segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Os primeiros apontamentos do "novo" Chelsea de Mourinho



Dois primeiros jogos de José Mourinho aos comandos do Chelsea, duas vitórias com bons apontamentos, mas também com alguns momentos difíceis em que a equipa não consegue controlar tão bem o jogo. Na ante-câmara dos primeiros dois grandes testes da época (Manchester United na Premier e Bayern na Supertaça Europeia), Mourinho definiu uma base: Cech na baliza, linha de quatro na defesa composta por Ivanovic, Cahill, Terry e Ashley Cole e um duplo-pivote com Ramires e Lampard. Na 2ª linha do meio-campo e no centro do ataque, porém, fez questão de apresentar algumas alterações do primeiro jogo, frente ao Hull, para o jogo da passada quarta-feira frente ao perigoso Aston Villa de Paul Lambert. Os talentosos Hazard e Oscar também repetiram a titularidade, embora tenham partido de posições diferentes em ambos os jogos.

O jogo frente ao Hull City mostrou o 4x2x3x1 de Mourinho em grande estilo na primeira meia-hora. Usando e abusando da verticalidade e dos passes longos para suplantar linhas, o Chelsea conseguiu ser uma equipa objectiva e que posicionava vários homens nas saídas para o ataque. Chegava a haver lances em que os blues colocavam um homem em cada corredor. Era impressionante a superioridade territorial e a maneira como pressionavam alto e facilmente roubavam a bola ao Hull em início de transição. Com De Bruyne mais colado à direita (embora com tendência a interiorizar os seus movimentos), Oscar vagabundo ao centro e Hazard muito activo na esquerda, os londrinos facilmente criavam embaraços na defesa contrária. A mobilidade, a técnica e a destreza deste trio do meio-campo ofensivo ficou bem patente no lance do segundo golo, extraordinário desenho colectivo gizado por estes 3 elementos (conclusão do brasileiro Oscar, que fez um movimento de acompanhamento à construção do lance verdadeiramente soberbo).

Nas costas do trio do meio-campo ofensivo, a dupla Ramires-Lampard esteve bastante esclarecida. No fundo, este quinteto criava uma linha de pressão asfixiante para o meio-campo do Hull, que raramente conseguiu sair a jogar em condições. Assim foi, pelo menos na primeira meia-hora. Logo o jogo acalmou e o Chelsea tirou-lhe intensidade e agressividade, precavendo-se também para os confrontos que se seguiam. A defesa blue teve um jogo relativamente tranquilo, perante adversário quase inofensivo. Em suma, uma boa vitória a abrir o campeonato, com uma meia-hora inicial de grande nível, com Oscar, Hazard e Ramires (sobretudo estes três) em muito bom nível. Um Chelsea capaz de ser intenso, desequilibrante, dominador, mas também capaz de ser sujeito a surpresas, fiando-se muito no pragmatismo de quem vence por 2-0 e controla sem que lhe possam fazer mal...

Por acaso, a experiência inicial correu bem, sem sustos. O cenário no jogo seguinte foi, porém, bastante diferente, apesar do desfecho positivo. O Chelsea jogou novamente em casa, recebendo o Aston Villa, equipa que havia triunfado em casa do Arsenal na 1ª jornada. Logo, teria pela frente adversário doutro patamar competitivo e qualitativo. Mourinho manteve a base da primeira jornada: Cech na baliza; defesa com Ivanovic, Cahill, Terry e Cole; meio-campo defensivo composto por Ramires e Lampard; no meio-campo ofensivo mantiveram-se Oscar e Hazard, entrando o recuperado Mata para o lugar de De Bruyne e Demba Ba para o lugar que havia pertencido a Torres na 1ª jornada.

Mais uma vez, o Chelsea entrou bastante bem na partida: pressionando alto (logo na frente, Oscar juntava a Demba Ba para tentar intimidar a defesa adversária), a juntar as linhas do meio-campo, asfixiando a saída de bola do Villa e conseguindo colocar muita intensidade no seu jogo. Novamente vimos uma equipa bastante vertical, com bola mas sem problemas em explorar os passes longos, geralmente para que Demba Ba pudesse segurar o esférico e esperasse a entrada dos médios-ofensivos. A equipa cedo chegou à vantagem, numa jogada bastante semelhante à do primeiro golo frente ao Hull City: Oscar lançou Hazard no espaço, do lado esquerdo, e este assistiu para o centro da área, onde Luna acabou por fazer auto-golo. Novamente, ficou bem patente o talento, a mobilidade e a qualidade do jogo associativo destes dois prodígios. Os comandados do Special One mantiveram-se fortes nos minutos subsequentes, apresentando um ritmo de jogo bastante aceitável para esta altura da época.

Foram saltando à vista algumas nuances na construção de jogo: a presença constante de Oscar ou Mata na zona de início de transição ofensiva, com Lampard ou Ramires a subirem até à segunda linha. No fundo, esta mobilidade permitia também baralhar as marcações do meio-campo villain. Lampard foi uma espécie de centro nevrálgico do jogo do Chelsea: por ele passavam quase todas as bolas que rondavam a zona central. Não haja dúvidas de que com Mourinho, o veterano internacional inglês continuará a ser peça preponderante do "onze" inicial. No entanto, apesar da qualidade inicial e do esclarecimento das unidades do meio-campo, o Chelsea foi perdendo intensidade e com isso fez despertar um Villa que teve em Delph o elemento de destaque (forte na recuperação, nos equilíbrios e a descobrir linhas de passe com o seu prodigioso pé esquerdo). E assim, apesar de uma 1ª parte algo insípida, o Aston Villa chegaria mesmo ao golo, num movimento muito bom de Benteke, em plena área, aproveitando a estranha passividade da defensiva blue. Ao intervalo, um empate, que era um castigo à quebra de ritmo da equipa da casa.

Na 2ª parte, o Villa começou a assustar. Foi disputando melhor o jogo a meio-campo e começou, finalmente, a encontrar espaços para se soltar. Weimann e Agbonlahor obrigaram os laterais do Chelsea a não sair do espaço defensivo, Benteke foi jogando com o físico, impondo-se muitas vezes aos centrais contrários e obrigando Ivanovic a cometer uma data de faltas. O Chelsea precisava de sangue novo e as entradas de Schurrle (para acelerar em diagonais) e de Lukaku (para segurar a bola e encontrar espaços para rematar) acabaram por ser o revulsivo de que os campeões da Liga Europa necessitavam. A vitória acabaria por chegar de bola parada (golo de Ivanovic), mas tudo graças a novo aumento de intensidade da formação de José Mourinho. Apesar de tudo, tiveram de suar estopinhas para segurar triunfo difícil, porque a equipa de Paul Lambert foi insistindo e com Agbonlahor, Benteke e o veloz Tonev no ataque acabou em cima do Chelsea, quase obtendo um merecido empate.

Em suma, o Chelsea apresentou momentos muito interessantes nestes dois primeiros jogos a sério da nova época. No entanto, esses momentos só apareceram a espaços. A equipa tem talento, ritmo, mobilidade, uma ideia táctica forte e bem definida mas falta segurar melhor os jogos. Sobretudo a 2ª parte frente ao Aston Villa, mostrou-nos uma equipa ainda incapaz de ser agressiva a pressionar a tempo inteiro. Porque se conseguir manter a intensidade e a capacidade de recuperação demonstrada nos primeiros 30 minutos destes dois jogos poder-se-á tornar num caso sério. Veremos a resposta em Old Trafford, esta noite, e na próxima sexta-feira, em Praga, na Supertaça Europeia...

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Lopez Ufarte, Uralde ou Bakero revisitados numa magnífica noite de Verão


A temporada 82/83 ficou marcada para sempre como uma das mais brilhantes da história da Real Sociedad. Depois do título espanhol do ano anterior, a formação txuri-urdin entrou para a Taça dos Campeões Europeus com a ambição de chegar o mais longe possível, quiçá até ao título. E, na verdade, ficou bem próxima de o conseguir. Os bascos eliminaram o Vikingur, Celtic e Sporting até chegarem à meia-final, onde perderam com o futuro campeão europeu, o Hamburgo, onde pontificavam craques como Hrubesch, Magath, von Heesen ou Bastrup. Muitos lembrar-se-ão do talento de Lopez Ufarte e Bakero, da eficácia de Uralde ou da segurança do keeper Arconada. Volvidos 30 anos, voltámos a reviver toda essa grandeza numa maravilhosa noite de Verão...

A actual Real Sociedad não goza da reputação internacional que a equipa dos anos 80 tinha. É uma equipa que procura recuperar a grandeza de outrora através de um conjunto de jogadores absolutamente comprometidos e dedicados à causa. Quem veste aquela camisola parece sentir o peso de uma forma positiva, cerra os dentes e trata de dar a vida em campo. Pelo menos, olhando para o maravilhoso campeonato da última época (4º lugar, à frente de equipas como o Valência, Málaga ou Sevilha) e para o início desta temporada, concluímos que a Real está no bom caminho e se pode orgulhar do grupo de jogadores que tem. E do treinador, Jagoba Arrasate, homem da casa, escolhido para substituir o herói que pôs, de novo, o emblema basco na rota da Europa dos grandes (Phillipe Montanier).

O regresso às lides europeias deu-se, precisamente, no campo onde haviam feito o último jogo internacional: Stade Gerland, em Lyon. Quase 10 anos volvidos dessa eliminação nos oitavos-de-final, a Real Sociedad soube ultrapassar os traumas do passado e venceu de forma bastante convincente (2-0). Os dois golos foram absolutamente brilhantes: o primeiro, ao minuto 17, num pontapé de moínho de Griezmann, em plena área, após assistência certeira de Carlos Vela. O segundo surgiu logo após ao intervalo. Após troca de bolas no meio-campo, Seferovic recebeu o esférico em posição pouco favorável, aproveitou a má colocação de Anthony Lopes e disparou de primeira, de pé esquerdo. Bola na gaveta, um golo magnífico, capaz de fazer levantar qualquer estádio. Foram dois momentos de sonho, provavelmente decisivos para o regresso basco à Liga milionária. Porém, houve mais vida para lá destes momentos de rara beleza...

A Real Sociedad foi uma equipa tacticamente cumpridora e que mostrou uma notável capacidade de segurar os criativos do Lyon e, ao mesmo tempo, soltar-se com grande perspicácia para o ataque. Montada em 4x1x4x1, a formação de Jagoba Arrasate deu a bola ao Lyon e tratou de fazer uma ocupação criteriosa dos espaços. Nota máxima, ou quase, para o meio-campo. Soberbo trabalho com e sem bola de Zurutuza, importantíssimo a fechar a porta, assim como Xabi Prieto, pau para toda a obra, ele que é um jogador de características manifestamente ofensivas. Atrás desta dupla, esteve um Markel Bergara impecável a equilibrar a equipa. Muitas vezes silencioso, Bergara foi a base perfeita do meio-campo basco, mostrando sempre enorme rigor táctico e posicional. Este trabalho defensivo soberbo, tirando gás a Grenier e apagando jogadores como Malbranque ou Benzia foi extremamente importante e deu logo aí, à partida, uma vantagem tremenda à formação do País Basco.

