sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Bundesliga 2013/14: Um "boom" mediático numa liga apaixonante

Tem início nesta sexta-feira mais uma edição da Bundesliga, um campeonato que teve um boom mediático notável ao longo dos últimos meses. A final alemã da Champions, a contratação de Pep Guardiola e a escalada no ranking da UEFA podem ser alguns dos factores explicativos para o actual estado de graça que o campeonato alemão vive. Claramente, já não é visto como um campeonato periférico junto dos clássicos 3 grandes (Inglaterra, Espanha e Itália). Actualmente, já faz parte desse lote e arriscaria dizer que se tornou num fenómeno mais atractivo, em vários sentidos, do que a própria Série A (embora este ano, diga-se, possamos esperar uma Série A igualmente espectacular). No fundo, o caminho seguido pelos germânicos tem sido o correcto e pode servir de exemplo para outros países.

Na linha da frente, aparecem dois nomes. Sim, eu sei que para muitos é um dado adquirido que o Bayern de Guardiola vá arrebatar tudo o que lhe aparecer pela frente esta época. Porém, atenção ao Borussia Dortmund que, aliás, já "roubou" o primeiro título ao rival bávaro (a Supertaça). Centro-me em primeira instância no campeão europeu e alemão, autêntica máquina de futebol, capaz de devorar tudo e todos, pelo menos na temporada passada. Já desde o auge do Barça de Pep que não me lembro de uma equipa tão dominadora em termos absolutos. A vantagem colossal sobre o Dortmund na Bundesliga, as eliminatórias tremendas frente à Juve e Barcelona e as restantes goleadas frente a equipas mais frágeis colocaram uma aura de equipa inultrapassável neste Bayern. No entanto, verificaram-se mudanças na casa bávara, logo o suficiente para que sejam levantadas algumas dúvidas. Dúvidas essas adensadas pela derrota na final da Supertaça, no final do mês passado...

Pep Guardiola mudou, de facto, algumas coisas importantes: desfez a dupla Javi Martínez-Schweinsteiger, para tornar o basco num defesa central com saída de bola (algo que já Bielsa havia experimentado, com algum sucesso diga-se, no Athletic). O próprio Schweinsteiger, outrora dono e senhor do meio-campo do Bayern, vê agora a sua presença no "onze" discutida com Kroos, sendo que Thiago parece um fixo para Pep. Depois, temos ainda a questão do "falso 9": será que avança mesmo esta ideia? Olhando os primeiros jogos de Guardiola, a impressão que fica é que o carrossel mágico da época passada não irá sofrer muiras alterações. Porém, pelo centro do ataque podem passar elementos como Robben, Ribéry e até Shaqiri (sem esquecer alguém com alguma experiência de posição como Thomas Muller). Ainda assim, o técnico catalão tem apostado em Mandzukic nos "onzes", sendo que este chega a fazer alguns desvios posicionais para que entre outro companheiro no espaço interior. No fundo, o carrossel deixou de ser um exclusivo da 2ª linha do meio-campo (vulgo meio-campo ofensivo), para passar a abranger também o avançado-centro (sem Gómez, se há termo que não entra no Bayern, definitivamente, é ponta-de-lança). Veremos como a equipa irá responder já esta noite frente ao incómodo Borussia Moenchengladbach.

Quanto ao Borussia Dortmund, creio que podemos dizer que a saída de Gotze para o maior rival só poderá passar factura numa eventualidade de Mkhitaryan não conseguir adaptar-se de forma conveniente ao BvB (o que, sinceramente, não acredito que venha a acontecer). Depois, além disso, temos ainda Marco Reus, jogador que cresceu imenso na última época e jogadores como Kuba, Grosskreutz ou o reforço Aubameyang, elementos de grande qualidade e capazes de interpretar o que Klopp quer para a equipa, quer seja com bola ou sem ela. Algumas dúvidas, porém, quanto à constituição do meio-campo: será que Gundogan jogará numa posição mais recuada, ao lado de Bender ou Sahin, como o fez tão bem na última época, ou será que Klopp vai mesmo levar avante a ideia da Supertaça, com Bender e Sahin numa primeira linha e Gundogan mais adiantado, como uma espécie de criador de jogo da equipa do Dortmund. Será que esta ideia foi fruto de uma circunstância (adiantamento de Gundogan para tentar travar saída confortável de Thiago) ou será algo a implementar para apostar no que resta da época como mais uma variante? Sinceramente, acredito mais na segunda opção. Klopp é um treinador que trabalhar várias alternativas e variantes, logo vejo aqui uma possível solução, pelo menos neste início de época. Uma boa maneira de contornar o problema da ausência momentânea de Mkhitaryan pode-se tornar numa solução credível para o resto da temporada...

