terça-feira, 14 de agosto de 2012

Primeiros apontamentos da nova época: De uma cabeçada colombiana a um líder mineiro passando pelos campos verdejantes da Ligue 1
















1. Jackson decide na estreia oficial. Foi ao minuto 90 que se resolveu a Supertaça Cândido de Oliveira. Cruzamento de Miguel Lopes a encontrar a cabeça do internacional colombiano, certeira, para o fundo das redes. Tetra dos dragões em Aveiro. Justo pelo maior domínio. Jogo foi relativamente intenso mas faltou qualidade, o que não espanta nesta fase da época. Do lado portista excelentes apontamentos de Maicon e Fernando e boas partidas dos laterais Miguel Lopes e do adaptado Mangala. Meio-campo só funcionou com Moutinho e ataque teve prestação pobre. Do lado academista boa estreia de Rodrigo Galo e grandes exibições de Hélder Cabral (limpou quase tudo!) e do médio de transição Makelele. Agora venha o campeonato!
2. Dúvidas no Dragão. Parece-me inevitável que vai ser mais um início de época relativamente atribulado para os lados do Dragão. Tudo porque se mantém inúmeras indefinições no plantel. Tanto pode tudo ficar na mesma como podem sair alguns elementos importantes. Talvez se o mercado fosse como queria Vitor Pereira, o treinador estaria mais descansado e a equipa já saberia de quem iria depender. Sendo assim, e fechando só a 31 deste mês, vida incerta para o técnico portista, que este ano parece apresentar maior serenidade e uma postura mais madura. Parece ter aprendido com os erros do passado em termos de comunicação. Veremos se tacticamente mantém a clarividência demonstrada na segunda metade da última época.
3. Apontamentos do Sporting-Olympiakos. Último teste de preparação para 2012/13 superado pelos leões. A equipa apresentou-se em campo com um futebol positivo, defendendo com rigor e atacando de maneira organizada. No entanto ofensivamente a concretização esteve aquém do esperado. Acho que falta um bom "9" como alternativa a Van Wolfswinkel. Segundo consta o novo reforço Valentin Viola até prefere jogar atrás do ponta-de-lança (embora tenha vindo com o rótulo de alternativa ao holandês). Apesar de tudo, bons apontamentos especialmente na defesa e meio-campo. Boulahrouz assume-se como o novo patrão da defesa e Rojo complementa-o muito bem, com a sua entrega e raça no jogo (parece que Onyewu e Carriço estão condenados ao banco e Xandão poderá estar de saída). Laterais deverão ser Cédric e Insúa. A meio, excelentes opções. Elias e Gelson de início, Schaars e Rinaudo apareceram na segunda parte. Muito bem a primeira dupla, a revelar óptimo entendimento. Presença de Gelson pemite a Elias subir no terreno, o que ele gosta de fazer. Mais à frente várias opções para "10". Depois da saída de Matías, as alternativas são Adrien, Izmailov e André Martins. Sá Pinto tem matéria prima, falta concretizar a obra!



4. O início da Liga Francesa. É sempre um dos campeonatos que eu aguardo com maior expectativa. Pelos bons jogadores que vão aparecendo, pelas equipas e pela boa atitude de muitos treinadores. Tacticamente é um campeonato interessante e tecnicamente apresenta algumas das maiores pérolas do futebol europeu.
5. Ibrahimovic salva PSG contra um excelente Lorient. Foi a noite perfeita de estreia do novo rei da Cidade-Luz nos seus novos aposentos. Perante um Parque dos Princípes quase cheio e a fervilhar de entusiasmo, teve de ser Ibrahimovic a salvar a honra do convento com dois golos, o último dos quais de grande penalidade já aos 88´. Na primeira parte, o Lorient foi surpreendente. Defendeu em bloco alto, pressionou bem e em contra ataque fez dois golos. Grandes exibições do defesa Ecuele Manga (excelente central, óptima estampa e presença física) e dos avançados Alain Traoré e Jerémy Aliadiere. Do lado parisiense para além de Ibra também Chantôme mostrou grande disponibilidade física e de entreajuda, Verratti revelou uma grande capacidade de passe e Lavezzi e Ménez mostraram qualidade e talento, como é habitual. Falta, no entanto, melhorar bastante a defesa. Trabalho para Ancelotti num ano onde o título é obrigatório.














