terça-feira, 2 de setembro de 2014

Decálogo do fim-de-semana futebolístico internacional

1. A estreia em grande do Super-Pippo. Boas entradas na Serie A para o renovado AC Milan. A equipa, agora orientada pelo ex-goleador Filippo Inzaghi, fez uns 65 minutos iniciais bastante interessantes, movendo-se num 4x3x3 de muito trabalho ao meio e criatividade e velocidade na frente. Jo gando com uma espécie de falso 9 (Ménez) ao centro, o Milan teve critério e profundidade nas saídas, sendo que o francês se foi coordenando bastante bem com Honda e El Shaarawy. Na fase final, os rossoneri sofreram com a pressão da Lazio, entretanto reforçada com as entradas de Felipe Anderson e Djordjevic, mas conseguiu aguentar o 3-1 até ao derradeiro apito do árbitro. Para já, as sensações foram, em termos gerais, positivas.
2. Roma, candidata ao Scudetto. Quem também entrou em grande estilo foi a Roma de Rudi Garcia, com um sólido triunfo sobre a Fiorentina (2-0), no jogo grande da jornada. Apesar de terem sofrido algo nos últimos 45 minutos, os giallorossi mereceram completamente a vitória, mostrando uma cadência de jogo interessante em alguns períodos do encontro. Mantém-se o 4x3x3, com um trio muito sólido no meio-campo (De Rossi, Nainggolan-Pjanic, todos com capacidade para aparecer na segunda linha e até arriscar o remate) e uma frente que impõe respeito e que possui bastante velocidade, embora não esteja ainda totalmente calibrada (Iturbe-Totti-Gervinho). Com o nível superior do plantel e a sagacidade táctica do seu treinador, são claros candidatos ao título italiano.
3. O eterno Di Natale. Os anos passam, mas um jogador parece querer ficar para sempre (literalmente) na Serie A. Falo, naturalmente, de Antonio Di Natale. O ano passado bem tinha pré-anunciado uma espécie de reforma mas a vontade de jogar falou mais alto. Logo a abrir a época, fez os dois golos que valeram a vitória da Udinese sobre o Empoli. E vão 194 golos no principal campeonato de Itália, números absolutamente escandalosos para um só jogador...
4. Espectacular Everton-Chelsea. Foi um dos melhores jogos de todo o fim-de-semana, quiçá de toda a época. Um jogo aberto, feito de emoção e de um desejo louco de golos acima do habitual discernimento táctico exigido pelos treinadores. Grande arranque do Chelsea, com dois golos nos primeiros 5 minutos, aos quais os toffees foram respondendo progressivamente, com bom futebol e oportunidades (sempre com Coleman e Naismith em destaque). No segundo tempo, o jogo virou louco e as oportunidades sucederam-se em catadupa até chegarmos a um impensável resultado final de 3-6. O facto do Everton ter desligado do ponto de vista defensivo, aliado a uma eficácia notável da equipa de José Mourinho, valeu um espectáculo muito digno e bonito mas certamente dramático para os técnicos das duas formações!
5. Desesperante Man.United. Não tem fim à vista a saga de maus resultados do Manchester United. Apesar dos fantásticos reforços de última hora, o plantel parece-me desequilibrado. No último sábado, na estreia a titular do sonante Di María, os red devils não foram além de um empate no terreno do modesto Burnley. É um facto que jogar em Turf Moor não pode ser considerado fácil mas a equipa de van Gaal mostrou várias debilidades, sobretudo ao nível da saída de bola, do ataque organizado, da construção de jogo e da organização/transição defensiva. O inovador 3x4x1x2 não foi, nem de perto, nem de longe, assimilado pela equipa e a coisa pode levar ainda o seu tempo...
