadores muito dotados do ponto de vista técnico. Este choque de estilos será interessante, sabendo que ambas as equipas sabem bem o que fazer quando têm a bola. A mobilidade e a rapidez na circulação poderão ser chaves para resolver este jogo, tanto de um lado, como do outro. A França procurará ser mais incisiva e vertical, apostando certamente no espaço que costuma existir nas costas da defesa germânica. As conduções e os movimentos de ruptura de Pogba e Matuidi, no momento de apoio e criação de desequilíbrios ofensivos, serão fundamentais. No ataque, Valbuena será peça-chave na condução e distribuição e é de prever que Deschamps aproveite a velocidade no espaço de Griezmann para este jogo. Ainda no ataque, será essencial que apareça o melhor Benzema, algo que não se viu demasiado no jogo frente à Nigéria (embora até tenha realizado uma fase de grupos excepcional).

Já Joachim Low deverá manter-se fiel ao seu 4x3x3, jogando desta feita com Lahm na lateral direita, de forma a que a Mannschaft possa ter maior profundidade e consistência naquele sector. As acções de Khedira, Schweinsteiger e Kroos, em condução e passe e a mobilidade/permutas do trio ofensivo serão pontos fundamentais da abordagem que Low pretenderá fazer a este encontro. Para os centrais franceses (Varane-Sakho, embora Koscielny tenha feito um jogo quase imaculado a fechar por dentro contra a Nigéria), poder-se-á esperar, certamente, uma noite de muito trabalho. Atrás, uma vez mais, a capacidade de Neuer jogar como líbero poder-se-á revelar essencial, dado que a linha defensiva ainda revela alguma tendência para se organizar de forma incorrecta. No fundo, é quase certo e sabido que os alemães terão mais bola e procurarão ser dominadores, enquanto que é de esperar que a França promova uma abordagem inicial mais pragmática e de aposta constante na contra-ofensiva. Um duelo que, esperamos nós, irá respeitar os pergaminhos do passado. Paixão, belicismo, rivalidade e emoção num encontro muito bonito. Senhores, ponham a bola a rolar!

"Onzes" iniciais:
França: Lloris; Debuchy, Varane, Sakho, Evra; Cabaye, Pogba, Matuidi; Valbuena, Benzema, Griezmann.
Alemanha: Neuer; Lahm, Boateng Hummels, Howedes; Khedira, Schweinsteiger, Kroos; Muller, Klose, Ozil.


sábado, 28 de junho de 2014

5 apontamentos da última jornada da fase de grupos do Mundial 2014

1. A jornada da afirmação definitiva dos craques. Vários jogadores sobressaíram a título individual nesta última jornada da fase de grupos do Campeonato do Mundo. Desde o hat-trick de Shaqiri e uma exibição completa, notável a todos os títulos até à disputa entre Messi (a melhor exibição até aqui nesta prova) e Musa no Nigéria-Argentina (um bis para cada), passando pela genialidade de Neymar (também bisou), pela continuidade de James (tem feito uma prova excepcional, tanto a distribuir jogo como a marcar) ou pela despedida em grande de Pjanic, um dos criativos que irá fazer falta à fase derradeira deste Mundial. Craques e mais craques no maravilhoso mundo brasileiro.

2. A Tri e o espírito de Herrera. É, definitivamente, uma das estrelas deste Campeonato do Mundo. Falo de Miguel Herrera, o espampanante técnico mexicano que poucos conheciam antes das façanhas conseguidas pela selecção mexicana no Brasil. Irreverente e apaixonado, construiu uma equipa no 3x5x2 (5x3x2) que vinha vigorando como táctica forte do seu América ao longos dos últimos anos e em campo todos os jogadores parecem jogar com a mesma paixão que o seu técnico demonstra ter no banco. O trio de centrais, liderado pelo veterano Rafael Márquez, tem estado quase imaculado, os laterais sobem e descem com uma regularidade impressionante, o portista Héctor Herrera tem rubricado exibições tremendas, juntamente com Vázquez e Guardado e, na frente, há quem faça a diferença (Oribe Peralta e Giovani, por norma...). Isto sem esquecer o keeper custo zero Guillermo Ochoa, uma das grandes figuras desta equipa, dono de uns reflexos brilhantes, tendo salvado a equipa em várias ocasiões ao longo desta fase de grupos. Uma equipa correcta atrás, capaz de assumir o jogo, profunda nas laterais e constituída de jogadores super-disponíveis do ponto de vista físico. Tomara que todas as equipas encarnassem o espírito de um treinador desta maneira. E vice-versa.