Depois, soltavam-se os génios: Xabi Prieto e Zurutuza, para lá do imenso trabalho de apoio ao sector mais recuado, eram os responsáveis pelo início das transições. Nas alas, apareciam, velozes e desequilibradores, Carlos Vela e Antoine Griezmann. Foram eles que, aliás, construíram o lance do maravilhoso primeiro golo (sendo que foi precisamente Zurutuza a desmarcar Vela para o cruzamento decisivo). Vela, sempre móvel, dinâmico e vertical, foi um quebra-cabeças para a defesa francesa, tendo inclusive obrigado Bisevac a cometer falta, que viria a valer o segundo amarelo para o central sérvio. Já Griezmann foi jogador importantíssimo, não só pelo golo, como também pelo acrescento de qualidade técnica e pela maneira como foi aparecendo nos espaços. Um jogo brilhante de todo o meio-campo ofensivo que teve continuação no ataque: Seferovic. O jovem suíço, reforço deste Verão, vai ser uma referência do ataque txuri-urdin. Móvel a toda a largura, inteligente a ler o jogo e a movimentar-se sem bola, mostra ainda qualidades interessantes no jogo aéreo e qualidade técnica nas finalizações. Depois do golo na estreia na Liga, mais um, de execução dificílima, na estreia milionária. Pode marcar uma era em San Sebastián.

Quem também esteve bastante acertada foi a defesa. Laterais muito sólidos, sendo que De la Bella (lateral-esquerdo) até se mostrou mais activo nos apoios ao ataque do que o ofensivo Carlos Martínez (lateral do lado direito). Ambos fecharam a zona com critério e revelaram-se importantes para este desfecho. Assim como os centrais: Iñigo Martinez, apesar dalguns deslizes, bateu-se bem com os atacantes do Lyon, assim como o internacional argelino Cadamuro, sempre muito concentrado e seguro nas suas acções. E, claro está, importa destacar também a importância de ter Claudio Bravo na baliza e de poder contar com substitutos valiosos como Chory Castro, Granero e Rubén Pardo (ia fazendo o terceiro). Um grupo de enorme qualidade e que tem as suas próprias estrelas. Assim como em 1982/83 brilhavam Lopez Ufarte, Bakero ou Uralde, agora é a vez de Griezmann, Prieto, Vela ou Seferovic poderem levar a Real ao topo da Europa.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Premier League 2013/14 (antevisão): 3 candidatos para um poleiro com alguns históricos à espreita...


The show is about to start! Depois de uma pré-temporada agitada, com muitas mudanças nos bancos e algumas incorporações de grande qualidade, a Premier League está pronta para o pontapé de saída. Diria que este ano saltam à vista três candidatos ao título: o campeão Manchester United (apesar do título, é para mim o menos candidato deste grupo de 3), o Manchester City e o Chelsea. Depois, um lote de equipas para lutar pela Champions e que, à priori, inclui tão somente Arsenal e Tottenham. Depois surgem formações como Liverpool, Everton, Swansea ou Newcastle, entre outras, que poderão ambicionar a algo mais, mediante a potenciação máxima das suas capacidades. É um campeonato apaixonante, sim, mas percebe-se que a luta europeia parece mais reduzida do que noutras ligas, quiçá mais propensas a surpresas...

Curiosamente os três maiores candidatos à conquista da Premiership mudaram de treinador. City e Chelsea, aparentemente, terão mudado para melhor (Pellegrini e Mourinho, respectivamente). Já o United perdeu a mítica figura da história mais recente, o carismático Sir Alex Ferguson, tendo chegado para o seu lugar o compatriota David Moyes, treinador reputado ao nível da Premier League, mas sem o trajecto e o carisma dos seus adversários. No entanto, nem é tanto por aí que o United parece ficar a perder neste arranque de campeonato. A ausência de reforços sonantes, a indefinição no caso-Rooney e a falta de sangue novo no plantel parece afastar os campeões ingleses do topo da lista de candidatos. O Chelsea de Mourinho, sem muitas aquisições mas com um grupo bastante sólido e o milionário Manchester City de Pellegrini, apetrechado de reforços sonantes como Fernandinho, Jesús Navas, Jovetic ou Negredo, prometem vir a ser os maiores candidatos a uma disputa dura e intensa pelo título. O Chelsea apresenta uma linha de meio-campo soberba (falta um médio que organize melhor atrás, mas no meio-campo ofensivo há Mata, Hazard, Óscar e De Bruyne...), uma defesa experiente e um ataque com avançados possantes e goleadores. Os citizens têm variedade, muita qualidade e um treinador sábio e capaz de fazer um trabalho soberbo.

Depois dos big ones, surgem os rivais do Norte de Londres. Neste momento, e mesmo que venha a ficar sem Bale, diria que o Tottenham estará ligeiramente por cima na luta. A contratação de jogadores como Soldado, Paulinho, Chadli ou Capoue vem acrescentar soluções a sectores que pareciam débeis neste plantel. Fica a faltar uma alternativa na direita da defesa e quiçá mais um defesa-central (visto que Caulker partiu para o Cardiff City). Apesar da qualidade e maior variedade, espera-se época trabalhosa para André Villas-Boas. Do outro lado, o Arsenal só recrutou, e a custo zero, o promissor avançado francês ex-Auxerre, Yaya Sanogo. Nos próximos 15 dias registar-se-ão novidades no Emirates, com toda a certeza. Para já fica a impressão que Arsene Wenger, ao não querer exceder-se demasiado no pagamento de verbas (apesar dos badalados 100 milhões para transferências), perdeu vários reforços importantes. Pontos positivos: a permanência de jogadores como Cazorla, Wilshere ou Podolski e a dispensa de vários elementos que não resultaram nas últimas épocas (Gervinho como exemplo mais evidente...).

Em Liverpool, moram dois pseudo-candidatos à Champions, diria mais até à Liga Europa. Em Anfield, não se sabe se Suárez fica ou não, depois da novela de Verão que tanta polémica causou. Como reforços destacados chegaram Kolo Touré, Mignolet e Aspas. Acredito que este possa vir a ser o ano da explosão de Coutinho. Do outro lado do Merseyside, o Everton de Roberto Martínez mantém uma base interessante da última época, acrescentando ex-jogadores do Wigan e o promissor Gerard Deulofeu. Ainda na luta pela Europa, diria que estão o Swansea (uma das equipas que mais bem se reforçou, com Bony, Cañas, Pozuelo, Shelvey, entre outros), o francês Newcastle (adquiriu Rémy e ainda pode chegar Gomis) ou possíveis surpresas como o Sunderland de Di Canio (com Altidore e Giaccherini junto a Larsson e Sessegnon a coisa promete!), o Fulham de Martin Jol, o Southampton que recrutou 2 jogadores com experiência de Champions (Wanyama e Lovren) ou até o Norwich com Leroy Fer junto a Hoolahan e Snodgrass no meio-campo e um ataque formado por Ricky van Wolfswinkel e Gary Hooper.

Por fim, surgem teóricos candidatos à manutenção. Naturalmente que por lá há sempre bons jogadores a seguir: Benteke, Okorie e Tonev (Aston Villa); Pieters, Muniesa e N´Zonzi (Stoke); Reid, Diamé, Morrison ou Vaz Tê (West Ham); Morrison, Yacob ou Vydra (West Bromwich); Caulker, Medel, Gunnarsson e Cornelius (Cardiff); Huddlestone, Livermore e Sagbo (Hull); Ward, Campaña, Gayle ou Murray (Crystal Palace).

Liga Zon Sagres 2013/14 (antevisão): Tetra, 33 ou uma louca e inesperada surpresa?


Começa hoje em Felgueiras (sim, leu bem) a edição 2013/2014 da Liga Zon Sagres. Em casa emprestada, devido às obras que decorrem no seu estádio, o Paços de Ferreira recebe o Sporting de Braga, num duelo que opõe o 3º ao 4º classificado do último campeonato. Este é o ponto de partida para uma época que gera muita expectativa. À partida, 2 candidatos-maiores ao título (FC Porto e Benfica), seguidos de 2 candidatos à Champions (Braga e Sporting), vários candidatos às posições europeias (veremos se Paços e Estoril aguentam o ritmo europeu e voltam a estar por cima...) e algumas equipas que provavelmente só conseguirão lutar pela manutenção (e se o conseguirem, já será muito bom!). Passamos então a uma análise breve de cada uma das 16 equipas e de algumas das promessas que se poderão destacar esta época no nosso campeonato:

FC Porto: As perdas de Moutinho e James poderão ser difíceis de suplantar, sobretudo no caso do internacional português. No entanto, há um novo treinador (Paulo Fonseca), de aparente boa relação com o plantel, mais opções para o meio-campo e alguns miúdos promissores prontos a despontar (Quintero, Iturbe, Reyes...). Há ainda dúvidas sobre possíveis saídas (Jackson, Fernando, Mangala?) e fala-se numa possível entrada para uma das alas. A pré-temporada e a Supertaça deixaram boas indicações. Veremos se se confirmam nas primeiras jornadas. À partida temos aqui um claro candidato ao título.
Onze provável: Helton; Danilo, Otamendi, Mangala, Alex Sandro; Fernando, Defour, Lucho; Varela, Jackson Martínez, Licá.

Benfica: O outro candidato. Depois de uma pré-temporada conturbada, com alguns maus resultados, críticas e várias lacunas defensivas, o Benfica de Jorge Jesus (já vai para a 5ª época à frente da equipa encarnada!)  irá começar o campeonato num terreno difícil (Marítimo), mas convicto de que poderá afastar os fantasmas deste Verão. A equipa ganhou um potencial ofensivo tremendo com as aquisições de jogadores como Djuricic, Markovic ou Sulejmani. No entanto, ainda poderá ter de ir ao mercado, se perder peças importantes como Garay, Matic ou Salvio. Há ainda a dúvida-Cardozo e falta definir se chegarão novos defesas, visto que alguns deles não convenceram na pré-época. Outra motivação para 2013/2014, embora de alcance muito complicado: a final da Liga dos Campeões, a disputar precisamente no Estádio da Luz.
Onze provável: Artur; Maxi Pereira, Luisão, Garay, Bruno Cortez; Enzo Pérez, Matic; Salvio, Djuricic, Gaitán; Lima.

Paços de Ferreira: Depois do surpreendente 3º lugar da última época e consequente apuramento para o "play-off" da Champions, o Paços entra nesta nova temporada sabendo que vai ter o desgaste adicional de uma fase de grupos europeia (resta definir se será a da Liga milionária ou a da Liga Europa). Além disso, tem novo treinador (Costinha) e viu sair alguns jogadores importantes como Josué, Cícero, Luiz Carlos ou Diogo Figueiras. Não será fácil igualar a última temporada, mas se o Paços conseguisse de novo um apuramento europeu já seria um feito notável. Vai ser difícil, há ainda muitas dúvidas mas também chegaram alguns reforços bem interessantes (Carlão, Rúben Ribeiro, Sérgio Oliveira ou Hélder Lopes, entre outros).
Onze provável: António Filipe; Tony, Ricardo, Tiago Valente, Hélder Lopes; André Leão, Rodrigo António, Rui Miguel; Manuel José, Carlão, Hurtado.

