1. Benfica e FC Porto querem levar isto até ao fim. Depois do empate a zero do Benfica, na passada sexta-feira, em Olhão( mau jogo dos "encarnados", claramente já a pensar no Chelsea), o FC Porto não foi capaz de fazer melhor na deslocação a Paços de Ferreira(1-1). Dragões dominaram, mesmo sem jogar muito, e desperdiçaram um lote incrível de ocasiões. Aproveitou Melgarejo num canto para empatar, já perto do fim. E assim ficam os dois "gigantes" à mercê do verdadeiro "gigante" deste campeonato, o Sporting de Braga, que recebe esta noite a Académica.
2. Bale à direita? É algo que me constrange muitas vezes quando vejo este Tottenham de Harry Redknapp. Porque joga o esquerdino Gareth Bale, autêntica "mota" da equipa londrina, com uma velocidade e finta estonteante, do lado direito do meio-campo, sendo que Modric, que pode fazer a posição à direita, aparece na esquerda? Tem sido uma opção muitas vezes tomada por Redknapp, no entanto, a meu ver, sem fazer muito sentido. Quando aparece à esquerda, Bale é outro, transforma no sentido positivo o jogo dos Spurs. À direita, é só mais um jogador. Outro apontamento sobre o galês: mesmo na esquerda, deve evitar o individualismo excessivo. No empate a zero, este fim-de-semana, em Stamford Bridge, prejudicou um pouco a equipa ao insistir nas jogadas individuais. Mas que mexe com o jogo, disso não tenho dúvidas!
3. O gozo de ver Oxlade-Chamberlain. Tem sido uma das revelações da Premier League, esta época. Alex Oxlade-Chamberlain, 18 anos, é uma das boas razões para ver jogar o Arsenal actualmente(equipa que, diga-se, atravessa grande momento de forma e já vai em 3º no campeonato!). Rápido, irreverente, é descarado, pegando na bola e encarando os adversários como se fosse a pessoa mais corajosa do mundo. É muito talentoso e este ano já leva um registo interessante: 3 assistências e 4 golos em 20 jogos, pela equipa principal. Pena ter jogado poucos minutos nos últimos jogos. Mesmo assim tem se mostrado como um dos mais promissores jogadores para o futuro próximo do futebol inglês.
4. A insegurança do Athletic. Mais um jogo( já lhes perdi a conta) em que o interessante Athletic de Bilbao, de Marcelo Bielsa, perde pontos nos últimos minutos. Em casa tem sido hábito, fora também já aconteceu. Ontem, em pleno San Mamés, foi o Sporting de Gijón( praticamente inofensivo em toda a partida) a marcar num contra-ataque ao minuto 90. Bielsa diz que as suas equipas, tendo bola, não devem abdicar de procurar o ataque. Não é uma perspectiva estúpida mas é bom que os seus jogadores tomem consciência de que para que isso aconteça têm de ser defensivamente sólidos. O que nem sempre acontece...
5. Real volvió a machacar. Traduzindo do castelhano, Real voltou a massacrar. Depois de dois merecidos empates( Málaga, em casa e Villarreal, fora), a equipa de Mourinho voltou às vitórias, com um contundente 5-1 sobre a Real Sociedad. Futebol simples, eficaz e com jogadas bem gizadas e bonitas. Assim sim, já se parece a um campeão!
6. Messi inimitável e o seu habitat de liberdade. Semana de ouro para El Pibito, já que conseguiu tornar-se no melhor marcador da história do Barcelona. Stuart Mill dizia que o génio só podia respirar num ambiente de liberdade. Eu acho que o habitat onde Messi respira é o seu habitat perfeito, onde se sente bem e onde tem toda a liberdade do mundo. Parece que nasceu nos campos de La Masia. Esta foi uma semana gorda: "hat-trick" ao Granada e golo caricato contra o Mallorca. E outros momentos de génio. Obrigado senhor Jorge e dona Célia por terem transformado uma noite de amor em inúmeras noites de romantismo e admiração por um génio, daqueles que ficam perpetuados para sempre na história. PS: Tenho dito: este rapaz de Rosario, Argentina, vai a caminho de melhor da História. Até aparecer um igual ou melhor pelo menos...
