terça-feira, 9 de outubro de 2012

Notas curtas (porque o tempo, infelizmente, é escasso) do fim-de-semana: De um génio cafetero até aos Canhões de Cazorla passando por um duelo de ET´s

1. Melhor que Madjer? Jackson! Para todos os amantes de futebol e, em particular, os portistas, o nome Madjer significa muito mais que um jogador brilhante, que marcou uma geração. É um sinal, significado de genialidade, associado ao maravilhoso calcanhar que ajudou o Porto a vencer a Taça dos Campeões Europeus de 87, em Viena. Pois bem, domingo à noite, o Porto revisitou o passado, ainda que mais sublime. Corria o minuto 10 do FCP-Sporting: Danilo a meio do meio-campo leonino assiste com passe bem medido  o colombiano Jackson Martínez. E este, o que faz? Segura com classe, com o joelho, e de repente, sublime, puxa de um remate de calcanhar fabuloso, no ar, qual artista de circo. Golaço, um autêntico regalo para a vista. Meus amigos, por muitas histórias que este campeonato possa ainda vir a ter, esta será uma das mais marcantes, seguramente.
2. E que tal o Porto-Sporting? Foi tacticamente interessante, sem grandes riscos assumidos pelo FC Porto e muito menos pelo Sporting. Primeiros 15 minutos dos dragões foram muito fortes, depois lesão de Maicon fê-los abrandar. Na segunda parte continuou o domínio, com ocasiões aqui e ali, mas sem o brilho da vitória (1-0) sobre o PSG a meio da semana. Os melhores? Otamendi, o inevitável Jackson e João Moutinho. Por esta ordem. Do lado leonino, só Izmailov, o génio solitário, a mexer um pouco com as águas. Mas num turbilhão de dúvidas e num mar de instabilidade seria difícil pedir mais ao Sporting.
3. Sevilha,1982-Braga,2012. Mais de 30 anos separam estas duas maravilhosas cidades e maravilhosos momentos que lá aconteceram. A 8 de Julho de 1982, no estádio Sanchez Pizjuán, defrontavam-se as selecções da Alemanha Ocidental e da França. Meias-finais do Mundial de Espanha. Ambiente incrível, num jogo entre duas constelações de estrelas: de um lado, o alemão, Rummenigge, Breitner, Littbarski, Fischer ou Schumacher; do outro, Platini, Rocheteau, Giresse, Six ou Amoros. Dia 7 de Outubro de 2012 (quase num dia 8, também), no Estádio AXA em Braga. Braga-Olhanense, 6ª jornada da Liga Zon Sagres. De um lado, Rúben Micael, Éder, Alan ou Hugo Viana; do outro, Ivanildo, Abdi ou Yontcha. E o que têm em comum estes dois encontros, tão distantes no tempo e na diferença dos génios? Um marcador imprevísivel, feito de muitos e bons golos e de absoluta incerteza quanto ao desfecho final. Diferença decisiva: em Sevilha teve direito a prolongamento, como meia-final de Mundial que era. 3-3 foi o resultado no fim desses maravilhosos 120 minutos (davam um livro, com golos, picardias e até uma lesão arrepiante...). Em Braga foi só mais um jogo de campeonato. Mas terminou 4-4, em 90 minutos! Um hino ao golo e à emoção, difícil de encontrar na nossa Liga. Olhanense esteve a vencer por 0-1, 1-2,1-3 e 2-4 e deixou-se empatar por um valente Braga. Deixo aqui o meu agradecimento pelo espectáculo. Aos de hoje pela recordação dos de há 30 anos.
4. ET já não é só um e não anda de bicicleta...são dois e jogam à bola. Voltamos a 1982 (este belo ano, quiçá o melhor dos 80´s), o ano em que um génio chamado Steven Spielberg decidiu criar um filme sobre a visita à Terra de um ser alienígena. O ser foi adoptado e criou uma amizade com uma criança de 10 anos, que o viria a salvar no fim da história. E o que isto tem a ver com futebol, perguntam vocês? Desde esse momento, aqueles fenómenos sobrenaturais que aparecem em forma de ser humano passaram a ser conhecidos por "extraterrestres" ou de "outro planeta". Duas expressões que se equivalem e que foram utilizadas por dois treinadores nesta última semana. Primeiro Jorge Jesus, que se referiu a Leo Messi como "extraterrestre", no rescaldo de uma inevitável derrota contra o Barça para a Champions (2-0). Depois José Mourinho, que falou deste mesmo Messi e do seu Ronaldo como seres de "outro planeta", acrescentando que devia ser proibido dizer quem era o melhor do mundo. Esta última surgiu no rescaldo de mais um grandioso encontro de craques, entre Barcelona e Real Madrid. 2-2 foi o resultado final em Camp Nou. Messi marcou dois para os catalães, respondeu na mesma moeda o português para os madridistas. Dois extraterrestres na Terra, criação real, não-fictícia, mas que nos faz pensar, quando os vemos, se não teremos entrado num filme sem termos dado conta de tal. Continuo a dizer que iremos agradecer aos deuses  termos a oportunidade de ver tão belo e estonteante duelo por mais anos.
5. West Ham vs Arsenal. Os ingleses têm uma expressão magnífica para definir o impagável ou o inestimável: priceless. Essa palavra vem-me a cabeça sempre que vejo um jogo do West Ham em casa. Quando me vêm com a conversa que os hammers vão mudar de estádio nem quero acreditar. Perder-se o ambiente do mítico Upton Park e o seu magistral Forever Blowing Bubbles é algo que empobreceria, e de que maneira, a Premier League. Pelo menos por enquanto, as bolhas continuam a rebentar em Boleyn Ground. Este último fim-de-semana assisti ao West Ham-Arsenal. Foi o jogo da jornada que me despertou mais curiosidade. Frente a frente, duas boas equipas deste início de época inglês, com estilos e formas de pensar o jogo bem diferentes. Um West Ham mais raçudo e directo contra um Arsenal mais dominador e esteticamente mais interessante. Assim foi o jogo no primeiro tempo, com 1-1 no marcador. Diamé, em grande lance individual, fez o golo para o West Ham; para os arsenalistas, bom desenho no golo: recuperação no meio-campo ofensivo, de Giroud, a lançar Podolski na esquerda, sendo que este devolveria para o francês matar na área. Resultado aceitava-se embora o Arsenal pudesse ter feito melhor no capítulo da finalização. No segundo tempo, por paradoxal que possa parecer, a equipa da casa entrou disposta a ter mais bola e a criar boas ocasiões. No entanto, com a entrada de Walcott e com o génio de Santi Cazorla a soltar-se em definitivo (jogador incrível, fez uma exibição de grande nível), os gunners deram a volta, em contra-ataque (por Walcott) e com um remate colocado, fenomenal, do génio espanhol atrás referido. Quanto ao West Ham, apesar da boa vontade mostrada no início do 2º tempo, faltou o golo. Aproveitou um Arsenal, fortíssimo nas transições e que com o trio Cazorla-Ramsey-Podolski mais o suplente de ouro Walcott pode fazer estragos esta época. Grande jogo e tarde muito bem passada a ver o melhor futebol do Mundo!

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