terça-feira, 4 de março de 2014

5 apontamentos do fim-de-semana de futebol internacional

1. Final da Taça da Liga inglesa. Vitória justa mas difícil do Man.City sobre um competitivo Sunderland (3-1). A equipa de Pellegrini continua a revelar manifestas dificuldades defensivas, sendo que o espaço nas costas dos quatro defesas foi muito bem aproveitado, em profundidade, por jogadores como Borini ou Johnson. O italiano marcou por uma vez e esteve perto do "bis", porém, tudo mudaria no 2º tempo. Dois golos geniais (o de Yaya Touré então...) puseram os citizens na frente, bem cedo. Claramente, o factor individual a fazer a diferença, embora colectivamente a resposta da equipa de Manchester tenha sido bem melhor após o intervalo. Jesús Navas acabaria por fechar um marcador justo mas que não mostra totalmente as dificuldades que o City teve para levantar o troféu...

2. Um desastre chamado Arsenal... Um desastre previsível e habitual, diria eu. Nos últimos anos, o Arsenal nunca consegue aguentar o ritmo e, a determinada altura da época, quebra. Este ano, foi dado como candidato ao título, algo que, honestamente, sempre me pareceu pouco plausível. As lesões de Ramsey e Walcott (estavam a ser dois elementos decisivos esta época), o abaixamento de forma de Ozil ou Giroud, a falta de um ponta-de-lança contrastado ou a política de contratações, no mínimo, duvidosa de Arsène Wenger podem ser explicações mas há algo que nunca aparece na hora H: uma equipa capaz de lutar de igual para igual com os outros candidatos. Falta competitividade a este Arsenal quando entra para um jogo teoricamente mais complicado. Lembro-me sempre da expressão medo cénico de Valdano para explicar deslizes como os consentidos no Etihad ou em Anfield. No entanto, não é só frente aos grandes que o Arsenal se despista: este fim-de-semana, somou o quarto encontro consecutivo em Stoke sem vitória. Perdeu e perdeu bem porque a equipa nunca soube encontrar os espaços e foi (quase) sempre amorfa. Só a entrada de Oxlade-Chamberlain mexeu com alguma coisa mas já era tarde demais...para o jogo e para o título!

3. Atlético-Real, uma rivalidade que faz faísca. Um jogo imenso, intenso, voraz, daqueles que nos deixam agarrados ao ecrã do primeiro ao último minuto. Curiosamente, até acho que não foi um duelo brilhante mas a agressividade, no bom e no mau sentido, que Atlético e Real Madrid colocaram dentro do terreno de jogo é digna de nota. 1ª parte soberba dos rojiblancos, que curiosamente até começaram a perder (mais uma finalização desse grande avançado chamado Karim Benzema). Enorme trabalho de Koke e Arda Turan, limitando as saídas por dentro e dando amplitude ofensiva à equipa do Cholo Simeone. Nas alas, os laterais subiam e desciam com uma facilidade descomunal (Bale e Ronaldo apareceram menos do que é costume...). Na frente, Diego Costa era toda uma marca de labor enorme, conflituosidade e profundidade, jogador-dínamo deste Atlético pujante e divertido. Koke e Gabi deram a volta a um jogo que mesmo depois do intervalo conheceu um Atleti mais forte. Porém, também é certo que as entradas de Marcelo e Isco mexeram positivamente com o Real Madrid, que passou a ser mais objectivo na 2ª linha e começou a ter um pêndulo defesa-ataque no lado esquerdo. Os colchoneros não aguentaram a pressão final e lá estava Cristiano pronto para redimir-se, marcando o 23º golo nesta Liga. Duas grandes equipas de futebol, num jogo tremendo na sua dimensão táctico-emocional.