Depois dos dois maiores candidatos, surge uma lista de equipas que tentarão alcançar, como mínimo, as posições de acesso à Liga dos Campeões. Diria que Schalke 04 e Bayer Leverkusen serão, novamente, os maiores candidatos às posições milionárias. O Schalke manteve unidades importantes como Draxler, Huntelaar ou Howedes e ainda adicionou ao plantel elementos de valor como Szalai, Clemens, Felipe Santana ou o promissor Goretzka (pensando numa futura venda da estrela Draxler). A equipa orientada por Jens Keller terá, mais uma vez, a forte oposição do 3º classificado da última época, o Bayer Leverkusen, que se apresenta igualmente bem reforçado para esta temporada (Kruse, Heung-Min Son, Emre Can, Spahic e Donati são os nomes de destaque). Resta saber se a saída de elementos importantes do último ano como Schurrle, Carvajal, Kadlec ou Schwaab irá repercutir efeito na estrutura de Sami Hyypia. Uma coisa parece-me certa, porém: a continuidade de jogadores como Kiessling ou Bender e a afirmação de outros como Sidney Sam, Castro ou Wollscheid poderá ser decisiva para que este Bayer seja competitivo na Bundesliga e também na Champions League.

Naturalmente que depois desta lista mais reduzida surgem potenciais surpresas e equipas candidatas à Europa. Sobressaem nomes como o Eintracht Frankfurt- manteve jogadores como Inui, Jung ou Rode e ainda acrescentou um médio interessante como Flum e avançados como Joselu e Rosenthal-; o Borussia Moenchengladbach (com Max Kruse e Raffael como reforços de destaque); o europeu Friburgo, que estará em vias de contratar o talentoso Darida, embora tenha perdido elementos importantes como Flum, Makiadi, Rosenthal, Kruse ou Caligiuri; o Estugarda de Labbadia, com Ibisevic e Harnik como referências e reforços de qualidade como Abdellaoue, Sararer, Leitner ou Rausch ou o Hannover de Mirko Slomka, equipa que tem feito provas muito regulares nos últimos anos e que segurou craques como Diouf, Konan, Stindl ou Schmiedebach e ainda recrutou o promissor Leandro Bittencourt ao Borussia Dortmund.

Além do mais há um grupo de equipas interessantes, incluindo alguns ex-campeões que pretendem lutar pela Europa e que têm condições suficientes para surpreender esta temporada: o Hamburgo, que o ano passado lutou pelo apuramento europeu até ao fim, tem nos centrais Djourou e Sobiech os reforços mais destacáveis, sendo que fez muito bem em recuperar o promissor Calhanoglu para um meio-campo com van der Vaart, Arslan ou Badelj; o Wolfsburgo, campeão de 2009, orientado por Dieter Hacking e que procura retomar o trilho das competições europeias (para isso, recrutou elementos como Klose ao Nuremberga e Caligiuri ao Friburgo e manteve jogadores-estandarte da última temporada como Diego, Ricardo Rodríguez, Vieirinha, Perisic ou Olic); o Werder Bremen, que o ano passado lutou até à última para não ser despromovido e que entra nesta temporada com novo treinador (Robin Dutt) e alguns jogadores bastante promissores, como Caldirola (reforço), Petersen, Arnautovic ou Ignjovski. Por último, surge uma equipa que lutou na última época pela manutenção até ao limite, o Hoffenheim. Salvou-se por uma unha negra, com uma épica reviravolta em Dortmund na última jornada e uma vitória no "play-off" contra o Kaiserslautern. Perdeu um elemento importante como Joselu mas substituiu-o bem (entrou Modeste, ex-Bordéus), além de ter mantido os talentosos Volland e Roberto Firmino que, ou muito me engano, ou vão explodir em definitivo nesta temporada.

Finalmente, temos um conjunto de equipas que deverá lutar pela manutenção, embora algumas delas (nomeadamente, Nuremberga e Mainz) possam também aspirar a lugares cimeiros. Também por aqui há bons jogadores a observar: Hiroshi Kiyotake e Josip Drmic (Nuremberga), Choupo-Moting ou Julian Baumgartlinger (Mainz), Raphael Holzhauser (emprestado pelo Estugarda ao Augsburgo), John Brooks (Hertha) ou Ermin Bicakcic do Eintracht Braunschweig. Prevê-se, portanto, uma Bundesliga bem disputada e onde, apesar do favoritismo do Bayern, poderemos ter mais alguma surpresa. O pontapé de saída é hoje na Allianz Arena. Depois disso, e até Maio, serão 34 jornadas de pura emoção, golos e muito bom futebol. Wir lieben Bundeliga!

