terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

10 apontamentos do fim-de-semana de futebol internacional

1. City-Chelsea. Mais uma lição táctica de José Mourinho, conseguindo aquilo que só o super-Bayern de Guardiola havia feito esta temporada: derrotar o Manchester City em pleno Etihad. A vitória por 1-0 (golo de Ivanovic) foi curta, face àquilo que os blues fizeram, tanto em termos defensivos (jogo soberbo), como em termos ofensivos (vários lances de perigo em contra-ataque e três bolas nos ferros). No fundo, este City, poderosíssimo na frente, mas reduzido a cinzas perante Chelsea soberbo a defender, foi o adversário ideal para o Chelsea provar a candidatura ao título em definitivo, visto que é uma equipa que tem imensos problemas na transição defensiva. Enormes Matic e David Luiz ao meio, gigante o trabalho do quarteto defensivo (Cahill em evidência) e um Hazard endiabrado na contra-ofensiva. No City, enquanto Yaya Touré mandou, houve sensação de superioridade. Mas conforme ele foi perdendo influência, o conjunto de Pellegrini foi perdendo qualidade e racionalidade. Elucidativo...

2. Oxlade-Chamberlain pronto para o Brasil. Arsenal de regresso à liderança após mais um jogo em que deixou dúvidas na 1ª parte (lentidão de processos, passes falhados, jogo inconsequente, no fundo), para resolver depois nos últimos 45 minutos. Cazorla está num momento notável e o beneficiado foi Oxlade-Chamberlain. O promissor ala, médio-centro neste jogo, por ordem de Wenger (as lesões assim o obrigam...), falhou imensos passes no 1º tempo, mas no 2º foi decisivo, aparecendo mais na 2ª linha, estando mais liberado e acabando por decidir com dois belos golos. Uma vitória justa de um Arsenal que se vai valendo da sua competitividade para seguir na frente (factor decisivo por comparação com as últimas épocas).

3. QPR-Burnley. Mais um espectáculo de alta intensidade no segundo escalão do futebol inglês. O encontro entre 2º e 3º classificados terminou com um 3-3 e eu saí com uma sensação de plena satisfação do jogo (mesmo tendo vivido o Nottingham Forest 4-2 Watford, dois dias antes). Porque vi uma boa disputa, entre duas equipas rijas, competitivas e com belíssimos jogadores. Do lado do QPR, gostei de rever jogadores como Hoilett, Traoré ou o estreante Maiga, que até fez o 3-3 final. No Burnley, equipa organizada, mas com algumas dificuldades a defender bolas paradas, destaco o "10" Danny Ings, segundo-avançado que actua próximo do "9", Sam Vokes. Mexe-se muito, recua, dá largura, apesar da estatura elevada tem boa técnica e finaliza com qualidade. Mostrou um nível que o pode aproximar da Premier League a passos largos.

4. PSG a caminho do título. É certo que está para chegar um Mónaco-PSG potencialmente decisivo na luta pelo primeiro lugar, mas eu vejo as coisas muito claras: acho que o Paris Saint-Germain, salvo tremenda hecatombe, vai a caminho da renovação do título. Na última sexta-feira, venceu bem o Bordéus (2-0), num jogo que fica marcado pelos primeiros 20 minutos de Cabaye ao serviço do emblema parisiense (e com bons apontamentos!). Mas não só. Depois de uma 1ª parte competitiva perante Bordéus organizado e coeso atrás, o PSG subiu a intensidade no início da 2ª parte e acabou por resolver o jogo. A chave esteve em Lucas Moura, que apareceu mais solto e capaz de dar mais profundidade do lado direito. Ibra e Alex fizeram o resto e a equipa de Laurent Blanc continua no bom caminho. A segurança na posse de bola e capacidade de meter velocidade no último terço são as chaves do sucesso desta formação.

5. Rennes-Lyon. Um dos jogos mais interessantes da jornada da Ligue 1, até pela estreia do talentoso Paul-Georges Ntep ao serviço do Rennes. Venceu a equipa da casa (2-0), num jogo em que se fez valer das suas qualidades defensivas, dum certo pragmatismo e da eficácia na área lyonnaise. Belíssima exibição do todo-o-terreno Doucouré, bem protegido por um Konradsen certinho mas, por vezes, pouco intenso e por um Makoun mais posicional. De destacar ainda o excelente jogo de todo o quarteto defensivo do Rennes (em especial dos centrais Hountondji e Armand) e a "primeira vez" do trio Ntep-Toivonen-Alessandrini no ataque. Do lado do Lyon, uma equipa com iniciativa mas a pagar caro os erros defensivos em dois momentos fatais.

