terça-feira, 3 de junho de 2014

França

Lloris: Guarda-redes já consagrado entre os melhores da Europa, tem sido a aposta regular de praticamente todos os últimos seleccionadores franceses para a baliza bleu. Desde Raymond Domenech até ao actual líder Didier Deschamps, passando por Laurent Blanc, todos optaram pela segurança do jovem formado no Nice e lançado para debaixo dos focos pelo Olympique Lyonnais.

Lloris vem de uma época bastante regular ao serviço do Tottenham, em termos de utilização, apesar do fracasso geral do clube. Guarda-redes ágil e rápido a sair de entre os postes e com bom pé esquerdo, tornou-se um indiscutível da baliza do Tottenham após duas temporadas em White Hart Lane, mesmo sabendo que o início em Inglaterra foi atribulado. Confere muita segurança a qualquer equipa onde jogue, embora uma vez ou outra tenha alguns deslizes comprometedores, sobretudo quando sai da sua área. Em teoria, será um titular indiscutível, apesar das boas alternativas.

Ruffier: Autor de uma época espectacular ao serviço do Saint-Étienne, acabou por ser chamado à selecção, por força da lesão grave de última hora de Mandanda (mesmo na derradeira jornada da Ligue 1). Guarda-redes de qualidade, destaca-se pela agilidade, pelos reflexos espectaculares e pelo bom posicionamento na baliza. Não sendo muito rápido, é um guarda-redes daqueles que dá pontos às equipas onde joga pela maneira como consegue tapar os ângulos de remate aos seus oponentes. Vai ser o nº2 da baliza francesa neste Mundial.

Landreau: Guarda-redes muito experiente, vai-se retirar na sequência deste Campeonato do Mundo. Digamos que esta convocatória foi uma espécie de prémio de Deschamps a uma grande carreira, onde brilhou em clubes de renome como o Nantes, o PSG ou o Lille. Depois de um grande ano em Bastia, merece plenamente esta chamada. Keeper seguro e de grande maturidade entre os postes, revela uma agilidade fora do comum para um atleta de 35 anos que já ultrapassou inúmeras lesões. Se alguma coisa acontecer a Lloris ou Ruffier durante a prova, lá estará ele pronto a ir para dentro do relvado e resolver...

Sagna: Um dos laterais-direitos mais experientes e competitivos deste Mundial procura contribuir para esquecer a mágoa de 2010. Depois de uma temporada positiva em Inglaterra, chega a este Campeonato do Mundo para discutir a titularidade com Mathieu Debuchy. Por experiência e competência, tem tudo para ser um dos indiscutíveis de Deschamps. Defensivamente é muito forte e combativo, revelando atributos ao nível da marcação, do desarme e da rapidez na compensação. Apesar de já ter passado para o "clube dos 30", continua a ser fisicamente resistente.

Já em termos ofensivos, revela-se um apoio interessante, dando largura, alguma profundidade e demonstrando qualidades ao nível do cruzamento, de pé direito. Pode ainda desempenhar as funções de lateral-esquerdo e defesa-central, em casos mais extremos. No fundo, um jogador bastante útil e que poderá estar perante a última grande prova de selecções da sua carreira...

Koscielny: Formado no Guingamp e revelado ao Mundo pelo Lorient, chega a esta prova num dos melhores momentos da sua carreira. A época correu-lhe bem no Arsenal, conseguindo algo que lhe faltava desde que chegou ao Norte de Londres: um título. Além disso, cresceu como jogador e melhorou, em termos gerais, os seus desempenhos, expondo-se cada vez menos a erros individuais verdadeiramente infantis.

Central destro com boa saída de bola, melhorou em termos do posicionamento e da abordagem a alguns lances, o que eram as suas duas grandes pechas. É certo que continua a ter alguma tendência para cometer faltas de risco, dentro ou fora da área, mas também é verdade que está um central mais completo. Rápido e eficaz em boa parte das antecipações/desarmes, formou com Mertesacker uma dupla sólida ao longo desta temporada. Não é certo que venha a ser titular. Partindo do princípio que Sakho será um indiscutível, deverá discutir o outro lugar com Varane e Mangala, levando, até pela experiência que possui na selecção bleu, alguma vantagem relativamente aos seus jovens companheiros...

