segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Apontamentos do fim-de-semana(29/11/2011): De um derby de fogo até a uma morte inesperada, passando pela beleza do Calcio




Aí vão os apontamentos de mais um belo( e trágico...) fim-de semana de futebol, nacional e internacional:

1.Benfica vs Sporting. Foi um clássico emotivo, um bom duelo táctico. Domingos inteligente ao prender a saída rápida do Benfica através de uma pressão alta. Encarnados a responder bem pouco depois dos 20 minutos com a junção de linhas a meio-campo. Soltou-se aí o génio de Aimar, um jogador intemporal e que, apesar do avançar da idade, nos continua a fascinar com a sua maga capacidade de jogar futebol. No entanto, o Sporting manteve a posse de bola, através de recuperações rápidas, geralmente operadas pelos " carraçinhas" Elias e Schaars. Ao intervalo, Benfica em vantagem, Sporting mantinha todas as hipóteses de discutir o resultado. E foram mais 45 minutos de posse sportinguista, contra um Benfica que, depois de reduzido a 10( expulsão de Cardozo), passou, curiosamente, a defender melhor e a conceder menos espaço aos médios e atacantes leoninos. Creio que pelo domínio e oportunidades, talvez o Sporting merecesse o empate. No entanto, tem de se dar mérito às equipas que defendem bem. E desse ponto de vista o Benfica, com menos um na última meia hora, foi quase exemplar. E Jesus lá venceu mais um clássico a Domingos na Luz. Este, no entanto, costuma vingar-se em casa. Logo veremos, a seu tempo...;
2. Steven Defour/ Hulk: E eis que o FC Porto ganha nova vida, assentado numa nova táctica( 4x2x3x1) e com um novo " maestro": Steven Defour. O belga voltou a realizar uma excelente exibição, ele que sempre que joga a titular, o FC Porto vence. Marca o ritmo do meio-campo,acelera e desacelera, abre linhas de passe, quando pode, tenta o remate. Belíssimo reforço. Já Hulk parece estar de volta às exibições individuais portentosas. Ontem 2 golos( um de cabeça!), uma assistência e ainda um golo mal anulado. Sozinho na frente, jogando contra equipas que não se limitam a defender, torna-se um perigo constante;
3. Juventus. Melhor equipa até agora na Série A. Não só pela liderança, mas, sobretudo, pela consistência exibicional que tem vindo a mostrar. Antonio Conte e reforços conceituados( como Pirlo, Vidal, Vucinic, entre outros) trouxeram uma nova "alma" à colectividade bianconera. No jogo contra a Lazio, mais um 4x2x3x1 apresentado e que mostrou ser relativamente forte em termos defensivos e perigosíssimo nas transições. Marchisio, Pirlo, Vucinic e Matri são o quarteto da moda em Itália. Arturo Vidal tem ainda de crescer neste onze mas estou convicto que o Mestre Conte o fará aparecer melhor sem problemas. Não fiz aqui antevisão à época mas disse para mim que este seria o ano da Vecchia Signora. Neste momento, só o campeão Milan parece capaz de fazer concorrência;
4. Inter. No pólo quase oposto da Juventus está o Inter. Em Siena, este domingo, conseguiram uma vitória muito sofrida, arrancada a ferros, com um golo do jovem holandês de 18 anos, Luc Castaignos. Tiveram a posse mas, durante o jogo, sempre achei o Siena mais perigoso e consistente. A equipa está a precisar de uma renovação, assim como fez a Juve para esta época. Ainda assim, curiosamente, são os veteranos Zanetti, Cambiasso e Júlio César que têm mantido este Inter vivo, apesar de debilitado. Veremos se as novidades aparecem em Janeiro...;
5. Brasileirão. Está a chegar ao fim e teve uma penúltima jornada verdadeiramente emocionante. Corinthians parecia já campeão( 1-0 ao Figueirense, fora de casa), quando o jovem Bernardo, emprestado pelo Cruzeiro ao Vasco da Gama, fez o decisivo golo dos cruz-maltinos frente ao Fluminense( 2-1), que mantém o Vascão vivo na luta pelo título. Última jornada, no próximo domingo, vai ter muitos derbies sendo que se destacam os decisivos Corinthians-Palmeiras e Vasco-Flamengo. Haja coração!
6. Lisandro López. Que saudades tinha eu de uma bela exibição do argentino que em tempos encantou no FC Porto. Depois do regresso, após lesão, durante a semana, frente ao Ajax para a Liga dos Campeões, apareceu em grande, este fim-de-semana, em Auxerre. Dois belos golos, à ponta-de-lança, na vitória por 3-0 do Olympique Lyon;