SC Braga: Muitas novidades também na cidade dos Arcebispos. Vários jogadores emblemáticos das últimas épocas saíram (Hugo Viana, Mossoró ou Quim, por exemplo), tendo entrado alguns substitutos de valor acrescentado (Luiz Carlos, Salvador Agra, Edinho, Rafa, Luís Silva...). Além disso, saiu o técnico José Peseiro e entrou um histórico do clube, Jesualdo Ferreira. A pré-temporada mostrou uma equipa consistente, bem arrumada em termos tácticos e capaz de competir com adversários fortes. Acredito que possam chegar ao 3º lugar.
Onze provável: Eduardo; Baiano, Paulo Vinícius, Aderlan Santos, Joãozinho; Custódio, Luiz Carlos, Rúben Micael; Alan, Edinho, Salvador Agra.

Estoril: A equipa da Linha vive um dos momentos mais bonitos da sua história e quer continuar na senda dos bons resultados. Com a possibilidade de estar presente na fase de grupos da Liga Europa (defronta o teoricamente acessível FC Pasching da Áustria), a equipa canarinha poderá ter uma época desgastante, o que obrigará Marco Silva a uma notável gestão de recursos. O plantel apresenta boas soluções, embora se note alguma dificuldade em lidar com algumas saídas de notáveis da última temporada (Steven Vitória, Jefferson, Licá ou Carlos Eduardo). Acredito que jogadores como Evandro, Gerso ou o reforço Sebá possam sobressair nesta Liga 2013/2014.
Onze provável: Vagner; Anderson Luís, Bruno Miguel, Yohan Tavares, Babanco; Gonçalo Santos, Filipe Gonçalves; Carlitos, Evandro, João Pedro Galvão; Luís Leal.

Rio Ave: Depois da uma temporada a espreitar os lugares europeus, o Rio Ave de Nuno Espírito-Santo procura manter o bom registo neste campeonato, sabendo que não será fácil, até porque viu partir alguns jogadores importantes. Ainda assim mantiveram-se outros como Hassan, Felipe Augusto, Marcelo ou Rodriguez e chegaram reforços de muita qualidade (Salin ou Wakaso, por exemplo). Acredito que o Rio Ave vá estar sempre entre a primeira metade da tabela, com vista para os lugares europeus. O treinador evoluiu, a equipa apresenta dinâmicas interessantes, portanto, acredito que esta época poderá ser novamente muito interessante.
Onze provável: Salin; Lionn, Marcelo, Rodríguez, Edimar; Wakaso, Tarantini; Ukra, Diego Lopes, Braga; Hassan.

Sporting: No rescaldo de um deplorável 7º lugar, o Sporting só tem um caminho pela frente: voltar a ser uma equipa que lute pela Europa e que seja capaz de se intrometer na luta com os restantes "grandes". Orientados por Leonardo Jardim, os leões têm de voltar à Europa na próxima temporada, de preferência à Liga dos Campeões, mesmo sabendo que será um caminho muito duro a percorrer, depois da reestruturação levada a cabo pela direcção de Bruno de Carvalho. Muitos jogadores saíram, outros poderão estar em vias de o fazer e chegaram, entretanto, novos reforços que prometem algumas coisas boas (Fredy Montero, Jefferson, Magrão...). Não esquecendo, naturalmente, os miúdos que têm saído das camadas jovens e que muito prometem (William Carvalho, Rúben Semedo, entre outros). Uma época de esperança, apesar das muitas dificuldades económicas. Veremos se por entre as brumas da crise (não há aqui segundas intenções!) nasce um novo leão.
Onze provável: Rui Patrício; Cédric, Maurício, Rojo, Jefferson; William Carvalho, Adrien, Gerson Magrão; Capel, Fredy Montero, Carrillo.

Nacional: A equipa de Manuel Machado apresenta-se nesta edição da Liga como uma das candidatas a um apuramento europeu. Para já, mantém jogadores desequilibradores como Diego Barcellos, Mateus ou Candeias e soube-se mover no mercado, adquirindo o interessante Rafa Sousa ao Penafiel, por exemplo. Estou ainda bastante curioso para rever o promissor central Miguel Rodrigues e outras pérolas da cantera madeirense como Nuno Campos ou Lucas João.
Onze provável: Gottardi; Claudemir, Miguel Rodrigues, Mexer, Marçal; João Aurélio, Rafa Sousa; Candeias, Diego Barcellos, Mateus; Rondón.

Vitória de Guimarães: Mais um ano de inevitáveis sacrifícios financeiros para os lados da Cidade-Berço. Muitos foram os jogadores importantes da última época que partiram, ficando um conjunto de jovens, muitos deles sem experiência, mas prontos a aplicarem-se a fundo para garantir um lugar na equipa. Há qualidade (Douglas, Paulo Oliveira, Josué, Addy, André, Maazou, entre outros) e, mais importante, um treinador que sabe muito bem trabalhar com parcos recursos (Rui Vitória). O facto de jogarem a fase de grupos da Liga Europa poderá ser adverso em termos de resposta do actual plantel. Apesar de tudo, mais do que nunca, o Vitória terá de ser grande e responder à altura. A prioridade será um campeonato tranquilo, dentro do possível, e tentar honrar o clube e o país na Europa. Sem esquecer as Taças...
Onze provável: Douglas; Pedro Correira, Moreno, Paulo Oliveira, Addy; André, Leonel Olímpio; Marco Matias, Barrientos, Crivellaro; Maazou.

Marítimo: Sem a pujança económica doutros tempos, o Marítimo teve a virtude de manter o técnico Pedro Martins, um dos alicerces da estabilidade madeirense ao longo das últimas épocas. A iniciar o 3º ano ao comando da nave maritimista, Pedro Martins conseguiu manter jogadores importantes (Artur, Sami, Heldon, Danilo Dias...) e ainda viu chegar reforços interessantes como os médios Danilo e Rodrigo Lindoso ou o ponta-de-lança Derley. A ambição do clube madeirense passa pelo regresso às competições europeias. O plantel, em termos teóricos, dá garantias suficientes para que isso aconteça. O treinador também já mostrou competência para levar a equipa a esse patamar. Logo veremos a resposta em campo...
Onze provável: José Sá; Briguel, Márcio Rozário, Igor Rossi, Rúben Ferreira; Rodrigo Lindoso, Danilo Dias, Artur; Heldon, Derley, Sami.

Académica: Acredito que a equipa de Sérgio Conceição possa surpreender esta época. Olhando para o plantel vemos alguns elementos muito interessantes e que poderão acrescentar uma dinâmica assinalável à equipa. Falo, sobretudo, dos reforços para o ataque: Diogo Valente, Abdi, Manoel, Buval e Rafael Oliveira. No entanto, esta equipa levanta dúvidas a meio-campo, onde parece faltar um "8" ou um "10" capaz de liderar a equipa naquele sector. Diria que Ogu ou Cleyton terão de assumir a batuta este ano. Na defesa, atenção ao promissor central Aníbal Capela, emprestado pelo Sporting de Braga. Com uma ponta de sorte, a Briosa poderá regressar à Europa mais cedo do que se esperava. No entanto, alerto: vai ser uma luta bem renhida!
Onze provável: Ricardo; Marcelo Goiano, João Real, Aníbal Capela, Reiner Ferreira; Bruno China, Makelele, Ogu; Marinho, Manoel, Diogo Valente.

Vitória de Setúbal: Muitas novidades no plantel de José Mota, incluindo um Cardozo, "gémeo" do Tacuara do Benfica e que promete golos para os lados do Sado. Depois de uma época em que a permanência só ficou garantida perto do fim, os setubalenses querem dar o salto nesta temporada. E quando falo em salto, falo em termos competitivos, de posição na tabela. Apesar das saídas de elementos experientes como Ricardo Silva, Neca ou Makukula, chegaram jogadores muito interessantes, do estrangeiro e de divisões secundárias, sobretudo, e que poderão destacar-se esta época. Relevaria ainda a chegada do central Cohene, um dos defesas-centrais do Paços milionário da última época. Perspectiva-se uma época de maior tranquilidade no Bonfim.
Onze provável: Kieszek; Pedro Queirós, Miguel Lourenço, Cohene, Min Woo; Ney Santos, Paulo Tavares, Tiago Terroso; Miguel Pedro, Cardozo, Bruno Sabino.

Gil Vicente: Uma das possíveis surpresas da época. Recheada de bons reforços, a formação de Barcelos, agora orientada pelo jovem João de Deus, vai tentar andar na luta pelos lugares cimeiros, depois dum investimento forte em novos jogadores (muitos deles provenientes das divisões secundárias). Dramani, Diogo Viana, Vítor Gonçalves, Bruno Moraes, Keita, Danielsson, Paulinho, entre outros, têm pinta de quem possa vir a realizar um campeonato de bastante sucesso. Tudo o que seja ficar na primeira metade da tabela e chegar longe numa das Taças já poderá ser visto, apesar de tudo, como um feito nesta temporada. Um projecto interessante e com pernas para andar.
Onze provável: Adriano; Gabriel, Halisson, Danielson, Luís Martins; Keita, João Vilela, César Peixoto; Diogo Viana, Bruno Moraes, Dramani.

Olhanense: Uma das incógnitas da época. Depois de um início de Verão conturbado, inclusive com dúvidas quanto à participação na Liga Zon Sagres, o Olhanense encontrou algumas estabilidade imediata nos milhões (não muitos, é certo) de um trintão italiano, ex-presidente do Cesena (Igor Campedelli). Há muita juventude no plantel, incluindo o treinador Abel Xavier, um novato nestas andaças de 1ª Liga. À primeira vista está aqui um candidato a lutar pela manutenção. No entanto, quem sabe se este Olhanense rejuvenescido não nos poderá surpreender?..
Onze provável: Ricardo; Vítor Bastos, Ricardo Ferreira, André Micael, Jorge Ribeiro; Pelé, Jander; Celestino, Diego Gonçalves, João Ribeiro; Yontcha.

Belenenses: O regresso de um histórico. Depois de um ano de passeio na Segunda Liga, os comandados de Mitchell van der Gaag tentarão fazer o papel que coube na última época ao Estoril, ou seja, ser a equipa-surpresa da temporada. Não será fácil, até porque parecem haver outros candidatos mais bem apetrechados em termos de reforços. Ainda assim, a chegada dos islandeses Danielsson e Eggert Jonsson e dos talentosos Miguel Rosa e Paulo Jorge pode trazer algo de bom à formação do Restelo. O objectivo prioritário do Belém passa pela manutenção. Depois, logo se verá...
Onze provável: Matt Jones; Duarte Machado, Kay, João Meira, Filipe Ferreira; Fernando Ferreira, Diakité; Fredy, Miguel Rosa, Paulo Jorge; Tiago Caeiro.