3. Os dramáticos apuramentos da Grécia e do Uruguai. Esta última jornada reservou-nos também dois dos momentos mais emocionantes desta prova: os apuramentos in-extremis das selecções da Grécia e do Uruguai. A equipa de Fernando Santos bateu a Costa do Marfim (2-1), com um pénalti de Samaras a decidir aos 90+2´. Foi um jogo difícil, mas no final acabou por prevalecer a capacidade de trabalho dos gregos, solidários a defender e incisivos na contra-ofensiva. Quanto ao Uruguai, a passagem foi dada por Diego Godín, o homem dos golos importantes na última temporada. O jogo foi muito equilibrado, tendo a expulsão de Marchisio ajudado a puxar a selecção celeste para o ataque. Numa bola parada, lá apareceu o central do Atleti a carimbar mais um grande momento esta temporada. Heróico.

4. A primeira vez da Argélia. Enorme feito do futebol argelino, dado que pela primeira vez estão nos oitavos-de-final de um Mundial. As Raposas do Deserto empataram contra a Rússia e carimbaram o acesso à próxima fase, depois de um jogo equilibrado, competitivo e onde, no primeiro tempo, os russos estiveram até perto de aumentar para 2-0. A destacar, mais um golo do sportinguista Slimani, ele que realizou duas exibições notáveis frente a coreanos e russos e uma notável exibição de Brahimi, o astro de Granada, do qual já havia falado durante esta temporada. Quanto à equipa russa: toda uma decepção. A começar na falta de capacidade para assumir o jogo com qualidade e a acabar nas vergonhosas declarações de Fabio Capello, atacando o árbitro deste último jogo.

5. O meu "onze" da fase de grupos: Ochoa; Aurier, Rafa Márquez, Sakho, Layún; Héctor Herrera, Tejeda; Robben, James, Neymar; Muller (Messi/Benzema).

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Um decálogo da 2ª jornada do Mundial, da tragédia portuguesa à irreverência argelina passando pelos génios e craques do continente americano

1. Portugal sem rei nem roque. E eis que a selecção portuguesa se colocou à mercê do altamente improvável para poder seguir em prova no Brasil. O golo de Varela serviu, em teoria, para amenizar o sofrimento de ter de ser já eliminado mas, na verdade, não restam grandes esperanças. Portugal não apresenta um futebol consistente, é uma equipa cansada, desequilibrada, com muitos (demasiados, diria até...) jogadores lesionados e outros tantos condicionados. Atitude não faltou à equipa nacional, mas, na verdade, quem soube competir foram os norte-americanos: bem arrumados atrás, organizados no meio-campo e verticais no ataque. A toda a velocidade, acabou por se tornar fácil aproveitar as descompensações defensivas portuguesas. Não fosse uma distracção final e a equipa de Klinsmann estaria a esta hora a festejar o apuramento para os oitavos-de-final após duas jornadas da fase de grupos. E nós estaríamos definitivamente afastados de um Mundial que tem tudo para ser dos piores da história portuguesa...

