terça-feira, 10 de dezembro de 2013

10 apontamentos do fim-de-semana de futebol internacional

1.  Alguns detalhes sobre o Arsenal-Everton. 90 minutos de beleza rara. Futebol de ataque puro, duas equipas extremamente competitivas e recheadas de jogadores brutais em termos ofensivos. O Everton controlou o 1º tempo, teve mais bola, embora as melhores ocasiões tenham pertencido ao Arsenal. Barkley fez uma exibição notável distribuindo jogo, sempre bem acompanhado por jogadores verticais como Mirallas ou Coleman. Na 2ª parte, porém, o Arsenal foi conseguindo pegar mais no esférico e impedia que o Everton pudesse desequilibrar mais facilmente. Mesmo sem o melhor Ramsey, os "gunners" conseguiram chegar à vantagem (por Ozil), isto depois de Wenger ter operado 3 substituições de uma assentada. Porém, do outro lado, havia mais que Barkley: Roberto Martínez (grande treinador, o seu Everton ainda só perdeu uma vez na Premier League) decidiu lançar Deulofeu e em boa hora o fez. O extremo cedido pelo Barcelona inventou o golo do empate e continua a provar que está destinado a ser uma das próximas estrelas do futebol mundial. O seu crescimento tem surpreendido tudo e todos, incluindo o próprio Bob Martínez (como é carinhosamente conhecido em Inglaterra o técnico dos toffees).

2. Terrível United e a força francófona do Newcastle. Confrangedor o momento do Manchester United, vigente campeão da Premiership. Duas derrotas seguidas em casa, primeiro contra o Everton e agora contra o Newcastle, fizeram disparar os alarmes em Old Trafford. O jogo frente ao Newcastle foi tudo menos bom: equipa teve intensidade de início mas foi uma nulidade em termos criativos. O défice acentua-se no meio-campo, onde a falta de um médio organizador se tem feito notar. Além do mais, há vários jogadores em mau momento de forma e outros, como van Persie, que regressaram de lesão recentemente e que ainda não estão na melhor forma. Do outro lado, impecável trabalho táctico da equipa de Alan Pardew. Com um meio-campo capaz de dominar a bola e com Cabaye em evidência, o Newcastle mereceu plenamente os 3 pontos conquistados em Old Trafford. Uma prenda antecipada de Natal para uma equipa com bastante potencial.

3. City envergonhado fora de casa... Como é possível uma equipa com tanto potencial, com um treinador admirado em todo o mundo e capaz de golear e destruir adversários poderosos (United e Tottenham que o digam...) em casa, ter tantos complexos a jogar fora de portas? É um mistério com o qual nos temos deparado esta época quando vemos jogar o Manchester City. Este fim-de-semana, no difícil terreno do Southampton, o vice-campeão inglês voltou a soçobrar. O encontro era dífícil, sim, mas o City ainda não conseguiu ultrapassar o complexo por completo. Os citizens até entraram bem e marcaram cedo por Aguero mas nunca conseguiram dominar o jogo. Excelente resposta de um aplicado Southampton, que mesmo sem Wanyama ou Schneiderlin, soube competir bem, graças ao trabalho de jogadores como Ward-Prowse, Lallana ou Cork, à profundidade do jovem Shaw na esquerda e ao génio de Pablo Osvaldo. Bom ponto para a equipa de Pocchetino, mais um passo em falso para os rapazes de Pellegrini.

4. Bruno Fernandes, a Udinese e um Nápoles irregular. Soberba exibição de um jovem português de 19 anos, no último sábado, no mítico San Paolo de Nápoles. Bruno Fernandes, formado no Pasteleira e Boavista, saído do Bessa para a Serie B italiana na última época (Novara foi o destino), marcou o primeiro golo no principal campeonato italiano e rubricou uma exibição completa. Jogando como interior-esquerdo na 2ª linha, aparecendo muitas vezes na ala e flectindo depois para dentro, buscando o seu pé direito, Bruno Fernandes desequilibrou, deu linhas de passe, tentou o remate e conseguiu fazer um chapéu notável ao guarda-redes Rafael. Jogador muito ágil e forte a atacar os espaços, destaca-se ainda nalgumas compensações defensivas. Foi ele uma das imagens fortes de uma Udinese jovem mas corajosa, que fez uma 1ª parte interessante, apesar de, de repente, ter ficado a perder por dois. Não baixou os braços e saiu de Nápoles com um ponto. Já os comandados de Rafa Benítez voltaram a decepcionar: dois golos sofridos na sequência de canto, dificuldades em controlar o jogo e, salvo alguns rasgos de Insigne, Callejón ou Higuaín, pouco mais fizeram. Inler e Dzemaili tiveram dificuldades em ganhar o meio-campo e a equipa ressentiu-se. Vários problemas que têm estado à vista de todos nos últimos jogos dos napolitanos...