Arouca: Uma vila de 5000 habitantes com um clube na 1ª Liga. Se há campeonato onde este tipo de eventos mágicos pode ocorrer é definitivamente no nosso. Uma clube que ainda há 7/8 anos lutava para subir aos Nacionais, chega agora ao escalão principal, carregando consigo toda a esperança de uma pequena mas bonita localidade. Pedro Emanuel irá assumir as rédeas da equipa, depois da saída do herói da subida, Vítor Oliveira. Com Emanuel chegaram reforços que há uns anos não passariam de ilusões para os lados da Serra da Freita (incluindo um lateral-direito titular da 2ª equipa do Barcelona!). Um ano que poderá ser mágico para os arouquenses. Depois do que fez o Estoril na última temporada, eles já acreditam em tudo!
Onze provável: Stefanovic; Iván Balliu, Henrique, Mika, Stéphane; Nuno Coelho, Bruno Amaro, David Simão; Pintassilgo, Romário, Paulo Sérgio.

10 promessas a seguir na Liga Zon Sagres 2013/14:

Juan Quintero (FC Porto): Tem-se falado muito deste rapaz nos últimos tempos. Diria até que dispensa apresentações. Juan Quintero, a nova jóia do futebol colombiano, promete ser uma das boas revelações desta edição da Liga. Dotado de uma qualidade técnica notável e de um pé esquerdo só ao alcance dos predestinados, chega ao Dragão para substituir o compatriota James Rodríguez. De início, não se prevê que venha a ser titular. No entanto, mais tarde ou mais cedo, o miúdo talentoso de 20 anos, nascido em Medellín, terá oportunidade de se assumir como uma das estrelas do clube e do nosso campeonato.

Lazar Markovic (Benfica): Aos 19 anos, o extremo/avançado sérvio, recrutado este Verão ao Partizan, tem tudo para explodir na Luz, em especial depois de uma pré-temporada que se distinguiu da do resto da equipa. Forte no um-para-um, rápido com a bola em progressão e potente no arranque, Markovic revela ainda atributos no jogo em associação e no remate. Prodígio já comparado a outros grandes nomes do Benfica (inclusive com Eusébio), acredito que não precise de muito tempo para se adaptar a um campeonato mais competitivo e, naturalmente, ao nível da Champions League. Tem tudo para ser um caso de sucesso.

William Carvalho (Sporting): Uma das grandes revelações da pré-temporada sportinguista. Aos 21 anos, este jovem internacional sub-21 por Portugal procura ganhar um lugar na equipa titular do Sporting, depois de ter estado emprestado aos belgas do Cercle Brugge. Muito possante em termos físicos, William Carvalho é claramente o ponto de equilíbrio da equipa, o sustento do meio-campo. A saída de bola é interessante, a capacidade para ganhar duelos também e tacticamente mostrou ser um jogador cumpridor. Terá ganho a titularidade com uma pré-época tremenda.

Rafa (SC Braga): Poderia aqui destacar o promissor central Aderlan Santos, mas optei por este jovem tecnicista, chegado esta época do Feirense, e que pode muito bem tornar-se uma das maiores surpresas da Liga Zon Sagres. Rafa, autor de uma época brilhante na 2ª Liga, chega a Braga para discutir um lugar na equipa com jogadores como Rúben Micael, Alan ou Salvador Agra. Foi uma das apostas mais regulares de Jesualdo Ferreira nos últimos jogos de pré-época. Pode jogar em qualquer posição no meio-campo ofensivo, sendo que é um jogador que decide bem, tem boa visão de jogo e é rápido. Promete muito!

Manoel (Académica): Mais um "bracarense", embora este esteja emprestado. Manoel, 24 anos, é um avançado, que pode jogar pelas alas ou mais por dentro, e que terá aqui a sua primeira oportunidade no primeiro escalão em Portugal. Rápido, capaz de fazer boas diagonais e perspicaz a aparecer em zonas de finalização, Manoel tem um registo muito interessante na 2ª Liga nas últimas 2 temporadas (22 golos). Pode vir a ser uma das boas novidades da Briosa de Sérgio Conceição.

Wakaso (Rio Ave): Um dos jogadores que me cria mais expectativas dentro das equipas que lutam pelos lugares europeus. Alhassan Wakaso, 21 anos, ganês, destacou-se no meio-campo do Portimonense na última temporada. Bastante possante (1,79m, 82 kg) e competitivo, Wakaso fez 35 jogos (3 golos) na 2ª Liga, o que prova regularidade em termos de utilização. Jogador capaz a defender, é capaz de progredir até à 2ª linha, dando um passe ou até podendo arriscar no remate. Diria que é o típico médio africano que tantos adeptos tem por esse Mundo fora. Poderá afirmar-se nos Arcos, para depois, eventualmente, no fim da época poder saltar para um patamar superior em termos competitivos.

Paulo Oliveira (V.Guimarães): Depois da época da aparição, esta poderá ser a época da confirmação. Paulo Oliveira é, aos 21 anos, um dos centrais mais promissores do futebol português. Elegante, rápido, desarma com contundência e eficácia e consegue não ter muitos deslizes posicionais, tão próprios dos defesas em fase de crescimento. Joga sempre muito concentrado e isso permite-lhe obter, quase sempre, exibições de bom nível. Um exemplo: na última Supertaça, apesar da derrota por 3-0 frente ao FC Porto, conseguiu ser o jogador mais destacável da equipa. Isto quer, certamente, dizer algo acerca do seu potencial. Tem feito da parte da Selecção de sub-21 nas últimas convocatórias.

Bruno Sabino (V.Setúbal): Tal como no Braga me apetecia destacar um central e optei por um jogador mais ofensivo, aqui o mesmo. Pensei em Miguel Lourenço (defesa bastante promissor), mas acabei por escolher, finalmente, uma das boas sensações da pré-temporada vitoriana: Bruno Sabino. Comparado a Hulk, este médio-ofensivo/extremo brasileiro é um jogador explosivo, que costuma jogar descaído na direita, procurando depois o seu potente remate de pé esquerdo. Aos 23 anos, poderá muito bem representar uma boa nova para o plantel de José Mota. A seguir com atenção!

Paulinho (Gil Vicente): Reforço proveniente do Trofense, 20 anos, chega a Barcelos rotulado de promessa a seguir. Avançado-centro elegante, Paulinho faz do trabalho na área uma das suas principais características. O ano passado apontou 11 golos na 2ª Liga. Remata habitualmente de pé esquerdo, movimenta-se bem e joga bem em associação com os seus companheiros. Veremos qual será a sua resposta à exigência do principal escalão. Para já, prevê-se que venha a ficar na sombra de Bruno Moraes, como suplente disponível para entrar e desbloquear jogos. Porém acredito, muito sinceramente, que virá a ganhar um lugar na equipa titular.

Iván Balliu (Arouca): Fez 31 jogos na 2ª Liga espanhola na última época e logo ao serviço do Barcelona B. Acabou contrato e, apesar de ter propostas de bons campeonatos, optou pelo projecto arouquense. Iván Balliu, 21 anos, lateral-direito, pode muito bem tornar-se numa das boas revelações da época em Portugal. O catalão é um defesa interessante, embora nem sempre feche com muito rigor. Destaca-se sobretudo pela maneira como se projecta para o ataque e como apoia a construção ofensiva, alargando do lado direito. Competitivo e proveniente de um clube com ADN vencedor, acredito que venha a tornar-se, progressivamente, numa peça insubstituível do esquema de Pedro Emanuel.




sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Ligue 1 2013/14: Novamente, milionários contra o mundo



Tem início nesta sexta-feira mais uma edição da Ligue 1. Como sempre, o campeonato francês é um dos mais fascinantes de seguir ao longo da época, quer pela qualidade das equipas, como dos jogadores, individualmente. Diria que mesmo nas equipas de orçamento mais baixo, é possível encontrar elementos bastante promissores. Para esta temporada, temos, porém, uma introdução importante: além do PSG, teremos outra equipa milionária, o Mónaco. Será, certamente, considerada uma luta desigual mas, por outro lado, podemos encarar isto como sendo um aditivo de qualidade e jogadores reconhecidos internacionalmente a uma liga que, algumas vezes, é um pouco posta de parte, face ao maior poder económico de ingleses, espanhóis ou alemães.

De entre as 20 equipas que compõem o principal escalão francês, PSG e Mónaco saltam à vista. Não deixa de ser curioso que estejamos perante o campeão da Ligue 1 e o campeão da Ligue 2, respectivamente. Ambos contrataram dois avançados-top (o PSG adquiriu Cavani, o Mónaco optou por Falcao) e tornaram-se assim nos principais agitadores do mercado de Verão. No entanto, vejo uma clara vantagem para a equipa mais experiente e habituada aos grandes palcos, ou seja, o Paris Saint-Germain. A formação parisiense, agora orientada por Laurent Blanc, procura o bicampeonato, sendo que para isso recrutou elementos de qualidade-extra, a juntar aos prodígios de que já dispunha. Além de Cavani, chegaram os jovens defesas Marquinhos e Lucas Digne, ambos muito promissores. Juntar estes 3 nomes aos que por lá já andavam (Ibrahimovic, Lucas Moura, Lavezzi, Pastore, Matuidi, Verratti, Thiago Silva, entre outros) é, no fundo, fazer jus ao dito popular, ouro sobre azul

Em princípio, Blanc não deverá alterar muito a estrutura de Ancelotti, ou seja, 4x4x2. Provavelmente, juntará Cavani a Ibra no centro do ataque (com Cavani mais adiantado, quiçá), nas alas terá opções como Lucas, Lavezzi ou Pastore e pelo centro deverão jogar Matuidi e Verratti (atenção à ascensão do promissor Rabiot). Na defesa, há dúvidas quanto à continuidade de Thiago Silva, embora o mais provável seja que fique na Cidade-Luz. A seu lado, três possibilidades (Sakho, Alex e o promissor Marquinhos). Na direita, Jallet parece fixo, sendo que acredito que à esquerda Digne venha a ganhar, de forma progressiva, a sua posição. Portanto, não me parece que Laurent Blanc venha a alterar muita coisa e, aliás, convém que não o faça. Sabemos como é um apologista de bom futebol, jogado com bola no pé, como era também Ancelotti. No campeonato deverá ser assim. No entanto, esta época, surge outra prioridade: a Champions. Nasser Al-Kheilafi, proprietário do clube de Paris, tem a ambição de ganhar a maior competição europeia de clubes e este ano surgirá mais um ataque a essa histórica conquista. Olhando ao plantel actual, diria que o PSG pode muito bem mover-se com qualidade no campeonato e na Europa. Tem opções de sobra para gerir, quando necessário...