2. O fim da hegemonia espanhola. Outras das notícias desta 2ª jornada foi, naturalmente, a eliminação da vigente campeã mundial e bicampeã europeia Espanha. Duas derrotas contundentes contra Holanda e Chile deixam os espanhóis de fora deste Mundial. Então, e quais foram as razões desta eliminação prematura? Muito sinteticamente, diria que foram visíveis os problemas defensivos desta equipa, desde os erros de Casillas até às falhas posicionais dos defesas-centrais. A construção de jogo era lenta e previsível, sendo que não me recordo de duas partidas em que a Espanha tivesse perdido tantas bolas como nas que disputou até aqui no Brasil. Xavi apareceu durante meia-hora (contra a Holanda) e depois nunca mais deu sinais de vida, Diego Costa não adicionou particular qualidade a esta equipa, outros jogadores nem chegaram a calçar (Fabregàs, por exemplo) e tivemos problemas evidentes entre Del Bosque e certos elementos não-utilizados. No meio de toda esta barafunda, sobrevive um Iniesta que sai sempre de cabeça levantada, embora também não tenha acrescentado muito a uma triste campanha. Desilusão total.

3. Mestre Sampaoli e seus discípulos. Enorme trabalho do técnico Jorge Sampaoli, um argentino da escola-bielsista que vai dando cartas ao serviço da selecção chilena. Tremendo o carácter e a qualidade da Roja, embora nem tenha realizado duas grandes exibições nos primeiros encontros deste Mundial. Contra a Austrália, a equipa perdeu o controlo do jogo a dada altura e sofreu bastante atrás. Já frente à Espanha, obrigou a outra Roja a errar, foi incisiva no ataque mas notaram-se alguns problemas nas coberturas defensivas e viram-se alguns momentos de desorganização, embora a pressão e a saída para o ataque tenham sido, no geral, bem conseguidas. Essenciais as exibições de jogadores como Alexis e Vargas, elementos que garantem verticalidade e golo no ataque, Charles Aránguiz, médio todo-o-terreno, de notável preponderância em termos ofensivos e também de dois elementos que melhoraram bastante com respeito ao jogo inaugural deste Campeonato do Mundo (Medel e Vidal). Uma campanha de previsível sucesso para uma equipa com muito corazón!

4. Geração tica para os livros de História. Este ponto poderia ter como título, "O Maravilhoso Mundo da Costa Rica". Este Mundial tem vindo a ser demasiado perfeito para as equipas da CONCACAF, em especial para a única que soma por vitórias todos os jogos até aqui disputados. O trabalho de Jorge Luis Pinto tem sido fantástico e a equipa tica mostra processos muito bem definidos e um estilo de jogo bastante atractivo, por comparação com selecções com maior potencial em termos de plantel. Exibindo qualidade na posse, qualidade nos movimentos de fora para dentro, usando os laterais para subidas de forma permanente e explorando a profundidade garantida por Joel Campbell, esta equipa revela uma argúcia notável na hora de construir futebol. Jogadores como Bryan Ruiz ou Christián Bolaños estão a encontrar uma segunda via para se revelarem ao Mundo (apesar da idade...). Outros, como o já citado Campbell, o central Duarte, o lateral-direito Gamboa ou o médio Tejeda, procuram neste Mundial a possibilidade de darem a mostrar e poderem dar o salto para ligas mais competitivas. Todos juntos formam um conjunto sólido e bastante competitivo, resultado de uma ideia colectiva forte e que permite a potenciação das individualidades. A prova que também nos países periféricos se pode trabalhar com qualidade e obtendo resultados!

5. Suárez carimba o regresso a casa dos seus amigos ingleses. 1 mês depois da operação ao menisco, um regresso em grande, com dois golos apontados frente à Inglaterra. Luis Suárez não poderia desejar, certamente, melhor regresso à competição oficial. A sua qualidade técnica na execução, quer com o pé, quer de cabeça e os movimentos nas costas dos defesas contrários fazem dele um jogador imprescindível para Óscar Tabárez, mesmo que não esteja no pico de forma. Num jogo competitivo e onde, a dada altura, a Inglaterra passou a ser melhor e ficou mais perto de dar a volta, apareceu o letal avançado da Celeste a carimbar três pontos potencialmente decisivos. Agora segue-se autêntica final contra uma Itália ainda atónita pela derrota frente a uma grande Costa Rica.