6. Um Liverpool pujante. Depois do 0-5 da última temporada em White Hart Lane, o Liverpool voltou a realizar mais uma grande empresa no estádio do Tottenham. Desta feita, marcou menos 2 golos, é certo, e não foi tão superior como nessa ocasião, mas tendo em conta a diferença de circunstâncias (o Tottenham era um dos líderes à partida para esta jornada...), acabou por ser um feito. Um Liverpool eficaz, muito móvel no ataque e com um jogo exterior excepcional (Alberto Moreno!), soube inclusive aguentar os deslizes da nova dupla Lovren-Sakho e saiu imaculado de um campo bem complicado. Do outro lado, os spurs pareceram resignar-se a partir do momento em que sofreram o terceiro golo e perceberam que aquela não era a tarde deles. Era de Brendan e dos seus rapazes (uma vez mais...).
7. Quem tem Ibra, tem tudo. Verdade inquestionável. Pode ser trintão, estar a caminhar para a fase descendente da carreira, mas não deixa de ser um dos melhores do Mundo, na actualidade. O melhor, pelo menos acima do 1,90m, parafraseando o famoso comentador Luís Freitas Lobo. O PSG nem estava a fazer um grande jogo frente ao Saint-Étienne, mas quando o sueco (em parceria com um desastrado Stéphane Ruffier) decidiu pegar na bola, tudo mudou. E lá foram os bicampeões lançados rumo a um fácil 5-0, quase sem dar por ela...
8. A potência ofensiva de Roger Schmidt. Para já, grande arranque de temporada para o Bayer Leverkusen, somando por vitórias todos os jogos oficiais disputados até aqui. Uma equipa que vai procurando ainda o melhor equilíbrio atrás mas que à frente tem uma qualidade e uma diversidade de opções absolutamente extraordinária. O talento de jogadores como Bellarabi, Çalhanoglu ou Son, junto à eficácia e trabalho de Kiessling ou a irreverência do jovem Brandt podem elevar esta equipa para patamares muito altos. Neste momento, lideram a Bundesliga e estarão presentes na fase de grupos da Liga dos Campeões. O hábil Roger Schmidt, dono de uma filosofia que privilegia uma pressão alta e jogadas em velocidade, é o mestre de uma equipa que pode vir a surpreender muito durante esta época.
9. Hamburgo 0-3 Paderborn. Um dos resultados do fim-de-semana. A viver a sua primeira experiência no principal escalão do futebol alemão, o Paderborn pode para já sorrir. Com um plantel de baixo custo, a resposta tem sido bastante positiva, sendo que neste jogo ficou confirmado todo o potencial desta equipa. Vrancic, Kachunga ou Stoppelkamp são claramente nomes a acompanhar no que resta de Bundesliga. Fica a certeza de que nos vamos divertir com esta equipa, porque vertigem e golos não lhe têm faltado!
10. Boca e River, 3-1. Ambos passam por momentos diferentes na tabela, mas coincidiram nos números, na vitória e no bom futebol no último fim-de-semana. O Boca, na estreia de Arruabarrena, apareceu de cara lavada e bateu o Vélez na Bombonera, com direito a reviravolta. Acosta, Meli ou Carrizo brilharam, numa tarde/noite na qual o mítico estádio de Buenos Aires voltou, finalmente, a ver bom futebol. Parece ter passado, em definitivo, a depressão pós-Bianchi. Já o histórico rival do Boca, o River Plate, segue de vento em popa neste Torneio Transición, tendo ganho no terreno do campeão sul-americano, San Lorenzo. Tremenda exibição de Pisculichi, numa noite onde também Carlos Sánchez, Teo ou Rojas estiveram em plano de evidência. O River de Marcelo Gallardo é uma equipa dominadora, sólida com bola, segura no meio-campo pelo polvo Kranevitter (irá merecer um texto, num destes dias!), soltando as unidades mais criativas na frente. Atrás, tem estado sólida e o facto de conseguir recuperar, muitas vezes, em zonas mais adiantadas, permite que não passe por muitos apuros no sector mais recuado. Dois grandes rivais em latitudes diferentes na tabela, mas muito parecidos nas boas sensações deixadas nesta quinta ronda do campeonato.

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