terça-feira, 22 de maio de 2012

Apontamentos do fim-de-semana( 21/5/2012): do Jamor a Roma passando por um campeão europeu inesperado( e imerecido)

1. Pardalitos do Choupal, revividos, 43 anos depois... E desta vez com direito a Taça! Incrível feito da Académica de Pedro Emanuel. Num estádio a transbordar de entusiasmo verde e preto, sorriu a estudantada de Coimbra, no final desta empresa. Golo de Marinho aos 4 minutos a selar triunfo histórico de uma das maiores instituições desportivas do nosso país. Segunda Taça da História para a AAC( a primeira de todas, por sinal, já lhes pertencia). Um grande jogo dos academistas. Com garra, atitude, táctica acertada e sobretudo muita alma e capacidade de sofrimento, especialmente na fase final do encontro. Incrível jogo de Adrien, a recuperar bolas e a lançar a Académica na transição. Ricardo gigante na baliza, centrais Real e Abdoulaye intransponíveis. Marinho herói com o único golo da tarde. E lá vai a Briosa à fase de grupos da Liga Europa. Como tudo mudou em 3 semanas. Mais, diria eu: como tudo mudou, 43 anos depois. Agora já conseguem vencer no Jamor!
2. Sporting mau de mais para ser verdade. Esperava muito mais do Sporting nesta final, para ser sincero. A equipa vinha motivada, os jogadores estavam em grande forma, aparentemente prontos para conseguir um título, a meu ver, muito importante e que poderia dinamizar o futuro próximo dos leões. Mas tudo correu de uma forma errática no estádio do Jamor. Bloqueado, trémulo, incapaz de criar perigo. Este foi o Sporting da primeira parte. Na segunda com a entrada de Izmailov e o aparecimento de um Capel mais activo tivemos mais pressão e consequentemente um pouco mais de perigo mas longe do suficiente, como o marcador comprovou. Sá Pinto queixou-se de falhas, no seu entender inadmissíveis num jogo desta envergadura. E com toda a razão. O Sporting entrou amorfo, sem grandes ideias e no desespero da segunda parte não teve lucidez suficiente para dar a volta aos acontecimentos. A Académica teve muito mérito mas a verdade é que o leão também foi responsável pelo seu funeral...
3. O Jamor e o paradoxo beleza/degredo: Não restem dúvidas de que o Jamor é o palco ideal para a final. Isto se tivermos em conta a ambiência em torno do jogo, o convívio entre adeptos, as patuscadas... No que toca a condições de confortabilidade do estádio e respectivos acessos a questão é substancialmente diferente. Estive ontem a assistir à final e constatei a degradação das bancadas( incluindo a tribuna presidencial e nomeadamente, a bancada de imprensa). Quando o passo é evoluir em termos de matérias de segurança e conforto nos estádios parece que tudo é relativizado quando falamos em melhoramentos no Jamor. Mas o pior nem é o estádio em si. O acesso por onde passei ( bancada Cabeceira Sul) é ridiculamente parecido ao de um qualquer estádio do Zimbabué ou Malawi. Fiz mesmo essa pergunta a algumas pessoas em tom de brincadeira, se porventura iríamos assistir à final da Taça de um desses países africanos. Uma descida íngreme, sem escadas, terreno fantástico mas para a prática de downhill. Enfim, um cenário lamentável, com crianças e idosos em dificuldades. Não haja dúvida que o cenário está bem montado, que aquele local é perfeito. Mas é preciso melhorar. E muito!
4. Munique: aquilo foi mesmo uma final da Champions? E a resposta é: oficialmente foi, mas não pareceu. O Chelsea levantou a Taça, depois de uma lotaria de grandes penalidades em que Schweinsteiger foi vilão e Drogba acabou como herói. O jogo em si foi o que se esperava: Bayern com bola, ocasiões; Chelsea fechadíssimo, recuado, aguentando com uma linha defensiva bem fechada, equipa solidária como há poucas mas muito limitada em termos de ataque. No final castigo demasiado cruel para um Bayern dominador mas estranhamente não concretizador. Paradoxalmente assenta bem a vitória a um Chelsea demasiado cínico, com laivos de Grécia de 2004. O espectáculo decepcionou-me mas estou convicto de uma coisa( e ainda bem!): não vão haver muito mais finais  deste género nos próximos tempos.