6. Cuadrado-James-Quintero. E quando estes três se juntaram na soalheira tarde de Brasília frente à Costa do Marfim? Ninguém mais os conseguiu parar, por certo. Foi puro espectáculo. A velocidade e criação de desequilíbrios de Cuadrado, o desborde e qualidade na condução de James e o toque mágico e incisivo de Quintero ajudaram (e muito!) a que a Colômbia levasse de vencida o duro oponente africano. Quem tem tamanha concentração de talento no meio-campo ofensivo, só pode ser feliz. O futuro dirá se esta sociedade se repetirá mais vezes ao longo do Campeonato do Mundo ou não...

7. Vive la vitesse, vive la France! Tremenda demonstração de força e garra de uma autoritária França, num espectacular jogo de contra-ataque frente à forte Suíça. O resultado final (5-2) reflecte bem o que aconteceu em campo: uma França incisiva e letal, num jogo extraordinariamente conduzido pelo maestro da orquestra Valbuena e alicerçado no trabalho de Sissoko e Matuidi e nos apoios e movimentos de ruptura dos avançados Olivier Giroud e, sobretudo, Benzema. Em poucos toques e velocidade, a selecção bleu conseguiu construir um resultado volumoso, sem dúvida um dos mais impactantes desta primeira fase. Do outro lado, a equipa suíça, qual queijo do mesmo país, apresentou imensos buracos (diria até crateras...) na defesa, revelando inúmeros problemas na transição defensiva. Nos últimos 15 minutos, e aproveitando o relax francês, conseguiram marcar dois golos, potencialmente importantes para as contas do segundo lugar!

8. Enner Valencia, o goleador (im)provável. Depois de ter brilhado no Clausura mexicano, ao serviço do vice-campeão Pachuca, Enner Valencia estreou-se em grande no Campeonato do Mundo do Brasil, marcando os três golos que o Equador leva até aqui na prova. Forte no jogo aéreo, móvel, rápido, com boa técnica e remate fácil, tem-se revelado como um dos mais promissores avançados da América do Sul. No Emelec, revelou-se jogando na direita, mas no México começou a estabilizar-se como referência de ataque. Atenção a este nome, creio que acabará por saltar, mais tarde ou mais cedo (provavelmente no final do Campeonato do Mundo...), para um grande campeonato do Velho Continente.

9. Um génio derrubou o "muro" de Queiroz. Fantástico jogo do Irão frente à toda-poderosa Argentina, defendendo-se com grande organização, não concedendo espaços por dentro e criando imenso perigo em contra-ataque durante o segundo tempo. No entanto, há sempre um rapaz pronto a estragar os sonhos dos mais humildes, um ET, um génio, o que lhe queiram chamar. Esse rapaz chama-se Lionel Messi, vencedor de quatro Bolas de Ouro, actualmente bastante criticado pelas suas exibições descoloridas, vómitos e polémicas extra-futebol. No entanto, de um momento para o ouro, liga um flash e zás, resolve um jogo com um golaço. Enquanto houver Messi na Argentina, todos os problemas acabarão, mais tarde ou mais cedo, ligeiramente disfarçados...

10: Argélia: a melhor proposta africana neste Mundial. Apesar de termos vistos bons detalhes da Costa do Marfim, do Gana e da Nigéria, a melhor proposta futebolística de entre as equipas africanas presentes no Mundial foi, para mim, a argelina. Uma primeira parte tremenda, com 0-3 ao intervalo, mais posse e ocasiões, não concedendo um único remate aos coreanos. Enorme Slimani, dando opções em termos de jogo directo, assistindo e rematando, além de ter feito recepções de bola óptimas. Junto a ele, a orquestra dos mágicos, composta por Feghouli, Brahimi e Djabou. Atrás, o academista Halliche esteve sólido que nem uma rocha e no meio-campo Medjani e Bentaleb fartaram-se de recuperar bolas. Na 2ª parte, a associação entre Heung-Min Son e Kim Shin-Wook fez alguns estragos, no entanto insuficientes para garantir qualquer ponto que fosse. No final, 2-4 para a Argélia e uma sensação futebolística óptima!