5. Apaixonante Roma-Fiorentina. Num fim-de-semana de grandes jogos em todos os campeonatos, diria que alguns dos melhores estiveram em Itália. Este ano não falha: há cada vez melhores atacantes, propostas mais ofensivas, no fundo, os treinadores italianos estão mais abertos e há os estrangeiros, como Rudi Garcia, que chegam e logo colocam as suas equipas a jogar futebol de qualidade e de vocação ofensiva. O Roma-Fiorentina foi um jogo, geralmente, apaixonante, de muito ataque, sobretudo na primeira parte. Grande início dos giallorossi, com um Gervinho endiabrado. Logo, após 20 minutos de domínio romano, a Fiore foi repondo o equilíbrio, sendo que também aí houve um extremo a destacar-se (Cuadrado). Vargas empatou um marcador que havia sido inaugurado por Maicon e logo teve de ser, já no segundo tempo, um regressado (Mattia Destro) a resolver. Novamente, após jogada brilhante de Gervinho. Deste jogo, só guardo pela negativa a 1ª parte de Giuseppe Rossi (marcado por um implacável Benatia) e a exibição frouxa do criativo Pjanic. E basta.

6. O Inter e os fantasmas do passado. Época irregular tem tido o Inter. Não fossem os recentes deslizes do Nápoles e o 3º lugar não passaria de uma miragem. Porém, honestamente, alguém acredita que este Inter conseguirá chegar ao pódio? Muito difícil, a menos que se reforce bem no mercado. É que o treinador, Walter Mazzarri, é de topo. Porém, o plantel tem vários jogadores ainda a ganhar experiência e outros que já estão no fim das suas carreiras. Este fim-de-semana, empate caseiro contra o Parma de Donadoni (3-3) e mais uma exibição descolorida. Foi o 3º empate consecutivo na Serie A, num jogo marcado por um acumular de erros defensivos graves. O Inter, graças à pujança e técnica quase eterna de Palacio, bem apoiado por um Guarín de vocação mais ofensiva, lá vai marcando, mas concedeu muito atrás, foi permissivo e cada cruzamento era um "Ai Jesus" para os verdes centrais nerazzurri. Aliás, se há equipa que acabou mais perto de vencer o jogo foi o Parma (Cassano em bom momento, bem acompanhado por jogadores como Sansone ou Biabiany). Muito trabalho a fazer na casa interista.

7. Um Atleti bruto. Nem na Copa, a máquina pára. O Atlético de Madrid passeou em Sant Andreu (4-0) e ficou com o apuramento para os "oitavos" da segunda maior competição do futebol espanhol assegurado. Sim, porque milagres destes não acontecem. Nem irão acontecer alguma vez, penso eu (mas teriam a sua piada, sejamos honestos...). Apesar das poupanças, a equipa de Simeone partiu para cima do adversário e chegou a um cómodo 0-2 logo nos primeiros 20 minutos. Destacaria as exibições de Koke, sempre esclarecido na distribuição e organização de jogo e de um Arda Turan goleador (bisou nesta partida), sem esquecer Raúl Garcia, Villa e o jovem lateral-direito Manquillo, que fez uma exibição bastante completa. Uma máquina difícil de parar, porque a sua atitude competitiva é tremenda. Muito mérito para o Cholo Simeone.

8. BvB-Bayer Leverkusen. Decepcionante exibição do Borussia Dortmund, apesar das muitas ausências e das lesões que dois jogadores fundamentais sofreram neste mesmo jogo (Bender e Sahin saíram tocados). Do outro lado, um Bayer Leverkusen aguerrido, ordenado, compacto atrás e perigoso em contra-ataque, com destaque, mais uma vez, para o coreano Heung-Min Son (autor do único golo da partida). A equipa de Sami Hyypia já fugiu aos Schwartzgelben (alcunha dos de Dortmund), somando agora mais 6 pontos que a formação orientada por um Jurgen Klopp certamente em desespero. Não por duvidar das suas competências ou do seu plantel, mas sim pelas inúmeras lesões que vão afectando alguns dos jogadores mais importantes do vice-campeão europeu.

9. E o Spider-Enyeaman lá voltou a sofrer golos... Ao fim de 1035 minutos, Vincent Enyeama voltou a sofrer um golo na Ligue 1, golo esse, diga-se, bastante azarado (remate de N´Guémo e desvio em Kjaer). Depois de uma série de jogos extraordinários, o Lille quebrou na visita ao terreno de um competitivo Bordéus. O jogo foi interessante, com os da casa a tentar explorar as transições rápidas, jogando sempre de forma muito vertical. Surpreendeu a colocação inicial de Obraniak quase como um "falso 9", sendo que posteriormente ocuparam essa posição Jussiê e Saivet. Duelo interessante entre laterais-esquerdos africanos (Poundjé e Souaré), muito disponíveis e capazes de cruzar bem e um jogo bem disputado a meio-campo, com a linha N´Guémo-Sertic a aguentar bem Mavuba, Balmont ou Gueye. Jogo razoável do Lille, sem grandes chances, mesmo com mais um na última meia-hora (Poundjé foi expulso).

10. Albín, uma estrela a brilhar na Roménia. A fechar o périplo exclusivamente europeu deste fim-de-semana, uma análise a Juan Albín. O talentoso médio-ofensivo uruguaio, ex-Getafe e Espanyol, está agora no Petrolul, onde vem acumulando exibições de alto nível. No último sábado, frente ao Corona Brasov, ele e o português Filipe Teixeira desequilibraram a defesa adversária por completo, graças ao seu talento e qualidade técnica. Albín poderia estar perfeitamente a jogar numa liga de maior nível. No entanto, vê-lo no campeonato romeno faz-me pensar como este tipo de campeonatos médios precisam tanto de alguns jogadores de renome. São mais um factor de interesse, para lá das revelações que vão surgindo por lá (e são muitas!).




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