6. O regresso do génio Gourcuff. Houve uma altura em que, confesso, achava que Yoann Gourcuff ia ser o novo Zidane. Tempo passado esse, sem dúvida. Algumas lesões e uma certa irregularidade tiraram-no de um trilho reservado a génios. Ainda assim manteve boa parte da sua refinada técnica intacta. Este fim-de-semana deu um precioso triunfo ao Olympique Lyonnais no difícil terreno do Rennes. Mais que pelo golo destaco-o pela exibição. No seu estilo, em "slow-motion", voltou-me a entusiasmar. Revi um pouco de Zidane novamente nos pés de veludo do nº "8" do Lyon...
7. Ainda no Rennes-Lyon. Parti para este jogo com a curiosidade de ver a equipa da casa e em especial a sua obra-prima mais destacada, Yann M´Vila. O internacional francês não decepcionou e manteve o seu timbre habitual, destacando-se na recuperação e bom passe. No entanto, não se envolveu tanto no jogo ofensivo como eu esperava. Foi, porém, outro jogador que mais me impressionou na equipa Rouge et Noir. Falo-vos do lateral-esquerdo Kévin Théophile-Catherine. Tem 22 anos, é francês e veste o nº 2. Seguro e aguerrido a defender, apoia com empenho o ataque e dá tudo de si em campo. Cruza, mas não é um lateral demasiado profundo. Ainda assim é um bom achado e pela idade, mostra potencial para evoluir. Do lado Lyonnais, concentrei-me num trinco raçudo, típico pivot de origem africana. Veste o nº6 e chama-se Gueida Fofana. Tem 21 anos, é internacional sub-21 por França, tendo estado presente no último Mundial Sub-20 (onde, aliás, defrontou, na meia-final, Portugal). Joga numa zona do terreno que requer visão ampla do jogo. Obviamente possui-a. Tem um bom passe, é agressivo na recuperação e é um bom transportador de bola. Na retina fica um lance na 1ª parte: recuperou a bola a meio do meio-campo do Rennes, encetou correria e, isolado, atirou para fora. Uma jogada com tres sequências: recuperação em desarme, pelo solo, corrida até à área e remate. Claramente a observar!
8. Um bom Reims parado por um insuportável Cheyrou a classe. Gosto de ver Benoit Cheyrou a jogar. Mistura raça e classe. Tem bons pés, embora com a idade lhe comece a faltar alguma velocidade. Não deixa, porém, de ser uma médio-centro inteligente e de grande importância para a equipa do Marselha. Foi ele que, com um imparável remate ao minuto 78, salvou o Marselha do empate na estreia para a Liga em Reims. No regresso do mítico Stade Reims, 33 anos depois, à principal divisão do futebol francês, foi Cheyrou quem emprestou o melhor futebol à equipa do Sul de França. Do outro lado destacaria um extremo, de seu nome Fortes. Aguerrido, parte para cima do lateral contrário com toda a coragem do mundo. Nem sempre acerta mas é uma fonte de perigo. Além disso foi interessante rever o ex-vimaranense Kamel Ghilas na recém-promovida equipa, além da constatação de que ambas as equipas possuem duas mais-valias na baliza: Kossi Agassa do lado do Rennes e Steve Mandanda do lado do OM. Dois guarda-redes de origens africanas, a fazerem lembrar míticas figuras como Jojo Bell ou Peter Rufai.
9. De Mollo a Obraniak, alguns craques da Ligue 1. Foi uma boa primeira jornada. Sem goleadas mas com os golos a aparecerem em todos os campos, o início da Ligue 1 mostrou ao Mundo alguns jogadores que prometem para esta edição: Obraniak, do Bordéus, um dos craques da Polónia versão 2012, brilhou com grande golo e boa exibição na estreia a vencer dos Girondins  neste campeonato. Foi, diga-se, bem auxiliado por um Ben Khalfallah em melhor forma que na época passada. Destaque ainda para o regressado Yohan Mollo (Nancy), que depois de uma passagem pelo Granada voltou à Ligue 1 com um golo e bons pormenores técnicos, para Dimitri Payet (Lille), herói com um golo na vitória (2-1), em Saint-Étienne e para o médio de 29 anos do Troyes, Mounir Obbadi, autor de um grande jogo na derrota em casa contra o Valenciennes (0-1), em que o guardião desta mesma equipa (Penneteau) se revelou um autêntico salvador da pátria.













10. Por último, as Supertaças e ainda Holanda e Brasil em breves... Já falei de uma, faltam as outras três. Na Alemanha, Bayern aproveitou adormecimento inicial do Borussia Dortmund para arrumar a Supertaça alemã. 2-0 antes dos 15 minutos parecia pouco perante tamanho vendaval de futebol ofensivo dos bávaros. Dortmund ainda reduziu mas já não deu para mais. Começa bem a equipa de Heyneckes. Em Itália, ou melhor em Pequim, vitória polémica da Juve (4-2), no prolongamento, frente ao Nápoles. Napolitanos recusaram subir ao pódio em protesto contra a arbitragem. Grande exibição de Asamoah na Juventus e Cavani e Pandev a mostrarem talento do outro lado. Por último, e arrumando o capítulo das Supertaças, a Community Shield inglesa. Chelsea em vantagem na primeira parte, graças a golo de Torres, após assistência do menino "40 milhões" (sim, Eden Hazard...). No entanto, Ivanovic borrou a pintura e foi expulso após entrada dura. Na segunda parte tudo mudou. A orquestra do Manchester City, comandada por Tevez, Yaya Touré e Nasri, dizimou em pouco tempo a pobre e desbaratada defesa do Chelsea (Ah! Não há nada como tirarem um grande defesa a uma equipa super-defensiva. É como tirar um rebuçado a uma criança. Esta chora e fica perturbada). Ainda reduziram os blues por Bertrand, após frango do suplente de Joe Hart, Costel Pantilimon. No entanto, vitória (justa, diga-se) dos citizens. Mesmo a acabar, Holanda e Brasil. No país das Tulipas, início infeliz para o campeão Ajax (2-2 em casa contra o AZ, com 2 golos de Altidore para os forasteiros e grande golo de Van der Wiel para os da casa) e mais infeliz ainda para o PSV (derrota 3-2 frente ao RKC). Bem o Twente (4-1, em casa, ao Groningen) e o Feyenoord (1-0 em Utrecht, golo de Sekou Cissé). No país irmão, lidera o Atlético Mineiro. Assistência de Ronaldinho, golo de Jô a abater o vice-campeão Vasco da Gama. Destaque ainda para os triunfos das equipas de Porto Alegre (Internacional e Grémio, entenda-se), que, assim, ficam mais próximas do topo da tabela.

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