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Coreia do Sul

Jung Sung-Ryong: Titularíssimo da selecção nos últimos anos, será, provavelmente, um dos melhores guarda-redes asiáticos da actualidade. Dono de bons reflexos e coragem nas saídas, será muito útil para que a Coreia do Sul possa brilhar no Brasil.

Kim Seung-Gyu: Guarda-redes do Ulsan Hyundai, costuma ser o habitual suplente do titularíssimo Jung Sung-Ryong. Regular, é talvez o guardião mais promissor da Coreia do Sul na actualidade. Cumpridor.

Lee Bum-Young: Não sendo fisicamente muito dotado nem muito rápido, consegue compensar com alguma segurança entre os postes e um interessante jogo de pés. Será o terceiro na hierarquia do seleccionador Hong Myung-Bo.

Kim Chang-Soo: Lateral-direito rápido e agressivo, pode e deve melhorar na maneira como protege o espaço nas suas costas e também ao nível do passe e cruzamento. Provável suplente de Lee Yong durante este Mundial.

Lee Yong: Lateral resistente, trabalhador, sobe bem, mesmo que não apresente grandes atributos técnicos, deverá ser o titular na lateral direita durante todo o Campeonato do Mundo. Experiente, embora não tenha muitas internacionalizações, pode defender um pouco melhor o seu espaço, embora geralmente cumpra, quando bem posicionado.

Hong Jeong-Ho: Forte por alto, apresenta-se como um defesa-central rápido, forte em antecipação e ao nível do desarme. Os problemas físicos recentes poderão, eventualmente, complicar a sua progressão ao longo deste Campeonato do Mundo...

Yun Suk-Young: Lateral-esquerdo titular, actua no Queen´s Park Rangers e jogará na Premier League a partir da próxima temporada. Rápido e agressivo, auxilia relativamente bem o ataque, embora possa melhorar na definição dos cruzamentos. Defensivamente cumpre, embora sinta algumas dificuldades contra adversários rápidos e que revelem atributos no um-para-um.

Kwak Tae-Hwi: Experiente defesa-central dos sauditas do Al-Hilal, começa o Campeonato do Mundo como suplente mas pode vir a arrebatar o lugar a qualquer um dos outros centrais. Fortíssimo no jogo aéreo e bastante resistente, usa bem o físico para se impor na sua área e revela uma agressividade interessante nas marcações, além de ter possuir uma boa capacidade de desarme. Não sendo muito rápido, fecha bem os espaços.

Kim Young-Gwon: Central jovem que actua no futebol chinês (Guangzhou Evergrande), é um dos defesas mais interessantes desta equipa. Imponente na área e forte na marcação, será certamente titular durante todo o Mundial. Tem vindo a ser opção regular ao longo dos últimos meses, sobretudo desde que chegou Hong Myong-Bo. Realizou três partidas na fase de qualificação.

Hwang Seok-Ho: Outro dos defesas jovens presentes na convocatória sul-coreana, actua no Sanfrecce Hiroshima japonês e não possui ainda grande experiência na equipa nacional do seu país. Lateral-direito, pode ainda jogar como defesa-central e revela atributos ao nível da velocidade e antecipação. Tecnicamente, não se revela muito dotado e pode melhorar em termos da colocação defensiva.

Park Joo-Ho: Excluído da primeira lista de Hong Myung-Bo, não parece um lateral do agrado do técnico sul-coreano. Não sendo muito seguro defensivamente, o jogador do Mainz revela qualidades com a bola nos pés, sendo um jogador técnico e bastante dinâmico em fase/transição ofensiva. Ainda assim, pode dar mais profundidade. Suplente, por certo.

