terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

10 apontamentos do fim-de-semana de futebol internacional

1. O "banho" do Liverpool. Imensos aqueles primeiros 20 minutos de jogo em Anfield. Neste tempo, deu para tudo: marcar 4 golos, criar mais umas chances e obrigar o Arsenal a errar 18 passes (sim, 18, quase todos em zona perigosa). O resultado final foi de 5-1 para o Liverpool mas poderiam ter sido mais. O plano de Brendan Rodgers resultou na perfeição: montou a equipa em 4x3x3, mas introduziu-lhe nuances interessantes, como a colocação de Sturridge mais ao centro e a derivação de Suárez para a direita. Mais por dentro também estava Coutinho, chave a anular o início de transição dos gunners. Todas estas variantes táctico-posicionais, aliadas a uma intensidade frenética e a um aproveitamento dos espaços absolutamente brutal, fizeram deste jogo um dos mais espectaculares da temporada. Rodgers tirou os espaços aos criativos do Arsenal e fez gato sapato de uma pobre e desamparada defesa. Por uma tarde, Sturridge, Suárez, Sterling, Coutinho, Gerrard e companhia sentiram-se no topo do mundo. De forma justa, diga-se.

2. Eden Hazard quer ser Bola de Ouro. Mais uma exibição descomunal do médio-ofensivo belga do Chelsea. Durante o comentário televisivo ao Man.City-Chelsea da última semana, o antigo defesa do Arsenal e internacional inglês, Martin Keown, referia que "se Hazard metesse uns esquis nos pés e participasse nos Jogos Olímpicos de Inverno, talvez ganhasse a medalha de ouro, tamanha qualidade têm os seus slaloms". A analogia de Keown faz todo o sentido, vistos os jogos mais recentes do belga. Este fim-de-semana, na recepção ao Newcastle, fez um hat-trick, numa das exibições individuais mais brilhantes que me recordo nos últimos tempos. Potência, destreza na condução, arranque imparável em diagonal e um cardápio de detalhes técnicos e de finalização notáveis. Já leva 12 golos na Premier League 2013/2014 e a continuar a este ritmo pode bater o recorde de golos conseguido em Lille (20, na época 2011/2012).

3. Uma equipa (e um treinador...) a precisar de ir ao divã... Ao contrário de Liverpool e Chelsea, o Manchester United continua a acumular desilusões e a Champions começa a parecer uma miragem bem distante (9 pontos de distância para o 4º lugar). Este domingo, apesar dos 81 cruzamentos, do domínio de fio a pavio e de inúmeras tentativas de golo, os red devils não passaram do 2-2 frente a um autocarro de 2 andares chamado Fulham. Além dos problemas de construção a meio-campo, já muito discutidos ao longo da época, a equipa parece entrar em pânico quando se acerca da baliza contrária e quase todos os lances saem sem clareza, como se fossem um quadro esborratado por um pintor genial. De facto, pintores geniais não faltam naquela casa (van Persie, Rooney, o recém-chegado Mata...), falta é que eles consigam arranjar as tonalidades certas para que o quadro possa ser admirado numa galeria de arte. Os pintores e o professor (David Moyes) parecem precisar dumas sessões de psicoterapia ou, quiçá, de uma nova musa inspiradora...

4. Juventus: da quase-perfeição à desilusão. Uma 1ª parte de controlo total, com muita bola e não concedendo qualquer tipo de chance ao adversário. Na 2ª parte, porém, tudo mudou, em especial quando mais uma bola proveniente da cabecinha voadora de Luca Toni, resultou em golo e a equipa começou a sentir dúvidas. Estou a falar do empate da Juventus frente a uma corajosa e perspicaz formação do Hellas Verona (2-2). Nos primeiros 45 minutos, foi relativamente fácil para Pirlo e companhia encontrar espaços, sempre com a ajuda exterior dos pêndulos Lichtsteiner e Asamoah e com os movimentos inteligentes de Tévez e Llorente. Ao intervalo, dois golos de Tévez valiam vantagem incontestável. Porém, Toni reduziu, a Juve começou a perder o controlo a meio-campo (melhoria do lado do Verona, sobretudo de Halfredsson) e viu ainda Chiellini sair lesionado. No meio destas perdas de autoridade no jogo, a Juventus não contava com outro factor: Juanito Gómez. O argentino entrou determinado a decidir e apareceu na área a fazer o empate, quando já poucos esperavam que o Verona levasse um ponto deste encontro. Um resultado brilhante para a equipa regressada do inferno da Série B, uma total desilusão para o bi-campeão italiano (apesar da vantagem robusta para a Roma...).

