terça-feira, 20 de novembro de 2012

Um decálogo rápido do fim-de-semana. Começa na Madeira acaba nos derbies do fim-de-semana e passa por uma análise ao Apertura

1. Christian Atsu, bom produto das escolas do FCP. Claramente das melhores notícias dos últimos anos, provenientes das escolas dos dragões. O ganês Atsu vai ser craque e, embora por vezes ainda acuse a responsabilidade da camisola e a idade, vai demonstrando em campo todas as suas qualidades: finta, repentismo, imaginação e capacidade de dar golos. Este fim-de-semana foram 2 assistências. Convenhamos que não é pouco...
2. Otamendi patrão e como isso ajuda Abdoulaye... Neste momento arrisco-me a dizer que Nicolás Otamendi estará entre os 10 centrais em melhor forma na Europa. Impecável, lê o jogo de uma maneira impressionante, antecipando-se quase sempre aos seus adversários. E quem ao lado dele, pese embora ainda um pouco tosco, vai crescendo (aproveitando lesão de Maicon) é o senegalês Abdoulaye. Parece sereno e mesmo sem grande técnica, tem demonstrado entrega e capacidade de antecipação assinalável. Uma nova dupla que não compromete.
3. Novamente Matic... Impressionante a melhoria do sérvio. Recupera, dá bola, aparece na frente para tentar finalizar e, pasme-se, já faz jogadas à Maradona (ou mais actual, Messi)! Não acreditam? Vejam a repetição do Moreirense-Benfica (0-2) deste fim-de-semana e na primeira parte há lance de génio, que deu golo, bem anulado pelo fiscal-de-linha. Jesus encontrou um novo elemento-chave para a sua estrutura.
4. Fim-de-semana de Taça. Algumas surpresas nesta 4ª eliminatória. Lourinhanense, Tourizense e sobretudo um Arouca, que eliminou a surpresa da Liga Zon Sagres, Rio Ave. Nesta equipa do Arouca, treinada pelo mítico Vítor Oliveira, alguns destaques: o central Miguel Oliveira, em grande forma e a limpar tudo; o médio organizador Kovacevic, sérvio ex-Covilhã e Naval, que encontrou a sua melhor forma perto da Serra da Freita; e ainda os experientes avançados Clemente (goleador da Taça) e Joeano (melhor marcador da 2ª Liga). De resto, destacaria ainda as eliminações de V.Setúbal e Olhanense nos confrontos de "Liga" contra V.Guimarães e Paços de Ferreira, respectivamente.
5. Vendo jogar o Velez. Tenho assistido a vários jogos do Torneio Apertura da Argentina nos últimos tempos. Salta à vista um dos grandes candidatos, o Velez Sarsfield, treinado por Ricardo Gareca. Uma boa equipa, talvez a mais experiente das candidatas. E a mais equilibrada. No entanto, perderam este fim-de-semana, frente ao Boca Juniors. Muito desperdício e um jogo que não saiu tão consistente como noutras ocasiões. Por norma, actuam numa espécie de 4x3x1x2 ou 4x4x2. Na baliza o uruguaio Sosa. Defesa sólida com o experiente capitão Cubero (ou a jovem promessa Gino Peruzzi) e o experiente lateral-esquerdo Papa a acompanharem a dupla de centrais Tobio-Domínguez (dupla sólida, dois centrais fortes e com personalidade). Meio-campo com o talentoso Bella à direita e os mais centrais Cabral e Cerro. Depois, quer à esquerda quer como "10" aparece o experiente Federico Insúa, enganche de qualidade, com uma qualidade de passe assinalável. Na frente, Lucas Pratto, avançado rápido, tecnicista, excelente acompanhante da grande promessa deste conjunto: Facundo "Chuckie" Ferreyra, jovem avançado de 21 anos, talentoso, com mobilidade assinalável e grande capacidade finalizadora. Curiosamente, neste último jogo contra o Boca, desperdiçou golos incríveis. No entanto, tem sido peça-chave desta bela equipa, agora co-líder, juntamente com o Lanús.
6. Adrian Centurión. Há quem veja nele um projecto de "novo" Dí Maria. Acredito que possa lá chegar, até porque talento não lhe falta. Este ala-esquerdo, que joga no Racing de Avellaneda, é uma promessa séria. Vi-o jogar contra o grande rival Independiente há uns meses e fiquei logo fascinado. Não marca muitos golos (tem 2 no Apertura, um deles ontem na goleada ao Quilmes), mas tem muito futebol dentro de si. Um pé direito de ouro, uma técnica irrepreensível, que o faz brilhar no um-para-um. Alia a isso uma boa visão de jogo, que o faz ter grande influência em todo o jogo do Racing do jovem Luis Zubeldia (31 anos!). Tem 19 anos e vejo a Europa (para um clube médio-grande) como a porta mais próxima!
7. O tacticamente correcto Newell´s Old Boys. Querem uma equipa próxima do ideal táctico de uma equipa europeia na Argentina, quase parente do rigor de uma boa Squadra Azzurra? Vejam jogar, então, a equipa do Newell´s Old Boys, treinada pelo ex-seleccionador paraguaio Gerardo Martino. 4x1x4x1 é a táctica. Tem jogadores com experiência recente de Europa (Heinze, Maxi Rodriguez e Scocco), o que lhe confere uma maior experiência e uma forma quiçá mais fria de abordar o jogo em algumas situações. Vi-os contra o Boca Juniors e houve um jogador que me fascinou, além do que tem fascinado o sensacional goleador Ignacio Scocco. Falo-vos do médio Pablo Pérez, 25 anos, argentino. Muitas vezes parece que só se nota pela sua agressividade (já tem 7 amarelos) mas eu diria que é um elemento estabilizador da equipa. Além disso tem boa cultura táctica e uma capacidade de passe interessante. Pode não ser o melhor jogador do Mundo, mas é muito útil no esquema tacticamente correcto de Gerardo Martino.
8. Os pibitos do Boca e o Tanque que ilumina o ataque. O Boca Juniors é que continua sem fascinar. Parece-me uma equipa que está a decrescer. Como disse o genial jornalista argentino, do mítico El Gráfico, Pablo Manzur, Falcioni tornou este clube tão grande quase pequeno. Na forma de jogar, entenda-se. São uma equipa irregular. Capaz de arrancar uma primeira parte de grande qualidade na casa do líder Velez ou de empatar num jogo sensaborão contra o Newell´s. Salvam-se os jovens craques, um dos quais (Paredes) já falei aqui há umas semanas. O outro é Guillermo Fernández. Tem bons pés mas não lhe antevejo o futuro possivelmente brilhante que terá Leandro Paredes. Esse sim, 18 anos e já mostra maturidade. Agarrou o lugar mas ainda não agarrou na equipa. Leva tempo, é um facto. Ainda assim, vai arrancando grandes jogadas e remates com o seu magnífico pé direito. Depois temos a grande referência deste Boca, neste momento, Tanque Silva. É, claramente, o guia espiritual da equipa. Parece que a equipa joga, muitas vezes, em sua função. Tem jogado acompanhado da eterna promessa Láutaro Acosta, que me parece um jogador interessante mas que tarda em arrancar. As tramas e os dramas da vida de Julio Falcioni, um técnico que nunca há-de ser consensual.
9. Outras boas promessas do Apertura. Guardem estes nomes, apontem na vossa agenda e sigam quando puderem. Boas revelações do campeonato argentino: Luciano Vietto (Racing), 18 anos, médio-ofensivo ou avançado. Rápido a progredir com bola, bom finalizador, apresentando potência no remate. Falta definir em que posição se quer afirmar. Mas que tem muito futuro, isso é indiscutível; depois temos dois bons médios-centros: Guido Pizarro do Lanús, 22 anos e Ezequiel Cirigliano do River Plate, 20 anos. Não chegam muitas vezes junto da área para concretizar mas a sua capacidade de trabalho e passe é muito útil. Destacaria, por último, Lucas Melano, do Belgrano, 19 anos. Ainda a crescer, claramente, mas tem bom disparo de direita...
10. Rapidamente, para terminar, os derbies do fim-de-semana. Arsenal 5-2 Tottenham. Desgraça de Villas Boas. Aparecimento definitivo de Giroud (?) e grandes exibições de Cazorla e Walcott. Sevilha 5-1 Bétis. Banho de bola dos sevilhistas. Reyes, Rakitic, Navas e imagine-se o central goleador Fazio brilharam contra um duro e péssimo Bétis. Sampdoria 3-1 Génova. Vitória sofrida, depois da boa resposta "forasteira" (jogam ambos no mesmo estádio). Grande jogo do médio Poli na Sampdoria. No Génova, destacaria Antonelli, Vargas e, sobretudo, o promissor Immobile.


terça-feira, 13 de novembro de 2012

5 apontamentos sobre o fim-de-semana da Liga Zon Sagres: De um renovado Sporting ao Rio Ave passando por uma mudança de velocidade

1. Finalmente Sporting... Depois de 2 vitórias em 15 partidas oficiais e tantas exibições desprovidas de talento, trabalho, rigor e objectividade, o Sporting voltou a jogar com sentido. E o que significa este conceito de jogar com sentido? Em especial na 1ª parte, vimos uma equipa do Sporting bastante personalizada, estabilizada tacticamente, a pressionar após a perda de bola e a procurar jogadas rápidas de entendimento, resultado da criatividade, talento e velocidade dos homens mais adiantados. Foi um Sporting sem dúvida mais destemido. Ainda não se segura sob pressão (como se viu no segundo tempo) mas para lá caminha. Esta vitória foi a ideal. Depois da derrota em Setúbal e do empate, já no fim, frente ao Genk, acho que, ainda assim, soube melhor voltar às vitórias num jogo deste nível, contra um adversário directo na luta pelo 3º lugar. Excelente vitória, com golo de Van Wolfswinkel (apesar das críticas, ele continua a evoluir e a marcar...). Grande exibição do jovem Eric Dier, do qual eu falei na semana passada. Cruzou para o golo e mostrou muita maturidade. Também Xandão, Elias e Capel estiveram em grande. O melhor? Rui "São" Patrício, autêntico guia espiritual e líder deste leão.
2. Peseiro não treinou o Braga por 45 minutos... Estranho o Sporting de Braga da 1ª parte do grande duelo de ontem: lento na construção, pouco objectivo e a perder muitas bolas na 1ª zona de construção. Não foi um Braga "à" Peseiro. Na 2ª parte sim, vimos um Braga melhor, mais acutilante, com Viana e Micael mais livres para construir, em especial depois da entrada de Hélder Barbosa. Também Alan se destacou neste período, tendo marcado um golo (anulado) e enviado uma bola ao poste. Mas o desastre esteve na primeira parte, da qual sai outra conclusão: sem Custódio, a equipa não se sente tão tranquila na transição, perdendo equilíbrio e muitas bolas para o adversário...
3. No futebol, a segurança está na velocidade... No século XIX, o ensaísta norte-americano Ralph Emerson concluiu que na patinagem sobre o gelo, a segurança está na velocidade. Apraz-me dizer que, no século XXI, no futebol, a segurança está na velocidade. Acho que esta metáfora é perfeita para descrever a chave da vitória do FC Porto, domingo, em casa, frente à Académica de Pedro Emanuel (2-1). A segurança da vitória portista ficou confirmada a partir do momento em que a equipa decidiu acelerar o jogo e os génios se soltaram. Os dois golos, primeiro de James e depois de João Moutinho (remate fantástico, após jogada colectiva sublime, à Porto das grandes noites), foram a confirmação óbvia dessa mudança de ritmo que os dragões impuseram à partida. Perante uma Académica muito bem arrumadinha a nível táctico mas curta em termos ofensivos faltava meter uma mudança na velocidade ofensiva. Tudo mudou, de facto. Moutinho, correcto mas sem alaridos nos primeiros 45 minutos, logo se revelou genial. James, algumas vezes preso de movimentos no primeiro tempo, soltou todo o seu génio e cardápio de regates e passes. Mas para mim é indisfarçável que há outros dois elementos fundamentais na manobra portista, neste momento: o central Otamendi, autêntico patrão da defesa, dos melhores na sua posição a jogar em antecipação e o ponta-de-lança Jackson, que não marcou ontem (incrível!) mas que apoiou imenso os seus companheiros de ataque, além dos espaços que ajudou a abrir, em especial no segundo tempo.
4. Matic, o elemento mais importante. Muito se questionou sobre o que seria feito do meio-campo do Benfica sem Witsel e Javí Garcia. Para já, pelo menos em termos internos, a resposta tem sido francamente positiva. Muito por culpa da evolução de um jovem trinco, cada vez mais jogador e mais influente no "onze" encarnado. Falo-vos de Nemanja Matic. O médio-defensivo sérvio tem realizado boas partidas, com especial incidência para o jogo deste fim-de-semana em Vila do Conde (vitória do Benfica, 1-0). Recuperou imensas bolas, batalhou muito (até se excedeu num lance, em que viu amarelo), subiu até à área contrária para fazer uso do seu 1,94 m e até apareceu a cruzar com qualidade. Quase omnipresente. Grande partida de Matic. Falta-lhe sair mais a jogar mas a médio "tampão" tem cumprido e de que maneira!
5. O belo Rio que corre nas margens do Ave. Há mais um belo Rio Ave, além do rio físico, aquele que nasce lá no alto de Portugal, na serra da Cabreira e desagua precisamente a sul de Vila do Conde. Obviamente me refiro ao Rio Ave FC, equipa que para já tem sido das grandes surpresas da edição 2012/2013 da Liga Zon Sagres. Treinada pelo ex-guarda-redes Nuno Espírito-Santo, a equipa vilacondense tem-se mostrado bastante personalizada, sendo capaz de colocar em apuros qualquer equipa, desde as mais humildes até aos "grandes" (ganhou em Alvalade, empatou o Porto em casa e perdeu, pela margem mínima, em casa, contra o Benfica). Como disse Nuno, no final do encontro deste fim-de-semana, o " Rio Ave jogou olhos nos olhos com o Benfica". Assim foi, na verdade. Após uma primeira parte de dificuldades perante um Benfica pressionante, logo se soltaram laivos de bom futebol da equipa do Ave, no segundo tempo. Em 4x2x3x1 (ou 4x3x3, dependendo das circunstâncias de jogo), o Rio Ave pressionou mais, desenvolveu jogadas em apoio, de pé para pé, tentando sair desde o seu último reduto. João Tomás, Vítor Gomes ou Tope Obadeyi (atenção a este nigeriano, ex-Bolton. Suplente habitual, é muito explosivo e dinâmico, faltando-lhe só uma melhor definição dos lances) chegaram a estar perto do golo. Poderia ser justo. É certo que o Benfica criou mais ocasiões, rematou mais e teve uma boa 1ª parte. Mas terminou a defender, com Jesus a trocar Lima por Miguel Vítor. Acabou quase exausto e fechadinho, num jogo de posse repartida (50% para cada lado). Destaques individuais? O benfiquista Oblak na baliza (muito futuro, excelentes reflexos), o lateral-esquerdo Edimar (bem nas subidas e a fechar) e os médios Tarantini e Felipe Augusto (mistura de experiência e juventude que combinam na perfeição).


