quarta-feira, 31 de julho de 2013

O "novo" PSV de Phillip Cocu



Depois de, na última época, ter lutado até final pelo título da Eredivisie e de ter perdido a Taça para o AZ, o PSV Eindhoven procura nesta nova temporada o regresso aos títulos e também à Liga dos Campeões. Registaram-se algumas mudanças no plantel: o líder do meio-campo, Kevin Strootman, partiu para a Roma, os velozes extremos Lens e Mertens saíram para a Ucrânia e Itália, respectivamente, e o experiente Van Bommel decidiu colocar um ponto final numa longa e proveitosa carreira. Para os seus lugares chegaram, sobretudo, muitos jogadores jovens como, por exemplo, Maher, Jozefzoon ou o miúdo da "cantera" Bakkali e ainda alguns mais experientes como Stijn Schaars e Park-Ji Sung.

No primeiro encontro oficial da nova época, porém, o novo técnico Phillip Cocu utilizou uma data de jogadores jovens, alguns deles da formação do PSV, e que deixaram uma imagem de esperança num futuro risonho. O adversário foi o Zulte-Waregem, grande surpresa da última temporada na Bélgica e que tem alguns jogadores bem interessantes (ontem destacaram-se Leye e Habibou, mas a figura costuma ser Thorgan Hazard). O jogo foi bastante interessante e deixou as portas do "play-off" da Champions League abertas para a equipa holandesa. Esta é, aliás, umas das prioridades do PSV- conseguir, como mínimo, chegar ao "play-off". Depois, depende muito do estatuto que um eventual sorteio lhe irá conferir: se for cabeça-de-série, as chances de passagem à fase de grupos aumentam exponencialmente. Se, por outro lado, ficar no grupo dos não-favoritos, terá o caminho teoricamente mais dificultado.

A primeira "pedra" para a construção do sonho desse apuramento foi colocada ontem, no Phillips Stadion. Cocu apostou no clássico 4x3x3 à holandesa: Zoet, na baliza; defesa com os centrais Bruma e Rekik (dois reforços que se entenderam às mil maravilhas) e os laterais, de características ofensivas, Brenet e Willems. No meio-campo, muita qualidade com bola no pé. Schaars era a unidade mais recuada e na 2ª linha apareciam os talentosos Wijnaldum e Maher. O trio de ataque era composto por um gigantão ao centro (Matavz) e dois miúdos, irreverentes de bola no pé e no um-para-um: à direita, 17 anos, Zakaria Bakkali e à esquerda, o internacional sub-21 holandês, Memphis Deepay. Portanto, muita juventude neste "onze", boa parte deles ainda a consolidarem-se do ponto de vista da experiência internacional.

A estratégia de Cocu poderia supor riscos, é certo, mas a equipa da Phillips respondeu lindamente ao longo dos 90 minutos. Logo de início, a equipa do PSV começou a dominar o encontro: Wijnaldum assumia a condução, enquanto Maher ia aparecendo a espaços. Nas alas, Bakkali e Deepay assumiram imensas acções de risco, tendo ganho boa parte delas. Deram verticalidade, procuraram diagonais (sobretudo Deepay) e saíram deste encontro como figuras supremas. No entanto, apesar da insistência ofensiva dos holandeses, o jogo chegou empatado ao intervalo. Em termos de definição, ainda há muita coisa a ser trabalhada. Além disso, Matavz parece estar mais com a cabeça num novo clube do que concentrado no PSV...

Na 2ª parte, chegaram, finalmente, os golos: o primeiro, num movimento de fora para dentro de Deepay, concluído com um remate de pé direito, potente e colocado, a uns bons 30 metros da baliza. Um golo de fazer levantar qualquer estádio. O segundo surgiria à entrada para o último quarto-de-hora. O jovem lateral-direito Brenet, jogador de projecção ofensiva notável, galgou terreno, acelerou pela ala direita e cruzou para uma finalização de primeira do promissor avançado Jurgen Locadia. Um excelente lance de futebol a valer grande triunfo para o PSV Eindhoven.

No final, ficaram boas sensações, embora o resultado até pudesse ter sido melhor. Deepay foi a figura, tremendo no um-para-um e puxando a bola constantemente para o seu pé direito. Bakkali, nascido em 1996, também deu trabalho de sobra ao lateral Verboom, com as suas constantes acelerações. Ao meio, Schaars foi o estabilizador, Maher andou um pouco escondido nos primeiros 45 minutos, para aparecer mais próximo da frente no 2º tempo e Wijnaldum foi um dos elementos mais dinâmicos e criativos a tempo inteiro. Matavz rendeu pouco, sendo bem substituído por um Locadia que, na minha opinião, pode explodir em definitivo esta época. Acredito, muito sinceramente, que o jovem internacional holandês pode marcar qualquer coisa como 15 a 20 golos, se for utilizado com regularidade esta época. Fica a aposta...

Mas não foi só no meio-campo e ataque que o PSV mostrou boa cara. A defesa também esteve em plano de evidência. O jovem lateral-direito Joshua Brenet (19 anos), internacional sub-19, fez uma actuação notável, apoiando o ataque e acelerando o jogo de cada vez em que pegava na bola. Além disso, provou ser um jogador capaz de fechar o corredor com critério. Do outro lado, Jetro Willems (também 19 anos, mas com mais tempo de equipa principal) continua a ser peça fundamental no apoio ofensivo e parece ter progredido a defender o espaço nas suas costas. Ao centro, porém, apareceram as melhores revelações deste desafio: Jeffrey Bruma e Karim Rekik. Bruma, recrutado ao Chelsea, que o tinha emprestado ao Hamburgo, foi colossal: antecipou quase sempre na perfeição, esteve inultrapassável no jogo aéreo e jogou com bastante serenidade, perdendo raras vezes a sua posição. A seu lado, Rekik, 18 anos, emprestado pelo Manchester City ao clube de Eindhoven, também esteve imperial. Muito concentrado, mostrou-se acertado na marcação e roubou várias bolas em zona de perigo. Uma prova de que há muito e bom talento neste PSV e não está só nas botas de craques como Maher, Wijnaldum ou Deepay. Cocu deve estar a sentir-se nas nuvens...

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