4. Lucas e o "quase-golo" para a História. Em fim-de-semana de clássicos e derbies por essa Europa fora, um dos jogos mais interessantes disputou-se em França, entre Paris Saint-Germain e Marselha. Para lá do resultado (2-0 para o PSG, num jogo entretido e dominado pelos parisienses), fica um lance absolutamente brutal no decorrer do 1º tempo: o brasileiro Lucas Moura arranca desde o seu meio-campo, senta um adversário, passa no meio de outros três, com uma cadência inabalável e só em cima da linha o sonho de um golo divinal foi travado pelo maldito pé de Diawara. A jogada é magnífica: o poder de arranque, a verticalidade, a velocidade supersónica e o controlo de bola. Só pecou a finalização mesmo. Foi pena, de facto. Recordo-me sempre da célebre frase de Georges Braque, conhecido pintor e escultor francês do século XX, quando vejo estes "quase-golos": Não é o fim que é interessante, mas os meios para lá chegar.

5. Outros derbies e clássicos por esse Mundo fora. Este foi um fim-de-semana particularmente dotado de jogos de grande carga sentimental. Além dos já referidos, tivemos, por exemplo, dois duelos "grandes" no futebol italiano: Roma-Inter e Milan-Juventus. Em Roma, o duelo foi fraco e a equipa da capital só melhorou depois da entrada de Pjanic. O Inter foi-se defendendo bem e salvou bom ponto, tendo em vista a luta europeia. Em San Siro, o Milan jogou, nos primeiros 45 minutos, o melhor futebol da era-Seedorf. Taarabt tremendo na construção e criação de desequilíbrios, junto a um bom Kaká e protegidos por uma dupla Montolivo-Poli em bom nível. A Juve, mesmo sem os melhores Pirlo e Pogba, venceu o jogo graças à qualidade imensa dos seus avançados. Quem tem jogadores na frente como Llorente ou Tévez tem tudo. Na Holanda, jogou-se o De Klassieker, entre Feyenoord e Ajax. Mais um passo de gigante para os de De Boer rumo ao tetra na Eredivisie. Vitória por 2-1 na Banheira de Roterdão, com o jovem da cantera Ricardo Kishna em plano de evidência (excelente trabalho a servir Sightórsson no 1º golo). O Feyenoord até tinha começado melhor (muito boa 1ª parte de Clasie, Vilhena e Boetius) e o italiano Pellè fez mais um golo, após assistência brilhante de Martins Indi. No entanto, o tal golo de Sightórsson e outro de Veltman deram o triunfo aos ajacied, que ficam com 8 pontos de vantagem sobre o 2º classificado. Ainda na Europa, mas mais a Leste, jogou-se o interessantíssimo dérbi de Bucareste, entre Steaua e Dinamo. Ambiente escaldante nas bancadas e um empate a uma bola no relvado (Grigore marcou, de pénalti, para o Dinamo; empatou Keseru para o campeão romeno). Interessante rever internacionais romenos já consagrados (Tanase, Latovlevici, Pintilii, Gardos ou Grigore) e outros que estão para se estrear ou que poderão aparecer em convocatórias futuras (Rus, Filip ou Rotariu). Fora do Velho Continente, dois interessantes duelos a que eu assisti também: na Argentina, interessante dérbi portenho entre Vélez Sarsfield e Boca Juniors. Ganhou o Vélez (1-0), mais forte na 1ª parte (período em que Zárate aproveitou para fazer o golo que decidiu o jogo), embora sofrendo nos últimos 45 minutos. Atenção ao crescimento de jogadores como Lucas Romero, Allione ou Tobio (que até nem jogou neste encontro) no Vélez. Por último, clássico no México, entre o Monterrey e o América. Vitória essencial para a equipa de Antonio Turco Mohamed (1-2), com o criativo Sambueza a resolver já no fim, após grande jogada em profundidade do lateral internacional mexicano Pablo Aguilar. O América chegou à vitória, curiosamente, no melhor período dos Rayados de Monterrey. Há dias mais felizes que outros, de facto...

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