Debuchy: Lateral-direito das escolas do Lille, tornou-se um indiscutível da selecção a partir do Euro 2012, competição onde Blanc o "revelou" ao Mundo. Lateral de projecção ofensiva, é rápido, combativo, cruza bem e até tenta, por vezes, o remate (de pé direito). Dá profundidade e largura e compensa relativamente bem em termos defensivos, não sendo ainda assim tão completo a defender como o concorrente Sagna. Jogador de média estatura, não é virtuoso no jogo aéreo, mas compensa pela maneira como defende de forma aguerrida e se desprende para o ataque. Parece que Didier Deschamps terá um lugar reservado no "onze" para ele...

Evra: Em teoria, será um indiscutível na lateral esquerda da selecção francesa, estatuto que já possui desde o Euro 2008. Formado no PSG, foi no Mónaco que deu o salto para fama, ao somar exibições de alto gabarito a uma final da Liga dos Campeões (em 2004), entre outras boas prestações na Ligue 1. Em 2005, daria o salto para o Manchester United, onde se mantém até hoje, sendo considerado uma das referências do balneário red devil.

Na temporada que agora finda, teve os seus altos e baixos, num clube que, diga-se, teve indiscutivelmente a pior época da história recente. Apesar de já não ser tão disponível do ponto de vista físico, continua a revelar qualidades que não desaparecem com o tempo: rapidez, robustez, agressividade, combatividade e profundidade. Cruza bem de pé esquerdo, arrisca o remate em algumas situações (lembram-se do golaço ao Man.United em Abril?) e tem um bom jogo aéreo, em ambas as áreas. É um lateral de mão-cheia, provavelmente o mais completo e experiente para a posição que a França poderia ter.

Mangala: O representante "português" da selecção francesa. Projecto de defesa-central bastante atractivo, poderá vir a dar o salto para um grande clube europeu após este Campeonato do Mundo, mesmo que não jogue a titular. Formado no Standard de Liège, o central cresceu imenso no FC Porto, tendo passado a estar no topo das prioridades de boa parte dos tubarões do futebol mundial, certamente em busca de um dos centrais mais promissores da actualidade.

Jogador bastante poderoso fisicamente e imperial no jogo aéreo, Mangala revela qualidades ao nível da velocidade, do desarme e da antecipação. Nos duelos físicos, raramente fica a perder visto que se trata de um autêntico colosso. Deve, porém, trabalhar alguns excessos de ímpeto e certas distracções momentâneas que o fazem cometer erros graves. Não deverá ser titular mas será sempre um suplente de luxo numa selecção recheada de bons centrais jovens.

Sakho: Central robusto e agressivo, vem de uma temporada muito interessante ao serviço do Liverpool. Sakho destaca-se pela boa saída de bola, pela qualidade de passe (de pé esquerdo) e pela boa colocação na linha defensiva. É um jogador poderoso e que tem escola (muitos anos na formação do Paris Saint-Germain). Na sua curta mas intensa carreira, além de defesa-central, já desempenhou funções de lateral-esquerdo. Defesa completo, é um sério candidato à titularidade neste Campeonato do Mundo.

Varane: Um dos defesas-centrais mais promissores do futebol europeu. Recentemente, José Mourinho afirmou (quiçá com grande exagero) que era o melhor central da Europa. Por enquanto, continuam a existir defesas mais completos e experientes mas, sem dúvida, num futuro próximo, será a vez de ele estar no topo. Não sendo ainda titular no Real Madrid, costuma cumprir bastante bem de cada vez que entra.

Bastante maduro para a idade, revela muita inteligência nas suas actuações, defendendo de forma sóbria e impecável. Rápido, forte em antecipação e combativo pelo ar, revela uma condição física e técnica soberba para se tornar num defesa-central de eleição. Em termos de saída de bola, mostra condições bastante decentes, até em termos do passe longo. Sem ser um indiscutível, tem possibilidades de vir a entrar no "onze", caso algum dos outros centrais renda menos...

Digne: É o lateral-esquerdo do futuro da selecção francesa. Formado nas escolas do Lille, vai ser o concorrente directo do veterano Evra, o que pressupõe um grande desafio para ele. Digne é um lateral de uma projecção ofensiva notável, esquerdino, com boa qualidade de passe e capaz de sacar excelentes cruzamentos. Defensivamente, porém, terá ainda de crescer, melhorar certos posicionamentos e reagir melhor em transição defensiva, depois de subir no terreno. Não é que defenda mal, mas há detalhes onde deve (e vai) progredir. Muito futuro para este jogador, campeão do Mundo de sub-20 no ano passado.

