terça-feira, 4 de junho de 2013

Euro Sub 21: antevisão e 10 craques

Começa esta quarta-feira mais uma edição do Europeu de Sub-21. Desta feita, Israel será o país organizador, numa prova que se espera espectacular, até pelo valor das equipas envolvidas. Surgido, nestes moldes, em 1978, o campeonato europeu de sub-21 costuma ser uma importante montra de talentos. Mancini, Voller, Figo, Cech, Lampard ou Ozil foram só algumas das estrelas que despontaram neste campeonato. A edição deste ano terá várias equipas de renome e algumas formações consideradas outsiders. Passamos, de seguida, à apresentação das oito equipas que lutarão por chegar à final de Jerusalém no próximo dia 18:

Grupo A

Israel: Apesar de não ser a primeira presença em competições deste género, não tem sido normal vermos a formação israelita jogar competições deste género de forma regular. Porém, calhou ao país do Médio Oriente organizar a edição de 2013 do Europeu de Sub-21. Treinada pelo jovem Guy Luzon (no próximo ano será o treinador do Standard de Liège), a formação israelita tentará surpreender num grupo difícil e com selecções muito mais competitivas. A principal estrela de Israel é o médio Eyal Golasa, médio-centro bastante físico e com bons pés, além de possuir uma capacidade interessante para disparar de fora da área. Destacam-se ainda o promissor lateral-esquerdo Taleb Twatiha (Maccabi Haifa), o mais experiente central Ben Harush (Maccabi Netanya) e os avançados Munas Dabbur (Maccabi Tel Aviv) e Alon Turgeman (Maccabi Haifa). Nos últimos jogos particulares, a equipa apresentou ainda algumas dificuldades na construção de jogo, se bem que se tenham visto alguns argumentos em termos de contra-ataque. Uma selecção competitiva mas aparentemente longe do patamar das rivais de grupo...

Noruega: A par da Rússia, pode vir a ser uma boa candidata a surpresa da competição. Treinada por Tor Ole Skullerud, a formação norueguesa surpreendeu tudo e todos ao eliminar a favorita França no "play-off" (com uma vitória estrondosa por 5-3). Podemos dizer que esta equipa está bem apetrechada, embora saibamos que não vai poder contar com 4 jogadores importantes no início da competição: Nordtveit, Henriksen, Berisha e King estão convocados para o compromisso da selecção principal, no apuramento para o Mundial do Brasil. No entanto, há mais nomes a seguir: o talentoso médio Magnus Eikrem, o central Thomas Rogne, forte na área contrária, o médio-defensivo Konradsen ou os avançados Berget e Pedersen, fortes a segurar a bola e nos movimentos nas zonas mais adiantadas. Acredito que possam fazer um bom Europeu, mas tudo estará muito dependente do que serão capazes de fazer na estreia, frente à anfitriã Israel.

Itália: Se há selecção que tem um potencial ofensivo brutal neste Euro 2013, essa é a Itália. Immobile, Insigne, Borini, Paloschi, Sansone, Gabbiadini ou Destro poderão formar uma linha ofensiva absolutamente brutal. Isto sem esquecer o talentoso criativo Riccardo Sapponara (Brescia), que também pode jogar a segundo avançado. Orientada por Devis Mangia, a formação transalpina deixa, no entanto, algumas dúvidas do ponto de vista defensivo: à excepção dos centrais Caldirola e Capuano, faltam referências claras, jogadores com maior experiência competitiva. No meio-campo, porém, voltam os sorrisos e as certezas: Verratti será o "patrão" e terá o nobre acompanhamento de jogadores como Florenzi ou Bertolacci. Criatividade, capacidade de passe curto e longo e qualidade de remate. 3 jogadores muito fortes para pegar no jogo. Diria que esta Itália é uma autêntica incógnita. Se a defesa provar estar à altura dos outros sectores, temos uma candidata ao título. Apesar dos "tubarões" do grupo B...

