terça-feira, 11 de março de 2014

5 apontamentos do fim-de-semana de futebol internacional

1. Juve-Fiorentina: o primeiro round. No espaço de uma semana e meia, Juventus e Fiorentina defrontam-se por três vezes. A antecipar o duplo confronto nos "oitavos" da Liga Europa, estes dois velhos rivais do futebol italiano discutiram emocionante jogo na Serie A este fim-de-semana. A conclusão mais óbvia deste encontro é que a Juventus vai a caminho do terceiro scudetto consecutivo (ainda para mais com a derrota da Roma em Nápoles...), visto que conseguiu importante vitória (1-0). Esse parece um dado adquirido de facto, porém, houve outros bons apontamentos neste desafio: boa Juventus na 1ª parte, pressionando de forma efectiva, ganhando o meio-campo (mesmo sem Pirlo e com Vidal e Pogba em sub-rendimento) e obrigando a Fiorentina a um jogo mais directo, visando o perfil mais físico de Mario Gómez (marcado de forma soberba por Ogbonna). No entanto, a equipa de Conte esteve longe de brilhar no ataque e, na verdade, tanto Tévez como Llorente não dispuseram de muitas oportunidades. Faltava espaço aos campeões até que Asamoah, numa extraordinária acção individual, atirou à baliza e dali saiu um excelente golo. Após o intervalo, Montella mudou a cara da Fiorentina, colocando a equipa num 4x4x2 onde as movimentações interiores de Cuadrado e Vargas conseguiram causar o pânico numa desgastada defesa juventina. Com as entradas de Wolski e Matías Fernández, a circulação interior melhorou, a equipa tinha amplitude de jogo e só faltava mesmo a eficácia na frente. Ryder Matos, entrado para o lugar de Gómez, ainda enviou bola à trave, após bom cabeceamento, mas aquele não era o dia da Fiore. A Juve acabou a salvar boa vitória, tendo Conte colocado em campo jogadores Cáceres ou Isla para segurar o ímpeto contrário, numa altura em que os de Florença mandavam por completo e toda a estrutura bianconera tremia que nem varas verdes. Um jogo interessantíssimo, onde talvez a Fiorentina tenha feito o suficiente para merecer o empate. Deveriam ter sido mais eficazes...

2. De 0-0 a 4-0 sem fazer muito por isso... Esta é um pouco a história do Chelsea este fim-de-semana. A equipa de José Mourinho teve uma 1ª parte complicada perante um Tottenham organizado, bem estruturado de trás para a frente e capaz, inclusive, de ter mais bola dos que os blues. Hazard não aparecia, Lampard não dá a resposta de outros tempos em termos físicos e só em algumas situações de bola parada o Chelsea deu sensação de poder levar o cântaro à fonte. Na 2ª parte, tudo mudou a partir do momento em que Vertonghen (sim, foi mesmo ele e não Naughton...) decidiu oferecer uma chance de ouro a Eto´o que, naturalmente, não a enjeitou e colocou o Chelsea na frente do marcador, sem ter feito muito por isso. Depois disso, um pénalti duvidoso (expulsão de Kaboul e golo de Hazard) e mais dois erros tremendos a valerem outros tantos golos para o conjunto de Stamford Bridge (Demba Ba a bisar, triplicando o número de golos marcados até aí na Premier League). Digamos que o Chelsea pode ter tido a chamada "sorte do jogo" mas fez por isso. Não concedeu espaços atrás (não me lembro de uma única chance criada pelos spurs...), aproveitou erros alheios e foi eficaz. Assim se fazem os campeões... (PS: Se este Tottenham falha assim contra o Benfica, os comandados de Jorge Jesus vão-lhe chamar um figo...).

3. Será desta senhor Wenger?... Está tudo a jeito para o Arsenal vencer a FA Cup: o adversário nas semi-finais será o Wigan (apesar de vencedor desta competição, milita actualmente no Championship) e, se passar à final, defrontará o Hull City (da Premier League, mas longe de ser um tubarão) ou o Sheffield United (da League One, terceiro escalão do futebol inglês). Para chegar a Wembley, o Arsenal teve de derrotar o Everton de Roberto Martínez e fê-lo com um certo brilhantismo (4-1). Com Oxlade-Chamberlain a assentar arraiais no "onze" (finalmente!), o Arsenal foi uma equipa atrevida e incisiva desde início, estando o jovem inglês bem acompanhado por Ozil (de regresso às grandes exibições e marcando o 1º golo) e Santi Cazorla. Em contra-ataque, porém, o Everton foi causando calafrios, aproveitando espaços e chegou mesmo ao empate, pelo inevitável Lukaku, após tremenda assistência de Barkley e toque determinante de Mirallas. Nos últimos 45 minutos, Oxlade-Chamberlain continuou a arranjar espaços e a dar profundidade à equipa, sendo que o jogo se decide com uma grande penalidade convertida por Arteta e mais dois golos de um Giroud a provar que, perante a ausência de um "9" de referência, consegue ser o único capaz de fazer a diferença na área contrária. Bons apontamentos de um Arsenal técnico, intenso, rápido, vertical e efectivo. Boa amostra da equipa de Wenger rumo ao sonhado troféu que já vai escapando das vitrines do Emirates (estádio que ainda não comemorou nenhum título do Arsenal!) há 9 anos...

