terça-feira, 13 de novembro de 2012

5 apontamentos sobre o fim-de-semana da Liga Zon Sagres: De um renovado Sporting ao Rio Ave passando por uma mudança de velocidade

1. Finalmente Sporting... Depois de 2 vitórias em 15 partidas oficiais e tantas exibições desprovidas de talento, trabalho, rigor e objectividade, o Sporting voltou a jogar com sentido. E o que significa este conceito de jogar com sentido? Em especial na 1ª parte, vimos uma equipa do Sporting bastante personalizada, estabilizada tacticamente, a pressionar após a perda de bola e a procurar jogadas rápidas de entendimento, resultado da criatividade, talento e velocidade dos homens mais adiantados. Foi um Sporting sem dúvida mais destemido. Ainda não se segura sob pressão (como se viu no segundo tempo) mas para lá caminha. Esta vitória foi a ideal. Depois da derrota em Setúbal e do empate, já no fim, frente ao Genk, acho que, ainda assim, soube melhor voltar às vitórias num jogo deste nível, contra um adversário directo na luta pelo 3º lugar. Excelente vitória, com golo de Van Wolfswinkel (apesar das críticas, ele continua a evoluir e a marcar...). Grande exibição do jovem Eric Dier, do qual eu falei na semana passada. Cruzou para o golo e mostrou muita maturidade. Também Xandão, Elias e Capel estiveram em grande. O melhor? Rui "São" Patrício, autêntico guia espiritual e líder deste leão.
2. Peseiro não treinou o Braga por 45 minutos... Estranho o Sporting de Braga da 1ª parte do grande duelo de ontem: lento na construção, pouco objectivo e a perder muitas bolas na 1ª zona de construção. Não foi um Braga "à" Peseiro. Na 2ª parte sim, vimos um Braga melhor, mais acutilante, com Viana e Micael mais livres para construir, em especial depois da entrada de Hélder Barbosa. Também Alan se destacou neste período, tendo marcado um golo (anulado) e enviado uma bola ao poste. Mas o desastre esteve na primeira parte, da qual sai outra conclusão: sem Custódio, a equipa não se sente tão tranquila na transição, perdendo equilíbrio e muitas bolas para o adversário...
3. No futebol, a segurança está na velocidade... No século XIX, o ensaísta norte-americano Ralph Emerson concluiu que na patinagem sobre o gelo, a segurança está na velocidade. Apraz-me dizer que, no século XXI, no futebol, a segurança está na velocidade. Acho que esta metáfora é perfeita para descrever a chave da vitória do FC Porto, domingo, em casa, frente à Académica de Pedro Emanuel (2-1). A segurança da vitória portista ficou confirmada a partir do momento em que a equipa decidiu acelerar o jogo e os génios se soltaram. Os dois golos, primeiro de James e depois de João Moutinho (remate fantástico, após jogada colectiva sublime, à Porto das grandes noites), foram a confirmação óbvia dessa mudança de ritmo que os dragões impuseram à partida. Perante uma Académica muito bem arrumadinha a nível táctico mas curta em termos ofensivos faltava meter uma mudança na velocidade ofensiva. Tudo mudou, de facto. Moutinho, correcto mas sem alaridos nos primeiros 45 minutos, logo se revelou genial. James, algumas vezes preso de movimentos no primeiro tempo, soltou todo o seu génio e cardápio de regates e passes. Mas para mim é indisfarçável que há outros dois elementos fundamentais na manobra portista, neste momento: o central Otamendi, autêntico patrão da defesa, dos melhores na sua posição a jogar em antecipação e o ponta-de-lança Jackson, que não marcou ontem (incrível!) mas que apoiou imenso os seus companheiros de ataque, além dos espaços que ajudou a abrir, em especial no segundo tempo.
4. Matic, o elemento mais importante. Muito se questionou sobre o que seria feito do meio-campo do Benfica sem Witsel e Javí Garcia. Para já, pelo menos em termos internos, a resposta tem sido francamente positiva. Muito por culpa da evolução de um jovem trinco, cada vez mais jogador e mais influente no "onze" encarnado. Falo-vos de Nemanja Matic. O médio-defensivo sérvio tem realizado boas partidas, com especial incidência para o jogo deste fim-de-semana em Vila do Conde (vitória do Benfica, 1-0). Recuperou imensas bolas, batalhou muito (até se excedeu num lance, em que viu amarelo), subiu até à área contrária para fazer uso do seu 1,94 m e até apareceu a cruzar com qualidade. Quase omnipresente. Grande partida de Matic. Falta-lhe sair mais a jogar mas a médio "tampão" tem cumprido e de que maneira!
5. O belo Rio que corre nas margens do Ave. Há mais um belo Rio Ave, além do rio físico, aquele que nasce lá no alto de Portugal, na serra da Cabreira e desagua precisamente a sul de Vila do Conde. Obviamente me refiro ao Rio Ave FC, equipa que para já tem sido das grandes surpresas da edição 2012/2013 da Liga Zon Sagres. Treinada pelo ex-guarda-redes Nuno Espírito-Santo, a equipa vilacondense tem-se mostrado bastante personalizada, sendo capaz de colocar em apuros qualquer equipa, desde as mais humildes até aos "grandes" (ganhou em Alvalade, empatou o Porto em casa e perdeu, pela margem mínima, em casa, contra o Benfica). Como disse Nuno, no final do encontro deste fim-de-semana, o " Rio Ave jogou olhos nos olhos com o Benfica". Assim foi, na verdade. Após uma primeira parte de dificuldades perante um Benfica pressionante, logo se soltaram laivos de bom futebol da equipa do Ave, no segundo tempo. Em 4x2x3x1 (ou 4x3x3, dependendo das circunstâncias de jogo), o Rio Ave pressionou mais, desenvolveu jogadas em apoio, de pé para pé, tentando sair desde o seu último reduto. João Tomás, Vítor Gomes ou Tope Obadeyi (atenção a este nigeriano, ex-Bolton. Suplente habitual, é muito explosivo e dinâmico, faltando-lhe só uma melhor definição dos lances) chegaram a estar perto do golo. Poderia ser justo. É certo que o Benfica criou mais ocasiões, rematou mais e teve uma boa 1ª parte. Mas terminou a defender, com Jesus a trocar Lima por Miguel Vítor. Acabou quase exausto e fechadinho, num jogo de posse repartida (50% para cada lado). Destaques individuais? O benfiquista Oblak na baliza (muito futuro, excelentes reflexos), o lateral-esquerdo Edimar (bem nas subidas e a fechar) e os médios Tarantini e Felipe Augusto (mistura de experiência e juventude que combinam na perfeição).


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