Inglaterra: Com um passado recente decepcionante ao nível do futebol jovem, a Inglaterra procura mostrar a sua cara mais feliz neste Euro sub-21. Em teoria, é a segunda favorita deste Grupo A. Porém, levantam-se mais dúvidas quando pensamos na ausência de resultados vistosos nos tempos mais recentes. Parece que tem faltado alguma competitividade e, quiçá, até algum talento. Para a edição deste ano, a equipa de Stuart Pearce traz alguns jogadores muito interessantes do ponto de vista técnico (Zaha ou Ince) mas parece uma formação desequilibrada. Os centrais não são os mais espectaculares, embora, para compensar, os laterais sejam bastante interessantes (Clyne à direita e Rose à esquerda). No meio-campo, Chalobah e Lowe tentam equilibrar o barco atrás, dando consistência defensiva. Na 2ª linha, poderão surgir elementos como Henderson ou Shelvey (ambos do Liverpool) para organizar jogo e no ataque espera-se a afirmação definitiva do promisssor Connor Wickham. Faltam algumas alternativas e algumas lesões de elementos importantes não vieram ajudar, mesmo antes do início de tão importante prova. O tempo urge, será que finalmente a Inglaterra dará uma resposta à altura do seu prestígio?

Grupo B

Espanha: É a actual campeã e, porventura, a maior favorita à reconquista do troféu. Liderada em campo pelo mago Isco, a equipa de Julen Lopetegui está perante um desafio interessante neste Euro 2013. Pela frente, logo na fase de grupos, terá 3 oponentes bastante competitivos e capazes de fazer sofrer esta forte armada espanhola. No entanto, quem tem, além de Isco, craques como Muniain, Thiago, Rodrigo ou Canales bem pode pensar em construir resultados gordos. A criatividade, a visão de jogo, os movimentos de ruptura e os golos estarão lá, pela certa. No entanto, não bastam. E aí é que a Espanha prova ser uma selecção equilibrada, pelo menos por comparação com outras. Na defesa, têm nomes como Iñigo Martínez ou o excelente lateral Carvajal, no meio-campo, Illarramendi ou Koke e até na baliza têm De Gea. São 23 representantes de grande qualidade, prontos para atacar mais um título. A onda espanhola parece não ter fim!

Rússia: Ora aí está uma selecção que, num dia bom, pode surpreender muita gente. Orientada pelo ex-jogador Nikolay Pisarev, a Rússia apresenta um grupo bastante interessante de jogadores, de onde saltam à vista, com toda a naturalidade, os internacionais A Alan Dzagoev e Fedor Smolov. Apesar da aparência interessante, este conjunto não tem ainda, no geral, grande experiência internacional. Para lá dos atletas com convocatórias para a selecção principal no currículo, temos boas referências da Liga russa como o central Taras Burlak, o lateral-esquerdo Schennikov, o médio Oleg Shatov ou o avançado Kanunnikov. Uma equipa atlética, forte na contra-ofensiva e com jogadores que podem virar um jogo de pernas para o ar de um momento para o outro. Apesar do possível factor-surpresa, a Rússia é claramente a outsider deste grupo.