terça-feira, 6 de novembro de 2012

Um fim-de-semana em forma de decálogo: de uma orquestra bem afinada a um solista de craveira passando por revelações e grandes clássicos

1. Sinfonia de James nº5.  Este 5 tem naturalmente um significado especial. Além da analogia com 5ª sinfonia de Beethoven, mostra também o número de golos com que o FC Porto despachou o Marítimo na noite da última sexta-feira. Mas não foram só os golos: foram as jogadas, desenhos geométricos superiormente executados, a magia solta de um Bandido colombiano, a arte de regra e esquadro de um João Moutinho, o momento louco e desvairado de um Varela goleador e a confirmação do Cha Cha Cha como nova dança oficial do Dragão. Dragão esse que vibrou com um futebol entusiasmante, de posse, toque curto, fineza no passe e construção simples. Foram 5-0, podiam ter sido mais. Uma bela noite de futebol de um bi-campeão que em casa segue intratável (4 jogos, 15 golos marcados, 0 sofridos).
2. O primeiro leão de Vercauteren ou o último de Oceano? De facto foi a questão que me ocorreu no final de mais uma derrota do Sporting esta temporada (sabiam que o Sporting só venceu 1/7 dos jogos a sério esta época? E se vos disser que já disputou 14 partidas oficiais? Bom, as contas são simples de fazer...): seria este o primeiro Sporting de Franky Vercauteren ou o último de Oceano Cruz? Pareceu-me mais o segundo de Oceano. Um jogo parecido ao de Moreira de Cónegos. Melhor no geral, mas com o mesmo resultado final (entenda-se, derrota). Primeira parte forte dos leões. Com as unidades mais ofensivas em permanente movimento e um Jeffrén a aparecer muitas vezes ao meio, o Sporting ia desestabilizando o conjunto sadino. Que, por sua vez, respondeu num contra-ataque, desenhado de forma brilhante pelo experiente Ney Santos (melhor setubalense ontem) e concretizado pelo extremo-esquerdo Pedro Santos (olho neste rapaz! 24 anos, tem um belíssimo pé esquerdo e mexe-se muito bem, com e sem bola). Leões lá resgataram igualdade por Jeffrén (de forma surpreendente o melhor ontem). Na segunda parte os erros e o masoquismo da defesa leonina voltaram a vir ao de cima. A equipa ia mandando mas faltava criatividade e capacidade concretizadora. O Vitória fez 2-1 e, com 20 minutos para jogar, nunca mais se vislumbrou Sporting. O leão amansou, tremeu, viu os fantasmas que o têm assolado e não mais reagiu. Há, mais que um problema táctico, um problema mental nesta equipa. Vercauteren tem de o resolver e o tempo urge. Quinta vem o Genk e domingo o Braga...
3. Boas novidades na Liga Zon Sagres (parte I). Tenho acompanhado com especial atenção algumas das promessas que vão saindo deste início de época na nossa Liga. Cá vão as primeiras sugestões, desde jovens promissores a jogadores na flor da idade: Bruno Nascimento (Estoril), jovem central de 21 anos, 1,88m, tem postura de grande defesa central, é elegante, domina bem a bola, é forte no jogo aéreo, aparecendo bem a finalizar na área contrária. Jogador com muito futuro, quer me parecer; Jefferson (Estoril), 24 anos, com passado no Fluminense, é um lateral-esquerdo muito interessante. Preocupa-se sobretudo em defender embora seja um jogador rápido e suba bem. Ontem em Coimbra realizou partida quase imaculada. Impecável na leitura de lances e na antecipação. Mais uma bela revelação da equipa de Marco Silva; Rúben Ferreira (Marítimo), 22 anos, internacional sub-21 português, é o lateral-esquerdo titular do Marítimo. Apesar de franzino, revela muita segurança a defender. Destaca-se, no entanto, na maneira como sobe no terreno e incorpora as zonas mais ofensivas. O Braga pode avançar por ele já em Janeiro...; Filipe Augusto (Rio Ave), 19 anos, dos médios que mais me chama a atenção nas equipas médias da Liga. Joga na zona central do meio-campo. É inteligente, tem técnica e tem evoluído tacticamente. Proveniente do Bahia, é internacional sub-20 pelo Brasil; Pedro Santos (V.Setúbal), 24 anos, jogador de que já falei no ponto anterior. Bom pé esquerdo, talentoso, remata bem mas tem de tentar aparecer mais vezes em zonas de finalização. Belo achado, ex-Leixões; e por último, Ghilas (Moreirense), 22 anos, avançado franco-argelino que se tem revelado fundamental para o Moreirense. Forte fisicamente, aguenta bem as cargas e segura bem o esférico para jogar em apoio e desmarcar-se. Tem impacto e faro de golo. Dizem que o Everton o tem seguido em todos os jogos do campeonato...
4. Boas novidades na Segunda Liga (porque o bom futebol também se joga para lá da 1ª...). João Cancelo, Benfica B, 18 anos, jogador muito interessante. Tem jogado regularmente ao serviço da 2ª equipa dos encarnados. Ataca bem, começa a posicionar-se cada vez melhor, se bem que ainda deixe algum espaço nas costas a defender (defeito que já lhe havia reparado no Euro Sub-19). Ontem, frente ao Sporting B, apontou golão após jogada individual e foi expulso, depois de uma acção irreflectida. Falta-lhe um pouco mais de trabalho defensivo, disciplina táctica e controlo emocional para ser uma grande alternativa a Maxi Pereira. Talvez já para o ano...;  Eric Dier (Sporting B), 18 anos, lateral-direito sólido e com grande futuro. Apontou grande golo de livre no jogo de ontem (3-1 para os leõezinhos), além de ter ajudado Bruma a atacar o lado esquerdo da defesa benfiquista. Tem estado em forma e Vercauteren já equaciona o seu nome para trabalhar com a equipa principal; Kizito (Leixões), 18 anos, 1,74m, médio-centro ofensivo recrutado no Bunamwaya do Uganda (sim senhor, leu bem, Uganda!), talento puro a pegar na bola de pé direito e a destilar talento pelos campos da Segunda Liga. Precisa ainda de crescer mais no jogo, do ponto de vista táctico, mas é tecnicamente dotado. Bela promessa, que já leva 5 golos apontados em 9 jogos disputados esta época; Tiago Silva (Belenenses), 19 anos, titularíssimo no emblema de Belém, formado nas escolas do Benfica, tem-se revelado um excelente médio-ofensivo. Trata a bola como poucos, tem boa visão de jogo e aparece bem nas zonas de finalização (5 golos em 16 jogos); Bruma (Sporting B), 18 anos, internacional sub-19 português, foi um dos bons destaques da Selecção no último Europeu da categoria. De origem guineense, tem a ginga típica dos jogadores de raiz africana. Talentoso, corajoso no um-para-um, tem-se revelado como um dos tecnicistas mais promissores do futebol português nos últimos anos. Como não poderia deixar de ser, das escolas do Sporting...
5. O Inter de Stramaccioni pela 2º fim-de-semana consecutivo... Fantástica a reviravolta do Inter em Turim. Triunfo por 3-1, depois de terem sofrido golo bem cedo. Grande comportamento da squadra nerazzurra. Aguentou a pressão inicial da Juve e depois soltou-se em definitivo na 2ª parte. A dupla de carracinhas do meio-campo (Cambiasso-Gargano) "comeu", futebolisticamente falando, o trio-maravilha da Juve (Pirlo-Vidal-Marchisio). Como se fosse um jogo de xadrez, a equipa de Stramaccioni foi derrubando peças, galgando terreno, até conseguir chegar aos golos. Palacio continua em grande forma e fez mais um jogo fenomenal. Sempre a vir buscar jogo atrás, procurando as penetrações em apoio na defesa contrária. Apetece-me dizer que Milito já não consegue viver sem ele. Milito esse que fez 2 golos, decisivos e que o confirmam ainda como um dos grandes avançados da elite do futebol europeu. Corajoso também o técnico interista na maneira como colocou Guarín com 1-1 no marcador, revelando grande astúcia e vontade de vencer o jogo. Nas laterais, Zanetti e Nagatomo passaram dificuldades no 1º tempo, mas soltaram-se em definitivo para uma enorme 2ª parte (quer a defender, quer a atacar). Por último, menção especial para um defesa: atenção ao miúdo brasileiro Juan Jesus. Belíssimo central. Elegante, sai bem a jogar, rápido na antecipação, forte fisicamente, fez inúmeros desarmes decisivos durante o jogo. Proveniente do Inter brasileiro, este jovem vai ser dos grandes centrais do futebol mundial num futuro próximo!
6. A magia da louca Roma. Confesso que adoro ver a Roma atacar. Pressiona alto, joga quase sempre em apoio, tem jogadores brilhantes, especialmente no aspecto técnico. Já a defender deixa muitas vezes a desejar. É uma equipa desequilibrada mas também por isso das mais fascinantes de acompanhar na Serie A.    Vi a squadra de Zeman este fim-de-semana na recepção ao Palermo (vitória por 4-1). Começou em 4x3x3 (como é, de resto, habitual): Goicoechea; Piris, Marquinhos, Burdisso, Balzaretti; Tachtsidis, Florenzi, Bradley; Lamela, Osvaldo e Totti. Excelente a harmonia de jogo da Roma. Com Tachtsidis a roubar e a distribuir (médio que dá estabilidade e segurança a este meio-campo), Bradley a envolver-se em jogadas com Lamela (fizeram a cabeça em água ao lateral-esquerdo do Palermo) e a subir no terreno e Florenzi bem no apoio, a Roma começou a dar cartas a meio-campo. Depois na frente tem 3 pérolas: o irreverente Érik Lamela, promessa argentina, que é talento, repentismo, visão de jogo, desmarcação e capacidade concretizadora num só jogador, apontou um golo e fez uma assistência, em mais uma noite de ilusionista; o ponta-de-lança Osvaldo, jogador móvel, inteligente nas movimentações, perspicaz (como se viu no golo que apontou, aproveitando erro defensivo contrário) e letal na cara do golo; e claro está, o génio do veterano Francesco Totti, 36 anos, um talento e uma força da natureza que vai para lá do entendimento humano (mantém uma clarividência, uma classe e uma influência incrível no jogo da Roma). No entanto quem mais me surpreendeu na noite de domingo foi o lateral-direito Iván Piris, internacional paraguaio de 23 anos, emprestado pelo Deportivo Maldonado, uma espécie de entreposto de jogadores paraguaios. Esteve no São Paulo emprestado antes de rumar à Europa. Fez uma exibição sublime frente ao Palermo. Bem no apoio a Lamela, revelou-se ainda na maneira como ia à linha arrancar cruzamentos para a área. São, aliás, dois passes longos seus, o primeiro cruzamento, o segundo assistência pelo ar (quase involuntária), que resultaram nos dois primeiros tentos dos giallorossi. É rápido, relativamente seguro a defender e tem destreza na maneira como controla a bola. O entendimento com Lamela e Bradley revelou-se francamente bom. Zeman ficou satisfeito. O Palermo, completamente descaracterizado, não foi, no entanto, oponente sério à trémula defesa romanista. Ainda assim fica o registo da magia destilada pelos pés de astros como Lamela ou Totti. Vale a pena ver a Roma...atacar.
7. Manchester United-Arsenal. Foi um jogo interessante, no entanto, bem controlado e bem ganho pelo United. Van Persie está num momento de forma impressionante. Marca, distribui, corre, um dos melhores avançados do Mundo, sem dúvida. Gostei ainda de Rooney e Valencia. No Arsenal fica o apontamento: há talento, jogadores de ataque com muita qualidade, mas não há um grupo forte, consolidado, pronto para atacar títulos. A equipa com Wilshere ganha qualidade de passe mas com Arteta mais atrás perde uma muleta importante para Santi Cazorla. Foi um Arsenal tímido durante boa parte do desafio. Só acordou quando o United adormeceu sob o resultado. Tarde de mais...
8. Revendo Carlos Vela. Acompanhei este fim-de-semana o jogo Real Sociedad-Espanyol. Concentrei-me num jogador em concreto: Carlos Vela, a eterna promessa, que acabou por não resultar no Arsenal. Ainda assim não sendo excepcional, continua a ter pormenores de bom jogador. É, de longe, o mais talentoso de uma aguerrida equipa da Real Sociedad. Quando se solta para o remate, depois de uma bela finta, revejo sempre o Vela do início da carreira, revelação estonteante da escola de talentos de Arsene Wenger. Será que ainda pode chegar ao topo? Dificilmente. Mas a sua carreira não pode ser dada como perdida, porque, felizmente, ainda há quem acredite no seu talento. Vê-lo ali a destilar talento no 17º classificado da Liga Espanhola é, ainda assim, um consolo para a alma...
9. Descobrindo bons pontas-de-lança sub-23 por essa Europa fora... (o facto deste ser o nono ponto, não vem à toa...). Este fim-de-semana fui acompanhando vários jogos de diferentes campeonatos europeus (alguns deste fim-de-semana, outros de algumas jornadas atrás). Ficam aqui 4 descobertas interessantes, uns que já conhecia mas que vos apresento, outros que eu mesmo fiquei a conhecer só agora: Stefanos Athanasiadis (PAOK), 23 anos, já internacional grego, é um dos mais promissores jogadores da selecção orientada por Fernando Santos. Já tinha visto os seus registos e tive a curiosidade de o ver em acção no confronto de domingo entre o Panionios (2º) e o seu PAOK (3º). Aparecimento destacado logo no primeiro tempo do jogo: um pénalti convertido e uma finalização de cabeça, simples, à boca da baliza. Joga bem em apoio, mexe-se bem, além de ter um jogo aéreo interessante e um remate potente de pé direito. Faz 24 anos em Dezembro. Quiçá altura para sair para um campeonato de maior nomeada; Wilfried Bony (Vitesse), 23 anos, internacional costa-marfinense, a prova (a par de Doumbia) de que existe vida ofensiva neste país para além de Drogba. Jogador rápido (especialmente em espaços curtos), de remate potente e com faro de golo. Leva 12 golos em 11 jogos do campeonato (16 em 16 no total). Mais um grande avançado, feito no Sparta Praga e pronto para explodir no Vitesse e logo para sair para um clube da classe média/média-alta do futegol europeu; Pierre-Emerick Aubameyang ( Saint-Étienne), 23 anos, internacional gabonês (esteve em destaque na CAN, onde apontou 3 golos e fez 3 assistências em 4 jogos), formado no AC Milan, joga preferencialmente ao centro mas também pode jogar em ambas as alas (como extremo). Tecnicista, rápido nas movimentações e eficaz nas finalizações ( 7 golos em 11 jogos na Ligue 1). Avançado móvel, marcou um golo e deu uma assistência no surpreendente triunfo do Saint-Étienne no terreno do PSG, no último sábado (2-1). Curiosamente começou o jogo no banco. Pode chegar longe...; Ognjen Mudrinski (Estrela Vermelha), 20 anos, internacional sub-21 sérvio, já terá despertado as atenções do Borussia Moenchengladbach. É alto (1,87m), antecipa-se bem aos centrais, cabeceia bem, segura a bola, joga em apoio com qualidade e finaliza bem, preferencialmente de pé esquerdo. Um jogador a acompanhar nos próximos tempos!
10. Leandro Paredes (e queixava-me eu da ausência de novos Pibes...). ( e deste ser o décimo ponto, também não...). Tem 18 anos e é, desde já, uma das boas promessas do Torneio Apertura. Este sábado, fez 2 golos frente ao San Lorenzo (vitória do Boca, 3-1) e mostrou muito futebol ( o jornal Olé, além de o ter apelidado de novo Riquelme, deu-lhe nota 9 em 10!). Falando dos golos: duas definições espectaculares, derechazos colocados, de fora da área, sem hipótese para o keeper contrário. Tem talento, remata bem de pé direito e possui muitos tiques de Riquelme. Estará para nascer um gigante das canchas argentinas? Esperemos que sim!