5 jogadores a acompanhar na Bundesliga 2013/14:

Thiago Alcántara (Bayern): O jogador-fetiche de Pep Guardiola. Aos 22 anos, deixou o lugar no banco em Barcelona para assumir protagonismo no meio-campo do campeão europeu. Dotado de uma visão de jogo notável e de uma excelente qualidade de passe, Thiago vai, porém, jogar um pouco mais recuado nesta nova experiência, pelo menos a avaliar pelas primeiras partidas disputadas ao serviço do Bayern. Será o responsável pela saída de bola num meio-campo onde, para já, não parece entrar o brasileiro Luiz Gustavo. Acredito que possa vir a ser um jogador importantíssimo, apesar de toda a polémica que envolveu o rescaldo da sua transferência.
Henrikh Mkhitaryan (Borussia Dortmund): Um dos grandes reforços da nova época para a Bundesliga. A saída de Gotze para o Bayern fez com que o Dortmund tivesse de encontrar um substituto para o imediato. Mesmo com características diferentes, o melhor Mkhitaryan pode ser tão ou mais útil do que foi Gotze até aqui. Este internacional arménio de 24 anos, figura de proa do Shakhtar Donetsk nas últimas temporadas, é um jogador reconhecido pela sua mobilidade, pela sua capacidade de partir da 2ª linha para zonas mais adiantadas e pela capacidade de finalização (em 2012/13, apontou 29 golos, notável para um médio-ofensivo). Move-se bem com os dois pés e é um jogador tremendo em associação com os seus companheiros. Desequilibrador nato, pode vir a ser uma estrela do futebol mundial nos próximos anos. Este é o seu momento de se mostrar ao mundo!
Julian Draxler (Schalke 04): A última temporada foi de afirmação definitiva deste promissor médio-ofensivo, que tanto pode jogar à esquerda como ao centro, embora se tenha destacado na fase final da época passada em zonas mais interiores. Ambi-destro, embora remate preferencialmente de pé esquerdo, Draxler é um diamante a lapidar. Tem técnica, desequilibra entre-linhas e assume acções de condução sem grandes problemas. Aos 19 anos, é um jogador com grande descaramento, sendo capaz de virar o jogo de pernas para o ar graças à sua qualidade técnica e capacidade de desequilíbrio. Mede 1,87m, altura estranha para um jogador de tanto talento. O ano passado foi o ano de afirmação, este poderá ser o da confirmação. Os tubarões da Europa já o têm debaixo da mira, o que poderá significar negócio chorudo para os cofres do Schalke no final desta temporada...
Mattias Ginter (Friburgo): Um dos centrais mais promissores da nova geração alemã. Seguido por clubes como o Arsenal, Ginter tem uma história futebolística bastante curiosa: ainda há 2 anos jogava como ponta-de-lança, tendo apontado na altura 14 golos em 25 jogos. Agora, aos 19 anos, é um dos defesas-centrais jovens mais interessantes do futebol europeu. Tudo isto começou com uma adaptação do técnico Christian Streich, que há 2 temporadas se viu privado de defesas importantes na fase decisiva da época. Internacional sub-21 pela Alemanha (esteve no último Europeu), Ginter é um central completo: rápido, ágil, bastante poderoso em termos físicos (1,88m), destro e com boa técnica. Assume o risco, tentando sair a jogar e sabe dar uma saída de bola em condições bem decentes. Além disso, pode actuar em várias posições, conforme o demonstrou na última temporada (jogou como lateral, médio-centro e, veja-se bem, médio-ofensivo. Versatilidade a toda a largura para acompanhar nesta nova época de Bundesliga. Isto se não sair até fim do mês...
Emre Can (Bayer Leverkusen): Recrutado ao Bayern, este versátil médio-centro pode ter finalmente uma oportunidade de afirmação no primeiro escalão do futebol alemão. Aos 19 anos, Emre Can, jovem internacional alemão de origem turca, tem tudo para singrar na BayArena. É um jogador tecnicamente interessante, que dá boa saída de bola e que se posiciona convenientemente no meio-campo. Destro, não tem por hábito apontar muitos golos, mas poderá vir a ter mais oportunidades para tal esta época. Não vai ser fácil entrar nesta equipa, mas já o vejo a fazer uma dupla com Lars Bender. A qualidade está lá, falta ganhar maior regularidade exibicional.

Calendário da 1ª jornada: 
Sexta-feira:
Bayern-B.Moenchengladbach- 19h30
Sábado:
14h30- Bayer Leverkusen-Friburgo
            Hannover-Wolfsburgo
            Hoffenheim-Nuremberga
            Augsburgo-Borussia Dortmund
            Hertha-Eintracht Frankfurt
17h30- Eintracht Braunschweig-W.Bremen
Domingo:
14h30- Mainz-Estugarda
16h30- Schalke 04-Hamburgo
      





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