7. Tim Krul. Parece que a Holanda tem mais um grande guarda-redes a caminho! Aos 23 anos e já com duas internacionalizações pela equipa A holandesa, Tim Krul promete tornar-se,brevemente, num dos melhores guarda-redes europeus. Tem jogado com regularidade no Newcastle, esta época, e no passado sábado, foi o herói dos magpies, no importante e surpreendente empate(1-1) arrecadado em Old Trafford, frente ao Manchester United;
8. PSV Eindhoven 6-1 Groningen. O futebol holandês e os seus resultados épicos. Ainda outro dia, este mesmo Groningen venceu 6-0, em casa, o Feyenoord. Desta vez consentiu seis, em casa do eterno candidato, PSV. Todos marcados por jogadores diferentes, curiosamente: Strootman, Mertens,Labyad, Wijanaldum, Matavz e Ola Toivonen;
9. John Guidetti. Por falar em Holanda, apontem este nome. 19 anos, está emprestado pelo Manchester City ao Feyenoord e tem sido o goleador do clube de Roterdão na Eredivisie. Este fim-de-semana, Guidetti apontou o primeiro da reviravolta do Feyenoord em casa do RKC Waalwijk(2-1). Leva 7 golos em 9 jogos disputados. Atenção, portanto;
10. Borussia Moenchengladbach. Mais uma grande exibição da equipa treinada pelo suíço Lucien Favre. Futebol apoiado, tacticamente consistente, com uma defesa aguerrida e um ataque perigoso, conduzido pelo craque, do qual já falei, Marco Reus. 3-0 fora frente ao rival Colónia, sendo que desta vez o destaque foi o avançado Mike Hanke, com 2 golos apontados. Ao fim de 14 jogos, liderança partilhada com o outro Borussia, o de Dortmund. Quem diria, hein?
11. Gary Speed(1969-2011). No passado dia 12 de Novembro, enquanto esperava o início da final da Liga dos Campeões Africanos, fui ver uma lista de jogos dessa tarde de maneira a observar mais qualquer coisa. Vi que iria ser transmitido um particular, País de Gales-Noruega. Poderia ser pouco apelativo, à partida, mas tornou-se um jogo interessante de se ver. No meio daquele misto de jovens promissores( Bale, Ramsey,etc.) e veteranos consagrados( Bellamy, por exemplo), achei um projecto com pernas para andar para a frente, um plano interessante para o futuro do futebol galês. A meio da primeira parte, focam o banco de suplentes. Em frente a ele, de pé, uma cara que não me era estranha. Nada mesmo. Aparece uma legenda com o nome: Gary Speed." Ah!", exclamei eu, o mítico médio do Newcastle de Shearer, Given e precisamente desse mesmo Speed. Fez também carreira de sucesso no Leeds, Everton, Bolton e Sheffield United, além de 85 internacionalizações pela selecção de Gales. Achei que um jovem treinador, ex-futebolista consagrado, poderia ser a melhor opção para a progressão do futebol e dos resultados daquela selecção. Fiquei convencido com o jogo de posse e aposta nos homens irreverentes do ataque. No fundo, não estava ali a génese comum do " pontapé para a frente" de boa parte dos países das ilhas britânicas. Vi potencial, de facto. Domingo, sem ter utilizado quase a Internet, reparei na inscrição da camisola interior de Hugo Viana, após o FC Porto-Braga. " Gary Rest in Peace", estava lá escrito. Primeiro pensamento: "será um amigo de Viana?". Depois pensei na carreira, num dos mentores de quando ele começou, ainda jovem, a sua experiência no Newcastle. "Será o Gary Speed?", pensei intrigado. Lá fui pesquisar e tomei conhecimento do triste desfecho deste promissor treinador. Aparente suicídio, por enforcamento. Isto leva-nos a pensar: "O que estava mal na sua vida para que, de repente, tivesse cometido suicídio?". Efectivamente, poderemos nunca vir a saber a resposta deste enigma. Guardo uma das recordações do fim-de-semana: Shay Given, guarda-redes do Aston Villa , amigo e ex-colega de Speed no Newcastle, a chorar, atónito, no minuto de silêncio feito, poucas horas após a sua morte, no Swansea-Aston Villa. Limpou as lágrimas e partiu para uma bela exibição, em recordação do seu grande amigo. Outros como Craig Bellamy, ficaram tão chocados que foram preteridos, por respeito à dor, pelos seus treinadores. Com certeza que, e numa perspectiva mais religiosa, ele deve estar a esta hora a discutir futebol e tácticas com um dos seus mentores, Sir Bobby Robson, noutro lado, para onde vão os grandes deste desporto. Paz à sua alma.

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