terça-feira, 30 de outubro de 2012

Notas soltas do fim-de-semana (30/10/2012): De um colombiano rei a um Palacio encantador passando pela saudade do Rio de Prata

1. Um colombiano que vale ouro. Está a ser uma das grandes revelações da edição 2012/2013 da Liga Zon Sagres. Muitos desconfiavam, mas a verdade é que ele está a superar as expectativas. Falo-vos, claro está, de Jackson Martínez. Autor de 9 golos em 11 jogos na estreia no futebol europeu. Depois de ter ajudado o Porto a conquistar mais três importantes pontos na Champions League (marcou dois golos), Jackson voltou a revelar-se decisivo, desta feita no Estoril, em jogo da 7ª jornada da Liga. Já na 1ª parte se viu como os colegas lhe tentavam colocar bolas a jeito, para este finalizar. Perante tamanha falta de aceleração do conjunto portista, Jackson ia sendo dos mais mexidos. Até que chegou o segundo tempo. Foi aí que tudo mudou: o Porto passou a pressionar mais alto, a jogar mais próximo da área do Estoril e aí apareceu o novo "9" do Dragão, mais uma vez a decidir. Uma arrancada fulgurante, olhando para o sítio para o qual ia cruzar para o golo de Varela e um desvio de cabeça sublime fizeram as delícias dos aficionados portistas. Jackson está em grande forma. Além disso é rápido em espaços curtos (como se viu no 1º golo), frio na finalização e começa a recepcionar cada vez melhor a bola. Um killler instinct a fazer lembrar o compatriota Falcao (para já até leva melhor média inicial que El Tigre).
2. Éder faz-nos sonhar... Finalmente parece que temos um grande ponta-de-lança português no pós-Pauleta. Falo de Éder. Para já está a ser uma das grandes revelações da temporada. Já o ano passado, antes de ter sido afastado depois de uma confusão com a Académica, mostrava desenvolvimentos no seu trabalho: segurava a bola cada vez melhor, apresentava um melhor registo em frente à baliza e trabalhava mais e melhor em prol da equipa. Passado meio ano sem jogar, não se confirmam os receios: está cada vez melhor. Afastou em definitivo o Éder trapalhão e aparentemente preguiçoso do início de carreira. Domina cada vez melhor a bola, remata com maior incisão, trabalha em consonância com a equipa, no fundo, está feito um ponta-de-lança de classe. Para já é, junto com o rapaz de que falei no ponto anterior, o melhor marcador da Liga. Tem 6 golos, 2 deles marcados nesta jornada, no Caldeirão dos Barreiros, frente a um Marítimo que tem um trauma a jogar em casa este ano. O primeiro, então, é uma delícia. Remate à meia-volta, sem hipóteses. A prova de que temos, definitivamente, avançado! Paulo Bento agradece...
3. Por falar em goleadores, Lima e ainda o prodígio André Gomes. Continuando com a conversa dos matadores, falo de Lima. O brasileiro fez um jogo maravilhoso no passado sábado em Barcelos. Aliás, tem feito, até agora, uma época maravilhosa. Começou aos 90 segundos, correspondendo de cabeça a um cruzamento de Maxi Pereira, após arrancada prodigiosa de Enzo Pérez. Depois continuou no resto da primeira parte. Um autêntico recital de futebol. O segundo golo define a importância de Lima, actualmente, no "onze" encarnado: gizou com Luisinho lance fantástico, de trocas sucessivas de bola, até assistir o lateral português para o golo. Um excelente golo, mais pela jogada do que propriamente pelo movimento em si. Portanto, com a sua mobilidade, inteligência e capacidade finalizadora, Lima vai mostrando que o dinheiro investido em si será rapidamente amortizado. Depois temos André Gomes: o portuense de 19 anos, nascido portista (o futebol tem estas curiosidades maliciosas...) mas pronto a rebentar enquanto jogador do Benfica. Para já registo sublime: 2 jogos, 2 golos. Mas mais que os golos é a sua influência na construção de jogo, o seu sentido táctico e o perfume que empresta ao jogo do Benfica que o fazem notabilizar-se. Um excelente projecto de jogador, com origens nortenhas e consolidação made in Seixal.
4. Duelo de grandes guardas-redes. Espaço agora aos keepers. Dirão vocês, e com alguma razão, que eu falo pouco dos guarda-redes. Sendo eles peças tão importantes quanto todos os outros jogadores que entram em campo, aproveito para fazer uma reflexão no rescaldo do assustador (efeitos de Halloween, talvez) Sporting-Académica: não me lembro, em muito tempo, de ver um jogo em que ambos os guarda-redes eram as figuras das equipas. Aconteceu em Alvalade, onde tudo o que é bizarro parece que pode acontecer (e acontece!). Rui Patrício e Ricardo confirmaram a excelente forma, num jogo com poucas ocasiões, mas em que eles, os guardiões do templo sagrado a que se convém chamar baliza, se revelaram figuras de proa. Quanto ao jogo algumas notas: horrível da parte do Sporting, suficiente da parte da Briosa (os academistas com maior ousadia e frescura física poderiam ter ganho facilmente em Alvalade). Vercauteren terá ficado certamente assustado com o que viu do leão (mais uma vez, depois do desastre em Genk). Ainda uma referência individual: grande exibição do academista Keita. Enorme no trabalho a meio-campo, ganhando imensas bolas e, sempre que pôde, lançando os seus companheiros com passes certeiros.
5. Chelsea-Man.United. Foi dos grandes jogos do fim-de-semana. O United ganhou 3-2, com polémica à mistura, embora eu prefira cingir-me ao aspecto futebolístico da coisa: grande entrada do United, pressionando alto e colocando em evidência a fragilidade de Obi Mikel (continuo sem perceber o estatuto de indiscutível num jogador que, embora com qualidades ao nível do passe e no combate físico, é distraído e por vezes falha gravemente nas marcações) e, sobretudo, do lateral Ashley Cole (péssimo primeiro tempo, todos os golos tiveram origem em falhas no seu lado). Grande início de Van Persie, cada vez mais o guia espiritual deste United 2012/2013. No entanto, o Chelsea lembrou-se de começar a pressionar mais alto, com a dupla Ramires-Mikel a aparecer mais vezes no meio-campo contrário. Com Oscar sempre a trabalhar e a recuperar algumas bolas e Mata e Hazard a espalhar magia, o Chelsea tinha tudo para recuperar. Com um livre de Mata, à beira do intervalo, e um golo de Ramires, no início do segundo tempo, os blues restauraram a igualdade (o United vencia 2-0 desde o minuto 13, auto-golo de David Luiz e remate imparável de Van Persie). Pareciam capazes de partir para cima dos red devils, completamente atordoados. Só que por essa altura (por volta do minuto 60), o jogo começou a mudar: Ivanovic e Torres foram expulsos, quase de seguida, e o Chelsea ficou à mercê do United. Ferguson colocou em campo Giggs e Chicharito, sendo que o mexicano resolveu, em fora-de-jogo. Depois foi gerir até final, de forma pragmática, uma vantagem super importante. Para já o United recupera o ânimo mas ainda não me convenceu na totalidade. Vi bom futebol, acutilante, pressionante, de início, mas depois também vi como a equipa do Sir Alex Ferguson se perdeu depois do minuto 30, passando a estar a mercê de um quarteto que tanto me maravilha (Ramires-Mata-Oscar-Hazard). Apesar da derrota, o Chelsea pode sair de cabeça levantada. Mas, fica um alerta: depois de terem levado um banho de bola do Shakhtar na Champions (derrota 2-1, com jogo maravilhoso do trio Fernandinho-Willian-Mkitaryan), o Chelsea voltou a quebrar contra uma equipa com boa saída de bola e a apostar forte nas laterais. À atenção de Di Matteo...
6. O dilema Wilshere.  Está de regresso um dos melhores médios que a Premier League tem e que esteve de fora por demasiado tempo, fruto de uma lesão gravíssima. Falo-vos de Jack Wilshere, autêntico cérebro da equipa do Arsenal e possivelmente o médio inglês que melhor conjuga o sentido táctico com classe e qualidade técnica. Pois bem, o jovem de 20 anos regressou ao onze de Wenger contra o QPR, este fim-de-semana (1-0, golo de Arteta). Acertou 33 passes em 33 durante a primeira parte. Voltou a classe à equipa do Arsenal mas criou-se um problema: com Wilshere em campo, apareceu menos Cazorla. O espanhol, que tem estado sensacional neste início de época, mostrou pouco futebol. Com Wilshere a melhorar, Cazorla desapareceu em campo. Curiosamente, Wilshere nem apareceu muito perto da área contrária, como faz mais o médio internacional pela Roja. Só que Cazorla, precisamente devido a essa presença, não pôde vir buscar jogo ao meio-campo mais recuado, como habitualmente faz. No fundo, criou-se ali um conflito. Perguntam-se: pode ser resolvido? Eu creio que sim. Quando Wenger adaptar a equipa em função destes 2 craques a equipa vai dobrar ou triplicar o rendimento. Para já, sem grande adaptação e conhecimento de causa, ficou uma sensação de confusão, que tornou o jogo do Arsenal lento e previsível.
7. River-Boca. Tinha saudades do Superclásico. Eu e todos aqueles que adoram ver um estádio cheio, a fervilhar de paixão e dedicação aos clubes envolvidos. Acabou 2-2. Confirma-se, apesar de tudo, uma ideia que vou tendo nos últimos tempos: olhando para as duas equipas vejo cada vez menos jogadores com potencial para singrarem na Europa. Muitos veteranos, algumas promessas por revelar, jogadores banais e promessas perdidas. Para mim o único jogador que me fascinou realmente, neste jogo, foi o benfiquista, emprestado ao River Plate, Rodrigo Mora. Inteligente nas desmarcações, móvel e com sentido de baliza, Mora vai mostrando credenciais importantes, jogando ao lado do veterano David Trezeguet. No global, foi um jogo disputado, entre duas equipas que passam por uma crise de identidade. Faltam, de parte a parte, jovens que assumam o papel de novos craques. No River, e no pós Lamela e Ocampos, surgem Cirigliano e Lanzini como as duas maiores promessas (o primeiro é médio-centro, o segundo médio-ofensivo). No Boca um conjunto experiente, com jogadores interessantes (Tanque Silva, Burdisso, Somoza, Clemente Rodríguez, Viatri, Erviti...) mas sem uma promessa que entusiasme e revolucione as tardes/noites da Bombonera. Acho que a liga argentina está a precisar de um novo Maradona, ou Riquelme ou lá o que seja. Um jovem capaz de entusiasmar e encantar a afición. Para já vamos esperando, pacientes, a chegada do novo Messi(as)...
8. O Inter de Stramaccioni e o factor-Palacio.  Acompanhei no último domingo a deslocação do Inter de Milão até ao difícil terreno do Bolonha. Um Inter que chegava a este jogo em boa forma, no seguimento de uma série de 6 jogos sempre a vencer (juntando Série A e Liga Europa). Como apresentou então a equipa o jovem técnico interista: em 3x1x4x2, com Handanovic na baliza, linha de 3 defesas composta por Rannochia (defesa que apesar da boa compleição física e do jogo aéreo interessante, desposiciona-se e destapa a equipa atrás facilmente), o veterano Samuel e o jovem brasileiro Juan Jesus (forte fisicamente, tem velocidade e tacticamente em progresso, promete...), Mudingayi como trinco (o belga é raçudo, recupera e dá bolas mas por vezes abusa da agressividade), apoiado de perto por Gargano (belo médio, ex-Nápoles, também ele carracinha de trabalho e com bom passe) e pelo internacional argentino Cambiasso (já uma instituição no Inter e em grande forma), com Javier Zanetti e Nagatomo a aparecerem como laterais adiantados, sendo que vão baixando consoante as necessidades da equipa. Depois temos na frente o mais fixo Diego Milito (continua a ter um sentido de baliza fantástico) e um segundo-avançado que, para mim, neste momento, é a chave-mestra desta equipa: Rodrigo Palacio, homem que joga mais solto e que é responsável pela organização dos ataques e contra-ataques do Inter. Não jogando com um médio organizador inicial, o que de início faz alguma confusão (parece muito defensiva a equipa), é Palacio o responsável pela condução da bola em zona ofensiva e geralmente o homem que vem pegar na bola a meio-campo, quando o Inter quer sair em apoio. Em Bolonha, o início até foi complicado, por via da boa pressão exercida pelo meio-campo da casa e por um Gilardino, apoiado de perto por Gabbiadini (promissor avançado emprestado pela Juventus) e atrás pelo organizador Diamanti, em excelente forma. Apesar de tudo o Inter aguentou. Fez-se de forte e pegou no jogo. Não criava muitas ocasiões nem o jogo era brilhante mas a equipa revelava uma solidez táctica que já não se via desde os tempos de Mourinho. Rannochia abriu o marcador, de cabeça, após livre de Cambiasso e aí o Inter sentiu-se completamente seguro. Quando Palacio não baixava lá ia a bola para a frente. Se o argentino recuava e pegava na bola o futebol saía com mais harmonia. No início do segundo tempo, foi mesmo este autêntico craque a decidir: primeiro assistindo Milito, num contra-ataque lançado por Walter Gargano e depois, assistindo outra vez, desta feita para Cambiasso, isolado, marcar, após grande desenho ofensivo dos nerazzurri : Nagatomo ganhou na esquerda, meteu para Palacio, que fintou 2 jogadores, em progressão, deu para Cambiasso, que tocou para Milito, que devolveu para a assistência sublime de Palacio. Tudo quase ao primeiro toque. Se Milito é o Princípe, faltava-lhe um Palacio para viver... Uma bela história de amor este Inter de Stramaccioni. Não fascina mas defende bem e ataca com critério. Faltam só mais opções viáveis, jogadores à campeão, para que o sonho de Moratti se possa concretizar.


