quinta-feira, 31 de julho de 2014

IFK Gotemburgo: uma breve análise técnico-táctica e o um-por-um do plantel


Finalmente, chegou o dia! A tão ansiada estreia do Rio Ave na Liga Europa chega numa quinta-feira de Verão, ao som do Snart Skiner Poseidon, o hino do adversário Gotemburgo, criado em 2009 pelo ex-jogador do clube Joel Alme. É verdade, será na Suécia que será dado o pontapé de saída para a época oficial das equipas portuguesas na Europa. Pela frente, os vilacondenses terão um adversário que ocupa, actualmente, a 6ª posição da Allsvenskan, o principal campeonato de futebol sueco e que vem já de duas eliminatórias europeias, ambas ultrapassadas com sucesso, perante os luxemburgueses do Fola Esch e os húngaros do Gyori ETO.

Este Gotemburgo é, de facto, um oponente difícil e que leva uma cadência de jogo e uma disponibilidade física muito superiores às que o Rio Ave apresentará por estas alturas. Treinada por Mikael Stahre, a formação sueca apresenta como desenho táctico habitual o 4x4x2, sendo que tem como variante principal o 4x2x3x1 (que se pode desdobrar num 4x4x1x1 ou num 4x5x1). Equipa perfilada para jogar em contra-ataque, caracteriza-se pela velocidade dos seus homens mais adiantados, aos quais se acrescenta o talento do jovem Sam Larsson e o critério com bola dos médios Mahlangu e Jakob Johansson. Este é o registo preferido dos suecos, embora tenham vários momentos em organização ofensiva, no qual a velocidade no último terço, as bolas em profundidade e as diagonais dos alas/extremos se revelam verdadeiramente essenciais. Nas laterais, encontram sempre saída, quer em largura quer em profundidade. Por dentro, reina a ordem e o critério no momento de saída, se bem que em transição defensiva a equipa possa ficar um pouco exposta em determinados momentos do jogo.

Naturalmente, o Gotemburgo tem os seus pontos negativos, dos quais se destacam a reduzida flexibilidade dos centrais, o espaço nas costas dos laterais e as brechas que podem existir entre a linha mais recuada e a linha do meio-campo. As coberturas defensivas dos médios-centro nem sempre são as melhores, o que aliado à falta de agilidade dos centrais pode criar um "buraco" a ser explorado pelos rioavistas. Já em termos de bolas paradas, a formação sueca apresenta qualidades do ponto de vista ofensivo, dado que possui jogadores habilitados em termos do jogo aéreo e do aproveitamento de segundas bolas. No entanto, neste tipo de situações mas em termos defensivos, a equipa revela algumas fragilidades, sobretudo quando opta por acções de marcação individual.

Passemos então a uma breve análise individual dos principais jogadores deste Gotemburgo:

Marcus Sandberg: Guarda-redes jovem e com boa compleição física, não atravessa, porém, o seu melhor momento de forma. Algo inseguro e pouco prudente em certas abordagens fora da área, falta-lhe alguma velocidade de reacção a determinado tipo de lances. Ainda assim, já teve exibições interessantes este ano, apesar de ter tido falhas graves recentemente. Talvez fosse mais indicado lançar o experiente Alvbage nesta eliminatória...

Adam Johansson: Lateral já trintão, irá discutir a titularidade na direita com Salomonsson. Internacional sueco, apoia o ataque com algum critério e mostra atributos no desarme. Destro, é razoavelmente rápido e apresenta alguns atributos ao nível do passe e do cruzamento, embora esteja longe de ser um jogador perfeito...

Emil Salomonsson: A outra alternativa para a lateral-direita. Jogador robusto e dinâmico, pode ainda actuar como ala. Rápido, pode melhorar os seus predicados ao nível do cruzamento.

Mattias Bjarsmyr: Central rotinado e experiente, é a principal referência defensiva deste Gotemburgo. Destro, costuma dar uma saída de bola interessante, tentando até abrir jogo através de passes longos. Não é muito rápido, mas costuma ter uma colocação interessante. Apresenta qualidades no desarme, embora não se revele particularmente ágil...