Numa segunda linha, embora com recursos financeiros semelhantes aos do PSG, está o Mónaco. A chegada do milionário russo Dmitry Rybolovlev ao Principado revolucionou completamente o clube. Só em contratações, gastou mais de 146 milhões de euros. Números escandalosos, que nos levam a questionar sobre a justiça do futebol actualmente (isto daria para uma longa discussão aqui...). Apesar do valor, quiçá exagerado, dos negócios, o Mónaco ganhou aditivos de tremenda qualidade para o seu plantel: Falcao, James Rodríguez, João Moutinho, Toulalan, Ricardo Carvalho, o recuperado Éric Abidal e os promissores Martial e Isimat-Mirin. Além disso, manteve elementos importantes na subida de divisão, tais como Raggi, Ndinga, Ferreira-Carrasco, Touré ou Germain. Claudio Ranieri, técnico experiente e consagrado, tem nas mãos uma autêntica máquina, capaz de entreter os adeptos e de poder, a curto prazo, lutar com o gigante da capital pelo título. Em princípio, e olhando aos jogos de preparação, deverá apostar no 4x3x3 como táctica preferencial. Veremos se ainda chegarão, entretanto, mais reforços. Diria que este plantel precisa de um grande guarda-redes e de um lateral-direito de maior experiência. Fora isso, há plantel para lutar, pelo menos, pelo acesso à Liga dos Campeões.

Depois dos tubarões milionários, surgem históricos, grandes de sempre do futebol francês, alguns deles a atravessar momento financeiro débil (como o futebol num mesmo país consegue ser tão discrepante...), mas seguramente dispostos a não facilitar a vida a PSG e Mónaco. Diria que o Marselha surge como candidato-maior a poder lutar pelo título. A formação de Élie Baup reforçou-se muito bem neste Verão, tendo recrutado jovens promissores como Benjamin Mendy e Imbula e jogadores com experiência de Ligue 1 como Payet e Khlifa. A contratação estratégica destes 4 elementos pareceu-me um golpe de mercado muito inteligente do clube do Sul de França. E, para lá dos reforços, conseguiu manter estrelas como os irmãos Ayew, o talento Valbuena, os centrais N´Koulou e Lucas Mendes e o monstro das balizas, Steve Mandanda. Naturalmente, o OM tinha de se reforçar bem este ano, dado que vai regressar à fase de grupos da Liga dos Campeões. Variedade e qualidade num plantel muito interessante e pronto a surpreender, mesmo sem os milhões doutras latitudes.

Logo de seguida, surge o Olympique Lyonnais, vulgo Lyon, com algumas perdas de relevo, uma crise financeira complicada em mãos e muita matéria-prima promissora, mas a necessitar de ser trabalhada. A equipa orientada por Rémi Garde, que terá ainda o "play-off" da Liga dos Campeões frente à Real Sociedad, vai começar o campeonato sem Lisandro, transferido para o Catar, e provavelmente ficará sem Gomis num futuro próximo, tendo portanto de se movimentar ainda no mercado. O restante conjunto é equilibrado e dá garantias de qualidade, sobretudo no meio-campo, onde Grenier se assume como o novo mago, depois do desaparecimento do melhor Gourcuff. Na defesa, dois reforços para as laterais (Miguel Lopes e Bedimo), num ano que pode ser da afirmação do jovem Samuel Umtiti. Nas alas, Danic foi recrutado ao Valenciennes e Lacazette mantém o lado direito, enquanto os jovens Pléa e Ghezzal esperam oportunidade no "onze" inicial. 

Ainda na luta pela Europa, temos outras equipas potencialmente competitivas: o Lille, que perdeu o veloz Payet mas ganhou o campeão mundial sub-20 Thauvin (e recrutou ainda Kjaer ou Delaplace); o Saint-Étienne, que estará na Liga Europa este ano e que contratou alguns jogadores muito interessantes para o meio-campo e para as alas (nomeadamente Corgnet, Tabanou e Sissoko); o Nice de Claude Puel, que manteve unidades importantes da última época como Pejcinovic, Kolodziejczak, Eysseric, Cvitanovich ou o promissor Maupay e ainda lhes acrescentou jogadores como Bruls ou Mendy (ex-Mónaco); o Bordéus, com a dupla Rolán-Saivet pronta a rebentar nesta nova época; o Montpellier de Jean Fernandez, com jogadores como Mounier, Cabella ou Bakar e o Stade Rennes de Phillipe Montanier, que o ano passado levou a Real Sociedad à Champions, isto sem esquecer o Lorient (com Alain Traoré em destaque), o Valenciennes (com ataque fortíssimo, composto por Le Tallec, Nguette ou Bahebeck) e o Toulouse, que mesmo sem Capoue, tem nos promissores Aurier, Abdennour e Ben Yedder um futuro garantido.

Por fim, as restantes equipas, em teoria, lutarão pela manutenção. Dentro destas formações, ainda assim, podem-se encontrar jogadores bem interessantes: Wahbi Khazri e Gianni Bruno (SC Bastia), Aissa Mandi, Gregory Krychowiak e Gaetan Charbonnier (Stade Reims), Mathieu Peybernes, Sébastien Corchia, Jérôme Roussillon e Ryad Boudebouz (Sochaux), Dja Djedjé (Évian), Benjamin André (Ajaccio), Younousse Sankharé (Guingamp) ou os promissores Jordan Veretout e Fernando Aristeguieta do FC Nantes. No fundo, um campeonato com muito por explorar e sempre aberto a novos talentos. Apesar do domínio milionário, é um campeonato que há-de valer do 1º ao 20º classificado!

5 jogadores a acompanhar na Ligue 1 esta época: 
Marquinhos (PSG): Estou muito curioso para ver Marquinhos no meio de tantas estrelas, depois de um ano de estreia na Europa tremendo, ao serviço da AS Roma. Aos 19 anos, este defesa central, de passaporte português, deu o salto para um patamar mais competitivo, dado que jogará a Liga dos Campeões. Provavelmente, não será titular de início, visto que a concorrência é fortíssima, mas lá chegará. É um jogador muito sereno, destro, com boa saída de bola, elegante, sem muitos deslizes posicionais e fortíssimo no desarme. Mais do que contratado para substituto de Thiago Silva, foi contratado para aprender ao lado do mestre. Terá seguramente um futuro risonho no clube parisiense e na selecção brasileira. Quem sabe já em 2014...
Gilbert Imbula (Marselha): Outro dos grandes reforços da Ligue 1 para esta época. O ano passado fez uma temporada brilhante ao serviço do recém-promovido Guingamp. Imbula, 20 anos, um monstro físico, da escola-Patrick Vieira, gere bem os ritmos do jogo, tem boa visão de jogo e é um "box-to-box" de muito valor, pelo que trabalha atrás e pelo que consegue fazer na 2ª linha. Tem muito critério nas suas acções e é um elemento de grande importância ao meio, sendo portanto um sério candidato a assumir o meio-campo marselhês neste ano de regresso à Champions. 
James Rodríguez (Mónaco): Um jogador bem conhecido dos adeptos portugueses pelo que fez no Dragão nas últimas três épocas. Muito talentoso e dotado de um pé esquerdo certeiro, James pode actuar como "10" ou, tal como fazia no Porto, como extremo, jogando de fora para dentro para potenciar o seu remate (Ranieri tem-no utilizado sobretudo nessa posição). Desequilibrante, criativo e bom a jogar em associação com os seus companheiros, James pode-se tornar rapidamente numa das estrelas da Ligue 1, aos 21 anos. Má notícia: não vai jogar as competições europeias esta época. Porém, deverá assumir a "10" da Colômbia no Mundial, depois de uma época, espera ele, de muito sucesso, em Monte Carlo. 
Samuel Umtiti (Lyon): Um central que é um seguro para o futuro próximo do Lyon. 19 anos, esquerdino, joga preferencialmente ao centro, embora também possa actuar como lateral-esquerdo. Umtiti é um defesa capaz de sair a jogar, ágil e que desarma bem. Não é um jogador muito forte do ponto de vista físico, na aparência, mas a resistência africana está lá. Promete fazer uma boa época.
Florian Thauvin (Lille): Uma das figuras da França no último Mundial Sub-20. Thauvin, 20 anos, é um médio-ofensivo, que actua preferencialmente do lado esquerdo e que já é comparado ao belga Eden Hazard. Ao vê-lo jogar compreende-se, ainda que com um certo exagero. É um esquerdino muito talentoso, forte a vir de fora para dentro, rompendo defesas com os seus movimentos inebriantes. É um jogador dotado e capaz de aparecer facilmente em zonas de finalização. Esta época, depois de ter sido a figura do Bastia e da selecção de sub-20, pode subir mais um patamar na sua evolução. O Lille agradeceria, ainda para mais no pós-Payet...

Bundesliga 2013/14: Um "boom" mediático numa liga apaixonante

Tem início nesta sexta-feira mais uma edição da Bundesliga, um campeonato que teve um boom mediático notável ao longo dos últimos meses. A final alemã da Champions, a contratação de Pep Guardiola e a escalada no ranking da UEFA podem ser alguns dos factores explicativos para o actual estado de graça que o campeonato alemão vive. Claramente, já não é visto como um campeonato periférico junto dos clássicos 3 grandes (Inglaterra, Espanha e Itália). Actualmente, já faz parte desse lote e arriscaria dizer que se tornou num fenómeno mais atractivo, em vários sentidos, do que a própria Série A (embora este ano, diga-se, possamos esperar uma Série A igualmente espectacular). No fundo, o caminho seguido pelos germânicos tem sido o correcto e pode servir de exemplo para outros países.

Na linha da frente, aparecem dois nomes. Sim, eu sei que para muitos é um dado adquirido que o Bayern de Guardiola vá arrebatar tudo o que lhe aparecer pela frente esta época. Porém, atenção ao Borussia Dortmund que, aliás, já "roubou" o primeiro título ao rival bávaro (a Supertaça). Centro-me em primeira instância no campeão europeu e alemão, autêntica máquina de futebol, capaz de devorar tudo e todos, pelo menos na temporada passada. Já desde o auge do Barça de Pep que não me lembro de uma equipa tão dominadora em termos absolutos. A vantagem colossal sobre o Dortmund na Bundesliga, as eliminatórias tremendas frente à Juve e Barcelona e as restantes goleadas frente a equipas mais frágeis colocaram uma aura de equipa inultrapassável neste Bayern. No entanto, verificaram-se mudanças na casa bávara, logo o suficiente para que sejam levantadas algumas dúvidas. Dúvidas essas adensadas pela derrota na final da Supertaça, no final do mês passado...