6. Maravilhoso Cabella. Dois golos e mais uma exibição notável do "10" do Montpellier. Virtuoso, com boa visão de jogo, mobilidade e golo, encontrou em Niang um bom parceiro para finalizar e ajudar a construir lances no último terço. Fica a questão: para quando um "grande"? A oportunidade estará para chegar (PS: falou-se com insistência no interesse do Newcastle no último mês).

7. O Bayern de Pep e as suas variantes. O Bayern-Eintracht Frankfurt (5-0) foi um jogo desinteressante do ponto de vista da competitividade mas muito rico em detalhes, pelo menos no que concerne aos bávaros. De início, surpreendeu a insistência em bolas longas, tentando criar espaços em profundidade ou buscando uma 2ª bola (assim surgiu o 1º golo, com Mandzukic a segurar passe de Dante para Gotze finalizar com brilhantismo). Depois, o Bayern começou a jogar, como habitual, com mais bola no solo. Thiago era o maestro, enquanto que Gotze se divertia entre-linhas. No meio disto tudo, ainda deu para proporcionar um regresso decente de Robben à competição (com direito a golo e tudo!). Um Bayern imenso e capaz de jogar em vários registos. Futebol que dá prazer ver.

8. Drmic e o regresso aos golos de Derdiyok. Doutros jogos que vi na jornada da Bundesliga chamou-me à atenção o brilhante rendimento do avançado suíço Josip Drmic (Nuremberga), ele que já leva 10 golos em 18 jogos. Aliás, face à ausência de bons pontas-de-lança na selecção suíça, acredito que, a continuar assim, este jovem de 21 anos pode muito bem vir a ser titular no Mundial. Outro suíço que brilhou foi Eren Derdiyok. Tem jogado muito pouco (só 160 minutos, divididos por 7 jogos na Bundesliga), mas foi decisivo no difícil triunfo do Bayer Leverkusen sobre o Estugarda. Correspondeu na perfeição a um bom cruzamento de Sam. Alternativa a Kiessling e, como se viu neste jogo, possível complemento. A luta pelo centro do ataque da selecção suíça numa das melhores Ligas do mundo.

9. Immobile, Berardi e Toni. Tenho pensado em escrever um texto sobre as alternativas a Balotelli na selecção italiana, perspectivando já o Mundial. O tempo para o escrever não tem sido muito mas este fim-de-semana centrei-me no acompanhamento dalguns potenciais convocados. Em Reggio Emilia, duelo entre Sassuolo e Hellas Verona. Dum lado, a entusiasmante promessa Domenico Berardi (já falei dele aqui...). Do outro, o "veteraníssimo" Luca Toni. E foi precisamente o experiente avançado do Verona que levou a melhor neste duelo particular, apontando um chapéu excepcional e mostrando outros bons pormenores ao longo dos 90 minutos. Em San Siro, Ciro Immobile voltou a dar um recital. Que grande época tem feito o avançado do Torino. 11 golos em 19 jogos, mostrando qualidades enormes a atacar o espaço e no um-para-um. Um destro de finalização fácil e capaz de apontar golos extraordinários. Em teoria, Cesare Prandelli não tem com que se preocupar...

10 Blind, o novo médio-centro do Ajax. Experiência interessante, colocada em prática por De Boer esta temporada: a adaptação do lateral-esquerdo Daley Blind à posição de pivot defensivo. Para já, e dos vários jogos que tenho visto do Ajax, as sensações são positivas. Demonstra enorme disponibilidade táctica, muita clareza com a bola nos pés e faz inúmeras recuperações de bola. Do ponto de vista físico, não é ainda o jogador mais competitivo mas vai crescer nesse aspecto. Tem um sentido de obediência notável e aceitou esta nova posição de bom grado. Este fim-de-semana foi o melhor jogador ajacied no decepcionante empate em Utrecht (1-1), tendo marcado o único golo da sua equipa (remate colocado de meia-distância). Recentemente, fez um jogo extraordinário frente ao PSV, que o consagrou definitivamente nesta nova posição. Se puderem, tentem encontrar este jogo e vejam as qualidades do rapaz.

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