Holanda: Olhar para o meio-campo holandês é ver uma bonita história de amor pela bola. Strootman, Clasie, Maher, Van Ginkel ou Leroy Fer prometem fazer dos relvados israelitas um dos lugares mais belos e aprazíveis do mundo durante os próximos dias. Eles são o corpo e alma desta selecção, a representação fiel de um futebol tricotado à boa maneira holandesa, com qualidade de passe permanente e muita intensidade. Defensivamente, também se notam alguns progressos. Boas opções nas laterais (Van Rhijn, Blind ou Van Aanholt) e no centro da defesa (os internacionais A De Vrij e Martins Indi ou a revelação do Anderlecht, Nuytinck), fazem com que a Holanda já não possa ser vista como um patinho feio lá atrás. No ataque, é De Jong que assume a despesa no centro, com o apoio dos talentosos e verticais Wijnaldum e Ola John. A formação treinada pelo experiente Cor Pot (61 anos) é uma séria candidata ao título.
Alemanha: Depois do sucesso de 2009, com uma geração extraordinária que incluía craques como Ozil, Khedira ou Hummels, a selecção alemã regressa aos Europeus de sub-21, com perspectivas de poder, eventualmente, arrecadar tão ambicionado troféu. O principal craque desta geração é o médio-ofensivo do Tottenham, Lewis Holtby, criativo já feito e com experiência de selecção A e de grandes ligas. De resto, um conjunto bem formatado, mas com algumas ausências que podem ser complicadas (Jung, Kirchnoff ou Arslan). No entanto, a competitividade de jogadores como Sebastian Rode, Sead Kolasinac, Patrick Herrmann ou Kevin Volland será muito útil para formar um grupo forte, tanto defensiva como ofensivamente. Orientados pelo veterano de guerra Rainer Adrion, os alemães pretendem impor o seu estilo num grupo extremamente disputado e forte.


As 10 escolhas do FM para seguir neste Europeu: 