Pep Guardiola mudou, de facto, algumas coisas importantes: desfez a dupla Javi Martínez-Schweinsteiger, para tornar o basco num defesa central com saída de bola (algo que já Bielsa havia experimentado, com algum sucesso diga-se, no Athletic). O próprio Schweinsteiger, outrora dono e senhor do meio-campo do Bayern, vê agora a sua presença no "onze" discutida com Kroos, sendo que Thiago parece um fixo para Pep. Depois, temos ainda a questão do "falso 9": será que avança mesmo esta ideia? Olhando os primeiros jogos de Guardiola, a impressão que fica é que o carrossel mágico da época passada não irá sofrer muiras alterações. Porém, pelo centro do ataque podem passar elementos como Robben, Ribéry e até Shaqiri (sem esquecer alguém com alguma experiência de posição como Thomas Muller). Ainda assim, o técnico catalão tem apostado em Mandzukic nos "onzes", sendo que este chega a fazer alguns desvios posicionais para que entre outro companheiro no espaço interior. No fundo, o carrossel deixou de ser um exclusivo da 2ª linha do meio-campo (vulgo meio-campo ofensivo), para passar a abranger também o avançado-centro (sem Gómez, se há termo que não entra no Bayern, definitivamente, é ponta-de-lança). Veremos como a equipa irá responder já esta noite frente ao incómodo Borussia Moenchengladbach.

Quanto ao Borussia Dortmund, creio que podemos dizer que a saída de Gotze para o maior rival só poderá passar factura numa eventualidade de Mkhitaryan não conseguir adaptar-se de forma conveniente ao BvB (o que, sinceramente, não acredito que venha a acontecer). Depois, além disso, temos ainda Marco Reus, jogador que cresceu imenso na última época e jogadores como Kuba, Grosskreutz ou o reforço Aubameyang, elementos de grande qualidade e capazes de interpretar o que Klopp quer para a equipa, quer seja com bola ou sem ela. Algumas dúvidas, porém, quanto à constituição do meio-campo: será que Gundogan jogará numa posição mais recuada, ao lado de Bender ou Sahin, como o fez tão bem na última época, ou será que Klopp vai mesmo levar avante a ideia da Supertaça, com Bender e Sahin numa primeira linha e Gundogan mais adiantado, como uma espécie de criador de jogo da equipa do Dortmund. Será que esta ideia foi fruto de uma circunstância (adiantamento de Gundogan para tentar travar saída confortável de Thiago) ou será algo a implementar para apostar no que resta da época como mais uma variante? Sinceramente, acredito mais na segunda opção. Klopp é um treinador que trabalhar várias alternativas e variantes, logo vejo aqui uma possível solução, pelo menos neste início de época. Uma boa maneira de contornar o problema da ausência momentânea de Mkhitaryan pode-se tornar numa solução credível para o resto da temporada...

Depois dos dois maiores candidatos, surge uma lista de equipas que tentarão alcançar, como mínimo, as posições de acesso à Liga dos Campeões. Diria que Schalke 04 e Bayer Leverkusen serão, novamente, os maiores candidatos às posições milionárias. O Schalke manteve unidades importantes como Draxler, Huntelaar ou Howedes e ainda adicionou ao plantel elementos de valor como Szalai, Clemens, Felipe Santana ou o promissor Goretzka (pensando numa futura venda da estrela Draxler). A equipa orientada por Jens Keller terá, mais uma vez, a forte oposição do 3º classificado da última época, o Bayer Leverkusen, que se apresenta igualmente bem reforçado para esta temporada (Kruse, Heung-Min Son, Emre Can, Spahic e Donati são os nomes de destaque). Resta saber se a saída de elementos importantes do último ano como Schurrle, Carvajal, Kadlec ou Schwaab irá repercutir efeito na estrutura de Sami Hyypia. Uma coisa parece-me certa, porém: a continuidade de jogadores como Kiessling ou Bender e a afirmação de outros como Sidney Sam, Castro ou Wollscheid poderá ser decisiva para que este Bayer seja competitivo na Bundesliga e também na Champions League.

Naturalmente que depois desta lista mais reduzida surgem potenciais surpresas e equipas candidatas à Europa. Sobressaem nomes como o Eintracht Frankfurt- manteve jogadores como Inui, Jung ou Rode e ainda acrescentou um médio interessante como Flum e avançados como Joselu e Rosenthal-; o Borussia Moenchengladbach (com Max Kruse e Raffael como reforços de destaque); o europeu Friburgo, que estará em vias de contratar o talentoso Darida, embora tenha perdido elementos importantes como Flum, Makiadi, Rosenthal, Kruse ou Caligiuri; o Estugarda de Labbadia, com Ibisevic e Harnik como referências e reforços de qualidade como Abdellaoue, Sararer, Leitner ou Rausch ou o Hannover de Mirko Slomka, equipa que tem feito provas muito regulares nos últimos anos e que segurou craques como Diouf, Konan, Stindl ou Schmiedebach e ainda recrutou o promissor Leandro Bittencourt ao Borussia Dortmund.

Além do mais há um grupo de equipas interessantes, incluindo alguns ex-campeões que pretendem lutar pela Europa e que têm condições suficientes para surpreender esta temporada: o Hamburgo, que o ano passado lutou pelo apuramento europeu até ao fim, tem nos centrais Djourou e Sobiech os reforços mais destacáveis, sendo que fez muito bem em recuperar o promissor Calhanoglu para um meio-campo com van der Vaart, Arslan ou Badelj; o Wolfsburgo, campeão de 2009, orientado por Dieter Hacking e que procura retomar o trilho das competições europeias (para isso, recrutou elementos como Klose ao Nuremberga e Caligiuri ao Friburgo e manteve jogadores-estandarte da última temporada como Diego, Ricardo Rodríguez, Vieirinha, Perisic ou Olic); o Werder Bremen, que o ano passado lutou até à última para não ser despromovido e que entra nesta temporada com novo treinador (Robin Dutt) e alguns jogadores bastante promissores, como Caldirola (reforço), Petersen, Arnautovic ou Ignjovski. Por último, surge uma equipa que lutou na última época pela manutenção até ao limite, o Hoffenheim. Salvou-se por uma unha negra, com uma épica reviravolta em Dortmund na última jornada e uma vitória no "play-off" contra o Kaiserslautern. Perdeu um elemento importante como Joselu mas substituiu-o bem (entrou Modeste, ex-Bordéus), além de ter mantido os talentosos Volland e Roberto Firmino que, ou muito me engano, ou vão explodir em definitivo nesta temporada.

Finalmente, temos um conjunto de equipas que deverá lutar pela manutenção, embora algumas delas (nomeadamente, Nuremberga e Mainz) possam também aspirar a lugares cimeiros. Também por aqui há bons jogadores a observar: Hiroshi Kiyotake e Josip Drmic (Nuremberga), Choupo-Moting ou Julian Baumgartlinger (Mainz), Raphael Holzhauser (emprestado pelo Estugarda ao Augsburgo), John Brooks (Hertha) ou Ermin Bicakcic do Eintracht Braunschweig. Prevê-se, portanto, uma Bundesliga bem disputada e onde, apesar do favoritismo do Bayern, poderemos ter mais alguma surpresa. O pontapé de saída é hoje na Allianz Arena. Depois disso, e até Maio, serão 34 jornadas de pura emoção, golos e muito bom futebol. Wir lieben Bundeliga!

5 jogadores a acompanhar na Bundesliga 2013/14:

Thiago Alcántara (Bayern): O jogador-fetiche de Pep Guardiola. Aos 22 anos, deixou o lugar no banco em Barcelona para assumir protagonismo no meio-campo do campeão europeu. Dotado de uma visão de jogo notável e de uma excelente qualidade de passe, Thiago vai, porém, jogar um pouco mais recuado nesta nova experiência, pelo menos a avaliar pelas primeiras partidas disputadas ao serviço do Bayern. Será o responsável pela saída de bola num meio-campo onde, para já, não parece entrar o brasileiro Luiz Gustavo. Acredito que possa vir a ser um jogador importantíssimo, apesar de toda a polémica que envolveu o rescaldo da sua transferência.
Henrikh Mkhitaryan (Borussia Dortmund): Um dos grandes reforços da nova época para a Bundesliga. A saída de Gotze para o Bayern fez com que o Dortmund tivesse de encontrar um substituto para o imediato. Mesmo com características diferentes, o melhor Mkhitaryan pode ser tão ou mais útil do que foi Gotze até aqui. Este internacional arménio de 24 anos, figura de proa do Shakhtar Donetsk nas últimas temporadas, é um jogador reconhecido pela sua mobilidade, pela sua capacidade de partir da 2ª linha para zonas mais adiantadas e pela capacidade de finalização (em 2012/13, apontou 29 golos, notável para um médio-ofensivo). Move-se bem com os dois pés e é um jogador tremendo em associação com os seus companheiros. Desequilibrador nato, pode vir a ser uma estrela do futebol mundial nos próximos anos. Este é o seu momento de se mostrar ao mundo!
Julian Draxler (Schalke 04): A última temporada foi de afirmação definitiva deste promissor médio-ofensivo, que tanto pode jogar à esquerda como ao centro, embora se tenha destacado na fase final da época passada em zonas mais interiores. Ambi-destro, embora remate preferencialmente de pé esquerdo, Draxler é um diamante a lapidar. Tem técnica, desequilibra entre-linhas e assume acções de condução sem grandes problemas. Aos 19 anos, é um jogador com grande descaramento, sendo capaz de virar o jogo de pernas para o ar graças à sua qualidade técnica e capacidade de desequilíbrio. Mede 1,87m, altura estranha para um jogador de tanto talento. O ano passado foi o ano de afirmação, este poderá ser o da confirmação. Os tubarões da Europa já o têm debaixo da mira, o que poderá significar negócio chorudo para os cofres do Schalke no final desta temporada...
Mattias Ginter (Friburgo): Um dos centrais mais promissores da nova geração alemã. Seguido por clubes como o Arsenal, Ginter tem uma história futebolística bastante curiosa: ainda há 2 anos jogava como ponta-de-lança, tendo apontado na altura 14 golos em 25 jogos. Agora, aos 19 anos, é um dos defesas-centrais jovens mais interessantes do futebol europeu. Tudo isto começou com uma adaptação do técnico Christian Streich, que há 2 temporadas se viu privado de defesas importantes na fase decisiva da época. Internacional sub-21 pela Alemanha (esteve no último Europeu), Ginter é um central completo: rápido, ágil, bastante poderoso em termos físicos (1,88m), destro e com boa técnica. Assume o risco, tentando sair a jogar e sabe dar uma saída de bola em condições bem decentes. Além disso, pode actuar em várias posições, conforme o demonstrou na última temporada (jogou como lateral, médio-centro e, veja-se bem, médio-ofensivo. Versatilidade a toda a largura para acompanhar nesta nova época de Bundesliga. Isto se não sair até fim do mês...
Emre Can (Bayer Leverkusen): Recrutado ao Bayern, este versátil médio-centro pode ter finalmente uma oportunidade de afirmação no primeiro escalão do futebol alemão. Aos 19 anos, Emre Can, jovem internacional alemão de origem turca, tem tudo para singrar na BayArena. É um jogador tecnicamente interessante, que dá boa saída de bola e que se posiciona convenientemente no meio-campo. Destro, não tem por hábito apontar muitos golos, mas poderá vir a ter mais oportunidades para tal esta época. Não vai ser fácil entrar nesta equipa, mas já o vejo a fazer uma dupla com Lars Bender. A qualidade está lá, falta ganhar maior regularidade exibicional.