4. O Feyenoord em 3x5x2. Interessante variante táctica apresentada por Ronald Koeman este fim-de-semana, na deslocação a Groningen (vitória do Feyenoord por 2-0). Sem poder contar com o castigado Graziano Pellè, Koeman alterou a equipa para um esquema com três centrais (de Vrij-Mathijsen-Martins Indi) e dois laterais mais adiantados (van Beek-Kongolo). Ao meio, o trio do costume Clasie-Immers-Vilhena e no ataque, o rápido extremo Schaken (mais móvel) e um avançado mais posicional (te Vrede). O segredo esteve no aproveitamento nas oportunidades e na eficácia defensiva. O Feyenoord organizou-se bem atrás, deu a bola ao seu oponente e procurou explorar as transições rápidas. Essenciais as subidas dos laterais, sobretudo Kongolo, decisivo no golo de Schaken (recuperação e assistência) e Clasie, sempre ele, clarividente a pautar e organizar o jogo a meio-campo. Peças-chave de uma boa vitória, num fim-de-semana onde o líder Ajax empatou (1-1, em casa, contra o Cambuur) e o Twente perdeu (no terreno do Go Ahead Eagles, 1-0).

5. Olhando para o México. Tenho uma paixão inexplicável  pelo futebol mexicano. Há bons jogos, bons treinadores, jogadores de qualidade (sobretudo locais e sul-americano) e há uma certa boa vibe nos estádios. No último sábado, aproveitando o facto de ninguém do meu grupo ter acedido a uma saída nocturna, fiquei a ver dois encontros interessantíssimos da Liga MX (como é agora conhecido o campeonato mexicano). Primeiro, vi o Santos Laguna de Pedro Caixinha dar a volta a um 2-0 desfavorável, em pleno Azteca, contra o América. No final, 2-4, justíssimo, face à maior garra demonstrada pela equipa do português nos últimos 45 minutos e ao facto da equipa orientada pelo Turco Mohamed ter voltado a mostrar uma certa fragilidade defensiva, com base na rigidez táctica do técnico argentino. No Santos, destaco o talentoso Quintero e ao jovem Rentería, dois colombianos de muita qualidade, além do ponta-de-lança, titular da selecção mexicana, Oribe Peralta, autor de um golaço, à lo Zidane. De seguida, pude ver mais um show de Enner Valencia, internacional equatoriano de muito bons atributos (possante, rápido, tem destreza, técnica e finaliza muito bem), que bisou e deu o triunfo ao Pachuca sobre o Monterrey (2-0), noutro jogo em destaque na jornada 10 do campeonato. O Pachuca foi sempre melhor, com destaque ainda para o promissor ala direito Jurgen Damm (estica bem jogo na direita, mostrando técnica, velocidade e controlo de bola e apoia a defender), para a solidez da dupla do meio-campo Hernández-Ayoví e para alguns lances interessantes de entendimento entre o lateral-esquerdo Arreola e o ala colombiano Jhon Pajoy. Uma viagem interessante até uma das ligas mais competitivas do continente americano. Aconselho-vos a irem seguindo regularmente este campeonato e também a prestação das equipas mexicanas na Copa Libertadores. Vão gostar!





1 comentário:

  1. Lo del Feyenoord me parecío muy interesante, el 3-5-2 con defensa con 5 centrales fue muy revolucionario. Np vi el partido pero se ve que funcionó, pero realmente lo que me sorprendió fue como estructuro el el equipo, guardando el equipo con centrales y metiendo gente rapida y dinamica de mediocampo para adelante.
    Interesante también como siempre Enner Valencia, es un delanterazo espectacular. Esta semana intentaré empezar a analizar a Ecuador para el blog, pero un Ecuador con Antonio Valencia y Montero en bandas con Caicedo y Enner en punta en un 4-4-2 puede ser algo muy muy bueno en el Mundial.
    Saludos y gran articulo como siempre.

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