Asier Illarramendi (Espanha/Real Sociedad): Foi uma das figuras da grande temporada da Real  Sociedad. Illarramendi, 23 anos, é um daqueles médios-centro que, como se diz na gíria, gosta de deixar a casa arrumada. Bastante criterioso com a bola, costuma encontrar a melhor linha de passe, seja em profundidade ou no passe curto. Intenso nas acções e forte a equilibrar a equipa, o médio basco é um dos jogadores mais fortes da Liga espanhola na saída de bola e na 1ª fase de construção. Um caso sério, pronto a explodir para outros patamares (superiores) competitivos.
Marco van Ginkel (Holanda/Vitesse): Um dos médios criativos mais promissores da forte selecção holandesa. Num meio-campo que tem ainda Maher, Clasie ou Strootman, van Ginkel destaca-se pela inteligência, pela habilidade, pela maneira como consegue aparecer em várias posições do meio-campo ofensivo, mas sobretudo na zona central, sendo um óptimo auxiliar do ponta-de-lança da sua equipa. Aos 20 anos, van Ginkel é cobiçado por meia-Europa e tudo se deve a uma época maravilhosa ao serviço do Vitesse (12 assistências e 12 golos em 41 jogos). Classe, é adjectivo que lhe assenta na perfeição.
Lorenzo Insigne (Itália/Nápoles): Depois de uma época com várias exibições de encher o olho, Insigne chega a este Europeu de sub-21 com o estatuto de estrela, dentro de uma constelação notável de grandes atacantes italianos. O avançado napolitano, de 22 anos, gosta de partir da esquerda para flectir para dentro, sendo que apresenta como principais características a finta curta, a velocidade e a destreza com a bola nos pés. As suas diagonais são igualmente úteis, rompendo defesas, para criar vantagens em situação de ataque. 7 assistências e 5 golos em 37 jogos de campeonato são um registo forte e que mostra bem o que foi a época deste pequenino mas talentoso jogador...
Kevin Volland (Alemanha/Hoffenheim): Aos 20 anos, Volland foi uma das revelações da última edição da Bundesliga. Apesar de estar num clube que viveu em agonia quase toda a época, este segundo avançado, que pode descair numa das alas (preferencialmente a direita), mostrou enormes atributos do ponto de vista ofensivo: boa visão de jogo (12 assistências na Bundesliga!), capacidade de segurar a bola, bons movimentos de fora para dentro e capacidade de alvejar a baliza com grande frieza (6 golos esta época). Características muito interessantes e que são um óptimo cartão de visita para que o possam observar com maior atenção neste Europeu.´
Thomas Ince (Inglaterra/Blackpool): Há vida para lá de Zaha na selecção inglesa. E um dos nomes que pode muito bem surpreender neste Europeu é Thomas Ince. Aos 21 anos, o filho do antigo internacional inglês Paul Ince, pode muito bem vir a ser um dos abonos de família da Inglaterra nesta competição. Ala-esquerdo, Ince caracteriza-se pela sua velocidade de ponta e mobilidade, acrescentando grande dinâmica ao ataque da sua equipa. É um jogador ainda franzino e que deve progredir no um-para-um, embora tenha qualidade técnica. O seu registo de época é notável: 14 assistências e 18 golos em 44 jogos no Championship. Fala-se no interesse de Inter e Tottenham. O Euro pode valorizá-lo ainda mais!
Magnus Eikrem (Noruega/Molde): Médio-centro de muitos atributos, Eikrem promete vir a ser uma das boas revelações deste Euro Sub-21. 22 anos, experiência de selecção principal (9 internacionalizações), indicativos de competitividade, portanto. Eikrem é um destro que se incorpora bastante bem na 2ª linha de meio-campo, construindo bonitos lances e finalizando-os (tem um óptimo remate de meia-distância). Talentoso que chegue, promete formar com Berisha uma dupla criativa capaz de dinamitar qualquer defesa. Há que acompanhá-lo com muita atenção!
Eyal Golasa (Israel/Maccabi Haifa): Aos 21 anos, continua a fazer um pouco de impressão vê-lo ainda no campeonato israelita. Eyal Golasa foi um talento precoce que, apesar dos 5 anos na equipa principal do Maccabi Haifa, ainda não conseguiu explodir em definitivo. No entanto, técnica, inteligência e maturidade são atributos que não lhe faltam. Tem boa qualidade de passe e finta bastante bem. Joga como médio-ofensivo (central ou descaído na esquerda), embora recue muitas vezes até médio-centro para pegar no jogo. Um médio com bom controlo de bola e capaz de sair a jogar sem muitos problemas. Este pode ser o passo definitivo rumo a um grande campeonato europeu.
Oleg Shatov (Rússia/Anzhi): Um médio-centro a seguir de perto no Europeu israelita será este russo de 22 anos. Shatov foi uma das grandes revelações da última Liga russa (onde realizou 24 jogos). Os seus principais atributos são a qualidade na circulação de bola no meio-campo, a visão de jogo e a capacidade de aparecer em zonas próximas da área (muitas vezes para tentar o remate). Faz parte de uma nova geração de jogadores russos, talentosos, muito intensos nas acções e com qualidade técnica interessante. Será uma peça-chave no esquema de Pisarev.
Sead Kolasinac (Alemanha/Schalke 04): Foi, a par de Draxler, a grande revelação da temporada do Schalke 04. Sead Kolasinac, 19 anos, está destinado a ser uma das next big things do futebol alemão. Lateral-esquerdo, destaca-se pela polivalência (pode actuar como central, médio-defensivo ou ala esquerdo) e pela enorme disponibilidade física que possui. Bastante poderoso (1,83m), Kolasinac dá profundidade, saída em velocidade e mobilidade em termos ofensivos. Além disso, caracteriza-se por uma capacidade notável para recuperar em termos defensivos, mostrando-se ainda rápido em antecipação e forte nas marcações. Uma promessa da jovem selecção alemã, pronta para mostrar todo os seus atrubutos.
Stefan de Vrij (Holanda/Feyenoord): Um dos defesas mais vistosos do principal campeonato holandês. de Vrij, 21 anos, está um jogador cada vez mais maduro, projecto de defesa-central daqueles para durar muitos anos. Rápido, possante e forte em antecipação, mostra ainda uma qualidade interessante na saída e condução de bola em progressão (embora, às vezes, ainda aconteçam uns disparates). No desarme e na luta física, faz valer o seu 1,89m e a sua estampa física. Vai a caminho de ser um dos defesas-centrais de topo no futebol europeu...

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