Calendário da 1ª jornada: 
Sexta-feira:
Bayern-B.Moenchengladbach- 19h30
Sábado:
14h30- Bayer Leverkusen-Friburgo
            Hannover-Wolfsburgo
            Hoffenheim-Nuremberga
            Augsburgo-Borussia Dortmund
            Hertha-Eintracht Frankfurt
17h30- Eintracht Braunschweig-W.Bremen
Domingo:
14h30- Mainz-Estugarda
16h30- Schalke 04-Hamburgo
      





segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Quintero, encantador de londrinos numa tarde de Verão


Quando aos 15 anos começou a espalhar magia pelos relvados colombianos, em torneios jovens, ao serviço do Envigado, Juan Fernando Quintero certamente não esperaria ascensão tão rápida até a um patamar próximo dos seus grandes ídolos. Em 2008, a Espanha era campeã da Europa, com um Xavi e um Iniesta maravilhosos, Cristiano Ronaldo e Messi já estavam entre os melhores do Mundo e o FC Porto era tricampeão português. De lá para cá, pouca coisa parece ter mudado. Excepto para Quintero. O que era um sonho de menino cada vez mais se tem tornado numa realidade...

A explosão definitiva do "10" colombiano deu-se no último Campeonato do Mundo Sub-20, onde assinou várias exibições magníficas. Mas a história não começou aqui: em 2012, com a transferência do Atlético Nacional para o recém-promovido à Série A, Pescara, começava a vislumbrar-se um percurso interessante para o jogador nascido em Medellín. Logo na primeira jornada do campeonato, frente ao poderoso Inter de Milão, Quintero teve uma oportunidade para se apresentar ao mundo, com meia-hora de alguns bons pormenores e a confirmação de que estávamos perante um esquerdino bastante promissor. Jogou entre uma posição mais recuada no meio-campo e a sua predilecta, a posição de "10". Aliás, essa foi uma constante na sua experiência italiana: jogou várias vezes fora da sua posição natural, não tendo sido decisivo como muitos, conhecedores do seu potencial, esperariam. Acabou, por isso, a temporada com 17 jogos disputados (12 a titular) e apenas um golo marcado. Ainda assim, das vezes em que jogava, mostrava enorme destreza com a bola nos pés e uma capacidade extraordinária para teleguiar passes com o seu pé esquerdo...

As suas melhores amostras foram, portanto, ao serviço da selecção sub-20 colombiana. Primeiro, no início de 2013, no Torneio Sul-Americano da categoria, ganho pela Colômbia, com um Quintero absolutamente soberbo (apontou 5 golos em 9 jogos disputados). Depois, no Mundial sub-20, sobressaiu como um dos mais espectaculares jogadores do torneio, quer pelos seus golos, como pela sua qualidade a distribuir jogo e criar desequilíbrios na 2ª linha. Posto isto, ficava claro que o Pescara e a Série B seriam pequenas demais para o talento deste jogador. Os nomes apontados foram vários, sendo que o FC Porto se adiantou na corrida e adquiriu o médio-ofensivo cafetero por cerca de 5 milhões de euros (por 50% do passe).

O desafio para Quintero passa por fazer esquecer um compatriota (James), já estrela da selecção principal, que brilhou ao longo dos últimos anos de azul-e-branco e que valeu mais uma transferência milionária para o tricampeão nacional (45 milhões de euros). A tarefa não será fácil, até porque Quintero tem de evoluir em alguns aspectos (nomeadamente no crescimento a nível táctico e na abrangência de funções para lá da criação de jogo e capacidade de remate). No entanto, o potencial do jogador é tremendo, o que aliás ficou provado ontem na estreia a titular pelo FC Porto, na Emirates Cup, frente ao poderoso Nápoles.

Quintero deu um recital de futebol nos 73 minutos em que esteve em campo. Jogando na sua posição predilecta (como "enganche"), o colombiano respeitou o número que trazia na camisola (naturalmente, o "10") e esteve bastante activo na construção de jogadas e na criação de rupturas, através da sua extraordinária visão de jogo. O seu pé esquerdo prodigioso já foi bem utilizado num par de ocasiões, nomeadamente nas assistências para Ghilas, no lance do empate, e para Varela, no lance em que este viria a cruzar e Fernández desviaria para auto-golo. Além disso, já na primeira parte (período menos conseguido do FC Porto), havia tido uma oportunidade para marcar. E o entendimento com os companheiros, sobretudo os do meio-campo e frente de ataque, pareceu muito positivo. Houve, de facto, uma simbiose bastante interessante, notável para um jogador com apenas 2 semanas de trabalho. Tudo isto somado, ficou uma primeira impressão (os 5 minutos contra o Celta de Vigo não contam) bastante positiva do craque colombiano. Bem explorado por Paulo Fonseca, Quintero poderá vir a ser decisivo na temporada que está para começar. A nós, fãs do futebol, só nos resta desfrutar daquele pé esquerdo maravilhoso no nosso campeonato...

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Eredivisie 2013/2014: Saíram os diamantes, ficaram as pérolas


Começa hoje uma das Ligas seguidas com mais expectativa na Europa: a Eredivisie. Apesar da falta de rigor defensivo e da existência de algumas equipas pouco competitivas, a liga holandesa continua a ser um dos maiores e melhores viveiros de craques no futebol europeu, sobretudo de jogadores de características ofensivas. Da última temporada para esta que agora se inicia saíram da Holanda vários jogadores talentosos (Djuricic, Sulejmani, Boerrigter, Mertens, Lens, Strootman ou Chadli, por exemplo) e outros, como Eriksen ou Toivonen, ainda não têm o futuro bem definido. É, portanto, uma Liga que se inicia sob um mar de dúvidas mas com a certeza, no entanto, de que teremos novas promessas e jogadores prontos a explodir para um patamar superior. Se há coisa boa na Eredivisie, é que todos os anos os clubes, pelo menos os da linha da frente, formam jovens pérolas, geralmente de técnica interessante e que conseguem entrar, de imediato, no caderno de apontamentos dos maiores tubarões do futebol europeu.

Depois de ter conquistado os 3 últimos campeonatos, o Ajax começa esta edição da Eredivisie sob o signo da incerteza. Jogadores como Eriksen ou Alderweireld não têm a permanência no plantel garantida e isso faz com que o técnico Franck De Boer tenha de trabalhar com essas condicionantes. No entanto, e porque ostentam o título de campeão, diria que o Ajax parte com alguma vantagem. Isto em termos teóricos (porque, como irei explicar mais à frente, vejo no PSV outro forte candidato ao título). Mesmo com essa possibilidade de perder craques, acredito que o Ajax venha a destacar-se esta época. Vejo Viktor Fischer, extremo-esquerdo de boa técnica, a explodir em definitivo. Sinto também que uma equipa que tem Moisander atrás (mesmo que perca Alderweireld) e Siem de Jong na posição 10, terá sempre de ser considerada favorita. Além disso, o Ajax reforçou-se com um jogador que pode ter encontrado na Holanda o seu habitat perfeito (Bojan Krkic) e com um dos centrais mais promissores da Holanda (van der Hoorn, proveniente do Utrecht). De Boer tem, portanto, razões aparentes para estar tranquilo. Se os craques que ainda podem ser transferidos ficarem, o Ajax ganha uma vantagem em termos competitivos, sobretudo para a Liga dos Campeões. Veremos o que acontecerá até ao início de Setembro...

Na minha lista de favoritos, seguem-se os históricos rivais do Ajax, o PSV e o Feyenoord. Os de Eindhoven, agora com Phillip Cocu no banco, apresentam um plantel muito jovem, mas composto de jogadores de muita qualidade. As saídas de Strootman, Mertens e Lens pareciam impossíveis de colmatar, mas visto o jogo frente ao Zulte na Liga dos Campeões, ficaram algumas certezas quando à capacidade de resposta de alguns desses jovens. No centro da defesa, aparece o consolidado Bruma e o promissor Rekik, na lateral-direita um jogador explosivo (Brenet), no meio-campo o reforço mais destacado (Maher) e no ataque dois extremos, de finta inebriante e fortes no um-para-um (Bakkali e Deepay). Isto sem esquecer o reforço Jozefzoon, um dos craques da Holanda sub-21. E para lá dos jovens (há ainda a destacar o ex-sportinguista Arías), Cocu decidiu apostar em dois veteranos para estabilizar o meio-campo: Stijn Schaars e Park Ji-Sung. Quanto a possíveis saídas, para já, Matavz e Toivonen parecem os maiores candidatos a saltar para uma liga mais competitiva. Se isso acontecer, não creio que haja razões para dramatizar: Locadia, Maher ou Wijnaldum são jogadores com qualidade suficiente para os substituir.

Já para os lados de Roterdão, a melhor notícia do Verão foi a contratação, a título definitivo, do goleador italiano Graziano Pellè. Isso e, naturalmente, a continuidade, até ver, dos defesas Janmaat, de Vrij e Martins Indi e dos médios Clasie e Vilhena. Aparentemente, a equipa de Ronald Koeman terá capacidade para lutar pelo título até final. A base é a mesma do ano passado, não se verificando qualquer alteração importante. O único factor que pode, eventualmente, complicar a concretização dos objectivos na Eredivisie é uma possível presença na fase de grupos da Liga Europa (o Feyenoord está apurado para o "play-off"). Para já, tudo aponta a que o Feyenoord venha a ser um dos sérios candidatos à conquista do título. Vejo potencial, não só pelos jogadores como também pela sagacidade e experiência do seu treinador.

Depois dos três candidatos ao título, surgem, a meu ver, um conjunto de equipas com legitimidade para lutar pelas posições de acesso às competições europeias. Saltam à vista nomes como o Vitesse, que ainda procura substituto para van Ginkel, mas que tem depositadas esperanças em promissores jogadores como Kakuta, Ibarra ou Van Aanholt; o Twente que, aparentemente, ainda não tem o plantel fechado (os reforços são poucos e algo inexperientes) e que terá dificuldades para colmatar as saídas de Douglas, Fer ou Chadli (os últimos dois para a Premier League); o Utrecht, que terá a possibilidade de concentrar todas as forças no campeonato, depois da escandalosa eliminação na 2ª pré-eliminatória da Liga Europa frente aos luxemburgueses do Differdange; o Heerenveen, que contratou o talentoso noruguês Eikrem para o lugar do agora benfiquista Djuricic e que mantém os perigosos atacantes van la Parra e Finnbogason e o AZ Alkmaar, vencedor da Taça na última época, equipa orientada pelo experiente Gertjan Verbeek e que perdeu craques como Maher ou Altidore, embora tenha contratado alguns jogadores bem interessantes (destacam-se o médio sérvio Gudelj, o central Gouweleeuw e o ponta-de-lança Avdic).