5. La vie en blue et orange( Montpellier campeão francês). Está confirmado, finalmente. Última jornada do campeonato francês, com o líder e quase campeão Montpellier a precisar de um mero empate no reduto do já descido Auxerre para se consagrar pela primeira vez campeão de França. Curiosamente começou a perder( o PSG também perdia em Lorient, portanto tudo estava bem). No entanto, aos 32 minutos de jogo, o título ficou assegurado com o empate de Utaka. O mesmo que, aos 75 minutos, confirmaria definitivamente a conquista dos comandados de René Girard. Um título sublime, merecido, uma grande surpresa a abalar positivamente o futebol gaulês. Jogadores como Giroud, Belhanda, Yanga Mbiwa ou Bedimo já saltaram para a primeira página de muitos cadernos de apontamentos de vários tubarões europeus. Fica aqui o último onze da época dos novos campeões franceses( que para o ano estarão em acção na fase de grupos da Champions League!): Jourdren; Bocaly, Yanga Mbiwa, Hilton, Jeunechamp; Saihi, Estrada; Camara, Cabella, Utaka; Giroud. Entraram ainda Dernis, Ait-Fana e Stambouli. Faltaram os craques Belhanda( nº10 de que já falei aqui) e Bedimo( lateral-esquerdo, talvez o melhor nesta posição, esta época, na Ligue 1). Um bem-haja aos novos campeões!
6. Ainda França: revelações, desilusões, descidas... Esta foi uma última jornada onde várias equipas em risco de descida se agigantaram. Valenciennes, Nice, Brest, Ajaccio ou Sochaux venceram jogos bem complicados e mantiveram-se na primeira divisão. Descem Caen e Dijon, que fazem, assim, companhia ao Auxerre, que já estava confirmado na Ligue 2 desde a semana passada. No campo das revelações aparecem para mim algumas equipas: primeiro, o campeão Montpellier. Depois, o 5º classificado, Girondins Bordéus. Grande ponta final do histórico clube da cidade do Garona. Terminou a vencer no campo de outro rival na luta pela Europa, o Saint-Etienne, por 3-2. Estará nos "play-offs" de acesso à Liga Europa, quando há algumas jornadas atrás poucos o esperavam. E isto com o pior plantel dos últimos anos, em minha opinião. Temos também o surpreendente Evian, vindo da segunda liga, que fez 9º lugar. Belíssima prestação da equipa treinada pelo uruguaio Pablo Correa( ex-treinador do Nancy). Revelou os goleadores Sagbo e Bérigaud, assim como o dinamarquês Wass, emprestado pelo Benfica. Do lado das decepções estão o Lyon( 4º lugar, estará na fase de grupos da Liga Europa por via do triunfo na Taça), o Olympique de Marselha( miserável 10º lugar, atrás de equipas como Toulouse ou Evian) e ainda o histórico Auxerre, último classificado, que passa, no espaço de um ano e meio, da Champions para o inferno da segunda liga.
7. Ao fim de 52 jogos, a Juve perdeu! Nápoles heróico! Grande feito do Nápoles. Regresso aos títulos, 22 anos depois, num Olímpico de Roma colorido por duas apaixonantes colunas de tiffosi. A Taça de Itália assenta que nem uma luva a este belo Nápoles e é um prémio justíssimo ao excelente trabalho de Walter Mazzarri e dos seus pupilos. Uma época que teve o auge na Champions( chegada aos "oitavos", eliminados injustamente pelo futuro campeão europeu Chelsea) e que no campeonato esteve perto do óptimo( 5ºlugar, bem perto do desejado 3º, que daria acesso ao play-off da Liga milionária). Belíssima vitória, ainda para mais contra uma Juventus que ainda não havia perdido esta época. O resultado da final foi 2-0, golos apontados por Cavani, aos 63 minutos, de grande penalidade, e Hamsik, ao minuto 83.

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