terça-feira, 23 de outubro de 2012

5 notas do fim-de-semana: De um leão a precisar de um psicólogo a um campeão em crise de identidade passando por dois duelos distintos mas igualmente emocionantes

1. Sporting, o anti-Hemingway e uma crise existencial. Gosto muito e, sempre que posso, leio livros de Ernest Hemingway. A propósito vem uma frase dele que se adequa bem à importância do jogo de ontem para o Sporting: o homem nunca se deve pôr em posição de perder o que não se pode dar ao luxo de perder. Pensei nesta frase ao ver o leão, penoso, a deixar-se perder na 2ª parte do encontro frente ao Moreirense. Depois de uma 1ª parte que tinha abrido boas perspectivas, os comandados de Oceano entraram macios e permitiram a reviravolta. Ainda recuperaram a hipótese prolongamento mas chegados aí voltaram a sucumbir ao contra-ataque moreirense (do qual vou falar no ponto seguinte). Este é um Sporting a viver uma profunda crise existencial. Ontem nem jogaram mal e tiveram atitude mas faltou o discernimento e a capacidade para saber defender em muitos momentos do jogo. Quando a alma está ferida e parece irrecuperável, não há táctica que resista. Salvam-se Patrício, Rinaudo e Viola em mais uma noite muito triste do clube que teima em não seguir a máxima de Hemingway...
2. A propósito do Moreirense: uma dissertação sobre contra-ataques certeiros. Ontem gostei muito do Moreirense, especialmente a partir do segundo tempo. Qual foi o segredo para a mudança então? A entrada do rápido e ágil ala direito Wagner. Foi tiro e queda, como diz o povo. Acrescentou verticalidade e velocidade ao conjunto de Jorge Casquilha. Depois há outros factores: a passagem do criativo Fábio Espinho para o seu habitat natural (nº10), o aproveitamento genial de Pablo Oliveira em dois lances (mais parecia Pablo Picasso pintando Les Demoiselles d´Avignon e Guernica) e o trabalho fantástico de Ghilas segurando bola, prendendo os centrais do Sporting e assistindo com toque, tão subtil quanto sublime, para o golo decisivo de Wagner. Uma bela lição de contra-ataque de uma equipa simpática, que tem feito um início bem promissor de época.
3. Tottenham vs Chelsea. Jogo emocionante, típico de jornada da Premier League. Chelsea melhor na primeira meia-hora, liderado por um grande Ramires. Cahill fez o golo num remate fantástico, de vólei, após canto. Tottenham soltou-se na parte final e chegou a colocar em sentido a defesa blue. Estava dado o mote para a segunda parte. Em 10 minutos, Gallas e Defoe colocaram os Spurs na liderança do marcador. Grande início de 2º tempo, com Lennon, Sigurdsson e Defoe endiabrados. No entanto, a defesa do Tottenham meteu água. Óscar, que até aí havia feito muito pouco, arrancou grande jogada no lado direito, encetou cruzamento, a bola foi (mal) aliviada para a entrada da área, onde Mata atirou, sem hipóteses para o keeper da casa. Empate de um Chelsea que havia melhorado, depois de ter sentido dificuldades no início da 2ª parte, nomeadamente devido à ausência de controlo de jogo motivada pela presença do duplo-pivote Ramires-Mikel (pouco capaz de segurar a bola). Até ao fim, só deu Chelsea. Hazard também resolveu aparecer e ajudou à festa, com uma assistência divinal para Mata, isolado, bisar. Depois, já pertinho do fim, Mata voltou a ser decisivo, ao assistir Sturridge para o quarto e derradeiro golo do desafio. 4-2, resultado final, numa história com muitas histórias dentro de si. Podemos ir a qualquer sítio (futebolisticamente falando) mas no fim ficam sempre as memórias da Good Old Albion...
4. Um duelo pragmático resolvido por segundas escolhas. Foi assim o grande jogo da jornada da Serie A. Os líderes Juventus e Nápoles defrontavam-se num jogo que poderia dar a liderança destacada a qualquer um deles ou então mantê-los a par. Ganhou a Juve, 2-0. Mas foi um grande duelo táctico, resolvido pela maior astúcia na hora de substituir do adjunto do castigado Antonio Conte, Angelo Alessio. Primeira parte com boa entrada dos homens da casa. Giovinco a ameaçar destilar perigo, a cada passo que dava em campo com o seu 1,64 m. Apesar de tudo foi sol de pouca dura. Um Nápoles, a jogar, como é habitual, em 3x4x1x2, anulou bem as principais peças da máquina bianconera. Nem Pirlo, nem Vidal, nem Marchisio tiveram o espaço e a liberdade suficiente para criar perigo. Só Asamoah e os centrais se destacaram pela positiva numa primeira parte de marcações cerradas, de parte a parte. Do outro lado, incrível trabalho da dupla Inler-Behrami (com especial incidência para o primeiro) na anulação do meio-campo juventino. Grande jogo táctico dos napolitanos, compensados com um simpático 0-0 ao intervalo (se bem que o livre de Cavani à trave lhes pudesse ter trazido maior felicidade por essa altura). Na 2ª parte, mais Juve, com Pirlo e Marchisio mais vivos. O Nápoles ia aguentando, mas com mais dificuldades e, além disso, arriscava pouco no ataque. Foi com naturalidade, então, que o Alessio decidiu mudar: colocou em campo Matri e o jovem médio francês Pogba, como medida para ganhar rapidez e capacidade de chegar ao golo na área e para ganhar presença à entrada da área e na zona de meio-campo. Depois entraria Cáceres, defesa uruguaio que se revelaria verdadeiramente decisivo, ao apontar, de cabeça, após canto, o primeiro da Juve. Depois numa recarga foi a vez de Pogba, à entrada da área, com um pontapé imparável, matar o jogo. Finito. Uma Juve mais ambiciosa mereceu os 3 pontos contra um Nápoles conservador. Nem parecia Mazzarri. Melhores em campo? Na Juve, Asamoah, Bonucci e Marchisio. No Nápoles Inler, Behrami e Gamberini. Avançados nem vê-los. Não há a azáfama goleadora da Premier League mas o tacticismo e o equilíbrio também são fascinantes de acompanhar. Viva il calcio!
5. Os erros de Klopp. Foi uma das tragédias, futebolisticamente falando, do fim-de-semana. A maneira como Jurgen Klopp apresentou o seu Borussia Dortmund num jogo decisivo contra o Schalke 04. Klopp montou um esquema inédito com 3 defesas (os centrais Subotic e Hummels acompanhados do médio Bender). Tudo isto porque o lateral-esquerdo Schmelzer se lesionou no aquecimento. Ora, a invenção do técnico dos bi-campeões alemães não resultou, de todo. Muito espaço nas costas (assim surgiram os golos de um Schalke com muita personalidade) e dificuldade em construir jogo (foi uma constante, especialmente no primeiro tempo, vermos Subotic ou outro dos companheiros da improvisada defesa lançarem passes longos sem nexo e mal executados). Foi um Borussia morto à nascença aquele que entrou em campo sábado. Não houve saída de bola. Tanto Kehl como Leitner não quiseram dar o primeiro passo na construção de jogo. Alhearam-se da função de primeiros construtores, o que deixou a equipa orfã de ideias. À meia-hora de jogo, Klopp redimiu-se e mudou para uma defesa a 4 (com Bender a lateral-direito e Piszczek, habitualmente no lado direito, a lateral-esquerdo). Mesmo assim a equipa já estava perdida em campo. Melhorou um pouco no segundo tempo mas perdeu um jogo essencial, ficando a partir de agora a impensáveis 12 pontos do líder Bayern (continua a passear classe, 5-0 em Dusseldorf). Algumas conclusões deste mau dia de Klopp: impossível mudar e inventar a 30 minutos do início (Felipe Santana assumiu que Klopp pediu desculpas aos jogadores no final), continuam os problemas na saída de bola e organização defensiva e, pior, parece-me que este plantel é curto. Schmelzer lesionou-se e não havia alternativa para o lado esquerdo. Além de um "onze" muito bom e de 3 ou 4 boas opções no banco este Borussia tem um vazio. Importante pensar nesta questão. E evitar invenções, aconselha-se sobretudo isso a um dos técnicos mais promissores do futebol europeu.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Notas curtas (porque o tempo, infelizmente, é escasso) do fim-de-semana: De um génio cafetero até aos Canhões de Cazorla passando por um duelo de ET´s