Pogba: Um dos médios mais promissores do futebol actual. Com grande disponibilidade física e uma técnica assinalável, vai ser, com quase toda a certeza, uma das referências da equipa francesa neste Campeonato do Mundo. Formado no modesto Le Havre, saltou bem cedo para a equipa de sub-18 do Manchester United, sendo que nessa altura já representava as selecções jovens da França. Fisicamente possante, já revelava atributos interessantes e que faziam despertar a atenção de diversos olheiros por esse Mundo fora...

Depois de três temporadas em Inglaterra sem se conseguir impor no plantel principal do United, chegou a oportunidade noutro grande clube do futebol europeu: a Juventus. E foi aí que começou o trajecto de um jogador que pode muito bem vir a marcar uma era no futebol francês e mundial. Antonio Conte confiou nele, foi-lhe dando oportunidades progressivamente e transformou-o num dos jogadores mais cobiçados do planeta.

Pogba revela atributos notáveis na saída de bola, no passe curto e longo, mostrando boa visão de jogo e acerto na tomada de decisões. É um jogador que aparece muito na segunda linha e inclusive na área, finalizando com os pés ou de cabeça. É um rematador exímio, sobretudo de meia-distância, o que faz dele um jogador potencialmente resolutivo. Médio-interior de grande disponibilidade física, não é, porém, um organizador de jogo e sente dificuldades a partir com bola desde trás. Ele precisa de liberdade e espaço para correr, passar e rematar. Com Deschamps, já se tornou num indiscutível da equipa bleu.

Cabaye: Em teoria, será o médio mais recuado do trio do meio-campo gaulês. Jogador de classe, possui uma visão de jogo notável e uma grande qualidade de passe, curto e longo. Formado no Lille, fez toda a carreira no clube do Norte de França, até à saída para Newcastle, no início da época 2011/2012. Entretanto, no passado mês de Janeiro, regressou a França, para jogar no milionário PSG.

Jogando mais recuado, naturalmente não terá tanta liberdade para aparecer perto da área contrária, como tanto gosta. Ainda assim, dos jogadores convocados por Didier Deschamps, parece-me aquele que está mais em condições de assumir o papel de médio mais recuado. A uma grande visão de jogo, alia a criatividade na construção e uma qualidade ímpar na marcação de bolas paradas e remates de meia-distância (de pé direito). Será, certamente, uma peça-chave do esquema francês neste Mundial.

Matuidi: Médio-centro/defensivo esquerdino de origem angolana, é mais um dos sérios candidatos a estar no "onze" de Didier Deschamps neste Campeonato do Mundo. Essencial para Laurent Blanc no PSG, Matuidi revela qualidades extraordinárias em termos físicos e tácticos. O facto de ser um autêntico bicho faz dele um dos jogadores mais admirados do futebol francês, tanto que os adeptos do PSG o ovacionam de pé de cada vez que é substituído.

Além das características físicas, possui também uma boa leitura de jogo, qualidade de passe e verticalidade, aparecendo muitas vezes junto da área, em posição de cruzamento ou remate. Trabalha imenso para repor os equilíbrios no meio-campo e é um recuperador de bolas nato. A sua disponibilidade física e táctica é, de facto, comovente, há poucos médios assim no futebol actual. Não sendo um finalizador por natureza, apresenta também um registo interessante de golos, consequência natural das subidas até à segunda linha do meio-campo e ao ataque.

Valbuena: Médio criativo experiente com grande qualidade de passe, teve um início de carreira curioso: foi fazer testes ao Atlético de Valdevez e, por culpa de um convite feito ao seu pai, então treinador, acabou por ir parar ao Libourne, equipa amadora de França, de onde sairia, dois anos mais tarde, para o Marselha, onde ainda permanece. Sem um "10" puro, cabe a Valbuena representar o papel de médio mais criativo desta equipa. Bastante hábil, móvel, com passe curto e longo e uma excelente visão de jogo, este pequeno destro revela uma grande inteligência e sentido nas suas acções. Candidato ao "onze" de Deschamps.

Mavuba: Médio-defensivo sóbrio e de grande disponibilidade física, é o único trinco puro nesta convocatória. Experiente, fez uma temporada de bom nível no Lille, mostrando-se essencial para o equilíbrio da equipa de René Girard. Geralmente bem colocado em termos defensivos, intercepta vários passes e dobra os laterais em várias situações. Não sendo um jogador de uma grande qualidade de passe, compensa com uma capacidade de trabalho notável e uma distribuição de bola silenciosa e discreta. Tem um perfil de smooth operator, que tanto agrada a Didier Deschamps.

