segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Apontamentos do fim-de-semana( 12/12/2011): Do Funchal a Bolonha ouvindo uma sinfonia catalã











Aí vão os apontamentos de mais um fim-de-semana futebolístico, com grandes jogos, emoção e alguma polémica:

1. Marítimo-Benfica: Take 2. Depois do jogo da passada sexta-feira, a contar para a Taça de Portugal, Marítimo e Benfica voltaram a defrontar-se este fim-de-semana, no Funchal, mas desta vez na Liga Zon Sagres. Triunfo à justa do Benfica, com golo após carambola na área, aos 85 minutos, por Cardozo. Mais uma vez o Marítimo apresentou-se em campo com uma postura interessante, com a defesa subida( sempre um risco, é certo), meio-campo forte mas mais posicional e ataque com dois extremos muito velozes junto a Baba. O Benfica entrou com uma equipa mais forte e criativa que no jogo da Taça. Primeira parte equilibrada, embora o Benfica tenha tido mais oportunidades. Cardozo protagonizou, aliás, um dos falhanços da década em Portugal. Na segunda parte, Olberdam a ser expulso de início e Pedro Martins a ter de mudar a cara aos insulares. Passaram a recuar mais os extremos Heldon e Sami, transformando a equipa quase num 4x4x1 em situação defensiva. Ainda assim, o Marítimo teve precisamente aí o seu melhor período, perante um Benfica que já não criava tanto perigo. Foi preciso esperar até ao tal minuto 85 para vermos um golo, o tal de carambola de Óscar Cardozo. No final, fica a sensação de injustiça para os maritimistas e a sensação sempre agradável de triunfar este tipo de jogos duros da parte do Benfica;
2. Sábado díficil mas proveitoso. Também FC Porto e Sporting triunfaram os seus jogos, disputados sábado ao fim da tarde e noite. Os azuis-e-brancos derrubaram a imensa "muralha" defensiva do Beira-Mar com um momento de génio de James e mais um golo do Incrível Hulk. Um jogo, à excepção dos primeiros 10 minutos, totalmente dominado pelos "dragões", que apesar das críticas e aparente crise de resultados continuam lá em cima na tabela. Já o Sporting teve vida mais díficil durante os 90 minutos. O " Capitão América" Onyewu lá decidiu, de cabeça, a contenda, ao minuto 22. Mas, nomeadamente na segunda parte, viu-se muito Nacional para pouco Sporting. Domingos e os seus rapazes a gastarem os créditos de pragmatismo neste jogo, ainda assim mantém-se a 4 pontos da dupla líder;
3. Braga recupera de um susto! O Sp.Braga abriu a jornada com goleada sobre o Paços de Ferreira, na estreia de Henrique Calisto no banco dos pacenses. 5-2 foi o resultado. No entanto, o Braga assustou-se depois de uma vantagem inicial de 2-0, tendo consentido o empate no primeiro quarto-de-hora do segundo tempo. Valeu a reacção dos últimos 20 minutos, com 3 golos apontados. Destaque para a obra-prima de Alan no primeiro golo bracarense, para os dois golos de Lima e para os eternos problemas defensivos deste Paços de Ferreira. Prevê-se muito trabalho para Calisto!
4. O inevitável Real-Barça. Não poderia escapar à análise do jogo do fim-de-semana, claro está. No palco dos sonhos de todos os madridistas, o Barça de Guardiola voltou a sair sorridente. E de sorriso largo, certamente, depois de tanta crítica depreciativa antes deste Clássico. O Madrid começou em grande, com golo aos 22 segundos, apontado por Benzema, na sequência de uma perda de bola de Valdés e duas tentativas falhadas de remate e como consequência óbvia da incrível entrada em pressão dos comandados de José Mourinho. No entanto, os "culés" mantiveram-se fiéis ao seu estilo e apesar dos problemas causados pelo Real nos primeiros 20 minutos, aguentaram e à meia-hora Alexis já tinha empatado, após assistência do inevitável Lionel Messi. Até ao intervalo, as forças foram-se equilibrando progressivamente. Chegados à segunda parte, temos o segundo do Barcelona, tiro de Xavi, desafortunadamente desviado por Marcelo para a própria baliza, ao minuto 52. Barcelona em vantagem, a partir daí tudo poderia ser diferente. E foi. Catalães, comandados pelo maestro Iniesta com um trio Alexis-Messi-Cesc em constante movimento no ataque, tornaram-se donos e senhores do jogo. CR7( que foi mais um CR0 na noite de sábado) a falhar soberana oportunidade de empate, de cabeça e logo de seguida Barça a finalizar, em contra-ataque, por Francesc Fábregas, de cabeça, estavam decorridos 65 minutos de jogo. Depois disso e até final, foi domínio absoluto do Barça, que podia ter aumentado a contenda por várias vezes. Do lado madridista, tanto Kaká como Higuaín não acrescentaram nada de relevante ao jogo ofensivo. 3-1 foi o resultado de mais um jogo sorridente do super-Barça de Guardiola;