5. Fiorentina-Atalanta. Ilicic, Wolski e outros bons apontamentos. Bom triunfo da Fiorentina sobre a Atalanta (2-0). Ilicic e Wolski foram os autores dos golos. O esloveno marcou um livre directo absolutamente fantástico, de pé esquerdo. Já o jovem polaco entrou muito bem em jogo, em que é um "10" talentoso, com sentido de baliza, bom primeiro toque, embora não muito rápido. O seu golo foi soberbo, pela maneira como, subtilmente, tirou a bola do alcance dos defesas e atirou cruzado sem hipóteses para o guarda-redes Consigli. Para lá dos golos, vimos uma Fiore mandona, com Cuadrado e Vargas a darem bastante profundidade e largura ao jogo ofensivo da equipa de Montella. A equipa viola controlou o jogo quase todo sem grandes problemas, até porque a equipa de Bérgamo raramente mostrou atributos para poder discutir o resultado.

6. Real Madrid-Villarreal. Apesar dos 6 golos e de vários bons momentos, esperava algo mais deste jogo, sobretudo da parte da equipa de Marcelino García. Defensivamente, o Villarreal esteve bastante mal e isso fez a diferença. Sobretudo quando pela frente há jogadores como Bale, Benzema ou Jesé. Este trio, aliás, foi a chave para resolver o jogo. Bale fez o primeiro, Benzema, o segundo e o quarto e lá pelo meio Jesé fez o terceiro, num desvio subtil a fazer lembrar Romário. Na ausência de Cristiano Ronaldo, os merengues continuam a ter opções muito credíveis. Além disso, está por lá um rapaz chamado Di María, que tem tido uma adaptação muito interessante a esse novo papel de médio interior no 4x3x3 de Ancelotti. O argentino, assim que sentiu a concorrência de Bale, motivou-se e mesmo com a entrada do galês na equipa manteve-se opção válida, embora noutra posição. De facto, quando um jogador mostra competência, o treinador arranja-lhe sempre lugar na equipa...

7. Mónaco-PSG. Grande duelo entre os dois da frente em França. O empate a um traduz um jogo com diversas nuances, dominado pelos parisienses, mas com boa resposta de um Mónaco transfigurado em 4x4x2 após o intervalo. O jogo foi bastante intenso, como seria de esperar. Roubar a bola ao PSG é tarefa árdua de conseguir hoje em dia, por isso Ranieri apostou nas transições rápidas. Pastore marcou cedo (8´), o PSG foi controlando, mas nos últimos 45 minutos, com um Fabinho em plano de evidência, apareceu o auto-golo de Thiago Silva (74´). O lateral brasileiro tentou dar para Berbatov se estrear a marcar mas foi o capitão do PSG a desviar para a própria baliza. No final, resultado justo num jogo cheio de ritmo e dinamismo.

8. PSV-Twente. Duelo interessante na Eredivisie. O PSV venceu por 3-2, num jogo aberto e intenso. 1ª parte dominada pela equipa forasteira, com um PSV mais pragmático, procurando as transições rápidas. Nos últimos 45 minutos, manteve-se a toada com o Twente a não conseguir chegar ao empate, por muito que tenha tentado. Gostei bastante de rever jogadores como Arias ou Willems (laterais de propensão ofensiva, autores de 2 belíssimos golos), o veterano Ji-Sung Park, o talentoso Depay e ainda o robusto Locadia (excelentes recepções de bola e um grande golo de cabeça), do lado do PSV. Do outro lado, gostei da capacidade de desarme e subida com e sem bola de Ebecilio (marcou na sequência de um canto do lado direito), dalguns pormenores dos esquerdinos Felipe Gutiérrez e Tadic e das acelerações de Promes, muitas vezes bem apoiado por Rosales.

9. O regresso do campeonato argentino. Começou o Clausura na Argentina. Tivemos várias notas interessantes. Desde a derrota do campeão San Lorenzo no terreno do Olimpo de Bahia Blanca, até ao triunfo à justa de um dominador River Plate (muito nível do médio Kranevitter e pormenores do criativo Lanzini), passando pela goleada do primeiro líder Racing de Avellaneda (com golaço do ex-sportinguista Valentín Viola) ou pelos nulos entre Vélez e Tigre e no Newell´s-Boca (joga com várias ocasiões, aberto, entretido e com um Banega a mostrar muito nível para este campeonato). Já sentíamos saudades desta luta frenética, em que há vários candidatos ao título e onde podemos ter as mais variadas surpresas...

10. São Paulo a decepcionar. Mau jogo na deslocação ao terreno da Ponte Preta. Apesar do domínio inicial, o São Paulo foi sempre pouco audaz na criação ofensiva e perdeu com justiça (2-1), perante adversário bem arrumado e eficaz. Além disso, a equipa de Muricy Ramalho continua a falhar muito a nível defensivo (10 golos sofridos nas 7 jornadas disputadas do Paulistão). Destaques pela positiva: os ex-portistas Álvaro Pereira (o melhor) e Souza e o guarda-redes Rogério Ceni, autor de mais um golo e dalgumas boas intervenções. Exige-se trabalho!


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