Kim Bo-Kyung: Jogador técnico, rápido, profundo e com qualidade de passe, será, muito provavelmente, suplente, mas com hipóteses de ir entrando para desbloquear certos jogos. Pode jogar como médio-ofensivo (na posição "10") ou como extremo. Talentoso.

Ha-Dae Sung: Experiente médio-centro do Beijing Guoan chinês, revela critério em termos do passe e do ponto de vista táctico, embora esteja longe de ser um indiscutível. Opção de banco.

Han Kook-Young: Titular habitual, este médio dos japoneses do Kashiwa Reysol destaca-se pela sua capacidade de trabalho e por uma dar uma saída de bola correcta e eficaz. Intercepta vários remates e é, digamos assim, o jogador-referência em termos de trabalho defensivo no meio-campo. Cumpridor.

Park Jong-Woo: Outro homem que actua na China (Guangzhou R&F), será, muito provavelmente, suplente durante todo o Campeonato do Mundo. Destaca-se pela boa saída de bola e por tentar algumas vezes remates de meia-distância.

Ki Sung-Yueng: Belíssimo médio-centro, é uma das referências da equipa coreana. Criterioso ao nível do passe e bastante construtivo, assume-se como o principal organizador de jogo dos asiáticos. Bom assistente (consequência da boa visão de jogo que possui), revela-se ainda um jogador pronto a explorar o seu disparo desde a segunda linha. Jogador essencial para o treinador, entra sempre de caras no "onze".

Heung-Min Son: Avançado versátil e de grande qualidade técnica, é, provavelmente, a grande referência actual da selecção da Coreia do Sul. Rápido e com excelente condução de bola em progressão, consegue criar inúmeros desequilíbrios através da finta e do passe. Ambi-destro de muita qualidade, remata bastante bem, praticamente de qualquer zona do ataque. A sua agilidade a escapar-se aos adversários faz dele um elemento essencial para encontrar espaços livres. Craque que certamente terá um futuro brilhante pela frente.

Lee-Chung-Yong: 56 vezes internacional pela Coreia do Sul, tem sido uma das referências desta selecção ao longo dos últimos anos. Jogador vertical, rápido e com boa técnica, actua preferencialmente descaído na ala direita. Habitual titular no Bolton Wanderers, do Championship inglês, poderá dar o salto se fizer um bom Mundial.

Koo-Ja Cheol: Um dos heróis do bronze olímpico de 2012, é um médio-ofensivo talentoso e versátil, que chega a este Mundial depois de uma época tremenda em Mainz, com apuramento para a Liga Europa garantido. Dono de uma boa visão de jogo, alia atributos no passe a uma qualidade no remate de meia-distância, à entrada da área e inclusive já na área. Na selecção, soma um registo de golos interessantíssimo, marcando, em média, um golo a cada 3 jogos em que participa.
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Ji Dong-Won: Outro dos coreanos a jogar na Bundesliga e em Augsburgo, tal como Hong Jeong-Ho. Prestes a sair para o Borussia Dortmund, revela-se uma boa opção de banco, lugar que ocupará, em teoria, logo de início. Rápido e inteligente nas desmarcações, aparece bem em zona de finalização, se bem que tenha de melhorar em certos pormenores.

Park-Chu Young: Apesar de ter tido uma época irregular, foi o escolhido para iniciar este Mundial no "onze" de Hong Myung-Bo. Experiente, garante bons apoios, embora os seus créditos na área não sejam de goleador. Útil.

Kim Shin-Wook: O "pinheiro" ou "gigante" do ataque. Avançado do 1,97 m, revela-se um cabeceador-nato, além de ter um bom jogo associativo, apoiando-se bem nos médios-ofensivos da equipa. Em termos de jogo directo, revela-se muito importante.

Lee Keun-Ho: Bom avançado de área, pode até aparecer junto a Kim Shin-Wook, fazendo o papel de segundo-avançado. Tem um bom disparo e movimentos bem definidos no último terço, o que o torna num suplente potencialmente decisivo...