1. Melhor que Madjer? Jackson! Para todos os amantes de futebol e, em particular, os portistas, o nome Madjer significa muito mais que um jogador brilhante, que marcou uma geração. É um sinal, significado de genialidade, associado ao maravilhoso calcanhar que ajudou o Porto a vencer a Taça dos Campeões Europeus de 87, em Viena. Pois bem, domingo à noite, o Porto revisitou o passado, ainda que mais sublime. Corria o minuto 10 do FCP-Sporting: Danilo a meio do meio-campo leonino assiste com passe bem medido  o colombiano Jackson Martínez. E este, o que faz? Segura com classe, com o joelho, e de repente, sublime, puxa de um remate de calcanhar fabuloso, no ar, qual artista de circo. Golaço, um autêntico regalo para a vista. Meus amigos, por muitas histórias que este campeonato possa ainda vir a ter, esta será uma das mais marcantes, seguramente.
2. E que tal o Porto-Sporting? Foi tacticamente interessante, sem grandes riscos assumidos pelo FC Porto e muito menos pelo Sporting. Primeiros 15 minutos dos dragões foram muito fortes, depois lesão de Maicon fê-los abrandar. Na segunda parte continuou o domínio, com ocasiões aqui e ali, mas sem o brilho da vitória (1-0) sobre o PSG a meio da semana. Os melhores? Otamendi, o inevitável Jackson e João Moutinho. Por esta ordem. Do lado leonino, só Izmailov, o génio solitário, a mexer um pouco com as águas. Mas num turbilhão de dúvidas e num mar de instabilidade seria difícil pedir mais ao Sporting.
3. Sevilha,1982-Braga,2012. Mais de 30 anos separam estas duas maravilhosas cidades e maravilhosos momentos que lá aconteceram. A 8 de Julho de 1982, no estádio Sanchez Pizjuán, defrontavam-se as selecções da Alemanha Ocidental e da França. Meias-finais do Mundial de Espanha. Ambiente incrível, num jogo entre duas constelações de estrelas: de um lado, o alemão, Rummenigge, Breitner, Littbarski, Fischer ou Schumacher; do outro, Platini, Rocheteau, Giresse, Six ou Amoros. Dia 7 de Outubro de 2012 (quase num dia 8, também), no Estádio AXA em Braga. Braga-Olhanense, 6ª jornada da Liga Zon Sagres. De um lado, Rúben Micael, Éder, Alan ou Hugo Viana; do outro, Ivanildo, Abdi ou Yontcha. E o que têm em comum estes dois encontros, tão distantes no tempo e na diferença dos génios? Um marcador imprevísivel, feito de muitos e bons golos e de absoluta incerteza quanto ao desfecho final. Diferença decisiva: em Sevilha teve direito a prolongamento, como meia-final de Mundial que era. 3-3 foi o resultado no fim desses maravilhosos 120 minutos (davam um livro, com golos, picardias e até uma lesão arrepiante...). Em Braga foi só mais um jogo de campeonato. Mas terminou 4-4, em 90 minutos! Um hino ao golo e à emoção, difícil de encontrar na nossa Liga. Olhanense esteve a vencer por 0-1, 1-2,1-3 e 2-4 e deixou-se empatar por um valente Braga. Deixo aqui o meu agradecimento pelo espectáculo. Aos de hoje pela recordação dos de há 30 anos.
4. ET já não é só um e não anda de bicicleta...são dois e jogam à bola. Voltamos a 1982 (este belo ano, quiçá o melhor dos 80´s), o ano em que um génio chamado Steven Spielberg decidiu criar um filme sobre a visita à Terra de um ser alienígena. O ser foi adoptado e criou uma amizade com uma criança de 10 anos, que o viria a salvar no fim da história. E o que isto tem a ver com futebol, perguntam vocês? Desde esse momento, aqueles fenómenos sobrenaturais que aparecem em forma de ser humano passaram a ser conhecidos por "extraterrestres" ou de "outro planeta". Duas expressões que se equivalem e que foram utilizadas por dois treinadores nesta última semana. Primeiro Jorge Jesus, que se referiu a Leo Messi como "extraterrestre", no rescaldo de uma inevitável derrota contra o Barça para a Champions (2-0). Depois José Mourinho, que falou deste mesmo Messi e do seu Ronaldo como seres de "outro planeta", acrescentando que devia ser proibido dizer quem era o melhor do mundo. Esta última surgiu no rescaldo de mais um grandioso encontro de craques, entre Barcelona e Real Madrid. 2-2 foi o resultado final em Camp Nou. Messi marcou dois para os catalães, respondeu na mesma moeda o português para os madridistas. Dois extraterrestres na Terra, criação real, não-fictícia, mas que nos faz pensar, quando os vemos, se não teremos entrado num filme sem termos dado conta de tal. Continuo a dizer que iremos agradecer aos deuses  termos a oportunidade de ver tão belo e estonteante duelo por mais anos.
5. West Ham vs Arsenal. Os ingleses têm uma expressão magnífica para definir o impagável ou o inestimável: priceless. Essa palavra vem-me a cabeça sempre que vejo um jogo do West Ham em casa. Quando me vêm com a conversa que os hammers vão mudar de estádio nem quero acreditar. Perder-se o ambiente do mítico Upton Park e o seu magistral Forever Blowing Bubbles é algo que empobreceria, e de que maneira, a Premier League. Pelo menos por enquanto, as bolhas continuam a rebentar em Boleyn Ground. Este último fim-de-semana assisti ao West Ham-Arsenal. Foi o jogo da jornada que me despertou mais curiosidade. Frente a frente, duas boas equipas deste início de época inglês, com estilos e formas de pensar o jogo bem diferentes. Um West Ham mais raçudo e directo contra um Arsenal mais dominador e esteticamente mais interessante. Assim foi o jogo no primeiro tempo, com 1-1 no marcador. Diamé, em grande lance individual, fez o golo para o West Ham; para os arsenalistas, bom desenho no golo: recuperação no meio-campo ofensivo, de Giroud, a lançar Podolski na esquerda, sendo que este devolveria para o francês matar na área. Resultado aceitava-se embora o Arsenal pudesse ter feito melhor no capítulo da finalização. No segundo tempo, por paradoxal que possa parecer, a equipa da casa entrou disposta a ter mais bola e a criar boas ocasiões. No entanto, com a entrada de Walcott e com o génio de Santi Cazorla a soltar-se em definitivo (jogador incrível, fez uma exibição de grande nível), os gunners deram a volta, em contra-ataque (por Walcott) e com um remate colocado, fenomenal, do génio espanhol atrás referido. Quanto ao West Ham, apesar da boa vontade mostrada no início do 2º tempo, faltou o golo. Aproveitou um Arsenal, fortíssimo nas transições e que com o trio Cazorla-Ramsey-Podolski mais o suplente de ouro Walcott pode fazer estragos esta época. Grande jogo e tarde muito bem passada a ver o melhor futebol do Mundo!

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Apontamentos do fim-de-semana: Do novo Pibe colombiano ao surpreendente Everton passando por uma tarde de históricos em Parma

1. James a 10. Foi uma das temáticas fortes do fim-de-semana. A colocação do craque colombiano na sua posição predilecta trouxe uma nova dinâmica à equipa. É certo que, noutros jogos, em que joga mais adiantado e numa ala, também tem tendência a vir para dentro. Mas, começando no seu habitat favorito, o rendimento é mais visível. 2 assistências, 1 golo e um par de jogadas em que auxiliou na perfeição o compatriota Jackson (autor de um golo fantástico) e combinou igualmente bem com o meio-campo mais recuado e os extremos. Apraz-me dizer que, neste jogo, a equipa foi de James. Conclusão: bom rendimento individual, entrosamento interessante a nível colectivo e capacidade de ajudar a resolver melhor o jogo. Para este tipo de jogos é uma óptima solução. A desvantagem? James cansa-se mais e o próprio Vítor Pereira alertou para isso (e bem...) no final do jogo. Mas se as contas já estiverem resolvidas quando aparecer o cansaço, tudo fica bem.
2. O génio de Salvio e outras dissertações sobre o Académica-Benfica. Tem sido claramente o melhor jogador deste início de época no Benfica. Eduardo Salvio continua a espalhar classe, velocidade, repentismo e verticalidade pelos nossos relvados. Ontem, em Coimbra, foi mais uma vez o melhor encarnado no empate a 2 do vice-campeão. Destacou-se sobretudo no melhor período do Benfica (primeiros 15 minutos). Ainda sobre este confronto ficam outros breves apontamentos: Enzo Pérez está a começar a aprender a ser um "8" (obviamente diferente de Witsel, mas sem comprometer nesta metamorfose táctica) e Cardozo parece atravessar uma crise de confiança (falhanço escandaloso aos 3 minutos) e Lima pode muito bem roubar-lhe o lugar (golo decisivo na noite de ontem). No que toca à equipa de Coimbra, um futebol mais com o coração do que com a cabeça. Pedro Emanuel procura acima de tudo salvar pontos. É compreensível. Faltam jogadores (e pernas...) para jogar como ele gosta. No entanto, consegue ser uma equipa digna do apelido que leva: Briosa.
3. Da solidão de Sá Pinto a um triunfo sofrido, muito sofrido. Olhando para Sá Pinto nesta última semana ocorreu-me um pensamento. Não meu, mas de Agustina Bessa-Luís, na obra Alegria do Mundo. Reflectindo ela sobre a solidão, o comportamento social e a construção da personalidade, chegava à conclusão de que "excessiva comunicação, debates exagerados de assuntos que requerem meditação e peso  moral(...) não enriquecem o património de uma sociedade". Além disso, acrescenta a autora, "a solidão favorece a intensidade do pensamento". Parece-me uma comparação sensata. Para que este Sporting ganhasse personalidade, Sá Pinto precisou de reflectir, para si mesmo, e não criar um debate público que acabasse por prejudicar o património da sociedade (neste caso, a sociedade Sporting). E a verdade é que este tempo de reflexão e de trabalho secreto resultou, pelo menos, na primeira vitória no campeonato. Foi à justa? Foi sim, meus senhores. Foi conseguida sem uma exibição deslumbrante? Pois sim, mas são sempre 3 pontos. E para mim a imagem forte deste jogo foi o onze inicial dos leões. Inúmeras alterações, ao nível de jogadores e da táctica ( foi um Leão mais próximo do 4x4x2). Sofreu-se a bom sofrer em Alvalade mas foi uma equipa diferente para melhor na atitude, na entrega e sobretudo na construção de lances de perigo, em especial no primeiro tempo (por paradoxal que possa parecer, dado que os golos apareceram no último quarto-de-hora de jogo). Maus resultados e más exibições exigem profundas reflexões internas. Sá Pinto fê-las e, para já, saiu a ganhar.
4. A alma de Rinaudo. Neste encontro entre Sporting e Gil (2-1 para os verde-e-brancos) outro destaque ainda. É certo que a notícia principal foi a estreia do jovem Viola a titular (bons pormenores técnicos, muito mexido, tem, no entanto, que se habituar ao ritmo de jogo europeu), mas há outro facto importante a relevar: o regresso de Fito Rinaudo à equipa sportinguista. As diferenças são por demais evidentes. Dezenas de bolas recuperadas e afastadas, clarividência no posicionamento táctico e capacidade de lançar o primeiro passe. Um jogador-chave, ao mesmo tempo tampão e passador, que faz uma diferença incrível na alma da equipa.
5. Éder: o novo homem-golo do Minho? Dois golos na goleada (4-1) ao Rio Ave fizeram Éder saltar para as primeiras páginas dos jornais (ou deveriam tê-lo feito, pelo menos. Parece que preferiram destacar um senhor de apelido Xistra). E com justiça, diga-se. O avançado ex-Académica provou mais uma vez que é um dos melhores pontas-de-lança nacionais a jogar no nosso campeonato. Aos 23 anos, exibe características diferentes de muitos outros: é forte fisicamente, tem um bom jogo aéreo, joga bem em apoio e finaliza bem na cara do golo. No início da carreira parecia ser um pouco trapalhão. Mas, quer com Villas Boas, Jorge Costa ou Pedro Emanuel, na Académica, foi crescendo. Aprendeu a jogar com os companheiros, aprendeu movimentações básicas e, essencial, progrediu imenso no domínio da bola. Peseiro teve de redimensionar a equipa no pós-Lima e encaixar convenientemente o ponta-de-lança internacional português. A equipa não joga em exclusivo para ele, nem depende só dele. Mas parece-me que Éder se vai tornar num elemento fundamental do onze minhoto. Para já, vai na frente da corrida com Michel, Zé Luís e Manoel...
6. A dupla lanterna que encadeia a Bundesliga. Neste caso não se trata de uma lanterna vermelha mas sim da dupla que lidera o campeonato: Bayern Munique e Eintracht Frankfurt. 4 jogos, 4 vitórias e muitas histórias para contar. Os bávaros venceram este fim-de-semana o Schalke, por 2-0, fora de portas. Exibição intratável. 75 minutos de domínio da equipa de Heyneckes. Futebol de pressão, com mais posse e tentativa de lançar os alas Robben e Muller e o móvel ponta-de-lança Mandzukic. Já em Frankfurt mora a grande surpresa deste campeonato, o histórico recém-promovido Eintracht. Este fim-de-semana bateram o Nuremberga, fora, por 2-1. Vi-os jogar no fim-de-semana anterior, frente ao Hamburgo (3-2) e fiquei com uma óptima impressão. Revelaram-se uma equipa madura, que quer ter o domínio do jogo e que apresentam algumas revelações bastante interessantes: o jovem lateral-direito Jung, muito seguro a defender e bem no apoio, os médios Schwegler e Rode, que seguram e esticam o jogo da equipa e o médio-ala esquerdo japonês Takashi Inui, de 24 anos, mais uma pérola nipónica a despontar na Bundesliga. Apesar de baixote (1,67m), é dotado tecnicamente, tem visão de jogo e arrancou dois excelentes golos nas últimas 2 jornadas. Muita atenção, portanto, a este Eintracht Frankfurt. Ah, e não percam de vista as diabruras de Robben, os remates de Mandzukic ou as correrias de Lahm no Bayern. Uma dupla de líderes que vale a pena seguir com redobrada atenção!
7. Ver futebol italiano ao sábado às 17 horas. É uma experiência sempre interessante. Parma-Fiorentina era o duelo. Se fosse na segunda metade da década de 90, iria delirar. De um lado iria ver Buffon, Cannavaro, Sensini, Thuram, Dino Baggio, Asprilla ou Crespo; do outro, Toldo, Torricelli, Repka, Rui Costa, Batistuta ou Amoruso. No meio deste duelo romântico, adaptado aos dias de hoje, encontro de um lado resquícios muito ténues de uma grande equipa (Parma) e do outro, uma equipa reforçada com jogadores de grande nível, claramente a clamar por outros palcos (Fiorentina). O jogo acabou 1-1. Teve 3 grandes penalidades. Emoção não faltou. Mas voltámos a assistir ao já estereotipado jogo aborrecido à italiana. Poucas oportunidades de golo, jogadas construídas com calma e sem grande genialidade. Foi neste sábado que revi, no entanto, o espanhol Borja Valero, talentoso médio-ofensivo ex-Villarreal, entretanto reciclado para médio-centro na equipa de Florença. Sem dúvida que é o elemento mais interessante do meio-campo viola, quer no capítulo do passe como no da condução de bola. Reencontrei ainda outro puro-sangue das canchas sul-americanas, o ex-sportinguista Matías Fernández, numa posição de quase trequartista, bem ao seu gosto. No entanto, acabou por não se revelar muito influente na manobra ofensiva. Já a referência Jovetic jogou sempre mais solto, caindo na esquerda, para depois tentar as habituais diagonais. É um grande jogador, capaz de romper qualquer defesa, mas sábado não teve a sua tarde (além disso falhou um pénalti). Defensivamente, a equipa treinada pelo ex-jogador Vincenzo Montella, estrutura-se com uma linha de 3 homens (Roncaglia, Rodríguez e Tomovic), sendo que a segurança nas laterais é garantida à direita por Cuadrado (jogador muito rápido, sem grandes noções defensivas, mas que é compensado por Roncaglia nessas funções) e à esquerda pelo experiente Mattia Cassani (jogador mais dotado para a posição, regular quer a defender, quer a atacar). Ao meio é a dupla Pizarro-Valero que garante os equilíbrios e desequilíbrios (neste último caso, causados sobretudo pelas acções da visão de jogo do espanhol). Quanto ao Parma de Donadoni é uma equipa algo enfadonha. Vive de fogachos dos homens mais adiantados, o francês Belfodil (ex-Lyon) e o rápido avançado colombiano Dorian Pabón. Ao meio vivem, na minha opinião, os dois melhores elementos do conjunto gialloblù: o médio-centro Galloppa (bem na recuperação e com notável visão de jogo) e o desequilibrador, puro nº10, Jaime Valdés, outro chileno ex-Sporting a espalhar classe pelos relvados da Serie A. No segundo tempo, Roberto Donadoni ainda lançou Amauri, Palladino (que saiu lesionado) e o talento grego Ninis. Este último foi aquele que me pareceu mais próximo de criar os desequilíbrios necessários no espaço ofensivo, tanto à direita como no centro. Em suma, fica o empate, num jogo sem grandes oportunidades, tacticamente razoável, mas sempre com a incerteza a pairar sobre o resultado. A Serie A procura a renovação. Meus amigos, pois bem, aqui...não encontrei nada de novo.
8. Benzema, o novo duplo-pivote e um CR a tremer. Ver o Real Madrid no terreno do Rayo Vallecano (triunfo por 2-0) trouxe-me à cabeça a ideia de uma equipa que ainda joga sobre brasas. Muitas foram as oportunidades em contra-ataque, desperdiçadas com soberba e falta de concentração. No entanto para mim o que fica deste jogo são três pormenores: primeiro, um Benzema que se assume como o avançado perfeito para este tipo de jogos. O francês progride bem com espaço, é um avançado móvel, aparece no sítio certo (ver primeiro golo) e inventa espaços que, por sua vez, resultam em golos, com grande facilidade (primeiro golo a meio da semana ao City é um exemplo). Ontem marcou numa execução precisa, à boca da baliza, e ainda fez um segundo, em contra-ataque, entretanto anulado por suposto fora-de-jogo. Segundo, o duplo-pivote. Diferente agora. Mais consistente acrescentaria, juntando Xabi Alonso e Essien. O problema de ambos, no entanto, eram os lances em velocidade nas costas, que os obrigaram várias vezes a recorrer à falta (ambos acabaram com amarelo). Apesar de tudo, roubaram muito mais bolas do que a habitual dupla Alonso-Khedira. Por último, Cristiano. Parece atravessar um momento de incertezas. Nem o golo a meio da semana frente ao Manchester City, na Champions, lhe deu a confiança suficiente. Marcou uma grande penalidade, é certo, mas pareceu afastado da dinâmica da equipa durante parte do desafio e, já na segunda metade, desperdiçou golo incrível de baliza aberta, entre outras jogadas. Como disse John Carlin ao El País, Ronaldo também precisa de olhar para os companheiros, não só para os adversários. Isso acaba por fazer a diferença na comparação com Messi...
9. PSG cada vez mais forte. A equipa de Ancelotti finalmente descobriu a fórmula do sucesso. Têm-se sucedido os bons resultados: só esta semana, 4-1 ao Dinamo de Kiev na Liga dos Campeões e 4-0 ao Bastia, para a Ligue 1. A máquina começou a carburar. Algumas razões: o reaparecimento de jogadores como Pastore, Matuidi e Nenê e a contratação do holandês Van der Wiel para a direita da defesa. Acrescente-lhe ainda a grande forma de Ibrahimovic e Ménez. Dia 3 de Outubro cá estarão, para defrontar o FCP. Que belo duelo podemos perspectivar!
10. Um Everton em grande forma. Já havia falado aqui do Everton esta época. Os toffees voltam a merecer destaque: mais um triunfo seguro, 3-0, no difícil terreno do Swansea. Primeiros 25 minutos de jogo de um sufoco impressionante. Este Everton gosta de mandar, ter bola, criar desequilíbrios, até fora de casa. Lembro-me do recital de futebol que deu em Villa Park, à 2ª jornada, em meros 60 minutos (sublinhe-se meros aqui.). Pienaar é o maestro, Fellaini a elegância e inteligência em forma de jogador de futebol, Mirallas e Anichebe dão os golos e Baines, Jagielka ou Osman a consistência e dinâmica de que a equipa necessita. 3º lugar, a par do surpreendente WBA, ao fim de 5 jornadas. David Moyes tem razões para estar orgulhoso do seu trabalho!




segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Apontamentos do fim-de-semana: De uma "bomba" de última hora ao sorteio europeu em 10 Paços seguros

1. Hulk e Witsel de partida. Uma triste notícia para o futebol português surgiu nesta segunda-feira. Hulk e Axel Witsel vão sair para o Zenit russo, por 60 e 40 milhões de euros, respectivamente. Perde muito mesmo a nossa Liga e sobretudo os actuais líderes do nosso campeonato. O dinheiro da Gazprom acabou por se revelar decisivo neste fecho de mercado. O Zenit quer mesmo chegar à Champions a curto prazo.
2. A importância de Salvio e a eficácia da dupla Cardozo/Rodrigo. O Benfica bateu o Nacional por 3-0 este fim-de-semana. No entanto, só na 2ª parte mostrou bom futebol, a partir do momento em que Matic reequilibrou a equipa a meio-campo e permitiu que Witsel se soltasse das acções mais defensivas. Salvio foi, ainda assim, o maior desequilibrador. Pelo segunda jornada consecutiva. Correu, deu largura ao jogo encarnado e desmarcou Maxi para a assistência do primeiro golo e cruzou para Rodrigo no segundo. Rodrigo esse que voltou a revelar bom momento de forma, a mostrar que tanto ele como Cardozo (2 golos) não vão amolecer com a recente chegada de Lima.
3. O efeito-James. Foi como uma lufada de ar fresco para a equipa portista, que perdia aquando da sua entrada (minuto 36). Com a sua capacidade de jogar entre linhas e qualidade de passe desbloqueou o jogo em definitivo. Logo 5 minutos depois de ter entrado fez um golo, num sublime chapéu a Ricardo. No início do segundo tempo (claramente o melhor período dos dragões) assistiu, com passe geometricamente perfeito, Jackson Martínez para o segundo do Porto. Além disso teve o condão de ter despertado a equipa de um certo marasmo, da pouca assertividade no capítulo dos passes e da pouca clarividência. Vítor Pereira soube contornar o problema...com estilo.
4. Belíssimo Paços a travar o 4º grande. Muita atenção a este Paços de Ferreira. Se for tacticamente competente e eficaz nas bolas paradas e contra-ataque como foi ontem frente ao Braga (2-0), pode muito bem causar dificuldades a qualquer um dos "grandes". Especialmente na sua caixinha de fósforos (com todo o respeito), a Mata Real. Destaco 4 jogadores: o central Cohene, autor do primeiro golo, o médio de contenção André Leão, puro batalhador no meio-campo, o criativo médio Vítor, muito talentoso e ardiloso nas manobras ofensivas e ainda o experiente e possante ponta-de-lança Cícero, que segurou os centrais do Braga e lhes ganhou quase todas as bolas de cabeça. Em suma, um conjunto com muito bons valores. Já quanto ao Braga destacaria a falta de recursos e, mais que um cansaço físico, o cansaço mental. Com isto quero dizer, que faltaram ideias e criatividade aos minhotos para dar a volta a uma situação adversa. Apesar da boa reacção no início do 2º tempo faltou sempre capacidade de criar para concretizar.
5. Desastrados Liverpool e Tottenham... Péssimo início para dois dos maiores defensores de um futebol atractivo e apoiado na Premier League. André Villas-Boas soma 2 empates e 1 derrota (com a agravante dos empates serem contra os humildes WBA e Norwich em casa). Brendan Rodgers e o seu Liverpool estão piores: somam 1 ponto. Este fim-de-semana foi derrotado por um Arsenal tremendo em contra-ataque (que jogo de Cazorla e Podolski!). Pontos em comum? Falta de fluidez, muitas bolas perdidas, falta de criatividade e de capacidade de concretização. O Tottenham só acordou com o reforço Dembelé, o Liverpool nem sequer esboçou reacção. Preocupante, no mínimo...
6. A rábula de Van Persie: como ser vilão e herói num mesmo jogo. Chegou a ser vilão mas no final tudo acabou bem. Southampton, 2 de Setembro de 2012, confronto para os anais da História. Era o jogo 1000, na Premier League, do Sir Alex Ferguson. Momento especial para a estatística, só mais um jogo para o mestre dos bancos. E díficil se tornou, porém, este desafio. Southampton espevitado e super-interessante fez tremer o United de Ferguson. Lambert e Schneiderlin marcaram para os donos da casa. Pelo meio, Van Persie tinha feito o primeiro da história (já aí se adivinhava desfecho heróico...). O jogo foi-se aproximando do fim e Ferguson achava que o seu jogo 1000 estava cada vez mais perdido (ele e todos viam o evidente: Southampton manietava um desfalecido United, completamente desprovido de ideias). Entretanto, o tal Van Persie teve a ousadia de falhar uma grande penalidade (ai a moda dos Panenkas...). Vinha ao de cima um Van Persie vilão, capaz de estragar a festa do Sir. Não! Não podia acontecer. O holandês, reforço de proa do United para esta época, resolveu dar a volta com 2 golos nos últimos 5 minutos. Ferguson saltou como se estivesse no primeiro jogo, há 25 anos, em Oxford (jogo esse que até perdeu...). Como passar de herói a vilão e de vilão novamente a herói em simples 90 minutos. Uma lição de um mágico e estranho mundo chamado futebol.
7. Milan e Pazzini à procura da redenção. Abbiati; De Sciglio, Bonera, Acerbi, Antonini; Ambrosini, Montolivo, Nocerino; Boateng e El Shaarawy; Pazzini. Assim mesmo, em 4x3x2x1, se apresentou o AC Milan para esta jornada da redenção, depois do percalço inicial contra a Sampdoria. E conseguiu os primeiros 3 pontos, em Bolonha, graças a um "hat-trick" de um renovado Pazzini. O ponta-de-lança ex-Inter procura redimir-se da última temporada (péssima) e, para já, começou muito bem. E os restantes? Gostei deste novo Milan. Muitos italianos, num desenho táctico habitual últimas épocas. Boateng, agora com o "10" nas costas, assume papel mais preponderante. A seu lado, atrás do avançado, joga um dos mais promissores internacionais italianos (embora pelo nome não pareça): El Shaarawy. No entanto, apesar de tudo, o jovem craque teve uma prestação pobre em Bolonha. Depois o meio-campo: Ambrosini como tampão e Nocerino e Montolivo a destilarem classe. Com a lesão, ainda no primeiro tempo, de Montolivo, porém, algo mudou: entrou o raçudo e mais defensivo De Jong, reforço de Verão recrutado ao Man.City. Foi revezando-se com Ambrosini nas tarefas mais defensivas, mostrando ainda pouca habituação ao novo onze. Por último, dois elementos: a defesa e Bojan. A defesa está muito alterada: lateral de 19 anos à direita (De Sciglio), cumpridor a defender e sem arriscar muito no ataque, dupla de centrais frágil (Bonera-Acerbi) e o lateral-esquerdo da época passada, Antonini. Quanto a Bojan, procura o seu momento neste empréstimo aos rossoneri (o seu passe pertence ainda à Roma). Pode crescer, com a Liga dos Campeões e com a falta de recursos no plantel de Allegri. Veremos. Para já, algumas certezas e muitas dúvidas.
8. OM em grande e um renovado Gignac. Por falar em jogadores ressuscitados, e depois de Pazzini, falo-vos agora do francês André-Pierre Gignac. Descartado e desprezado por Didier Deschamps, foi "ressuscitado" esta temporada pelo novo treinador Élie Baup, que se viu confrontado com a falta de recursos finaceiros para atacar o mercado. Tem estado em grande. Depois de ter resolvido em Montpellier, voltou a marcar. Um golão, de levantar qualquer estádio, em especial o mítico e maravilhoso Velodróme, casa do Olympique de Marselha. Marselha esse que tem estado muito bem. Com menos bola e apostando mais no contra-ataque, bateu o Stade Rennes, em mais uma excelente exibição de futebol (3-1).
9. Voando nas asas de um imperial Falcao. Assim foi o Atlético de Madrid rumo a mais uma Supertaça Europeia. 4-1, resultado final, contra o Chelsea. 3 de Falcao, só na primeira parte. O segundo, então, é algo de magistral, uma execução ao alcance de poucos. Melhor "9" do momento? Nem hesito na resposta: sim!
10. Sorteio das competições europeias. Positivo na Champions, onde todos os representantes nacionais têm hipóteses. Benfica-Barcelona, Braga-Man.United e FC Porto-PSG vão ser grandes duelos, seguramente. Na Liga Europa, vida aparentemente fácil para o Sporting, relativamente interessante para Académica (atenção, no entanto, ao Atlético de Falcao) e difícil para o Marítimo.

sábado, 25 de agosto de 2012

Serie A (antevisão)

















Começa também neste último fim-de-semana de Agosto a Série A italiana. Espera-se um ano de muitas lutas, com os rivais de Milão (especialmente estes dois) a tentarem roubar o ceptro à actual detentora, a Juventus. Bons reforços, plantéis interesssantes mas também algumas saídas significativas marcam este início de época.

