segunda-feira, 5 de março de 2012

Apontamentos do fim-de-semana(5/3/2012): De um clássico quente a um clássico frio passando pela mágica Cidade Eterna

1. Benfica-FC Porto. Bom clássico o de sexta-feira. Teve golos, emoção, polémica e duas boas equipas em confronto. O mal-amado Vítor Pereira ganhou em toda a linha a Jorge Jesus. Desde o início que o Porto deu indícios de ser a equipa que queria mais vencer este jogo. Penso que mereceu. Fantásticas exibições do cansado James, do polvo Fernando( tal como James, esteve em 2 golos) e da nova coqueluche Maicon. Meio-campo azul-e-branco funcionou muito bem durante quase todo o jogo. No Benfica destacaria a improvisação e irreverência de Nolito e a veia goleadora do mal-amado Cardozo. Arbitragem com erros graves para ambos os lados. Ah, caso não saiba, 3-2 foi o resultado. FC Porto em vantagem na pole position para o título.
2. Braguinha passou a Bragão. Estará Leonardo Jardim numa óptica bierciana( Bierce foi um escritor e ensaísta norte-americano do início do século passado, para que conste) a ser absurdo? Segundo este autor, o absurdo era a manifestação de uma convicção contrária à nossa própria opinião. Ou será que Jardim não acredita mesmo na hipótese título? Qualquer que seja a resposta para cada uma destas questões uma convicção eu tenho( e não é absurda, não senhor): Leonardo Jardim é grande treinador e dentro de pouco tempo estará num grande. Esta estratégia de bluffer pode não parecer atractiva mas tem dado resultado. 2ºlugar em igualdade pontual com o outrora líder Benfica e 3 pontos de diferença para o campeão( de 2011, atenção) FC Porto.  Futebol atractivo e consistente. Este é o Braga 2011/2012, única equipa com 10 vitórias seguidas na Liga. Eu, se fosse Jardim, também preferia continuar a ser absurdo...
3. A primeira de Sá Pinto. E ao fim de 4 jogos o Sporting de Sá Pinto perdeu o primeiro jogo. Depois de três 1-0 algo sombrios e um empate na Polónia os leões voltaram às derrotas, numa demonstração pálida de futebol de um leão claramente em cuidados paliativos. Tudo parece confuso, afinal, tudo parece um erro, parece que o planeamento e o entusiasmo de início de época foram em vão. 11 pontos para Benfica e Braga irão, irremediavelmente, afastar os leões da Champions por mais um ano. Resta fechar o campeonato com honra e tentar vencer a Taça. E mesmo isto, não será tarefa fácil...
4. Roma-Lazio. Um dos clássicos mais belos do futebol mundial, teve ontem mais um capítulo. Ganhou a Lazio, repetindo assim o 2-1 da primeira volta. Roma de Luis Enrique tem-se revelado inconsistente. Já lhes consegui ver momentos muito bons de futebol, com toque "barcelonístico",  mas depois temos jogos, como o de ontem, em que nada parece sair bem e onde só se vê vontade e muita ansiedade. Já a Lazio tem em elementos como Matuzalém ou Hernanes enormes mais-valias. O primeiro foi ontem um " cão-de-caça", exímio recuperador de bolas. O segundo, apesar de vários lances perdidos, é o ponto de encontro entre o meio-campo recuado e um ataque onde pontifica o experiente Klose. PS: Um dos meus jogadores favoritos para este clássico, Erik Lamela, da Roma, saiu mais cedo, depois da expulsão do guarda-redes Stekelenburg. Toda uma pena, naquele que poderia ter sido o clássico da sua afirmação.
5. Ola John e Luuk de Jong: olho nesta dupla do Twente. Recentemente convocados para a selecção holandesa, prometem mostrar-se em breve em grandes palcos. Ola John é extremo-esquerdo, tem 19 anos e tem feito uma grande época. Leva 7 golos apontados no campeonato. Luuk de Jong é um avançado-centro, dois anos mais velho que John. Já apontou 26 golos esta época. O primeiro é um jogador rápido, criativo, de finta fácil, flecte bem para dentro, além da capacidade de arrancar óptimos cruzamentos e rematar, especialmente vindo da ala para a zona frontal. Já De Jong é uma das boas promessas entre os avançados holandeses. Tem 1,88, remata e cabeceia bem, e é um jogador que, geralmente, aparece muito bem posicionado. Têm de crescer futebolisticamente( a Liga holandesa é território fértil em várias jovens promessas, embora falte a competitividade das ligas maiores) mas vejo desde já muito boas qualidades e potencial para chegarem longe. Mais duas belas promessas da terra das Tulipas, observadas ontem na goleada do Twente sobre o PSV(6-2).
6. Susaeta, elemento-chave do Athletic Bilbao. Markel Susaeta está cada vez mais jogador. O médio-ala do Athletic Bilbao de Bielsa resolveu com dois golos o dérbi de ontem contra a Real Sociedad. Tem desborde, como dizem os espanhóis, sabe fintar, é rápido e apoia bem o ataque. Leva 41 jogos esta época, prova de regularidade deste jogador de 24 anos. Juntamente com Muniain e Llorente, formam uma tripla entusiasmante, que mistura velocidade, técnica e eficácia em frente à baliza.
7. Outro ala que me entusiasma em Espanha: Jesus Navas. O jovem internacional espanhol parece não querer sair do Sevilha. No entanto, acho que aquele é o seu habitat natural, raiz do seu crescimento enquanto futebolista. Navas sente-se bem na banda direita do Sanchez Pizjuán, com a Biris Norte a apoiá-lo ao fundo. É um jogador rapidíssimo, autêntico Speedy González do futebol. Sem ele o Sevilha perde alma, perde aquela sua característica de equipa representante de um estilo intenso, rápido, puramente latino. No entanto, gostaria de o ver noutros relvados, no fundo, para confirmar se o seu talento só funciona ali, no tal habitat natural, ou se, por outro lado, consegue mostrar a mesma rapidez e técnica elaborada noutro local, quiçá completamente distinto...
8. Como uma simples substituição muda um jogo... Não, não vou falar da entrada de James no clássico Benfica-FC Porto. Vou falar, isso sim, da entrada de Derdiyok, avançado suíço do Bayer Leverkusen, para o lugar do central Friedrich, ao intervalo do Bayer Leverkusen-Bayern Munique, deste último sábado. Como exemplo para mostrar que o Leverkusen, com dois avançados e quatro médios, ficou melhor servido do que em 4-2-3-1. Castro, médio direito desse 4-2-3-1 recuou para lateral direito, jogando a habitual dupla de médios mais recuados( Reinartz-Bender, já falei deles a semana passada) um pouco mais avançada, lançando o criativo Renato Augusto( grande visão de jogo, é o condutor do fio de jogo do Bayer, belo exemplo do jogador brasileiro que resultou no imediato lá fora) um pouco mais na direita. O Leverkusen conseguiu, então, aproveitar os desequilíbrios criados pelo balanceamento de um Bayern muito ofensivo mas pouco eficaz e deu o golpe em contra-ataque, com 2 golos nos últimos 10 minutos. O segredo esteve na colocação da dupla de avançados, com dois bons médios-alas, lançados por Bender atrás, e que conseguiram baralhar o espaço defensivo do Bayern, claramente a zona da equipa menos equilibrada, até porque muitas vezes os laterais tinham subido e da dupla( Alaba-Luiz Gustavo) do meio-campo só o brasileiro Gustavo ajudava no trabalho defensivo. Boa vitória do Bayer, perante um perdulário Bayern Munique, especialmente na primeira parte.

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