Schneiderlin: Saiu muito cedo para Inglaterra, embora tenha cumprido vários jogos ao serviço das selecções jovens da França. Médio-centro completo e eficaz no desarme, destaca-se pela clareza nas acções, pela boa recuperação defensiva e por possuir um bom jogo aéreo. Ofensivamente, consegue ser participativo e demonstra correcção ao nível do passe. Médio muito interessante, com um perfil distinto de alguns jogadores já presentes, embora conjugando características de alguns deles. Provável opção de banco, entrou na convocatória juntamente com Cabella, para substituírem os lesionados Ribéry e Grenier.

Sissoko: Médio multi-funções, pode actuar mais recuado, mas, desde que chegou a Newcastle, tem-se destacado como médio de ataque. Jogador muito poderoso do ponto de vista físico e vertical, transporta bem a bola e sabe distribuir jogo. Em transição, este destro revela-se importante, mostrando também qualidades ao nível do remate. No 4x3x3 de Deschamps, será difícil ganhar a titularidade, mas será sempre um jogador importante, para poder, eventualmente, entrar e mexer com o jogo.

Benzema: Um dos avançados mais consagrados deste Campeonato do Mundo. Habitual titular do campeão europeu Real Madrid, chega a este Mundial bastante motivado por uma época que lhe correu bastante bem, quer em termos individuais como, sobretudo, em termos colectivos. Em teoria, será a principal referência de ataque da formação bleu, se bem que tenha de enfrentar a concorrência de um Giroud que promete não lhe facilitar a tarefa...

Avançado móvel e que gosta de recuar para procurar a bola e para tocar e desmarcar-se, alterna, por norma, entre exibições fabulosas e exibições menos conseguidas, isto ao nível da selecção. Benzema destaca-se pelo seu sentido de baliza, pela qualidade de remate, com os dois pés e de cabeça, pela técnica e pelo bom jogo associativo. Sem ser um matador de área, é um avançado completo e de vastos recursos, daí poder vir a ser tão importante para o jogo francês ao longo deste Mundial...

Cabella: Autor de uma excelente temporada ao serviço de um decepcionante Montpellier, entrou na convocatória para este Mundial por força da ausência de Franck Ribéry. Jogador criativo e desequilibrante, actua sobretudo entre a posição nº10 e a ala esquerda. Tecnicamente dotado, com boa visão de jogo e qualidade a entrar na área, revela-se também um finalizador de qualidade, possuindo excelentes qualidades ao nível do remate. Não sendo muito robusto em termos físicos, consegue usar a sua agilidade e drible para escapar às marcações dos defesas contrários. Boa aposta de Didier Deschamps!

Giroud: Avançado-centro arguto e incisivo, joga bem por dentro, embora possa descair nos corredores laterais para procurar a bola. O seu registo goleador na selecção está longe de ser brilhante, no entanto, parece-me o "9" mais apto a substituir Benzema. Cabeceador exímio, revela também qualidades a buscar o espaço para o remate, geralmente de pé esquerdo. 22 golos esta temporada (16 deles na Premier League) são um bom cartão de visita em vésperas de Mundial, competição onde ele terá uma oportunidade muito relevante para se afirmar.

Griezmann: Avançado multi-funcional, actua preferencialmente descaído do lado esquerdo do ataque. Esquerdino vertical, rápido, forte no um-para-um, alia uma técnica apurada a uma capacidade de finalização notável, mostrando-se um jogador ideal para explorar espaços longos, em contra-ataque. Joga para a equipa mas exige que a equipa joga para ele também, de forma a criar e potenciar os espaços para ele desequilibrar. Formado na cantera da Real Sociedad, mostra qualidade no remate, tanto dentro como fora da área. Os seus números esta época não enganam, embora a primeira metade tenha sido melhor que a fase final. Consagrou-se como um dos melhores marcadores franceses em toda a Europa. Merece claramente esta convocatória e será uma alternativa muito válida para Didier Deschamps.

Rémy: Avançado polivalente, foi um dos nomes mais discutidos da convocatória, embora tenha marcado presenças em várias convocatórias de Deschamps ao longo da fase de qualificação. Autor de uma excelente época em Newcastle (onde esteve emprestado pelo Queen´s Park Rangers), Rémy revela qualidades a jogar em contra-ataque, em velocidade, aproveitando espaços e tendo sempre a baliza adversária em mira. O seu pé direito tem uma destreza e uma colocação notáveis. Será, certamente, uma opção a ter em conta para procurar explorar transições rápidas em determinados momentos dos jogos.


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