A campeã Juventus parte como teórica favorita. Não só pelo estatuto de campeã como também pelo facto de não ter sofrido perdas significativas, além de ter acrescentado bons valores ao seu plantel. Contratou jogadores como Giovinco, Isla, Asamoah ou, em definitivo, Cáceres e ainda se livrou de "pesos-mortos" como Grosso, Elia ou Krasic. Mantém a estrutura vencedora da última época, o que lhe pode vir a ser naturalmente muito útil. Como contra tem o facto do seu treinador, Antonio Conte, estar envolvido no caso de corrupção através das apostas desportivas no futebol italiano, o que o irá afastar dos bancos por vários meses. Assim como ao seu adjunto. O terceiro responsável, Massimo Carrera, passa a ser o comandante em campo.

Como principais rivais, a Juventus deverá ter os habituais AC Milan e Inter. Os dois grandes de Milão pretendem fazer uma temporada melhor que a última. Especialmente os nerazzurri, que ficaram em 6º lugar no campeonato. Comparando as duas equipas não haja dúvidas de que a casa parece mais bem arrumada no Inter. Os reforços vão chegando e são de qualidade: Palacio, Silvestre, Handanovic, Gargano, Cassano e o ex-portista Álvaro Pereira. Saídas significativas só as de jogadores veteranos: Júlio César, Córdoba, Lúcio e Forlán. Ah, e o mais jovem Pazzini, que depois de uma péssima época, serviu de moeda de troca no negócio com o Milan por Antonio Cassano. Sneijder, Zanetti, Cambiasso, Milito e, quiçá, Maicon vão ficar, o que pode ser óptimo para a equipa treinada pelo jovem de 36 anos, Andrea Stramaccioni. O Inter vai entrar no campeonato (defronta amanhã o Pescara, fora) já com 3 partidas oficiais disputadas (pré-eliminatórias da Liga Europa). A casa vai a caminho de arrumada, falta adaptar os mais recentes reforços.

Quanto ao Milan, muitas incertezas. Seguramente o clube rossonero ainda irá ao mercado. Necessita, urgentemente, de colmatar as saídas de Thiago Silva e Ibrahimovic. Para a defesa contratou o promissor central Francesco Acerbi, ao Chievo Verona e recebeu ainda, por empréstimo, o central do Villarreal, Cristián Zapata. No meio-campo passa a contar com Montolivo, Bakaye Traoré e Kévin Constant, como forma de colmatar as saídas dos veteranos Van Bommel, Seedorf e Gattuso. Para o ataque o único reforço até agora foi Giampaolo Pazzini. Existem, portanto, inúmeras indefinições em torno da construção do plantel de Massimiliano Allegri. Até dia 31 seguramente haverão mais novidades.

Depois surgem os "eternos" candidatos à Champions: o Nápoles de Walter Mazzari, que viu fugir Lavezzi mas manteve (até agora, pelo menos) Hamsik, Cavani e Pandev; a Roma, com Zeman como novo técnico e alguns reforços bem interessantes (Bradley, Leandro Castán, Balzaretti ou Destro), que se juntam a craques como De Rossi, Pjanic, Lamela, Osvaldo ou o veteraníssimo Totti; a Udinese de Di Natale e Muriel; a Lazio de Hernanes e Klose e a Fiorentina que, para esta temporada, apresenta um autêntico "camião" de reforços: Gonzalo Rodriguez, Roncaglia, Matías Fernandez, Cuadrado, Borja Valero, Aquilani e El Hamdaoui são os mais destacados.

E nas restantes 12 equipas,não podem existir surpresas, perguntam vocês? Eu respondo: sim! Atenção aos crónicos Palermo e Genoa, além de equipas como o Chievo, o Parma ou o regressado Torino. Todos com bons jogadores, equipas que misturam experiência, juventude e irreverência e que podem certamente ter uma palavra a dizer e, quiçá, sonhar com um lugar na primeira metade da tabela ou até em posição europeia.

Bundesliga (antevisão): Deustchland uber alles!


















Inicia-se hoje mais uma temporada da Bundesliga. Grandes equipas, grandes jogadores, estádios cheios de adeptos em fervilhante entusiasmo, em suma, a Liga mais bem sucedida (do meu ponto de vista) de toda a Europa, quer em termos financeiros ou em termos da relação clube-adepto.

Os candidatos são os mesmos de sempre. Saltam à vista, claro está, Borussia Dortmund, o actual campeão e vencedor da Taça, e o Bayern de Munique, vencedor da Supertaça já esta época e vice-campeão alemão e da Europa. São, claramente, as duas equipas mais fortes do campeonato. Os campeões apresentam dois excelentes reforços para esta temporada: o talentoso Marco Reus (ex-Borussia Moenchengladbach) e o avançado, ex-Estugarda, Julien Schieber. Além disso, mantém unidades como Gotze, Lewandowski ou Hummels, o que é sempre importante. A maior perda foi, sem dúvida, o talentoso japonês Shinji Kagawa, que saiu para o Manchester United.

Quanto ao Bayern, apresenta algumas alterações importantes também: entraram Shaqiri, Mandzukic, Starke, Dante e Pizarro; saíram os dispensáveis Breno, Pranjic, Olic, Petersen e ainda o experiente guarda-redes Butt. A equipa de Heyneckes continua a ter uma estrutura imponente, com a continuidade de Robben, Ribéry, Muller, Lahm, Schwensteiger, entre outros. Há muita matéria-prima e creio que esta pode ser uma época substancialmente diferente da última, na qual o Bayern perdeu todos os títulos na fase final.

Depois surgem outras equipas de grande qualidade que, seguramente, irão também lutar pelos 4/5 primeiros lugares da tabela. O 3º classificado da última temporada, Schalke 04, perdeu Raúl mas confirmou Chinedu Obasi como substituto e acrescentou ainda, sem custos adicionais, o talentoso Tranquilo Barnetta (ex-Bayer Leverkusen) e Roman Neustadter (ex-Borussia Moenchengladbach). Tem um bom plantel e deverá lutar também pelo título.

O 4º classificado de 2011/2012, Borussia Moenchengladbach, perdeu peça muito importante: Marco Reus, que saiu para o campeão Dortmund. Mas reforçou-se com Domínguez, Xhaka e De Jong e, além disso, mantem o promissor Herrmann, que pode explodir esta temporada, em definitivo. Apesar de tudo, acho que este ano nem serão candidatos à Champions. Falta algo. E a mais provável resposta é mesmo Reus...

Por fim, vejo equipas com boas possibilidades europeias: o Werder Bremen, com Elia, Gebre Selassie e De Bruyne como reforços sonantes, o Bayer Leverkusen, que acrescentou o talentoso avançado chileno Júnior Fernandes a Kiessling e Schurrle, o Estugarda, que mantem a estrutura que deu o apuramento europeu na última temporada, o Hannover, equipa já com estatuto também em termos de Liga Europa, o Wolfsburgo, com os perigosos atacantes Olic, Helmes e Lakic e, ainda, uma possível surpresa que eu acho que será o Hamburgo de Thorsten Fink. E muita atenção a um Eintracht Frankfurt cheio de reforços (está de regresso à Liga principal) e a duas equipas que têm surpreendido nos últimos anos: o Mainz e o Friburgo.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Notas breves do fim-de-semana: Das agruras e emoções da Liga portuguesa a uma goleada à holandesa passando pelos dois lados do Merseyside

1. Benfica-Braga. Foi um bom jogo. Sem a qualidade e a intensidade de um duelo a meio da época, este novo clássico do futebol português teve o condão de nos deixar na expectativa quanto ao resultado. Sporting de Braga surpreendeu com boa postura de jogo e tentativa de domínio nos primeiros minutos. Benfica ia tentando responder, sem a eficácia desejada. Os quatro golos do jogo, dois para cada lado, só apareceram no segundo tempo. Resultado justo. Duas equipas que, com estratégias um pouco diferentes, tentaram ganhar. Anularam-se e o empate assenta na perfeição.
2. Leões e dragões a zeros. Como se podem explicar brevemente os empates de Porto e Sporting? Basicamente defrontaram duas equipas que encontraram dificuldades de construção dos respectivos plantéis. Então apostaram tudo na defesa do 0-0. E ficou provado que tanto portistas como sportinguistas estão ainda muito "verdes" no capítulo da finalização. Já deviam saber que muitos jogos deste campeonato obrigam a que se ultrapassem defesas muito cerradas. Marcando o primeiro, até pode dar goleada. Se não se marca, finito.
3. Líderes surpreendentes. No final da 1ª jornada quem leva o estatuto de líder são o Olhanense e o Marítimo. Quem diria, hein? Já não digo tanto pelos madeirenses (embora tenham ganho no difícil terreno do Rio Ave, na estreia de Nuno Espírito Santo no comando dos vilacondenses) mas sim pelos algarvios! Incrível como conseguiram uma vitória com os reservas da época passada e mais 3 ou 4 reforços. Será mesmo incrível? Não, a resposta é simples: Sérgio Conceição (e mais não digo...).
4. 3-3. Outro "quem diria, hein?". Quem diria que um Beira Mar-Académica seria o jogo mais extraordinário desta primeira jornada, hein? Quem diria que os dois primeiros jogadores a bisar seriam Abel Camara, dos da casa, e Edinho, pelos vencedores da Taça de Portugal? O mais incrível deste duelo foi o desenrolar do resultado. Briosa reduzida a 10 aos 6 minutos, após grande penalidade cometida por João Real e convertida por Balboa. Depois um golão e um cabeceamento de Abel Camara. 3-0, minuto 56. Depois dos 69´ aos 88´ o sobrenatural (ou não!) aconteceu: Cissé e Edinho, por duas vezes, empataram jogo que tem tanto de extraordinário como de emocionante. Festejaram e muito os conimbricenses. Pedro Emanuel disse que foi o jogo em que mais festejou na vida. E foi um empate. Como é bonito o futebol.
5. Messi+ 10 que são uma delícia. Barça frenético no primeiro tempo: 4-1 à Real Sociedad, com 2 do ainda melhor do Mundo (ainda e, quiçá, para sempre). 5-1 no final, com o regressado David Villa (bem-vindo sejas, o mundo do futebol tinha saudades!) a completar a goleada. Catalães começam já em vantagem sobre o rival de Madrid...
6. Deslize dos rapazes de Mou. Quem não começou o campeonato lá muito bem foi o Real Madrid. 1-1 em casa contra o Valência (Higuain; Jonas). Primeira parte morna, segunda de grande domínio dos madridistas, sem ter, no entanto, a eficácia desejada. Ronaldo sofreu com a implacável marcação dos companheiros de Selecção João Pereira e Ricardo Costa (lia ontem na Marca que ele até parece ter-se sentido intimidado com a presença dos colegas e amigos do outro lado...). Uma má estreia, apesar de tudo, perfeitamente recuperável no que resta da época.
7. Quinta-feira, 21h30, a não perder: Barcelona-Real Madrid, 1ª mão da Supertaça de Espanha. Primeiro grande duelo entre rivais da nova temporada. Pode ser a Supertaça mas não deixa de ser um Barça-Real...
8. Péssimo Liverpool. Inexplicável. Ou talvez não. Mais um ano, novo treinador, a máquina até parecia quase calibrada mas o L´pool perde 3-0 na estreia da Premiership contra o West Bromwich Albion. Razões? Sobretudo a falta de um jogo constante (vive muito dos fogachos de um individualista Suárez) e o descalabro defensivo. Muito trabalho ainda para Brendan Rodgers.
9. Fellaini é uma maravilha. Se houvesse uma eleição para as 7 maravilhas do futebol actual podia, com um bocado de sorte, incluir o belga do Everton Marouane Fellaini (e não era pelo cabelo estilo afro, não senhor). Ele é uma espécie de faz-tudo na equipa dos toffees (sim, caramelos! A origem desta designação deve-se à Mother Noblett´s Toffee Shop, loja de doces próxima de Goodison Park e que, diz-se, em dias de jogos vendia um rebuçado de menta chamado "Everton Mint"...). Ataca, defende, é o carregador de piano da equipa. Ah! E fez o golo da vitória sobre o Manchester United, ontem à noite, na mítica casa do Everton (Goodison Park, inaugurado em 1892, também conhecido como Grand Old Lady). Um cabeceamento imparável a derrotar um United, que apesar dos novos reforços, não se conseguiu impor de forma alguma a um excelente Everton.
10. NEC-Ajax, 1-6. Acho que não é preciso dizer mais nada, pois não? Mas digo: isto mostra o que é o futebol holandês. Uma equipa com uma defesa ao nível do Infesta (o Infesta me perdoe a comparação com este tal NEC Nijmegen) e outra, claramente mais forte, a destilar talento através das botas de talentos como Eriksen, De Jong ou o jovem sueco Sana.

sábado, 18 de agosto de 2012

La Liga (antevisão): Uma liga espanhola com toque lusitano


















O "show" começa este sábado! A Liga Espanhola abre portas a uma nova época, que se espera idêntica às anteriores: Real Madrid e Barça na "pole-position" pelo título, Valência, Atlético de Madrid, Ath. Bilbau, Sevilha, Málaga e mais algumas possíveis surpresas a lutarem pelos lugares que restam de acesso à Liga dos Campeões.