5. Outros apontamentos d´ El Classico. Bertrand Russel, famoso filósofo e matemático inglês das primeiras décadas do século passado, costumava dizer que" na vida nunca se deveria cometer duas vezes o mesmo erro, dado que, havia bastante por onde escolher". Mourinho voltou a cometer( e não por segunda vez) alguns erros na abordagem a um clássico contra o principal rival, quando tinha muito por onde escolher. Não deixa de ser o melhor( ou dos melhores) do Mundo, mas, e exceptuando a final da Copa del Rey da última época, não conseguiu encontrar fórmula mágica para bater este Barça dos deuses na Terra. Creio que colocar Coentrão à direita e Lass a trinco não foram as melhores opções. No primeiro caso, porque faltou profundidade à equipa. É certo que Di Maria ou Ronaldo conseguem esticar o jogo madridista mas faltou essa muleta chamada Fábio Coentrão do lado esquerdo, quanto muito. É certo que defensivamente foi esforçado e cortou várias vezes lances de perigo, mas também não foi o jogador influente de outras noites. Faltou também, penso eu, um Khedira a meio-campo, em detrimento do mais defensivo e posicional Lass. Gosto muito da dupla Xabi-Khedira. Complementam-se muito bem, ficando Xabi Alonso mais posicional, recuperando bolas e dando aqueles passes de génio e Khedira, recuperando e saindo de bola no pé sempre que pode. Acho que José Mourinho, não apostando de início nesta dupla, poderia pelo menos tê-lo feito para a segunda parte. Seria melhor para o processo de uma equipa que ataca muito bem em velocidade, com várias unidades em permanente movimento e com esse jogador que tanto ataca como defende como Khedira tudo poderia ter sido diferente. Outro apontamento vai na direcção contrária, ou seja, do lado dos de Guardiola. Para mim Alexis e Iniesta foram os dois melhores jogadores " culés" em campo. O primeiro fez a cabeça em água a Marcelo, com penetrações constantes do lado direito do ataque, aparecendo muito bem a finalizar na área, como se viu, por exemplo, no lance do primeiro golo. Quanto a Andrés Iniesta tenho que lhe agradecer por mais 90 minutos de puro talento e genialidade na condução da bola, a gerir o ritmo do meio-campo, com constantes acelerações capazes de provocar o maior desequilíbrio na defesa contrária. É o homem que anda com o "piano" futebolístico do Barça. Xavi suporta-o, quase sendo uma base enquanto que Iniesta aproveita esse trabalho mais posicional do nº6 para ser o chefe da orquestra catalã. Mais um hino ao futebol!
6. Premier League. Este fim-de-semana observei com atenção três jogos da primeira liga inglesa. Liverpool-QPR, Norwich-Newcastle e Stoke City-Tottenham. Liverpool a ganhar com alguma dificuldade a um aguerrido Queens Park Rangers. Suárez é um jogador extraordinário, mas continua muito agarrado à bola em determinadas situações. Adam continua a encher-me as medidas, é um médio daqueles combativos, à antiga. No Norwich-Newcastle, 6 golos( 4-2 para os donos da casa), sendo que o Newcastle realizou na primeira parte uma das piores prestações da época. Na segunda parte, pareciam querer subir de rendimento mas os "Canários" de Norwich mataram o jogo em contra-ataque. Destes três jogos que analisei, destaco o mais emocionante, o confronto entre Stoke e Tottenham. Péssima primeira parte do Tottenham, totalmente desfigurado, sem ligação entre meio-campo e ataque. Stoke a marcar dois golos( Etherington a bisar!) e a chegar ao intervalo com vantagem confortável. No entanto, tudo mudou na segunda parte e voltei a ver o Tottenham pressionante e a jogar bom futebol desta época. Marcou Adebayor de pénalti, mas foi insuficiente. O Tottenham perdeu, mas com muitas razões de queixa do árbitro, que não assinalou duas penalidades evidentes a favor dos Spurs. Outro apontamento: com Modric a mexer o jogo de ataque, quase como "10", todo o jogo do Tottenham muda, no sentido positivo. Prefiro-o assim do que mais como médio-centro, junto a Parker;
7. Bayern e um génio esforçado chamado Kroos. Goethe disse e bem ,um dia, que " a genialidade é esforço". Penso nessa citação do filósofo alemão, com mais de 2 séculos, quando vejo hoje em dia o seu compatriota Toni Kroos. No fundo, toda aquela entrega ao jogo e capacidade técnica revelam a genialidade de um dos jogadores que mais gosto de ver na Bundesliga. Algumas vezes acaba preterido em detrimento de outros colegas de equipa, também com grande qualidade, mas sem o seu génio para a coisa. Com ele junto a Tymoschuk no meio-campo, e sem o habitual Schweinsteiger, a orquestra bávara funciona de outra maneira. Revela-se como o típico médio de transição, dado que raramente consegue ficar muito posicional junto a Tymoschuk. Mas, de facto, não precisa, pois estando em perfeita simbiose com Robben, Ribéry e Muller torna-se  muito mais útil ao jogo do Bayern;
8. Bolonha-AC Milan. Belo jogo, resultado justo(2-2) e uma arbitragem de bradar aos céus. Gastón Ramírez, jovem uruguaio do Bolonha, mais uma vez a mostrar bons pormenores. Tem futuro. Ainda em destaque dois veteranos, autores de magníficos golos: Marco di Vaio, do lado do Bolonha, com chapéu imenso a Amelia e Clarence Seedorf, com disparo indefensável para Gillet. Tudo isto no primeiro tempo. Na segunda parte, pénalti inexistente de Ibrahimovic e no minuto seguinte( 73´), Diamanti a empatar. Ficaram ainda dois pénaltis por marcar a favor do Bolonha e um para o Milan. Ainda assim, viva o Calcio!

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