Hjálmar Jónsson: Aos 34 anos, este central islandês tem sido aposta de Mikael Stahre no "onze" inicial, por norma. Possante, este esquerdino pode ainda actuar como lateral. Razoável em termos gerais, apresenta alguns atributos quando bem posicionado, mas falta-lhe alguma flexibilidade e velocidade.

Kjetil Waehler: Muito experiente, é um internacional norueguês já consagrado. Poderoso e com atributos no jogo aéreo, já não dá a mesma resposta em termos físicos (pouco ágil). Provável suplente.

Ludwig Augustinsson: Lateral-esquerdo muito promissor, formou-se no Brommapokjarna (outra das equipas suecas presente nesta Liga Europa) e irá sair em Janeiro para o Copenhaga. É um jogador de propensão ofensiva, subindo com critério no terreno, aliando rapidez à capacidade de dar cruzamentos/assistências. No momento de recuperação defensiva, deve progredir, assim como em algumas colocações. Um dos jogadores com mais futuro desta equipa, pelo menos em teoria...

Jakob Johansson: Um dos elementos-chave desta equipa. Aos 24 anos, parece pronto para dar o salto para outro patamar competitivo, embora saiba bem vê-lo na Allsvenskan por possuir qualidades que muitos outros não têm. Jogador forte em termos físicos, possui uma boa saída de bola, além de conferir equilíbrio táctico à equipa. Desarma com qualidade e sobe no terreno, revelando atributos ao nível da meia-distância, de pé direito. Pode ainda jogar como defesa-central, embora não renda tanto aí...

Gustav Svensson: Médio-defensivo com passagens recentes pelo futebol turco e ucraniano, pode ainda jogar em posições mais recuadas, como as de defesa-central ou até lateral-direito. É um jogador correcto, com qualidades ao nível do passe mas por vezes parece-lhe faltar alguma intensidade defensiva e nem sempre faz bem as coberturas. No entanto, é um dos jogadores regulares do "onze" de Mikael Stahre.

May Mahlangu: Outra das figuras desta equipa. Coroado campeão em 2012 ao serviço do Helsingborgs, é um dos elementos fundamentais do IFK na actualidade. Médio completo do ponto de vista físico, transporta bem a bola e revela-se um belo condutor de transições ofensivas. Joga sobre a zona central, actuando preferencialmente a "8", embora possa aparecer na posição "6", "10" ou até como uma espécie de segundo avançado. Remata bem e marca grandes penalidades. Essencial.

Martin Smedberg-Dalence: Ala-direito experiente, revela atributos ao nível do cruzamento e costuma ser opção quando é preciso um jogador que revele capacidade de recuperar posição e ajude a defender. Cumpridor, tem como alternativa o experiente Daniel Sobralense.

Sam Larsson: O maior talento desta formação. Destro, embora actue geralmente a partir da ala esquerda, é um jogador rápido, com boa passada, hábil com bola, apresentando argumentos credíveis no drible e no um-para-um. Pode jogar mais encostado à linha, embora prefira vir por dentro, de forma a potenciar o seu bom remate de pé direito. É um dos jogadores com mais assistências no campeonato sueco. Craque.

Lasse Vibe: O goleador desta equipa. Avançado rápido, móvel e exímio a aproveitar espaços livres, revela uma enorme facilidade em desmarcar-se de forma a ficar em posição privilegiada para atirar à baliza contrária. Pode actuar como referência única do centro do ataque ou mais descaído numa das alas, dado que tem mobilidade e sabe fazer bem as diagonais. Atira com os dois pés e quando joga como ponta-de-lança, revela-se um jogador rápido e vertical, aproveitando o espaço nas costas dos centrais adversários. Como concorrentes, costuma ter Robin Soder (ex-avançado do Leiria, rápido e com interessante jogo aéreo) e o poderoso e veloz Malick Mané.





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