La Liga tem perdido um pouco do entusiasmo de outras épocas. Outrora víamos equipas como a Real Sociedad, o Valência, o Deportivo ou o Atlético de Madrid, entre outras, a ombrear com os dois gigantes pelo título. Hoje o cenário é, porém, bastante diferente. No entanto a Liga de nuestros hermanos não deixa de ter vários pontos de interesse.

Obviamente que o maior deles é a luta entre as duas maiores e melhores equipas da actualidade: Real Madrid e Barcelona (a ordem de quem seja a melhor fica ao vosso critério e gosto). O campeão de los 100 puntos procura revalidar o título, numa época com poucas novidades (até ver...) no plantel. Kaká arrisca-se a não sair e Modric e Witsel continuam à espera na porta de entrada. Este ano vai ser um ano de pressão para a equipa de José Mourinho. Na pré-época boas indicações (excepto na Luz, com aquele misto de titulares, suplentes e jogadores do Castilla). Há muita expectativa em torno desta equipa depois de ano tão fantástico. Aguentará o Real novamente a pressão do rival catalão? Acredito que pode sagrar-se bicampeão, se as coisas resultarem tão bem como no ano anterior. Se voltar a vacilar em determinados jogos e nos confrontos com o Barça, pode muito bem não arrecadar o ceptro. Claramente tarefa de gigante para CR7 e companhia.

Quanto à equipa vice-campeã poucas dúvidas: a estrutura é a mesma e ainda acrescentaram um excelente lateral-esquerdo (o ex-valencianista Jordi Alba). Há novo treinador na casa catalã, Tito Vilanova, ex-adjunto de Pep Guardiola, retirado, entretanto, para um período sabático (ou não...). Tacticamente quase nada se altera. 4x3x3 é a norma. A nuance será o facto de Vilanova não apostar no 3x4x3 como Pep fez algumas vezes o ano passado (nem sempre foi bem sucedido, diga-se). Portanto, provavelmente teremos mais um ano de magia de Messi, Iniesta, Xavi e companhia. Resta saber se voltam aos títulos realmente importantes (Liga e Champions) ou se passam novamente um mau bocado...

E depois surgem os "outros". 18 equipas que procuram diferentes objectivos mas quase todas cientes de que um parece ser impossível: discutir o título com madridistas e culés. Das restantes equipas, porém, há várias que saltam à vista: o Valência encabeça essa lista, claramente. Tem sido a equipa mais consistente dos últimos anos no campeonato dos "outros". Vai somando posições europeias, nomeadamente no 3º lugar, o que permite a disputa da Champions League. Esta época tem novo treinador (o ex-jogador Mauricio Pellegrino), o que pode também mudar a motivação dos jogadores. Pellegrino é um homem da casa e pode fazer bom trabalho. A equipa deverá alternar entre o 4x4x2 e o 4x2x3x1. Jogadores como Soldado, Jonas ou Gago podem fazer a diferença. Feghouli pode confirmar-se definitivamente esta época. Falta, no entanto, colmatar uma saída: a de Jordi Alba. Mathieu não dá muitas garantias no lado esquerdo da defesa. Até dia 31, tudo em aberto, portanto...

Depois surge mais uma equipa que me parece capaz de atingir a 3ª posição esta época. Falo-vos do campeão da Liga Europa, Atlético de Madrid. Apresenta um conjunto sólido, sem alterações de relevo relativamente à última temporada. Além disso, ainda acrescentou três bons e experientes jogadores (Cristian Rodríguez, Emre e Cata Díaz), a custo baixo, mais o jovem promissor Óliver Torres, que aos 18 anos promete mostrar-se como uma das revelações de La Liga. Portanto, Simeone pode trabalhar tranquilamente e ter expectativas de que este pode ser um ano bem sucedido para os lados da ribeira de Manzanares.

Entretanto, surgem os candidatos a surpresa e aos lugares europeus. Uma equipa que, caso não se registem saídas de relevo, pode surpreender é o Sevilha. Com o ex-futebolista Michel no banco, a equipa andaluz apresenta um conjunto saudável e uma táctica (4x3x3) e uma filosofia muito semelhante à do Barcelona. Reforçou-se bem com Botía e Cicinho para a defesa, Hervás e Kondogbia para o meio-campo e ainda o excelente guarda-redes, ex-Villarreal, Diego López. E depois mantem unidades como Jesus Navas, Negredo ou Reyes, o que acrescenta um potencial ofensivo assinalável. Poderá ser um grande ano para os sevilhistas.

Ainda pelo Sul, surge uma incógnita. Envolto em problemas financeiros e graves e sem parte dos jogadores influentes que o ano passado levaram a equipa ao 4º lugar, o Málaga procura realizar, pelo menos, uma época tranquila. Para já sem reforços e só com 19 jogadores no plantel, Manuel Pellegrini vai ter, seguramente, vida dificil. Vida difícil poderá, quem sabe, esperar o Levante e o Osasuna esta época. O ano passado surpreenderam pela positiva. No entanto, o Levante sem Koné no ataque e o Osasuna sem o maestro Raul García (entretanto regressado ao Atlético de Madrid) podem sentir algumas dificuldades. Ainda assim, especialmente o Levante, mantém uma estrutura interessante, em ano de Liga Europa.

Dentro dos candidatos europeus do ano passado surge também o mítico Athletic Bilbau, envolto em problemas internos. Depois da questão-Bielsa, vê-se confrontado com as iminentes saídas das estrelas-maiores do plantel, Javi Martínez e Fernando Llorente. Vida difícil para o vice-campeão da Liga Europa se estes dois saírem.

E faltam outras equipas, sempre interessantes: o Maiorca de Joaquín Caparrós, o Espanyol, agora com Simão Sabrosa no plantel e o aportuguesado Deportivo da Corunha (Nélson Oliveira, André Santos, Roderick, Bruno Gama, Evaldo, Diogo Salomão, Pizzi e Zé Castro). Muitas expectativas também em torno dos históricos Bétis e Real Sociedad. Que comece o show e que viva uma Liga espanhola cada vez mais lusa também!

Premier League (antevisão): Começa a melhor Liga do Mundo!



















Começa também este fim-de-semana aquele que, para muitos, pode ser considerado o maior espectáculo futebolístico do Mundo. Falo-vos, não de um Campeonato do Mundo ou da Europa, mas sim da Premier League. Mesmo que não tenha o dramatismo da época passada (com o título literalmente resolvido a 30 segundos do fim), podemos estar sempre à espera de grandes duelos e de muita emoção e bom futebol.

Fica aqui a minha análise às equipas e às respectivas expectativas para a nova temporada:

Candidatos ao título: Parece-me que duas equipas saltam à vista nesta luta em particular. Em primeiro lugar, o campeão Manchester City, como detentor do ceptro tem a obrigação de o defender aguerridamente. O único reforço até agora foi o excelente médio do Everton Jack Rodwell. De resto, não tivemos mais movimentações, tanto de entradas como de saídas (excepto as pouco relevantes saídas de David Pizarro e Vladimir Weiss para Itália). Há, portanto, enorme expectativa em torno de uma equipa semelhante à da época passada, que, em determinados momentos, jogou um futebol harmonioso e capaz de ser admirado pelo mais céptico dos adeptos.

A outra equipa que salta à vista é, obviamente, o Manchester United. E que bem apetrechada está a formação de Ferguson para este ano. Depois de ter garantido bem cedo o talentoso playmaker japonês Shinji Kagawa (ex-Borussia Dortmund) e o promissor médio-atacante inglês Nick Powell (18 anos, ex-Crewe Alexandra, custou 7,5 milhões de euros), chegou-se à frente esta semana pelo melhor jogador da Premier League na época passada: Robin Van Persie. Por uma quantia de 30 milhões de euros, o United assegurou o portentoso avançado holandês de 28 anos, que já estava farto de nada ganhar com o Arsenal de Londres. Kagawa e Van Persie, uma dupla de sonho que se vai juntar a outros prodígios como Rooney, Nani, Young, Chicharito Hernandez ou Valencia. Mais os habituais Ferdinand, Vidic, Evra, Jones ou Rafael atrás, a coisa promete este ano. Uma fantástica equipa, um investimento milionário. Será que vai resultar?

"Outsiders": Nesta lista coloco o Chelsea e o Arsenal, se bem que tenha grande vontade de colocar também o novo Liverpool de Brendan Rodgers. As duas equipas de Londres apresentam-se sempre como possíveis aspirantes ao título. Os blues, campeões da Europa e vencedores da prestigiada Taça de Inglaterra, entram para esta época com vontade de mostrarem algo mais em termos internos do que na última época (recordo que o Chelsea ficou em 5º lugar e só a vitória na Champions lhes salvou um lugar na maior competição europeia de clubes). Este ano apresentam dois craques fantásticos, Eden Hazard, recrutado por 40 milhões de euros ao Lille, e Oscar, médio-ofensivo brasileiro contratado ao Internacional de Porto Alegre, que prometem deliciar as bancadas de Stamford Bridge com o seu futebol tecnicamente requintado. Eles são, claramente, a par de Mata, o ponto de maior entusiasmo numa equipa, que sob o comando de Roberto Di Matteo, se mostrou excessivamente defensiva. Acho que pouco vai mudar na equipa. Torres volta a ganhar estatuto de titular, com a saída de Drogba, e pouco mais. A forte estrutura defensiva mantém-se, o que é uma notícia de extrema importância para o defensive coach da equipa do bairro de Chelsea.

Quanto ao Arsenal, expectativas para ver como reage à perda de mais um grande jogador da geração pós-Henry (a tal geração, que mesmo apresentando alguns talentos, nunca conseguiu ganhar nada de relevo). Depois de Fabregàs, Nasri ou Arshavin, agora foi a vez de Van Persie sair (com a agravante de ter sido para um grande rival...). Saída que pode vir a ser dramática se não for bem colmatada. Falta ainda, a esta equipa, um bom médio-centro, ou um organizador de jogo (vulgo nº 10), um lateral-esquerdo e um avançado à altura do holandês que "traiu" o clube. Acho que os 30 milhões de Van Persie chegam para cobrir as 3 posições em falta. De resto, até acho que o Arsenal se reforçou melhor que em outras épocas. Os três únicos reforços são realmente de grande qualidade: Santi Cazorla, Lukas Podolski e Olivier Giroud. Mas, apesar de tudo, não são ainda suficientes. Até dia 31, veremos se aparecem novidades. Para o meio-campo Nuri Sahin, M´Vila (que grande reforço seria!) e Cheick Tioté já foram alvitrados como hipóteses. Para o ataque, Llorente e Lewandowski são dois nomes de peso. Qualquer um deles encaixaria muito bem. Ainda assim, sem a excelência e a preponderância do craque holandês que agora partiu rumo ao Norte.

Candidatos à Champions: Liverpool e Tottenham. Parece-me certo que ambas as equipas vão aparecer prontas para a luta esta época. Gosto deste Liverpool. Vi-os em acção por 3 vezes nesta pré-temporada, em dois jogos particulares, frente a Roma e Bayer Leverkusen e na 2ª mão da 3ª pré-eliminatória da Liga Europa, frente aos bielorussos do Gomel. Parecem-me que as ideias de futebol apoiado e com muita posse de Brendan Rodgers estão a ser apreendidas de maneira progressiva e, para já, positiva. A equipa respira saúde e parece que todos os jogadores estão na posição certa e a jogar num ambiente de grande familiaridade. Gerrard e Suárez, sobretudo estes dois, uma sociedade que promete recuperar o Liverpool de outrora. Além do mais surgem na equipa outros elementos de grande qualidade: o médio-centro Lucas, os excelentes laterais Glen Johnson (falei nele após o Euro como um dos melhores do Mundo) e José Enrique, além dos reforços Fabio Borini, Joe Allen e Assaidi (ainda poderá chegar Nuri Sahin). A onda red está a crescer e é indesmentível que entusiasma...

Depois surge a turma de White Hart Lane, agora orientada por André Villas-Boas. O técnico português tem a difícil tarefa de levar o clube à Champions League, depois da frustração da época passada (a equipa conseguiu uma posição de acesso ao "play-off", mas a vitória na Liga milionária do Chelsea relegou-os para a Liga Europa). Para esta época, além do novo manager, surgem também reforços bem interessantes: o defesa belga, ex-Ajax, Jan Vertonghen e o talentoso médio islandês Gylfi Sigurdsson, recrutado ao Swansea City. Falta, no entanto, resolver a questão-Modric e tentar arranjar alternativas a Jermain Defoe (único ponta-de-lança do plantel neste momento). E é bom que AVB, como é conhecido em Inglaterra, tente gerir estas questões da forma mais rápida possível. É esperar para ver...

Candidatos à Liga Europa: Para esta lista surgem, para mim, o Newcastle de Papiss Cissé e Demba Ba, o Everton, agora reforçado com Pienaar e Naismith e o Fulham com os craques Petric e Rodallega como reforços fortes para o ataque. Estas 3 equipas parecem-me as mais sérias candidatas a um lugar europeu.

Possíveis surpresas: Sunderland de Martin O´Neill é sempre um excelente candidato. Tem jogadores experientes (Sessegnon, Brown, Richardson...), jovens promissores (Wickham, Frazier Campbell, Dong-Won Ji) e reforçou-se com Carlos Cuellar, para a defesa, e Louis Saha para o ataque. Depois temos o Queens Park Rangers, reforçado com unidades de grande valor como Bosingwa, Fábio, Park-Ji Sung ou Hoilett. Tem plantel suficiente para surpreender. Depois importa também perceber se Norwich e Swansea mantém a forma da época passada e se os regressados da 2ª Liga ( Reading, Southampton e West Ham) conseguem sobreviver.