7. Ter a bola é o segredo? No Ajax parece que sim. Brendan Rodgers( não me canso de citar o treinador do Swansea, exemplo paradigmático do futebol de pose na Premier League) gosta de dizer que ter a bola aumenta a probabilidade de uma equipa ganhar o jogo. Pensei nesta frase ao ver o Ajax-PSV, ontem à tarde. De um lado um paciente Ajax, equipa que gosta de trazer a bola no pé e passar para outra fase( mais dinâmica e ofensiva) através dos rasgos de jogadores como Eriksen ou Aissati. Do outro, uma equipa que me faz sofrer a vê-la jogar, porque pura e simplesmente não sei descortinar qual a ideia de jogo. Esta equipa é o PSV Eindhoven, agora treinada pelo ex-internacional holandês Cocu( curioso duelo, ontem, contra o ex-companheiro de defesa De Boer, agora treinador do Ajax). Nunca sei bem o que o PSV quer do jogo. Ontem não arriscou. Zero remates na primeira parte e uns poucos na segunda. Muito medo de pegar no jogo, algo estranho pensando no facto desta equipa ter jogadores inteligentes e que espevitam bem o jogo como Strootman, Toivonen ou Mertens. Puro desperdício de talento então! Do outro lado, belo trio no meio-campo. Anita e Eyong Enoh destroem e lançam o criativo Eriksen, fusão irresistível entre o "8" e o "10". No ataque, o jovem inexperiente Lukoki na direita, o intermitente Aissati( que ontem esteve em grande) e um rapaz que joga com o "10" às costas e que é mais um avançado-centro móvel do que um ponta-de-lança( De Jong). Atrás, dupla de centrais de grande qualidade( Alderweireld e Vertonghen, dois belgas, que limpam e arrumam a defesa). Falta Boilesen na esquerda( o substituto Blind é menos atrevido) e à direita apareceu boa revelação: van Rhijn, lateral substituto de Van der Wiel e que deu conta do recado na perfeição( tanto a defender como a atacar). Este Ajax gosta de ter a bola e esse é o segredo. Soube esperar numa primeira parte muito fechada e apareceu em grande no segundo tempo, arranjando mais espaços e desmontando a estrutura( frágil, a meu ver) do PSV. Resultado: 2-0. Uma óptima tarde de futebol paciente dos rapazes de De Boer. Já dizia Marot: para quem sabe esperar, tudo vem a tempo. Boa moral da história para definir esta fábula por terras holandesas.
8. Ainda neste clássico: o duelo de "8". Parti para este jogo na expectativa de testemunhar o duelo entre dois dos mais talentosos jogadores do campeonato holandês: Eriksen, do Ajax e Strootman do PSV. Christian Eriksen é um jogador que me faz lembrar os "trequartistas" à italiana. Joga entre o "8" e o "10". Ou seja, não é um "8" completo mas também não chega a ser o típico "play-maker". Gosta de o ver com a bola nos pés, arranjando linhas de passe seja à direita, esquerda ou para a frente. É muito talentoso e tem grande visão de jogo. Do outro lado, Kevin Strootman tem um registo mais pausado, pensa mais o jogo, é mais lento mas executa igualmente bem. Veste o " 6" mas aproxima-se mais do "8". Bom médio de transição, está aqui um jogador para ser aproveitado pelos maiores do futebol europeu. Tal como Eriksen. Se me dessem a escolher, optaria por Eriksen. No entanto, tudo depende das funções que pretendemos para os jogadores e das equipas em que os inseríssemos.
9. Mario Gómez. Um dos melhores pontas-de-lança do mundo, para mim, neste momento. E é, indubitavelmente, um dos mais eficazes da actualidade. O segundo golo do Bayern frente ao Hannover é simplesmente seu. A elegância e eficiência que tem a atirar à baliza fazem parecer todos os golos fáceis. Mas há alguns que são de mestre. Este golo, na vitória 2-1 sobre o Hannover, é um bom exemplo de um golo à Mario Gomez. Classe e nota 10 em execução.
10. Para terminar em beleza alguns dos nomes do fim-de-semana: Olivier Giroud. Mais um golo e Montpellier líder. Dos melhores avançados da actualidade. Atenção senhor Blanc: que sorte tem. Benzema e Giroud, dois grandes avançados, é só escolher. Ibrahimovic. Genial, como sempre. Primeira parte em que parecia estar ao abandono. Na segunda parte virou o clássico frente à Roma, com dois golos. Está em grande forma, talvez no momento mais eloquente da carreira. Já é líder da equipa. Del Piero. Entra e mata o jogo contra o Inter. É daqueles jogadores que eu espero que não acabe a carreira. Eu e qualquer pessoa. Mito vivo do futebol italiano e do futebol mundial. Philippe Coutinho. Golo fantástico do jovem brasileiro, emprestado pelo Inter ao Espanyol. Tem jogado muito. Gosto de o ver com Weiss e Uche, um belo trio pronto para atacar os lugares europeus. Hamdi Harbaoui. Um dos heróis do fim-de-semana é tunisino. Tem 27 anos e joga nos belgas do Lokeren. Apontou o único golo da final da Taça belga, contra o Kortrijk, disputada no último sábado no mítico Rei Balduíno de Bruxelas. Não o conhecia, confesso, e vi desde já bom registo: 11 assistências e 10 golos em 33 jogos esta época. Assim me despeço, boa semana, não esquecer, com muita Champions e Liga Europa!
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