Entretanto, numa segunda linha de candidatos à luta pela Europa, poderão surgir equipas como o Groningen (com jogadores como Kirm, de Leeuw, Chery ou Teixeira), o Den Haag (atenção ao trio de ataque com os extremos Gouriye e Cabral e o gigante Mike van Duinen ao centro), o NAC Breda (reforçado com jogadores talentosos como Sarpong ou Poepon) e ainda o NEC Nijmegen de Alex Pastoor, com Rieks e Foor como principais estrelas. Daí para baixo, podem sempre existir surpresas, mas acredito que as restantes equipas lutarão, essencialmente, pela manutenção. Há, porém, craques a destacar nas equipas menos cotadas: Rodney Sneijder (RKC Waalwijk), Lerin Duarte (Heracles Almelo), Younes Mokhtar (Zwolle), Anouar Kali, Roly Bonevacia, Guus Hupperts (Roda JC), Jody Lukoki (SC Cambuur-Leeuwaarden, emprestado pelo Ajax) ou Sjoerd Overgoor (Go Ahead Eagles).

5 promessas a seguir na Eredivisie 2013/14:

Viktor Fischer (Ajax): Extremo-esquerdo tecnicista e desequilibrante, foi uma das grandes revelações da última temporada. É um jogador que adora vir de fora para dentro, criando rupturas através das suas diagonais. Hábil com os dois pés, deve porém melhorar nalguns pormenores e ser mais preciso em certas decisões que toma. Tem 19 anos e bem trabalhado pode chegar a ser uma referência da selecção dinmarquesa e do futebol europeu nos próximos anos. Acredito que este ano pode ainda ser melhor!
Memphis Deepay (PSV): Poderia ter escolhido o ponta-de-lança Jurgen Locadia, que acredito que possa vir a explodir este ano, em especial se Matavz sair do PSV (como se espera, aliás). No entanto, decidi apostar em Deepay, internacional sub-21 holandês, de 19 anos, extremo, que actua preferencialmente do lado esquerdo, embora também possa jogar no lado contrário. Destro dotado e forte no um-para-um, tem no seu forte pontapé uma arma secreta a ter em conta. Deepay é daqueles extremos velozes e com técnica, capazes de dinamitar um jogo com o seu poder criativo. Ainda está a crescer, naturalmente, mas acredito que possa vir a ser uma das figuras da Eredivisie nesta temporada.
Tommy Oar (Utrecht): Uma das figuras da selecção australiana e também do Utrecht. Autor de 7 assistências em 31 jogos da última Eredivisie, Tommy Oar é um esquerdino que se destaca pela sua rapidez, bom controlo de bola e capacidade de sair a jogar. Não é de marcar muitos golos, mas os seus cruzamentos são uma fonte de perigo. Foi considerado o 10º melhor jogador da última edição da Eredivisie pela revista Voetbal International. Acredito que este ano até pode subir umas posições nessa lista...
Tonny Trindade de Vilhena (Feyenoord): Depois da época passada ter sido a época da consagração de jogadores como de Vrij, Martins Indi, Janmaat, Clasie ou Boetius, em 2013/2014 acredito que pode ser Vilhena a ter o seu momento. Este esquerdino de 18 anos, que actua preferencialmente como médio-centro, embora possa jogar um pouco mais adiantado, é um jogador tecnicamente dotado, que faz bastantes movimentos de ruptura na 2ª linha, demonstrando que é um elemento essencial na construção ofensiva. Muito perspicaz em combinações ou em transição, Tonny Trindade de Vilhena é um jogador com boa leitura de jogo, claramente pronto a explodir nesta nova temporada. A seguir com atenção...
Nemanja Gudelj (AZ Alkmaar): Aos 21 anos, Gudelj parece ter encontrado o clube ideal para continuar a crescer no futebol holandês. Este sérvio, médio-centro, que pode jogar um pouco mais recuado ou perto da posição "10", foi a grande estrela do NAC Breda (equipa orientada pelo seu pai, Nebojsa Gudelj) na época passada. Recrutado para fazer esquecer o criativo Adam Maher (embora tenham perfis distintos), Gudelj é um jogador que consegue equilibrar a equipa atrás, embora seja cada vez mais comum vê-lo em posições mais adiantadas (o ano passado apontou 5 golos em 34 jogos na Liga). Destro, este internacional sub-21 sérvio tem tudo para se tornar numa das estrelas do AZ Alkmaar e acredito que da coabitação com o talentoso Henriksen podem surgir coisas muito boas para a equipa de Gertjan Verbeek.


Jogos da 1ª jornada:
Ajax-Roda JC (6ª feira, 19h00)
Den Haag-PSV (Sábado, 17h45)
NEC Nijmegen-Groningen (Sábado, 18h45)
Twente-RKC Waalwijk (Sábado, 18h45)
Heerenveen-AZ Alkmaar (Sábado, 19h45)
SC Cambuur-Leeuwarden-NAC Breda (Domingo, 11h30)
Vitesse-Heracles Almelo (Domingo, 13h30)
Utrecht-Go Ahead Eagles (Domingo, 13h30)
Zwolle-Feyenoord (Domingo, 15h30)

Jogos a seguir (na 1ª volta):
2ª jornada: Ajax-AZ, Feyenoord-Twente.
3ª jornada: Ajax-Feyenoord.
4ª jornada: Heerenveen-Ajax, Vitesse-Twente.
6ª jornada: Twente-PSV.
7ª jornada: PSV-Ajax.
8ª jornada: AZ-PSV.
9ª jornada: Vitesse-Feyenoord, Den Haag-Heerenveen.
10ª jornada: Twente-Ajax, Heerenveen-Vitesse.
11ª jornada: Vitesse-Groningen.
12ª jornada: Ajax-Vitesse, AZ-Den Haag, Utrecht-Heerenveen.
13ª jornada: Feyenoord-AZ.
15ª jornada: Feyenoord-PSV.
16ª jornada: PSV-Vitesse, Heerenveen-Feyenoord.
17ª jornada: Utrecht-PSV.


quinta-feira, 1 de agosto de 2013

5 jogos a acompanhar na 1ª mão da 3ª pré-eliminatória da Liga Europa


Quinta-feira de Liga Europa, a partir desta fase já com alguns jogos e equipas bem interessantes e capazes de chegar longe nesta prova. Um bi-campeão como o Sevilha, históricos como o Estugarda, St.Étienne ou Vitesse e ainda o nosso honrado estreante Estoril-Praia fazem desta eliminatória a primeira realmente interessante da época. Decidi destacar 5 jogos de um conjunto de 29. 5 partidas que me parecem que podem vir a ser entretidas, tanto pelo equilíbrio como pelo valor das formações envolvidas. Vejamos a lista, então:

Estoril-Hapoel Ramat Gan (20h00): A estreia europeia das equipas portuguesas acontece esta noite no mítico António Coimbra da Mota, casa do Estoril-Praia. O adversário é o vencedor da Taça israelita, o Hapoel Ramat Gan, equipa esta que acabou por descer à 2ª divisão local num ano agridoce. Aparentemente, e apesar da inexperiência europeia dos estorilistas, parece uma eliminatória acessível. Além disso poderá ser uma primeira oportunidade séria parta testar reforços como Babanco, João Pedro Galvão ou Sebá e para ver qual será a resposta deles noutro patamar em termos de exigência competitiva. Os israelitas, cuja figura é o "10" Diamant, terão aqui a sua segunda participação europeia da história. Na 1ª, em 2003/2004, na Taça UEFA, foram goleados pelo Levski Sófia. Portanto, há razões para que os responsáveis do Estoril possam estar optimistas no apuramento para o "play-off".
Swansea-Malmo (19h45): Um dos grandes jogos desta 3ª pré-eliminatória. Frente-a-frente, um Swansea que pode fazer uma boa campanha europeia e um histórico do futebol europeu, vice-campeão da Europa em 1979, o Malmo. Muita expectativa para ver alguns novos elementos na equipa de Laudrup (Cañas, Shelvey e Bony Wilfried, sobretudo) e rever alguns dos heróis da conquista da Taça da Liga como Michu, de Guzmán ou Dyer. Do outro lado, está o actual 2º classificado da Liga sueca, equipa com bons argumentos, tacticamente consistente e com alguns jogadores muito interessantes (Hamad, Thern, Pontus Jansson, Pekalski ou Rantie). Perspectivo eliminatória disputada e que, apesar do favoritismo inglês, só será resolvida na Suécia...
Petrolul-Vitesse (17h00): Belíssimo embate entre duas formações bem formatadas, por dois treinadores de grande qualidade (Cosmin Contra e Peter Bosz). Do lado romeno, muita curiosidade em rever o talentoso Grozav, os portugueses Filipe Teixeira e Abel Camará e o goleador da última época, Jeremy Bokila. Já no Vitesse mantém-se as dúvidas sobre quem assumirá a batuta do meio-campo depois da saída de van Ginkel. Os reforços Leerdam e Vejinovic parecem os candidatos-maiores, sem desdenhar o "10" Propper. No ataque, depois da saída de Bony, parecem haver boas soluções (Kakuta chegou emprestado pelo Chelsea e Havenaar, Reis e Ibarra mantêm-se no plantel). Um jogo para rever uma equipa (o Petrolul) e para conhecer outra (o Vitesse). Promete...
Chernomorets Odessa-Estrela Vermelha (17h15): Boa eliminatória em perspectiva entre ucranianos e sérvios. Os ucranianos, que eliminaram o Dacia Chisinau na última ronda, procuram surpreender o histórico Estrela Vermelha, equipa que mantém uma base muito próxima da do ano passado. O Chernomorets não começou bem a época internamente (2 pontos em 3 jornadas) e tem aqui um bom escaparate para esquecer um início de Liga atribulado. Nos ucranianos sobressaem os médios Bakaj, Gai e Léo Mattos, sendo que do outro lado destaco a continuidade de elementos como Milijas, Milivojevic ou Lazovic (lesionado, por enquanto) e a chegada de um reforço importante como o médio-ofensivo internacional Milos Ninkovic.
Slask Wroclaw-Club Brugge (19h45): Uma eliminatória que vale por alguns aspectos. Além do aparente equilíbrio, pelo menos neste jogo, é uma oportunidade para ver o talentoso Lestienne, jogador dos belgas que anda nas bocas de meio-mundo, nesta altura. No entanto, há outros motivos de interesse: a possibilidade de ver o interessantíssimo Sobota e o goleador português Marco Paixão, já com 3 golos nesta Liga Europa, do lado polaco e também ver como anda este Club Brugge, que entrou bem no campeonato belga (2-0 ao Charleroi). Os belgas não têm só Lestienne, aviso desde já. Recomendo-vos a ver toda a equipa e, em particular, o promissor lateral-esquerdo De Bock, os médios Wang, Verstraete e Odjidja-Ofoe e os avançados Tchité ou o reforço De Sutter (proveniente do rival Anderlecht).