terça-feira, 29 de abril de 2014

5 apontamentos do fim-de-semana de futebol internacional

1. O Diabo veste...Adidas. Lá estava ele, qual Lúcifer, vestindo um fato-de-treino da marca Adidas, sempre interventivo e no final, após o segundo golo da sua equipa, dirigindo-se aos fiéis da sua paróquia infernal gritando, feliz da vida, porque uma vez mais o seu plano diabólico havia resultado. Falo, claro está, de José Mourinho (e já é a segunda vez que o faço esta semana!). O seu Chelsea até pode muito bem não vir a ser campeão mas a desfeita que fez ao Liverpool em pleno Anfield Road foi tão maquiavélica quanto saborosa. E como ele comemorou a vitória da sua estratégia defensiva! O futebol não seria o mesmo se não existissem estas espécies de anti-Cristo para nos dizer: nós também estamos aqui e mesmo com reservas e utilizando o cinismo como arma de trunfo conseguimos vencer. Quanto ao pobre Liverpool, fica a certeza de que teve um mau dia (onde até o capitão Gerrard fez de Cristo na cruz) mas que o título ainda pode ser conquistado. Afinal o City joga no campo do vizinho Everton no próximo fim-de-semana e por lá tudo pode acontecer. Até o Chelsea ser campeão...

2. Giggsy ao comando! Confesso-me admirador da personagem, aliás diria que todos os one-club men merecem de quase toda a gente uma consideração e admiração notáveis. Ryan Giggs fez sábado a sua estreia como treinador do seu clube de sempre, o Manchester United. O mais provável é que seja uma solução para apenas 3 jogos, mas a imagem não deixa de ser bonita: Giggsy, de fato vestido, saindo do túnel que dá acesso ao relvado, sendo ovacionado e cumprimentado por uma multidão decepcionada com a época do United mas esperançosa de que o futuro venha a ser bem melhor. De início, 4x4x2 puro, com o duplo-pivote Carrick-Cleverley e com Rooney lá na frente junto a Welbeck. Notou-se, desde o começo da partida, uma clara intenção de a equipa ser mais vertical e menos dada a ter a bola no pé por longos períodos de tempo. A primeira parte não foi excepcional, mas no segundo tempo a equipa melhorou o seu rendimento exponencialmente, muito graças à excelente entrada de Mata. Alternando entre o 4x2x3x1 e o 4x4x2, Giggs mostrou argúcia e capacidade de mexer bem com o jogo. No final, um 4-0 bonito, interessante e justo perante um Norwich que tem toda a pinta de vir a descer nas duas últimas jornadas do campeonato...

3. San Mamés a la Champions! Mais um grande triunfo do Athletic nesta Liga 2013/2014, desta feita num duelo directo pelo apuramento para o "play-off" da Champions League contra o Sevilha (3-1). O golo cedo (e que golo, após um canto directo da autoria de Susaeta!) ajudou bastante os bascos, é certo, mas a maneira como geriram todo o jogo e dominaram sem demasiados problemas ajudou a construir uma vantagem robusta. Contra um Sevilha organizado num bloco compacto e de linhas baixas em 4x4x2, o Athletic entrou forte mas o facto de nunca ter encontrado muitas soluções através do jogo exterior acabou por se notar na criação de oportunidades de perigo ao longo do primeiro tempo. Depois do intervalo, porém, as coisas mudaram substancialmente, graças, em primeiro lugar, a uma actuação soberba de Iturraspe (já o estava a ser nos primeiros 45 minutos, diga-se) e depois às constantes investidas de Iraola pelo lado direito, ele que inventou as assistências para o segundo e terceiro golos do conjunto orientado por Ernesto Valverde (marcados por Muniain e Ander Herrera, respectivamente). No fundo, o Athletic aproveitou-se também de um certo cansaço e ausência de ideias do conjunto sevilhano (fruto da entrada tardia de Rakitic) para conseguir uma vitória potencialmente decisiva rumo à Liga dos Milhões. Qualidade na posse, acerto nas saídas de bola e na marcação defensiva, eficácia e bom aproveitamento dos corredores laterais, explorando a profundidade de Iraola e Balenziaga. Este projecto merece experimentar a sensação de estar no topo da Europa!

4. Primeiros apontamentos do Internacional de Abel Braga. Depois de um arranque interessante na 1ª jornada, com um triunfo magro mas justo (1-0) sobre o Vitória, o Inter entrou para a 2ª jornada como uma das equipas que estava na liderança do Brasileirão e com a intenção de querer manter essa posição. Ora o jogo era no Maracanã e o adversário era um Botafogo tocado pela estreia negativa no campeonato e sobretudo ainda pela eliminação na Libertadores. No final, o 2-2 terá agradado certamente muito mais aos cariocas, sobretudo depois do banho de bola dado pelo Internacional no primeiro tempo. Montada em 4x2x3x1, a formação gaúcha jogou bastante bem nesse período, dominando com comodidade, atacando com incisão e aproveitando a mais-valia técnica de jogadores como Áranguiz, D´Alessandro, Alan Patrick ou o jovem Valdívia e a eficácia do goleador Rafael Moura (dois golos apontados). Na segunda metade, porém, tudo se complicou: o Inter perdeu intensidade, deixou o jogo correr e desleixou-se atrás, permitindo assim a recuperação do Fogão (marcaram Emerson Sheik e Zeballos). De facto, a segunda parte do Internacional deixou detalhes preocupantes e esse adormecimento geral tem de ser trabalhado pelo seu treinador, de forma a evitar que vá acontecendo o mesmo ao longo do ano. Se o conseguir, temos aqui candidato a lutar pelo título!

5. Detalhes dos principais dérbis do fim-de-semana: De facto este foi um fim-de-semana com muitos e bons dérbis por esse Mundo fora. Tive a oportunidade de assistir a três: em Telavive, o Maccabi de Paulo Sousa perdeu justamente frente a um bom Hapoel (3-1), que terá feito porventura um dos melhores jogos da temporada. Grande exibição de jogadores como Vermouth, Abutbul ou um Damari a pedir uma Liga maior (França, por exemplo, seria um bom destino). Grande vitória dos vermelhos, depois de um jogo de domínio quase total. Já em Belgrado, dérbi entre Partizan e Estrela Vermelha, com vitória dos Coveiros (2-1). O Estrela Vermelha chegava a este jogo com seis pontos de vantagem na frente do campeonato, mas agora vai ter de suar muito até ao fim se quer manter a liderança. O jogo foi relativamente repartido, embora com mais bola e oportunidades para os forasteiros. No entanto, no final, a vitória acabou por sorrir à equipa mais eficaz. Liderado por um grande Drincic no meio-campo (já agora, que grande golo de livre directo do internacional montenegrino!), o Partizan soube aproveitar as ocasiões de que dispôs, para contrapor com uma certa irregularidade defensiva. Do outro lado, destaque para o golo (o 17º nesta Superliga) do avançado Mrdja (ele que, ou muito me engano, ou sai em breve para um grande clube asiático) e para a boa exibição do experiente "10" Milijas. Dos talentosos Zivkovic (do lado do Partizan) e Lazovic (do Estrela Vermelha), vimos detalhes mas nada de determinante. Por último, dérbi também do outro lado do Globo, em Montevidéu. No Clásico Padre vs Decano, ou seja, Peñarol vs Nacional, vitória gorda dos da casa, por 5-0, com exibições de luxo de Zalayeta, Luis Aguiar e Jonathan Rodríguez nos Aurinegros. Muito mais forte na recuperação a meio-campo e agressivo com e sem bola, o Peñarol conseguiu um triunfo histórico perante um adversário muito pobrezinho e a atravessar uma fase terrível.

Sem comentários:

Enviar um comentário